As Provas do Apetite Espiritual

 

 

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados”.

 

 

BEM-AVENTURADOS - Uma Profunda Experiência Cristã. Um exame das primeiras quatro bem-aventuranças comprova esse ponto. O ponto de partida da vida cristã é sentir nossa necessidade de Jesus. Sem a consciência dessa necessidade, não há desejo de mudança. Dessa forma, o primeiro passo no caminho de uma pessoa cristã é ser humilde de espírito, para perceber a extrema desesperança das pessoas e de si mesma.

 

O segundo passo é entristecer-se por causa de nossa inutilidade e desesperança. Nesse ponto, começamos a reconhecer nosso estado la­mentável, mas ainda não estamos certos quanto à solução.

 

Essa percepção nos conduz a uma visão humilde de nossa condi­ção, a qual a Bíblia se refere como mansidão. Ficamos espantados com a profundidade de nosso problema.

 

A quarta bem-aventurança representa o maior avanço em nossa progressão da experiência. Ao passo que as primeiras duas bem-aven­turanças exemplificaram o reconhecimento de nossa fraqueza humana e pecado, e a terceira expressou nossa humildade à luz dessa fraqueza, a quarta é o direcionamento ao aspecto positivo do cristianismo. É a fo­me e sede de justiça e semelhança de Deus.

 

A quarta bem-aventurança desvia o foco do problema pa­ra a solução. Na lista das bem-aventuranças, a quarta cria uma ponte que liga as três primeiras às quatro últimas.

 

As duas primeiras bem-aventuranças representam as necessidades humanas que conduzem à salvação, as quatro últimas re­sultam de um relacionamento salvador com Jesus e têm uma natureza mais ativa do que as três primeiras. Ser misericordioso, puro de coração, e assim por diante, são os frutos de ter encontrado justiça em Jesus.

 

Precisamos nos lembrar de que a vida cristã é equilibrada e aceita integralmente a mensagem do evangelho com todas as suas partes. Je­sus ensinou essa lição aos Seus seguidores no primeiro segmento de Seu grande sermão[1].

 

FOME E SEDE - Os que dão lugar a Jesus no coração, compreender-lhe-ão o amor. Todos quantos anseiam ter semelhança de caráter com Deus, serão satisfeitos. O Espírito Santo nunca deixa sem assistência a alma que está olhando a Cristo, se o olhar se mantiver fixo em Jesus, a obra do Espírito não cessa, até que a alma esteja conforme Sua imagem. O puro elemento do amor dará expansão alma, comunicando-lhe capacidade para altas consecuções, para maior conhecimento das coisas celestes, de maneira que ela não fique aquém da plenitude[2].

 

Esta figura era especialmente atraente num país onde a média anual de chuva não passa de 65 cm 26 polegadas

 

O que ocorre na Palestina costuma passar também em grandes regiões do Oriente Próximo. Por limitar com extensas zonas desérticas, uma boa parte das terras habitadas são semi-áridas. Sem dúvida, muitos dos que escutavam a Jesus sabiam o que era experimentar sede. Tal como o ilustra o caso de Agar e de Ismael, um viajante que se extraviava ou passava por alto uma das poucas fontes que tinha ao lado de sua rota, facilmente podia encontrar-se em sérias dificuldades. 

 

Mas aqui Jesus falava da fome e da sede da alma Salmo 42: 1 e 2. Só os que almejam justiça com a premente ansiedade do que está para morrer por falta de alimento ou de água, a encontrarão. Nenhum recurso terreno pode satisfazer a fome e a sede da alma. Não são suficientes nem riquezas materiais, nem profundas filosofias, nem a satisfação dos apetites físicos, nem a honra, nem o poder. Depois de provar todas essas coisas, Salomão chegou à conclusão de que tudo é vaidade Eclesiastes 1: 2, 14; 3: 19; 11: 8; 12: 8; 2: 1, 15, 19; etc. Nada produz mais a satisfação e a felicidade que o coração humano almeja. A conclusão do sábio foi reconhecer o Criador e cooperar com ele proporcionam a única satisfação duradoura Eclesiastes 12: 1 e 13.

 

Uns seis ou oito meses depois do Sermão do Monte Jesus pronunciou outro grande discurso, desta vez a respeito do Pão de Vida João 6: 26 a 59, no qual apresentou mais plenamente o princípio que aqui se expõe em forma sucinta. Jesus mesmo é o pão do qual os homens devem ter fome, e participando desse pão podem manter a vida espiritual e satisfazer a fome de sua alma João 6: 35, 48 e 58. Convida-se bondosamente aos que têm fome e sede que venham ao Provedor celestial e recebam alimento e bebida sem dinheiro e sem preço. Isaias 55: 1 e 2. O fato de que o coração almeje justiça demonstra que Cristo já começou ali sua obra[3].

 

Os que têm fome e sede de justiça são os que, por ansiarem ver o triunfo final de Deus sobre o mal e o seu reino plenamente estabelecido, anseiam também por fazer eles próprios os que são justos e retos. Todos estes tem a crescente satisfação de saber que estão avançando e não bloqueando os propósitos de Deus[4].

 

As palavras não possuem uma existência isolada, existem sob o fundo da experiência e do pensamento; o significado de qualquer palavra está condicionada ao fundo da pessoa que a pronuncia. Isto é particularmente certo nesta bem-aventurança. Faria aos que a ouviram pela primeira vez uma impressão totalmente diferente do que nós ouvimos hoje.

 

De fato são poucos de nós hoje nas condições modernas de vida que sabemos realmente o que é ter fome e sede. No mundo antigo era bem diferente. O salário diário de um trabalhador era muito pouco. Na Palestina um trabalhador comia carne no máximo uma vez por semana; e um trabalhador ou jornaleiro nunca estavam muito longe da verdadeira fome e da morte por inanição.

 

Isto era mais intenso no caso da sede. A maioria da população não tinha acesso a abrir uma torneira e beber água clara e fresca em sua casa. Quando em viagem, muitas vezes era surpreendido pelo vento e tempestades de areia. Não podia fazer nada mais do que tapar a cabeça com uma blusa e tapar a cabeça e ajoelhar-se contra o vento, e esperar os redemoinhos de areia amenizarem pois se penetrassem no nariz ia até a garganta a ponto de sufocar provocando uma sede incontrolável. Em nossa condição de vida moderna no Ocidente não há nada parecido com isto.

 

A fome que descreve esta bem-aventurança não é nada agradável, a sede não podia ser saciada com um copo de bebida fresca. Era uma fome a ponto de morrer por inanição, uma sede de quem estava prestes a falecer se não beber[5].

 

A fome e a sede deveriam ser experiências comuns para aqueles com quem Jesus falava. Lembremos-nos de que certa vez a multidão ficou com Ele alguns dias, quando foi preciso satisfazer-lhes a fome por meio de um notável milagre. Provavelmente muitos deles não tinham nem o que comer. Jesus usa esses instintos como ilustração, mostrando que devemos sentir essa necessidade espiritual. Jesus também padeceu fome, Mateus 4: 2 e podia ilustrá-la com sua experiência pessoal. O desejo é tão intenso que se transforma em dor. Jesus mostra que precisamos de tal desejo em relação às coisas espirituais, relativas à justiça. O desejo físico pelo alimento impele o indivíduo a buscar comida, quase sem considerar o preço da mesma ou as dificuldades de sua obtenção. Precisamos de atitude similar quanto à justiça de Deus. Qualquer um concorda em que o mais forte e insistente dos instintos naturais, como também o mais necessário é a alimentação. O alimento sustenta a vida física. A alma também tem fome e sede[6].

 

Comentário Gênesis 12: 10. TEVE FOME - Apenas tinha passado Abraão pela terra prometida, quando uma grande fome o obrigou a deixá-la. Canaã, ainda que era naturalmente fértil, via-se submetida aos castigos da seca, especialmente naqueles anos quando as chuvas de novembro e dezembro das quais dependia a região faltavam ou eram escassas I Reis 17: 1; Ageu 1: 10, 11. A presença desta fome precisamente quando Abraão entrou na terra, foi uma prova adicional de sua fé. Devia ensinar-lhe lições de submissão, fé e paciência. 

 

    Tinha que compreender que mesmo na terra prometida o alimento e as bênçãos procedem somente do Senhor. 

 

DESCEU ABRAÃO AO EGITO - Encontrando-se no sul de Canaã, a Abraão pareceu natural ir a Egito, o país da abundância, em procura de sustento. Ainda que o Egito mesmo ocasionalmente era açoitado pela fome quando não ocorria o transbordamento do Nilo, era conhecido nos países circunvizinhos como um porto de refúgio em tempos de necessidade. Os antigos registros egípcios se referem a repetidas ocasiões em que os asiáticos entraram no país para alimentar seus rebanhos famintos.

 

Às vezes esses visitantes permaneciam no país e se convertiam numa ameaça para os naturais dele. Amenemhet I 1991 a 1962 a. C., primeiro rei da dinastia XII, fortificou sua fronteira oriental com o propósito confessado de não permitir que os asiáticos entrassem em Egito para mendigar água, segundo seu costume, para dar de beber a seu gado. Um documento posterior, o relatório de um funcionário da fronteira do tempo dos juízes hebreus, menciona que os beduínos de Edom receberam permissão para entrar em Egito a fim de preservar sua vida e a de seu gado. 

 

O registro mais famoso de uma visita de asiáticos a Egito no tempo de Abraão, é a pintura da tumba de um nobre, no tempo do Faraó Sen-Usert II 1897 a 1879 a. C. Descreve a chegada de 37 beduínos semíticos que tinham ido para negociar cosméticos com os egípcios e mostra suas facções, suas coloridas vestimentas, suas armas e seus instrumentos musicais. Este documento excepcional é uma grande contribuição a nosso entendimento do tempo de Abraão. 

 

Nenhum artista moderno que prepare quadros da idade patriarcal pode permitir-se descuidar essa pintura contemporânea do tempo de Abraão. Este evidente documentário quanto à entrada de asiáticos no Egito com propósitos comerciais, ou para adquirir alimento em tempo de necessidade, ajuda a fazer-se uma imagem de Abraão descendo ao vale do Egito para preservar a vida de seus rebanhos e manadas[7].

 

Comentário Gênesis 21: 14. PÃO E ODRE - O odre, feito de uma pele de cabra, deve ter contido suficiente água para que esta durasse desde um poço até o seguinte. Em sua fuga anterior, parece que Agar saiu rumo a seu lar no Egito capítulo 16: 7, e tentou fazer o mesmo agora. A natureza generosa de Abraão e seu amor por Ismael indubitavelmente o induziram a proporcionar-lhe uma provisão adequada para a viagem. Parece que a emergência surgida mais tarde se deve ao fato de que se extraviassem e estivessem vagando sem rumo pelo deserto até que terminou a água. Isto está implicado nas palavras andou errante, de um verbo hebraico que significa errar, vagar, extraviar-se Salmo 119: 176; Isaias 53: 6. Não era o propósito de Deus que Agar e Ismael voltassem a Egito já que sua promessa concernente ao rapaz não poderia cumprir-se ali. 

Que andassem errantes no deserto foi indubitavelmente uma providência divina para ele Atos 17: 26[8]

 

O RAPAZ - Isto sugere que Agar teve que ter viajado com Ismael além de transportar a água e o alimento. Já que Ismael tinha 17 anos, é evidente que Agar não pôde ter carregado. O texto indica que Abraão colocou algumas das provisões sobre os ombros de Agar e algumas sobre os de Ismael. 

 

A expulsão de um de seus filhos deve ter significado intenso sofrimento para Abraão verso 11. Mas, consciente de sua própria responsabilidade pela situação que se tinha criado, resignou-se ante a vontade revelada de Deus neste assunto. A sorte de Agar e Ismael parece extremamente duras, mas eles tinham feito que isto fosse inevitável por sua conduta com Isaac. Se tivessem estado dispostos a aceitar um papel secundário, poderiam ter permanecido no lar de Abraão até que crescesse Ismael. Então poderia ter-se ido Ismael já casado e com uma parte da riqueza de seu pai. Com quanta freqüência uma conduta mal calculada significa não só renunciar às bênçãos de que poderíamos desfrutar, senão também ter que suportar sofrimentos inúteis Jeremias 5: 25[9].

 

O DESERTO DE BERSEBA - Beerseba, a cidade mais importante do extremo norte do Neguebe, a região semi-árida do sul, era o centro da rota de várias caravanas que iam de Transjordania para a costa e de Palestina a Egito. O deserto estava ao sul da cidade[10].

 

Comentário Gênesis 26: 1Teve fomeUma fome similar à que ocorreu no tempo de Abraão 12: 10. A região de Gerar, por ser mais fértil, não foi afetada pela seca tanto como o semi-árido Neguebe[11].

 

Comentário Gênesis 41: 54Teve fome em todos os países. Como José tinha predito, os sete anos de abundância foram seguidos por sete anos de fome que afetaram não somente a Egito senão aos países circunvizihos também. As condições da fome mo Egito se produzem quando o Nilo não se desborda em suas orlas, e isto a sua vez se deve a uma falta de chuva nos altiplanos de Abisinia[12].

 

 

Uma Lição em Meio ao Desespero

 

 

Ó Deus, Tu és o meu Deus forte; eu Te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de Ti; meu corpo Te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Salmo 63:1.

 

Bem poucos de nós já enfrentaram fome e sede que ameaçassem a vida. Pensamos em sede como ter que esperar uma hora num dia quente para beber algo, e em fome como ficar sem comer duas refei­ções. Esse não é o tipo de fome e sede das quais Jesus está falando em Mateus 5: 6. Ele está Se referindo a fome que não pode ser saciada com uma refeição no meio da manhã, a sede desesperada de pessoas que sentem que morrerão, a menos que bebam água.

 

E. M. Blaiklock conta a história de uma grande tropa de soldados Aliados na Primeira Guerra Mundial. Enquanto perseguiam o inimigo em retirada através do Deserto Árabe, eles deixaram para trás a tropa de camelos que carregava a água. Quando as provisões de água acaba­ram, a cabeça deles começou a doer, os lábios ficaram secos, e eles ficaram abatidos e desorientados. Começaram a ver miragens. Só pen­savam em água, enquanto seus companheiros morriam no deserto.

 

Eles estavam literalmente lutando pela sobrevivência quando ex­pulsaram as forças turcas de Sherish e de seus poços doadores de vida.

 

Enquanto a água era distribuída, foi exigido que milhares dos que estavam em melhores condições ficassem de lado, enquanto os feridos e outros recebiam sua porção.

Passaram-se quatro horas até que o últi­mo homem bebesse. No entanto, durante esse tempo, eles estiveram a poucos metros de milhares de litros da mesma substância que fora sua maior preocupação nos dias de marcha pelo deserto.

 

Relata-se que um dos oficiais salientou o seguinte: Acredito que todos aprendermos nossa primeira verdadeira lição bíblica na marcha de Berseba aos Poços de Sherish. Se essa fosse a nossa sede por Deus, por justiça, e por Sua vontade em nossa vida, se fosse um desejo arden­te e prioritário, quão ricos no fruto do Espírito seríamos.

 

Jesus disse: Aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede. João 4: 14 e Eu sou o pão da vida; o que vem a Mim jamais terá fome; e o que crê em Mim jamais terá sede. João 6: 35[13].

 

 

Uma Questão de Prioridades

 

As Muitas Faces do Desejo

Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, escondeu-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Gênesis 3: 8 a10.

Todos os problemas no mundo atual resultam do fato de que a humanidade não está bem com Deus. Todos os nossos anseios e frus­trações se originam nesse conceito.

 

Ter fome e sede de justiça basicamente significa desejar estar livre do pecado em todas as suas formas. Conseqüentemente, essa fome e sede é um desejo de estar bem com Deus.

 

D. Martyn Lloyd-Jones nos ajuda a entender a questão quando es­creve: O homem que tem fome e sede de justiça é aquele que vê que o pecado e a rebelião o separam da presença de Deus, e anseia restau­rar o antigo relacionamento, o relacionamento original de justiça na presença de Deus. Nossos primeiros pais foram criados justos na pre­sença de Deus. Eles habitaram e caminharam com Ele. Esse é o relacionamento que tal homem deseja.

 

Ter fome e sede de justiça também significa desejar estar livre do poder do pecado em nossa vida diária, um poder que nos induz a sujei­ção aos maus hábitos e a relacionamentos deficientes.

 

Mas ter fome e sede de justiça é mais do que isso. É o desejo de fi­car livre do próprio desejo de pecar. Mesmo os cristãos devem lidar com o horrível fato de que ainda desejam pecar, embora depois reco­nheçam seu poder de destruição.

 

Ter fome e sede é o desejo de ficar livre do eu e da centralização no eu com todas as suas variações. É o amor ao pró­prio eu que torna, a nós e aos que estão a nossa volta, infelizes.

 

Senhor, ajuda-nos hoje a ter fome e sede dessas coisas que mais precisamos, que verdadeiramente nos fartarão[14].

 

Testes da Fome Espiritual

 

 

Com minha alma suspiro de noite por Ti e, com o meu espírito dentro de mim, eu Te procuro diligentemente. Isaias 26: 9.

 Os cristãos não devem ter dúvida quanto as suas prioridades. Cada um de nós é capaz de comprovar na intimidade de nossos pensa­mentos que sentimos fome e sede, o que buscamos com mais diligên­cia, e o que tem mais valor para nós. Hoje faremos um pequeno exer­cício de exame de consciência.

 

O teste de máxima importância é o do coração. Seguindo essa li­nha, descobri uma declaração em Caminho a Cristo, especialmente pe­netrante: Se somos de Cristo, nossos pensamentos com Ele estarão, e Nele se concentrarão as nossas mais doces meditações. Tudo que temos e somos a Ele será consagrado. Almejaremos trazer a Sua imagem, pos­suir Seu Espírito, cumprir Sua vontade e agradar-Lhe em todas as coi­sas[15].

 

Essa citação suscita um segundo teste de nossas prioridades: o de fazer a vontade de Deus. Afinal, ações exteriores honestas são uma ex­tensão dos valores do coração. Naturalmente, nem todas as pessoas tem os pensamentos e vida coerentes. Balaão, o falso profeta, disse: A minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu. Números 23: 10. Mas ao mesmo tempo em que Balaão desejava morrer a mor­te dos justos, ele não queria viver a vida dos justos. Ele tinha fome e sede das coisas erradas.

 

        Isso nos leva a um terceiro teste. Se tenho verdadeiramente fome e sede das coisas de Deus, não gastarei todo o meu tempo na escravi­dão das coisas terrenas. Na verdade, estarei livre da dependência das coisas terrenas que promovem minha própria satisfação[16].

 

Por último, se tivermos verdadeiramente fome e sede de Deus, es­taremos livres dos falsos pontos de vista e atitudes direcionados ao próprio eu. A vista de nossa pecaminosidade impele-nos para Ele, que é capaz de perdoar; e quando a alma, reconhecendo o seu desamparo, anseia por Cristo, Ele Se revelará em poder. Quanto mais a sensação de nossa necessidade nos impelir para Ele e para a Palavra de Deus, tanto mais exaltada visão teremos de Seu caráter, e tanto mais plena­mente refletiremos a Sua imagem[17].

 

 

Fartos, mas não Saciados

 

 

Como suspira a corça pelas correntes das águas, por Ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Salmo 42: 1 e 2.

 

 

Água e comida são os mantimentos da vida. Sem elas, todas as outras coisas perdem o significado. O que importa ter um carro novo ou uma casa se o proprietário esta perecendo de fome ou sede?

 

E ainda há algo bastante singular sobre a comida e a água. Pode­mos comer e beber até ficarmos fartos, mas no dia seguinte sempre pre­cisamos de mais. Ficamos fartos, mas nunca saciados num sentido per­manente.

 

O mesmo é verdade em nossa experiência com Deus. Podemos estar cheios, mas sempre desejamos mais. E assim será através dos sécu­los sem-fim da eternidade. Sempre desejaremos mais do Seu amor e companheirismo, e sempre desejaremos nos tornar mais semelhantes a Ele. Uma das alegrias do Universo é que podemos estar fartos sem estar permanentemente saciados. O Céu já começou para os cristãos no sentido de que a alegria da fartura de Deus já começou em nossa vida.

 

Ao mesmo tempo em que é verdade que os filhos de Deus sempre te­rão fome de Sua amabilidade, também é importante reconhecer a im­portância de Sua abundância no presente. Quando lemos que os que têm fome e sede de justiça serão fartos, estamos lendo o evangelho na íntegra.

 

A fartura é tanto uma promessa presente como futura. É Deus quem proporciona a abundância para aqueles que O desejam. Aqui es­tá evangelho da graça. A abundância é um dom gratuito de Deus pa­ra todo aquele que vem a Ele. O que vem a Mim, disse Jesus, de mo­do nenhum o lançarei fora. João 6: 37. Essa é uma promessa absoluta. Todos os que têm fome e sede de justiça serão fartos.

 

Hoje eles serão fartos com a justiça perdoadora de Deus, enquan­to são resgatados da penalidade do pecado. Diariamente eles serão far­tos com a justiça santificadora de Deus, enquanto lhes é concedida a vitória sobre o poder do pecado em sua vida. E na segunda vinda serão fartos com a justiça glorificadora, enquanto são resgatados da presença do pecado[18].

 

 

PROVISÃO DIVINA PARA O NOSSO SUSTENTO

 

 

         Vivemos num mundo onde há muita fome.

 

         Somente nos Estados Unidos morrem de fome a cada dia cinqüenta meninos.

         Vinte quatro mil pessoas morrem de fome a cada dia em todo o mundo.

 

         Nos Estados Unidos, um em cada oito meninos menores de oito anos vai para cama com fome a cada noite. O problema é muito mais grave em outras partes do mundo.

 

         Oitocentos milhões de pessoas em todo mundo estão morrendo de fome, e muitas delas não tem onde viver.    Mais de nove milhões de pessoas morrem a cada ano em todo o mundo por causa da fome e desnutrição, Cinco milhões delas são crianças.

 

         Muitas pessoas andam em busca de alimento. Alimentam a esperança de que possam comer a cada manhã? Poderá conseguir alimento na semana que se inicia? A Bíblia fala da esperança da salvação e da vida eterna, mas há alguma esperança em satisfazer nossas necessidades diárias neste mundo pecaminoso? A Bíblia nos dá esta esperança: Iahweh é meu pastor e nada me faltará. Salmo 23: 1. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Mateus 6: 11. Deus alimentou os israelitas no deserto. Êxodo 16: 33; 16: 4. Cuidou de Elias e Eliseu I Reis 1: 5 a 9. Quem espera que Deus supra suas necessidades diárias, podem confiar em sua bondade.

 

         Deus é o Criador de todo universo, ama suas criaturas. Paulo disse: Não vos inquieteis com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças. Filipenses 4: 6. A Bíblia nos fala que somente Deus satisfaz nossas necessidades diárias, e muitas vezes derrama sobre o povo muitas bênçãos, para que seus filhos possam ser canais de tais bênçãos em favor dos outros, ajudando a aliviar o sofrimento[19].

 

 

SALMO 42

 

LIVRO II

Salmos 42 a 72

 

Lamento do levita exilado

 

         O exílio, tipo de angústia do fiel que vive exilado longe do Senhor II Corintios 5: 6 a 8, é aqui o afastamento do santuário onde Deus reside e das festas que aí reúnem seu povo[20].

 

INTRODUÇÃO

 

O Salmo 42 é um patético lamento de Davi, que andava como fugitivo e procurava refúgio nas rochas e grutas do deserto[21], longe da casa de Deus, onde participava dos serviços sagrados. A estrutura deste Salmo é extraordinária. Consta de duas partes de igual longitude, a cada uma seguida de um estribilho versos 5 e 11. Este mesmo estribilho aparece no Salmo 43: 5.

 

Os que pensam que o Salmo 42 deve estar unido com o Salmo 43 apresentam as seguintes razões: vários manuscritos hebraicos agrupam num só Salmo o estribilho que aparece duas vezes no Salmo 42 também aparece ao final do Salmo 43; o Salmo 43 é o único do Segundo Livro que não tem sobrescrito; as idéias expressas no Salmo 42: 4 e 43: 3 são similares. O santo monte Salmo 43: 3 se referem a Jerusalém, este Salmo dificilmente poderia ter-se escrito enquanto Davi fugia de Saul[22]

 

Do mestre de canto. Poema. Dos filhos de Corá.

1 - Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma está bramindo por Ti, ó meu Deus!

 

         CORÇA - Grego: corça; hebraico: cervo, mas o verbo está no feminino[23].

 

Hebraico: ayyal, cervo, veado; mas é provável que deva escrever-se ayallah, veada, para que concorde com o verbo bramir, que está em terceira pessoa do feminino. A BJ e NC traduzem a veada

 

A primeira estrofe da elegia compreende os versos 1 a 6[24]

         BRAMINDO - Hebraico: arag, almejar, verbo que só aparece aqui e em Joel 1: 20, em onde também se traduz bramir[25]

 

A MINHA ALMA - Ou seja, eu[26].

 

Comentário Salmo 16: 10. DEIXARÁS - Do verbo Hebraico: azab, abandonar. A oração diz literalmente: Tu não abandonarás minha alma ao sheol. BJ e NC[27]

 

ALMA - Hebraico: néfesh. Este vocábulo aparece 755 vezes no AT, das quais 144 pertencem aos Salmos. Freqüentemente se traduz alma; mas esta é uma tradução inexata, porque o termo alma sugere idéias não contidas em néfesh. Uma breve análise da língua hebraica ajudará a esclarecer o sentido que os autores bíblicos lhe davam. 

 

Néfesh deriva da raiz nafash, verbo que aparece só três vezes no AT Êxodo 23: 12; 31: 17; II Samuel 16: 14, e em cada uma destas ocasiões significa reviver, refrescar-se. O significado básico deste verbo é o de respirar

 

A definição de néfesh pode deduzir-se do relato bíblico da criação do homem Gênesis 2: 7. Aqui se afirma que, quando Deus deu vida ao corpo que ele tinha formado, o homem se converteu em alma vivente; resultou o homem um ser vivente BJ; ficou constituído o homem como ser vivo BC. A alma não existiu antes do corpo; veio à existência quando Adão foi criado. Quando nasce um menino, uma alma nova vem à existência. Cada nascimento representa uma nova unidade, diferente e única, separada de outras unidades similares. Nunca poderá unir-se com outras; sempre será a mesma. Poderão existir muitíssimos indivíduos parecidos, mas nenhum será igual ao outro, desde Adão até nossos dias não existem duas pessoas iguais. Esta identidade única do indivíduo é a idéia dominante que parece derivar no termo hebraico néfesh

 

A palavra néfesh se emprega para referir-se tanto a seres humanos como a animais. A passagem que se traduz produza as águas seres viventes. Gênesis 1: 20 diz literalmente: que as águas fervilhem com enxames de néfesh hayah seres de vida. Chama-se seres de vida ou seja seres viventes aos animais e as aves Gênesis 2: 19. Por isto se entende que tanto os animais como os seres humanos são almas

 

A idéia básica de que a alma representa o indivíduo e não uma de suas partes pode ver-se nos diversos usos da palavra néfesh. Seria mais correto dizer que determinada pessoa ou determinado animal é uma alma, e não que tem uma alma.  

 

Desta idéia básica de que néfesh representa ao indivíduo ou à pessoa surge seu uso idiomático como substituto do pronome pessoal. A expressão minha alma significa, eu, mim; tua alma, tu, e sua alma, ele ou eles

 

Como cada vez que aparece néfesh expressa uma nova unidade de vida, muitas vezes se usa o termo como sinônimo de vida. A RVR traduz néfesh como vida 170 vezes, e há outros casos em que vida seria uma tradução mais precisa. 

 

Quase sempre a voz néfesh pode traduzir-se como pessoa, indivíduo, vida ou o pronome pessoal que corresponda. Viva minha alma por causa de ti. Gênesis 12: 13 significam vivas eu por causa de ti[28].

 

Comentário de I Reis 17: 21 - Estendeu-se por três vezes sobre o menino e invocou Iahweh: Iahweh meu Deus, eu te peço, faze voltar a ele a alma deste menino!

 

ALMA - Hebraico: néfesh. Esta palavra hebraica aparece mais de 700 vezes no AT e foi traduzida na RVR como ser Gênesis 1: 21, 24; 2: 7; Levítico 11: 46; etc., pessoa Gênesis 12: 5; 14: 21; Levítico 11: 43; Jeremias 43: 6; etc., alma Gênesis 12: 13; etc., vida Gênesis 9: 4; Josué 2: 14; I Reis 19: 4; etc., morte Êxodo 4: 19 no sentido de tirar a vida, vida, VM; etc., morto Levítico 19: 28; Números 9: 6, 7, 10; etc., algum Josué 20: 9, eles mesmos Isaias 46: 2, animais Gênesis 2: 19 ser, BJ, e em muitas outras formas. De todas estas maneiras de traduzir néfesh, vida seria a mais adequada no texto que estamos tratando. A tradução alma é enganosa: faz que muitos pensem que se trata de uma entidade imortal, capaz de existir conscientemente fora do corpo. Esta idéia não se acha na palavra néfesh. Não se dá esta idéia e nem sequer se insinua em nenhum dos mais de 700 casos em que aparece esta palavra. Nem uma vez chama imortal néfesh. Traduzir néfesh como vida está em harmonia com o que os tradutores da RVR fizeram em 150 casos. Um exemplo notável é I Reis 19: 4, quando Elias exclamou: Oh Iahweh, tira-me a vida Hebraico: néfesh. Aqui os tradutores empregaram corretamente a palavra vida. Um estudo mais amplo do problema está em[29].

 

 

Buscar Novas Alturas de Fé

 

 

Muitos jovens... Sucumbem sob toda nuvem, e não têm poder de resistência. Não crescem na graça... Importa que seja transformado seu coração carnal. Precisam ver a beleza da santidade; então anelarão por ela como o cervo brama pelas correntes das águas...

 

Caso seus passos sejam ordenados pelo Senhor, queridos jovens, não devem esperar que o caminho lhes seja sempre de paz e prosperidade exteriores. O caminho que conduz ao dia eterno, não é o mais fácil de trilhar, e parecerá por vezes sombrio e espinhoso. Tenham, porém, a certeza de que os braços eternos de Deus os circundam, para protegê-los do mal. Ele quer que exerçam sincera fé Nele e aprendam a confiar Nele nas trevas da mesma maneira que na luz... A fé é a mão que se apodera do auxílio infinito; é o meio pelo qual o coração renovado bate em uníssono com o coração de Cristo.

 

Em seus esforços para chegar ao ninho, à águia é muitas vezes impelida para baixo pela tempestade, aos estreitos desfiladeiros das montanhas. As nuvens, em massas negras e furiosas, metem-se entre ela e as altitudes ensolaradas onde ela abriga o seu ninho. Por um momento ela parece desconcertada, e precipita-se nesta e naquela direção, batendo as poderosas asas como para expelir o denso nevoeiro. Desperta as pombas das montanhas com seu grito selvagem nos vãos esforços de encontrar saída à sua prisão.

 

Por fim, lança-se para cima através da escuridão e solta agudo grito de triunfo ao emergir, um momento depois, na serena claridade das alturas. A escuridão e a tempestade ficaram para baixo, e a luz do céu fulgura-lhe em derredor. Ela atinge o amado lar na elevada fenda, e está satisfeita. Foi através das trevas, que chegou à luz. Custa-lhe um esforço o fazer isso, mas é recompensada ao conseguir o objetivo.

 

Eis o único rumo que podemos tomar como seguidores de Cristo. Podemos exercer aquela fé viva que penetrará as nuvens que, à semelhança do espesso muro, nos separam da luz do Céu. Temos altitudes de fé a atingir, altitudes onde tudo são paz e alegria no Espírito Santo[30].

 

 

SEDE DA ALMA

 

Em cidades como Nova Iorque, ou Paris, a água não é mais simplesmente água, é bebida de luxo. Com mais de 700 marcas para escolher, eau de bonteille pode custar até o absurdo preço de 15 dólares num restaurante sofisticado, como o Alain Ducase, de Nova Iorque.

 

Nos últimos anos, a venda de água engarrafada no mundo tem aumentado bastante, e a indústria daquilo que os americanos estão chamando de a essência da vida chega hoje a 7 bilhões de dólares anuais só nos Estados Unidos. Tudo porque, de repente, a humanidade parece ter redescoberto os benefícios da água para a saúde.

 

Está comprovado que as pessoas bebem pouca água. Calcula-se que a maioria dos habitantes do planeta vive cronicamente desidratada. Todos os dias, um adulto perde por volta de um litro de líquido e, se esse líquido não for reposto, haverá prejuízo para o organismo.

 

O texto de hoje apresenta a figura da corça suspirando pelas correntes das águas. Nas terras desérticas, era comum ver as manadas das corças movendo-se de um lugar para outro, buscando uma poça de água. Às vezes, uma corça solitária perseguida pelos predadores ficava exausta e machucada de tanto correr, e o seu último refúgio era uma poça de água. O animalzinho descia a colina e nadava no meio da água, procurando ocultar-se de seus inimigos.

 

Para a corça, a água não era algo opcional, era assunto de vida ou morte. Porém, o Salmo de hoje não está falando apenas de água, está falando de Deus, o único Ser capaz de suprir a sede da alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Salmo 42: 2, diz Davi.

 

Sede do Deus vivo. Nossos dias estão cheios de deuses mortos. Inventamos pequenos deuses, manipuláveis, dirigíveis, só para tentar enganar a sede da alma. Brincamos de acreditar em Deus, mas o coração continua sedento. Como um deserto sem vida, esperando uma gota de água, uma palavra de amor, um gesto de ternura, uma atitude
de carinho.

 

Ah, se o ser globalizado de hoje abandonasse um pouco suas conexões mirabolantes e parasse na sua corrida louca, descobriria o segredo da vida vitoriosa do salmista e também diria: Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por Ti, ó Deus, suspira a minha alma[31].

 

2 - Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando voltarei a ver a face de Deus. 

 

TEM SEDE - A ilustração adquire mais significado se têm em conta os lugares áridos e calorosos por onde Davi andava como fugitivo no verão e em onde a água muitas vezes faltava. Os animais selvagens com freqüência impediam que o tímido veado se acercasse aos poucos lugares onde tinha água[32]

 

DO DEUS VIVO - As cuidadosas invocações do nome de Deus que aparecem neste Salmo e no seguinte destacam a premente necessidade que o salmista sentia de Deus versos 8 e 9; 43: 2 e 4[33]

 

VOLTAREI VER A FACE DE DEUS - Ver a face de Deus quer dizer visitar seu santuário, o Templo de Jerusalém Deuteronômio 31: 11; Salmo 27: 8[34].

 

Apresentarei-me adiante de DeusÊxodo 23: 17 e Salmo 84: 7 o emprego desta expressão em relação com as peregrinações ao santuário. A idéia de estar na presença de Deus ocupa um lugar proeminente neste Salmo ver Salmo 43: 5; Êxodo 34: 24; Deuteronômio 16: 16; 31: 11. Considerava-se o santuário um lugar especial onde as pessoas se encontravam com Deus[35]

 

3 - As lágrimas são meu pão noite e dia, e todo dia me perguntam: Onde está o teu Deus?

 

LÁGRIMAS - Deste-lhe a comer um pão de lágrimas, a tríplice medida de lágrimas a beber. Salmo 80: 5. Deus parece medir sua angústia como quem serve a bebida a um e outro. O Salmo 80: 5 e 42: 3 são um paralelo ugarítico desta figura[36].

 

MEU PÃO - É interessante notar que o salmista fala das lágrimas como seu pão, mas o poeta ugarítico fala de beber lágrimas como vinho[37]

 

PERGUNTAM-ME - Dizem-me. Os inimigos de Davi lhe dirigem o vitupério mais amargo quando afirmam de que o Deus em quem confia, não se preocupa em absoluto por seu bem-estar[38]

 

4 - Começo a recordar as coisas e minha alma em mim se derrama: quando eu passava, sob a Tenda do Todo Poderoso em direção a casa de Deus, entre os gritos de alegria, a ação de graças e o barulho da festa.

AS COISAS - Davi recorda em seu desterro as ocasiões quando rendeu culto no santuário, com a congregação dos que se regozijavam na presença de Deus. Essas recordações lhe faziam ainda mais difícil sobrelevar suas penas. Por outra parte, fortalecia-se ao recordar as providências de Deus[39].

 

TODO PODEROSO - Poderoso; literalmente: admiráveis com um plural majestático. A Tenda, a Cabana, é o Templo em que Deus reside e que todo israelita piedoso visitava a cada ano Êxodo 23: 14 a 17[40].

 

5 - Porque te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei, a salvação da minha face e meu Deus!

 

PORQUE - O verso 5 é como um estribilho que se repete com ligeiras variantes no verso 11 e no Salmo 43: 5. Ao considerar estas recordações tão agradáveis, Davi se reprova por estar deprimido[41]

 

CURVAS - Abates-teLiteralmente: deprimes-te. Quando Lutero se sentia a beira do desespero, repetia esta pergunta e depois dizia a Melanchton: Vêem, Felipe, cantemos o Salmo 46[42]

 

OH MINHA ALMA - O salmista se dirige a si mesmo[43]

 

GEMENDO - Hebraico: hamah, vocábulo que encerra a idéia de rosnar como um animal, rugir como as ondas Salmo 46: 3 ou suspirar como o vento[44]

ESPERA - Salmo 25: 3; 27: 15; Lamentações 3: 24. Algumas vezes procuramos consolo em nós mesmos quando nossa única esperança está em Deus[45]

 

AINDA - Se confiamos sempre em Deus, a seu devido tempo ele fará que todo saia bem[46].

 

6 - Minha alma curva-se em mim, e por isso eu me lembro de ti, desde a terra do Jordão e do Hermon, de ti, ó pequena montanha.

 

MINHA ALMA CURVA-SE - Minha alma está abatida em mim.  O salmista reconhece francamente a profundidade de sua depressão veja-se o estribilho dos versos 5, 11; Salmo 43: 5[47].

 

LEMBRO DE TI - Deus meu. A segunda estrofe da elegia compreende os versos 6 a 11. O poeta repete suas expressões de desânimo, mas em forma mais atenuada[48]

 

         LEMBRO-ME - Me lembrarei. Davi promete recordar a Deus ainda no desterro. Em isto radica sua força[49]

 

MONTE HERMON - Hebraico: hermonim. Com isto se designa a corrente montanhosa da qual o monte Hermon, cujo cume chega a mais de 3.000 m, é a montanha principal. Alguns pensam que hermonim eram os habitantes de Hermon[50]

 

PEQUENA MONTANHA - De ti ó pequena montanha, conjunção que trata do monte Sião; o hebraico traz da pequena montanha ou do monte Miçar: trata-se de Zaorá, não longe das fontes do Jordão, que poderia ser uma etapa no caminho do exílio. O primeiro de Ti referir-se-ia então a Deus[51].

 

O monte de Mizar. Hebraico: equivale à bagatela, pouca coisa. Desconhece-se o lugar desta montanha. É provável que se trate de um dos montes menores da corrente do Hermon, onde nasciam as águas do Jordão[52]

 

7 - Grita um abismo a outro abismo com o fragor das suas cascatas; tuas vagas todas e tuas ondas passaram sobre mim.

 

UM ABISMO CHAMA O OUTRO ABISMO - O salmista pareceria estar na parte do país onde o eco do ruído das cascatas formadas por neves derretidas do Hermon repercute nos cerrados e os vales. Este fenômeno natural poderia representar as dificuldades que o têm preocupado[53]

 

CASCATAS - Ou cataratas. É possível que o salmista se refira às impetuosas águas do alto Jordão, sobretudo em tempo de inundação. 

 

ONDAS - Uma continuação da imagem tomada das cascatas e as torrentes do alto Jordão em tempo de inundação. As ondas e ondas que rompem sobre ele e o alagam representam sua sufocante tristeza, especialmente por causa de seu afastamento da casa de Deus. Como alguém que está a ponto de afogar-se, Davi se afunda momentaneamente no desânimo e no desalento Salmo 88: 7; mas imediatamente se levanta com fé e confiança, sabendo que Deus fará bem todas as coisas[54].

 

8 - De dia Iahweh manda o seu amor, e durante a noite eu vou cantar uma prece ao Deus da minha vida.

 

MANDA - No meio de seu desespero, Davi deslumbra um raio de esperança. Deus fará efetivo seu amor. Bem como Deus controla as poderosas torrentes na natureza, também dominará as águas de aflição e ajudará a seu servo a sobrepor-se delas[55]

 

MISERICÓRDIA - Hebraico: hésed, que bem poderia traduzir-se amor divino [56]

 

DURANTE A NOITE EU VOU CANTAR - E de noite seu cânticoJó 35: 10; Salmo 32: 7; 63: 6; Atos 16: 25[57].

 

         9 - Vou dizer a Deus, meu rochedo: Porque me esqueces? Porque devo andar pesaroso pela opressão do inimigo?

 

         DIZER - Sua esperança na bondade do Senhor impulsiona ao salmista a seguir pedindo a Deus que lhe explique a razão de seu sofrimento. 

 

MEU ROCHEDO - Rocha minhaIahweh é minha Rocha e minha fortaleza, quem me liberta é o meu Deus. Nele me abrigo, meu rochedo, meu escudo e minha força salvadora, minha torre forte e meu refúgio. Salmo 18: 2

 

PORQUE - Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? As palavras do meu rugir estão longe de me salvar! Salmo 22: 1.

 

10 - Esmigalhando-me os ossos meus opressores me insultam, repetindo todo o dia: Onde está o teu Deus?

 

ESMIGALHANDO-ME - Como quem fere. A raiz verbal de quem fere significa matar; da mesma raiz vem matança em Ezequiel 21: 22. A LXX traduz: Enquanto meus ossos são achatados, meus perseguidores me reprovam[58]

REPETINDO - Dizendo-meVerso 3; Joel 2: 17; Miquéias 7: 10

 

11 - Porque te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei, a salvação da minha face e meu Deus.

 

PORQUE TE CURVAS - Por que te abates? Pela segunda vez aparece o estribilho verso 5. Davi se dirige a Deus como um amigo muito íntimo Salmo 43: 5[59]

 

JUSTIÇA - Grego: dikaiosynê, da raiz dík, costume, uso, e portanto, o correto segundo o costume. No NT se emprega a palavra com o sentido do correto segundo determinam os princípios do reino do céu. O vocábulo dikaiosún aparece em 87 versos no NT, e na RVR se traduz todas às vezes como justiça salvo em dois casos I Corintios 1: 30; II Corintios 3: 9

 

Entre os gregos, a justiça consistia na conformidade com os costumes aceitos. Para os judeus em essência era conformar-se com os requerimentos da lei tal como a interpretava a tradição judaica Gálatas 2: 16 a 21. Mas para os seguidores de Cristo, a justiça tinha um sentido mais amplo. Em vez de estabelecer sua própria justiça, os cristãos deviam submeter-se a justiça de Deus Romanos 10: 3. Procuravam a justiça que é pela fé de Cristo, a justiça que é de Deus pela fé. Filipenses 3: 9

 

A justiça de Cristo é tanto imputada como comunicada. A justiça imputada produz justificativa; mas a alma justificada cresce na graça. Por meio do poder de Cristo que vive na alma, o cristão conforme sua vida com os requisitos da lei moral tal como foi exposta por preceito e exemplo por Jesus. Esta é a justiça comunicada. Isto é o que Cristo queria dizer quando animou a seus ouvintes a que pensassem em ser perfeitos bem como seu Pai celestial é perfeito ver comentário Mateus 5: 48. Paulo diz que a vida perfeita de Jesus fez que seja possível que A justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos conforme a carne, senão conforme ao Espírito. Romanos 8: 4[60].

 

Esta bem-aventurança contém realmente uma pergunta e um desafio. Até que ponto queres a bondade? Se a queres tanto como tem fome de comida, e a água ao que está desfalecido de sede. Até que ponto é nosso desejo de bondade?

 

A maioria das pessoas tem um desejo instintivo de bondade, porém este desejo é imaginário e nebuloso, mais agudo que intenso, e quando chega o momento da decisão não estão preparados para fazer um esforço e um sacrifício que demanda bondade real. A maioria das pessoas sofre do que chama Robert Louis Stevenson a enfermidade da angústia. Sem dúvida implicaria uma grande diferença no mundo se desejássemos a bondade mais que qualquer outra coisa.

 

Foi traduzida a palavra grega: dikaiosynê por bondade ou integridade e não justiça, por que esta sujere exclusivamente a idéia da justiça que deva reinar na sociedade, ainda que oprimidos. Naturalmente é algo que devemos desejar apaixonadamente, mas esta bem-aventurança trata de uma qualidade e não um desejo de posse pessoal, ou um desejo natural pela justiça, mas de que a bondade de Cristo reine em nossa vida. A Bíblia versão King James usa a palavra num sentido de equidade, honra e retidão, e não justiça.

 

Quando enfocamos esta bem-aventurança deste ponto de vista ela é mais exigente e até mais aterradora de todas. E sua própria maneira é também mais consoladora. Como fundo da bem-aventurança está o sentido de que a pessoa não alcança esta bondade porque ela anela de todo coração. Se a bênção vem somente à pessoa que alcança este objetivo, então nada será bendito, porém a bênção alcança a pessoa apesar das falhas e fracassos, todavia aspirando um amor apaixonado que vem do alto.

H. G. Wells disse: “Posso ser um mau músico, mas posso estar apaixonadamente enamorado da música”. Robert Louis Stevenson falava dos que haviam sido oprimidos até o mais profundo mas que levavam os mais remotos atos de virtude ao cadafalso, Norman Birkett, famoso advogado e juiz falando sobre seu trabalho e os crimes que havia tido contato nos tribunais dizia que a bondade era uma implacável caçadora e que a pior das pessoas está condenada a alguma espécie de nobreza.

 

Davi queria construir o Templo de Deus, não conseguiu seu intento, e o Senhor o proibiu de construir. Bem fizeste em resolver em teu coração. I Reis 8: 18. Em sua misericórdia Deus nos julga não somente por nossas ações, mas também por nossos sonhos. Ainda que o homem nunca alcance a bondade, se em sua vida tem fome e sede dela, não está excluso da bênção.

 

No caso da bem-aventurança queria dizer todo o pão e toda água que contém. A tradução correta seria:

Benditos os que têm fome e sede da verdadeira e total integridade.

 

Isto é de fato o que poucas vezes se quer. Contentamos-nos com parte da bondade ou da integridade. Um homem pode ser bom no sentido de que não poderia ser achado com uma falta moral. Sua obra e respeitabilidade estão fora de dúvida, talvez pertenceria a uma classe de pessoa que apesar de caráter e reputação ilibada poderia não ser simpático, intolerante e duro com o próximo. Esta integridade não é mais do que parcial.

 

Esta bem-aventurança nos diz para não nos conformarmos com a integridade parcial. Bendita a pessoa que tem fome desesperada sede ardente de bondade total. Não uma gélida e impecável sensibilidade fria.

 

Assim a tradução para a quarta bem-aventurança poderia ser assim:

Ah! Bem-aventurado o que anela uma integridade total, como anseia o que está morrendo de fome por alimento e água ao que está perecendo de sede, porque tal pessoa alcançará perpétua satisfação[61].

 

 

O Evangelho Desvendado

 

Escutem, os que têm sede: venham beber da água! Venham, os que não têm dinheiro: comprem comida e comam! Venham e comprem leite e vinho, que tudo é de grata. Isaias 55: 1.

 

        A quarta bem-aventurança é uma das promessas mais impor­tantes da Bíblia. Os que têm fome e sede de justiça serão fartos. Essa é uma promessa categórica. Ela não diz que eles podem ser fartos, mas que serão. E a boa nova que permanece no ponto focal do Novo Tes­tamento.

 

Justiça é uma palavra com muitos significados. Nesse contexto, implica o clímax sublime de estar bem com Deus em relacionamento e de ser como Ele em caráter.

 

Os seres humanos tem tristemente falhado nesses aspectos. Paulo coloca isso de forma sucinta, quando menciona que todos pecaram e carecem da gloria de Deus. Romanos 3: 23. O reconhecimento desse fato em nossa experiência pessoal é o que significam humildade de espírito e lamentação. Os que são guiados pelo Espírito têm um profundo sen­so de indignidade acerca de sua impotência para fazer qualquer coisa.

 

A última coisa que desejamos fazer é admitir aberta­mente nossa pobreza espiritual. Desejamos ser dignos e justos aos nos­sos próprios olhos. Esse desejo induziu os judeus dos dias de Jesus a se gabarem das obras de justiça. Se tivessem se esforçado e se dedicado o suficiente, eles creriam, e poderiam se tornar não apenas justos com Deus, mas como Ele. A mesma linha de pensamento levou os monges da Idade Média a um frenesi de atividades. A mesma noção equivoca­da ainda existe atualmente. Como podemos ser bons o suficiente? A resposta é que não conseguimos ser bons por nós mesmos.

 

Deus sabia disso. Por isso, Ele enviou Jesus para morrer em nosso lugar. A justiça é uma dádiva gratuita para aqueles que reconhecem sua desesperança as duas primeiras bem-aventuranças e a fome e sede dela a quarta[62].

 

 

Caixa de texto: QUINTA-FEIRA
25 de janeiro

 
Mais Sobre Justiça

 

 

Todos os Seus mandamentos são justiça. Salmo 119: 172.

No Evangelho de Mateus, justiça representa mais do que estar bem com Deus. Também implica ser como Deus em caráter. Embora na quarta bem-aventurança a justiça seja principalmente algo a ser recebido pela fé na graça de Deus, em vez de algo a ser alcança­do pelos próprios esforços, esse aspecto não está totalmente ausente. Os justos devem ser misericordiosos a quinta bem-­aventurança e puros de coração a sexta.

 

Em resumo, a justiça com a qual os que têm fome e sede devem estar repletos é tanto ativa como passiva. A justiça está relacionada com a santificação tanto quanto com a justificação.

 

O evangelho de Cristo não me salva só da penalidade do pe­cado, mas também do poder reinante do pecado em minha vida diária. Em vez de um disseminador de contendas, Deus deseja tornar-me um pacificador. Em vez da concupiscência, Ele deseja impregnar-me com pureza de coração. Em vez de egoísta e imperceptivelmente mesquinho e às vezes não tão imperceptivelmente, Ele deseja me transformar em um cristão misericordioso. Deus deseja que cada um de nós se torne como Ele em caráter.

A palavra justiça na quarta bem-aventurança abrange as duas partes das Bem-aventuranças. Jesus promete tanto nos perdoar de nossos pecados e imperfeições como nos transformar a Sua imagem.

 

Mas essa transformação, isto deve ser constantemente enfatizado, não é a transformação do nosso próprio eu. Ao contrário, é Deus nos enchendo com Seu Santo Espírito, para que tenhamos condições de viver a vida cristã.

 

Tanto a graça perdoadora de Deus como Sua graça habilitadora es­tão refletidas na palavra justiça, da quarta bem-aventurança. Ambas vêm através da fé no Deus que amou tanto o mundo, que deu Seu úni­co Filho para salvar seres humanos inúteis e sem esperança.

 

Louvado seja Deus pelas boas novas![63].

 

 

O que Tem Mais Valor Diante de Deus

 

 

Um homem tinha dois filhos e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas, depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Mateus 21: 28 a 31

 

No sermão da montanha, disse Cristo: Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Mateus 7:21. A prova de sinceridade não está nas palavras, mas nos atos. Cristo não diz a ninguém: Que dizeis mais do que os outros? Porém: Que fazeis de mais? Mateus 5: 47. Cheias de significação são Suas palavras: Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. João 13: 17. As palavras não são de valor algum se não forem acompanhadas de atos equivalentes. Esta é a lição ensinada na parábola dos dois filhos. 

 

Esta parábola foi pronunciada na última visita de Cristo a Jerusalém, antes de Sua morte. Expulsara do templo os vendedores e compradores. Sua voz lhes falara ao coração com o poder de Deus. Assombrados e terrificados, obedeceram ao mando sem recusa nem resistência. 

 

Abatido o terror, os sacerdotes e anciãos, voltando ao templo, encontraram Cristo curando os enfermos e moribundos. Ouviram vozes de alegria e cânticos de louvor. No próprio templo as crianças, a quem restaurara a saúde, acenavam ramos de palmeiras e cantavam hosanas ao Filho de Davi. Criancinhas balbuciavam os louvores do poderoso Médico. Contudo para os sacerdotes e anciãos isto não bastava para vencer os preconceitos e ciúmes. 

 

Quando, no dia seguinte, Cristo ensinava no templo, os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo foram ter com Ele, e disseram: Com que autoridade fazes isso? E quem Te deu tal autoridade? Mateus 21:23

 

Os sacerdotes e anciãos tiveram uma insofismável demonstração do poder de Cristo. Na purificação do templo, viram a autoridade do Céu irradiando de Seu semblante. Não puderam resistir ao poder com que falara. Além disso, respondera-lhes pelas maravilhosas curas. Deram, de Sua autoridade, provas que não podiam ser refutadas. Mas não era evidência o que desejavam. Os sacerdotes e anciãos estavam ansiosos por Jesus Se proclamar o Messias, para mal interpretarem-Lhe as palavras e incitarem contra Ele o povo. Desejavam aniquilar Sua influência e matá-Lo. 

 

Jesus sabia que se não reconheciam a Deus na pessoa Dele, nem viam em Suas palavras a evidência de Seu divino caráter, não creriam no próprio testemunho de que era o Cristo. Em Sua resposta evitou a cilada a que esperavam induzi-Lo, e voltou sobre eles mesmos à condenação. 

 

Também vos perguntarei uma coisa, disse Ele, se ma disserdes, também Eu vos direi com que autoridade faz isso. O batismo de João donde era? Do Céu ou dos homens? Mateus 21: 24 e 25

 

Os sacerdotes e maiorais ficaram perplexos. E pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: do Céu, Ele nos dirá: Então, por que não o crestes? E, se dissermos: dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem Eu vos digo com que autoridade faz isso. Mateus 21: 25 a 27.

 

Não sabemos. Essa resposta era uma falsidade. Mas os sacerdotes viram a posição em que estavam e dissimularam, com o fim de se defender. João Batista viera testemunhando Daquele cuja autoridade então discutia. Apontara a Ele, dizendo: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João 1: 29. Ele O batizara, e depois do batismo, quando Cristo orava, o Céu se abriu, e o Espírito de Deus repousou sobre Ele como uma pomba, enquanto se ouviu uma voz do Céu, dizendo: Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo. Mateus 3: 17

 

Lembrando-se de como João repetira as profecias a respeito do Messias, recordando a cena do batismo de Jesus, os sacerdotes e maiorais não ousaram dizer que o batismo de João era do Céu. Se reconhecessem a João como profeta, como criam que fosse, como poderiam negar seu testemunho de que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus? E não podiam dizer que o batismo de João era dos homens por causa do povo que cria que João fosse profeta. Assim, disseram: Não sabemos

 

Deu, então, Cristo a parábola do pai e dos dois filhos. Quando o pai foi ao primeiro, dizendo:  Vai trabalhar hoje na minha vinha, o filho prontamente respondeu: Não quero. Mateus 21: 28 e 29. Recusou obedecer, e entregou-se a companhia e procedimentos ímpios. Mas depois se arrependeu e obedeceu ao chamado. 

 

O pai foi ao segundo, com a mesma ordem: Vai trabalhar hoje na minha vinha. Esse filho replicou: Eu vou, senhor; porém, não foi. Mateus 21: 30

 

Nessa parábola o pai representa Deus, a vinha, a igreja. Pelos dois filhos são representadas duas classes de pessoas. O filho que recusou obedecer à ordem, dizendo: Não quero, representa aqueles que vivem em transgressão aberta, que não fazem profissão de piedade, que declaradamente recusam submeter-se ao jugo de restrição e obediência que a lei de Deus impõe. Muitos destes, porém, se arrependeram depois e obedeceram ao chamado divino. Quando o evangelho os atingiu, na mensagem de João Batista: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus, arrependeram-se e confessaram seus pecados. Mateus 3: 2

 

No filho que disse: Eu vou, senhor Mateus 21: 30, e não foi, revelou-se o caráter dos fariseus. Como esse filho, os guias judeus eram impenitentes e presunçosos. A vida religiosa da nação judaica tornara-se formalidade. Ao ser proclamada a lei no monte Sinai, pela voz de Deus, todo o povo se comprometeu a obedecer. Disseram: Eu vou, senhor, porém não foram. Quando Cristo veio em pessoa para lhes apresentar os princípios da lei, rejeitaram-nO. Cristo dera aos guias judeus de Seu tempo provas abundantes de Sua autoridade e poder divinos, e embora convictos, não quiseram aceitar a evidência. Cristo lhes mostrou que continuavam a descrer porque não possuíam o espírito que conduz à obediência. Declarara-lhes: E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Mas em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens. Mateus 15: 6 e 9

 

Na multidão que estava perante Jesus, havia escribas e fariseus, sacerdotes e maiorais, e depois de ter apresentado a parábola dos dois filhos, Jesus perguntou: Qual dos dois fez a vontade do pai? Esquecendo-se de si mesmos os fariseus responderam: O primeiro. Isto disseram sem perceber que pronunciavam sentença contra si mesmos. Então Cristo fez a denúncia: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho de justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isso, nem depois vos arrependestes para o crer. Mateus 21: 31 e 32

 

João Batista apresentou-se pregando a verdade, e por sua pregação os pecadores eram convencidos e convertidos. Estes entrariam no reino dos Céus antes daqueles que em justiça própria resistiam à solene advertência. Os publicanos e meretrizes eram ignorantes, porém estes homens cultos conheciam o caminho da verdade. Contudo recusavam andar no caminho que conduz ao Paraíso de Deus. A verdade que deveria haver sido para eles um cheiro de vida para vida, tornou-se um cheiro de morte para morte. Pecadores declarados, que se aborreciam a si mesmos, receberam das mãos de João o batismo, porém esses mestres eram hipócritas. Seu coração obstinado era o obstáculo para a aceitação da verdade. Resistiam à convicção do Espírito de Deus. Negavam obediência aos Seus mandamentos. 

 

Assim falarás à casa de Jacó,... Se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes o Meu concerto, então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é Minha. E vós Me sereis um reino sacerdotal e povo santo. Êxodo 19: 3, 5 e 6

 

         Cristo não lhes disse: Vós não podeis entrar no reino do Céu; porém, mostrou que eles mesmos criavam o obstáculo que lhes embargava a entrada. A porta ainda estava aberta para esses guias judeus; o convite ainda era mantido. Cristo anelava vê-los convencidos e conversos. 

         Os sacerdotes e anciãos de Israel passavam a vida em cerimônias religiosas que consideravam muito sagradas para ligá-las com negócios seculares. Por isso sua vida era tida como inteiramente religiosa. Eles, porém, executavam as cerimônias para serem vistos dos homens, para que fossem considerados pelo mundo piedosos e devotos. Ao passo que professavam obedecer, recusavam prestar obediência a Deus. Não eram praticantes da verdade que pretendiam ensinar. 

 

Cristo declarou que João Batista era um dos maiores profetas, e mostrou aos ouvintes que tinham prova suficiente de que João era um mensageiro de Deus. As palavras do pregador no deserto eram poderosas. Apresentou sua mensagem inflexivelmente, repreendendo os pecados dos sacerdotes e maiorais, e prescrevendo-lhes as obras do reino dos Céus. Apontou-lhes o desrespeito pecaminoso à autoridade de seu Pai por eximirem-se ao cumprimento da tarefa a eles imposta. Não condescendeu com o pecado, e muitos se arrependeram de sua injustiça. 

 

Fosse genuína a profissão dos guias judeus, e teriam recebido o testemunho de João e aceito a Jesus como o Messias. Mas não produziram os frutos do arrependimento e justiça. Justamente aqueles que desprezavam, os precediam no reino de Deus. 

 

Na parábola, o filho que disse: Eu vou, senhor, apresenta-se como fiel e obediente; porém o tempo mostrou que sua pretensão não era real. Não tinha verdadeiro amor ao pai. Assim os fariseus orgulhavam-se de sua santidade; porém, quando provados, foram achados em falta. Quando era de seu interesse, cumpriam exatamente as exigências da lei; mas, ao ser-lhes requerido obediência, anulavam toda a força dos preceitos de Deus por meio de ardilosos enganos.

 

Deles declarou Cristo: Não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam. Mateus 23: 3. Não possuíam verdadeiro amor a Deus e aos homens. Deus os chamou para serem Seus colaboradores no abençoar o mundo; mas se bem que nominalmente aceitavam a chamada, na prática negavam obediência. Confiavam em si mesmos e orgulhavam-se de sua bondade; mas desprezavam os mandamentos de Deus. Recusavam fazer a obra que Deus lhes prescrevera, e por causa de sua transgressão o Senhor estava prestes a divorciar-Se da nação desobediente. 

 

Justiça própria não é verdadeira justiça, e aqueles que a ela se apegam terão que sofrer as conseqüências de uma decepção fatal. Muitos hoje em dia presumem obedecer aos mandamentos de Deus, todavia não possui no coração o amor de Deus para transmiti-lo a outros. Chama-os Cristo para se unirem com Ele em Sua obra de salvar o mundo, porém contentam-se com dizer: Eu vou, Senhor. Não vão, entretanto. Não cooperam com aqueles que estão executando a obra de Deus. São ociosos. Como o filho infiel, fazem falsas promessas a Deus. Assumindo o solene convênio da igreja, comprometeram-se a receber a Palavra de Deus, obedecer-lhe, entregar-se a Seu serviço, porém não fazem isto. Nominalmente professam ser filhos de Deus, mas na vida e no caráter desmentem o parentesco. Não rendem a vontade a Deus. Vivem uma mentira. 

 

A promessa de obediência aparenta cumprir quando esta não exige sacrifício; mas quando são requeridas abnegação e renúncia, quando vêem a cruz para ser levada, retrocedem. Deste modo a convicção do dever desaparece, e a transgressão consciente dos mandamentos de Deus torna-se um hábito. O ouvido pode escutar a Palavra de Deus, mas, a percepção espiritual está desligada. O coração está endurecido, e a consciência cauterizada. 

 

Não pense que você serve a Cristo porque não Lhe manifesta aberta hostilidade. Desse modo enganamos a nós mesmos. Retendo aquilo que Deus nos outorgou para usar em Seu serviço, seja tempo ou meios ou qualquer outra dádiva por Ele concedida trabalhou contra Ele. 

 

Satanás usa a sonolenta e descuidada indolência de professos cristãos para se fortificar e conquistá-los para si. Muitos que presumem que embora não estejam trabalhando ativamente para Cristo, estão contudo o Seu lado habilita o inimigo a ocupar terreno e obter vantagens. Deixando de ser obreiros diligentes do Mestre, deixando deveres por cumprir e palavras por pronunciar, permitem que Satanás alcance domínio sobre as pessoas que podiam ser ganhas para Cristo. 

 

Jamais poderemos ser salvos na indolência e inatividade. Não há pessoa verdadeiramente convertida que viva vida inútil e ociosa. Não nos é possível deslizar para dentro do Céu. Nenhum preguiçoso pode entrar lá. Se não nos esforçarmos para conseguir entrada no reino, se não procurarmos sinceramente aprender o que constitui suas leis, não estaremos aptos para dele participar. Quem recusa cooperar com Deus na Terra, não cooperaria com Ele no Céu. Não seria seguro levá-los para lá. 

 

Mais esperança há para os publicanos e pecadores do que para os que conhecem a Palavra de Deus, e recusam obedecer-lhe. O homem que se vê pecador, sem paliativo para seu pecado, que sabe estar corrupto de alma, corpo e espírito perante Deus, torna-se alarmado, com medo de ser separado eternamente do reino dos Céus. Reconhece sua condição enferma, e procura remédio do grande Médico, que disse: O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora. João 6: 37. Essas pessoas o Senhor pode usar como obreiros em Sua vinha. 

 

O filho que por algum tempo negou obedecer ao mandado do pai não foi condenado por Cristo; mas, tampouco foi louvado. A classe que age como o primeiro filho, recusando obediência, não merece louvor por seu procedimento. Sua franqueza não deve ser considerada virtude. Santificada pela verdade e santidade tornaria os homens testemunhas destemidas para Cristo. Usada como é pelo pecador, porém, é insultante e arrogante, e aproxima-se da blasfêmia. O fato de um homem não ser hipócrita não lhe diminui a pecaminosidade. Quando os apelos do Espírito Santo atingir ao coração, nossa única segurança está em a eles responder sem tardar. Quando vier o chamado: Vai trabalhar hoje na Minha vinha, não recuseis o convite. Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureça o vosso coração. Hebreus 4: 7. É perigoso postergar a obediência. Podeis nunca mais ouvir o convite. 

 

E ninguém se lisonjeie de que o pecado acariciado algum tempo pode ser deixado facilmente aos poucos. Não acontece assim. Todo pecado acariciado debilita o caráter e fortalece o hábito; a depravação física, mental e moral é a conseqüência. Podeis arrepender-vos do erro que cometestes, e pôr os pés no caminho justo, porém, o molde de vosso espírito e a familiaridade com o mal vos tornará difícil distinguir entre o bem e o mal. Pelos maus hábitos formados, Satanás vos atacará sempre e sempre. 

 

No mandamento: Vai trabalhar hoje na Minha vinha, é provada a sinceridade de todo ser humano. Haverá ações tão boas quanto as palavras? Utilizará o que foi chamado todo o conhecimento que possui, trabalhando fiel e desinteressadamente para o Proprietário da vinha? 

 

O apóstolo Pedro nos ensina a respeito do plano, segundo o qual devemos trabalhar. Graça e paz vos sejam multiplicadas, disse ele, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto como o Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento Daquele que nos chamou por Sua glória e virtude, pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo. E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à temperança, paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, a caridade. II Pedro 1: 2 a 7

 

Se você cultivar fielmente a vinha de sua vida, Deus o fará colaborador Seu. E você terá que fazer uma obra não somente para você, mas também para os outros. Representando a igreja como a vinha, Cristo não nos ensina a restringir nossa simpatia e trabalho aos membros. A vinha do Senhor deve ser ampliada. Deseja Ele que se estenda a todas as partes da Terra. Recebendo instrução e graça de Deus, devemos ensinar a outros como devem ser tratadas as preciosas plantas. Assim ampliaremos a vinha do Senhor. Deus aguarda evidências de nossa fé, amor e paciência. Procura ver se usamos toda faculdade espiritual para nos tornarmos obreiros peritos em Sua vinha na Terra, para que possamos entrar no Paraíso de Deus, aquele lar do Éden, do qual Adão e Eva foram expulsos pela transgressão. 

 

A posição de Deus para com os Seus é a de um pai, e tem o direito de pai ao nosso serviço fiel. Considerai a vida de Cristo. Sendo a cabeça da humanidade, servindo o Pai, é um exemplo do que cada filho deve e pode ser. A obediência que Cristo prestava, Deus requer hoje da humanidade. Servia a Seu Pai com amor, voluntariedade e livremente. “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu”, declarava Ele, "sim, a Tua lei está dentro do Meu coração. Salmo 40: 8. Cristo não considerava sacrifício algum muito grande, nem trabalho algum pesado demais para executar a obra que viera fazer. Na idade de doze anos dizia: Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai? Lucas 2: 49. Ouvira o chamado, e iniciara a obra. Disse Ele: A Minha comida é fazer a vontade Daquele que Me enviou e realizar a Sua obra. João 4: 34

 

Assim devemos servir a Deus. Somente O serve aquele que age segundo a mais alta norma de obediência. Todos quantos querem ser filhos e filhas de Deus precisam provar ser coobreiros de Deus, de Cristo e dos anjos celestiais. Esta é a prova para cada alma. Daqueles que O servem fielmente o Senhor diz: Eles serão Meus,... Naquele dia que farei, será para Mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Malaquias 3: 17

 

O grande objetivo de Deus na execução de Suas providências é provar os homens e dar-lhes oportunidades para desenvolver o caráter. Deste modo prova se são obedientes ou não a Seus mandamentos. Boas obras não adquirem o amor de Deus, porém revelam que possuímos esse amor. Se rendermos a vontade a Deus, não trabalharemos com o fim de merecer o Seu amor. Seu amor, como dádiva livre, será acolhido no coração, e impelido pelo mesmo nos deleitaremos em obedecer aos Seus mandamentos. 

 

Há no mundo hoje somente duas classes, e somente essas duas serão reconhecidas no Juízo; os que violam a lei de Deus, e os que a ela obedecem. Cristo nos dá a prova pela qual demonstramos nossa lealdade ou deslealdade. Diz Ele: Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos. Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, este é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei e Me manifestarei a ele. Quem não Me ama não guarda as Minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é Minha, mas do Pai que Me enviou. João 14: 15, 21 e 24. Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor; do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e permaneço no Seu amor. João 15: 10[64].

 

Leitura Adicional

 

 

Os Famintos e Sedentos Serão Satisfeitos

 

 

Justiça é santidade, semelhança com Deus; e Deus é amor. I João 4: 16. É conformidade com a lei de Deus; pois todos os Teus mandamentos são justiça. Salmo 119: 172; e o cumprimento da lei é o amor. Romanos 13: 10. Justiça é amor, e o amor é a luz e a vida de Deus. A justiça de Deus se acha concretizada em Cristo. Recebemos a justiça recebendo-O a Ele.

 

Não é por meio de penosas lutas ou fatigante lida, nem de dádivas ou sacrifícios, que alcançamos a justiça; ela é, porém, gratuitamente dada a toda pessoa que dela tem fome e sede. Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; ... sem dinheiro e sem preço. Isaias 55: 1. Sua justiça... vem de Mim, diz o Senhor. Isaias 54: 17, e este será o seu nome com que O nomearão: O SENHOR, JUSTIÇA NOSSA. Jeremias 23: 6

 

Nenhum agente humano pode suprir aquilo que satisfará a fome e a sede da alma. Mas Jesus diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo. Apocalipse. 3: 20. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a Mim não terá fome; e quem crê em Mim nunca terá sede. João 6: 35

 

Como precisamos de alimento para sustentar nossas forças físicas, assim necessitamos de Cristo, o pão do Céu, para manter a vida espiritual, e comunicar forças para efetuar as obras de Deus. Como o corpo está continuamente recebendo a nutrição que sustém a vida e o vigor, assim a alma deve estar constantemente comungando com Cristo, a Ele submissa, e confiando inteiramente Nele. 

 

Como o fatigado viajante procura a fonte no deserto e, encontrando-a sacia a sede abrasadora, assim há de o cristão ansiar e obter a pura água da vida, de que Cristo é a fonte. 

 

Ao discernirmos a perfeição do caráter de nosso Salvador, havemos de desejar ser inteiramente transformados, e renovados à imagem de Sua pureza. Quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais elevado será nosso ideal de caráter, e mais veemente o nosso anseio de Lhe refletir a imagem. Um elemento divino combina-se com o humano, quando a alma se dilata, em busca de Deus, e o ansioso coração pode exclamar: Ó minha alma, espera somente em Deus, porque Dele vem a minha esperança. Salmo 62: 5

 

Se experimentais um sentimento de necessidade em vossa alma, se tendes fome e sede de justiça, isso é prova de que Cristo tem operado em vosso coração, a fim de ser por vós procurado, para vos fazer, mediante o dom do Espírito Santo, aquilo que vos é impossível realizar em vosso próprio benefício. Não precisamos saciar nossa sede em correntes rasas; pois a grande fonte se acha mesmo por sobre nós, fonte de cujas abundantes águas nos é dado beber fartamente, se nos alçarmos um pouco mais na escalada da fé. 

 

As palavras de Deus são a fonte da vida. Ao buscardes essas vivas fontes haveis de, mediante o Espírito Santo, ser postos em comunhão com Cristo. Verdades familiares apresentar-se-ão ao vosso espírito sob novo aspecto; como o clarão de um relâmpago, novas significações cintilarão de textos familiares da Escritura; vereis a relação de outras verdades com a obra da redenção, e sabereis que Cristo vos está guiando; que tendes ao lado um Mestre divino. 

 

Jesus disse: A água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. João 4: 14. À medida que o Espírito Santo vos descerre a verdade, haveis de entesourar as mais preciosas experiências, e falareis longamente a outros das confortadoras coisas que vos têm sido reveladas. Quando com eles vos reunirdes haveis de comunicar qualquer novo pensamento com relação ao caráter ou à obra de Cristo. Tereis nova revelação de Seu piedoso amor para comunicar aos que O amam, e aos que não O amam. 

 

Dai, e ser-vos-á dado. Lucas 6: 38; pois a Palavra de Deus é a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano. Cantares 4: 15. O coração que experimentou uma vez o amor de Cristo, clama continuamente por uma porção maior e, comunicando-o a outros, recebereis mais rica e abundante medida. Cada revelação de Deus à alma aumenta a capacidade de conhecer e amar. O contínuo brado do coração é: Mais de Ti; e sempre a resposta do Espírito é: Muito mais. Romanos 5: 9 e 10. Pois nosso Deus Se deleita em fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. Efésios. 3: 20. A Jesus, que Se esvaziou a Si mesmo para a salvação da humanidade perdida, o Espírito Santo foi dado sem medida. Assim será Ele dado a todo seguidor de Cristo, quando todo o coração for entregue para Sua habitação. Nosso Salvador mesmo deu o mandamento: Enchei-vos do Espírito. Efésios 5: 18, e essa ordem é também uma promessa de seu cumprimento. Foi do agrado do Pai que toda a plenitude Nele habitasse. Colossenses 1: 19, em Cristo; e estais perfeitos Nele. Colossenses 2: 10

 

Deus tem derramado de maneira ilimitada o Seu amor, como os aguaceiros que refrigeram a terra. Ele diz: As nuvens chovam justiça; abra-se a terra, e produza-se salvação, e a justiça frutifique juntamente. Isaias 45: 8. Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas Eu, o Senhor, os ouvirei, Eu, o Deus de Israel os não desampararei. Abrirei rios em lugares altos e fontes, no meio dos vales; tornarei o deserto em tanques de águas e a terra seca, em mananciais. Isaias 41: 17 e 18. E todos nós recebemos também da Sua plenitude, com graça sobre graça. João 1:16[65].

 



[1] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 29.

[2] Desejado de Todas as Nações, p. 285.

[3] CBASD, vol. 5, p. 317.

[4] Mateus, Introdução e Comentário, R. V. G. Tasker, Mundo Cristão, p. 49.

[5] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 119 a 120.

[6] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol. 1, p. 304.

[7] CBASD, vol. 1, p. 310.

[8] CBASD, vol. 1, pp. 357 e 358.

[9] CBASD, vol. 1, p

[10] CBASD, vol. 1, p. 358.

[11] CBASD, vol. 1 p.384.

[12] CBASD, vol. 1, p. 461.

[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 32.

[14] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 34.

[15] Caminho a Cristo, EGW, CPB, p. 58.

[16] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 35.

[17] Caminho a Cristo, EGW, CPB, p. 65.

[18] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 36.

[19] O Livro da Sabedoria de Deus, Jonathan e Kathleen K. Kuntaraf Lois More, pp.102 e 103.

[20] BJ, p. 993.

[21] Educação, EGW, CPB, p. 159.

[22] CBASD, vol. 3, pp. 743 e 744.

[23] BJ, p. 993.

[24] CBASD, vol. 3, p. 744.

[25] CBASD, vol. 3, p. 744.

[26] CBASD, vol. 3, p. 744.

[27] CBASD, vol. 3, p. 672.

[28] CBASD, vol. 3, pp. 672 e 673.

[29] CBASD, vol. 2, p. 812.

[30] The Youth’s Instructor, 12 de maio de 1898.

[31] Janelas para a Vida, MM 2007, Alejandro Bullón, CPB, p. 155.

[32] CBASD, vol. 3, p. 744.

[33] CBASD, vol. 3, p. 744.

[34] BJ, p. 993.

[35] CBASD, vol. 3, p. 744.

[36] CBASD, vol. 3, p. 831.

[37] CBASD, vol. 3, p. 744.

[38] CBASD, vol. 3, p. 744.

[39] CBASD, vol. 3, p. 744.

[40] BJ, p. 993.

[41] CBASD, vol. 3, p. 744.

[42] CBASD, vol. 3, p. 744.

[43] CBASD, vol. 3, p. 744.

[44] CBASD, vol. 3, p. 744.

[45] CBASD, vol. 3, p. 744.

[46] CBASD, vol. 3, p. 744.

[47] CBASD, vol. 3, p. 744.

[48] CBASD, vol. 3, p. 744.

[49] CBASD, vol. 3, p. 744.

[50] CBASD, vol. 3, p. 744.

[51] Bj, p. 994.

[52] CBASD, vol. 3, pp. 744 e 745.

[53] CBASD, vol. 3, p. 745.

[54] CBASD, vol. 3, p. 745.

[55] CBASD, vol. 3, p. 745.

[56] CBASD, vol. 3, p. 745.

[57] CBASD, vol. 3, p. 745.

[58] CBASD, vol. 3, p. 745.

[59] CBASD, vol. 3, p. 745.

[60] CBASD, vol. 5, pp. 317 e 318.

[61] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 120 a 123.

[62] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 30.

[63] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 31.

[64] Parábolas de Jesus, EGW, CPB, pp. 272 a 284.

[65] O Maior Discurso de Cristo, págs. 18 a 21.