As Provas
do Apetite Espiritual
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça porque serão saciados”.
BEM-AVENTURADOS
- Uma Profunda Experiência Cristã. Um exame das primeiras
quatro bem-aventuranças comprova esse ponto. O ponto de partida da vida cristã
é sentir nossa necessidade de Jesus. Sem a consciência dessa necessidade, não
há desejo de mudança. Dessa forma, o primeiro
passo no caminho de uma pessoa cristã é ser humilde de espírito, para
perceber a extrema desesperança das pessoas e de si mesma.
O segundo passo é
entristecer-se por causa de nossa inutilidade e desesperança. Nesse ponto,
começamos a reconhecer nosso estado lamentável, mas ainda não estamos certos
quanto à solução.
Essa
percepção nos conduz a uma visão humilde de nossa condição, a qual a Bíblia se refere como mansidão. Ficamos
espantados com a profundidade de nosso
problema.
A
quarta bem-aventurança representa o maior avanço em nossa progressão
da experiência. Ao passo que as primeiras duas bem-aventuranças exemplificaram o reconhecimento de nossa fraqueza humana e
pecado, e a terceira expressou nossa humildade à luz dessa fraqueza, a quarta é o direcionamento ao aspecto
positivo do cristianismo. É a fome e sede de justiça e semelhança de
Deus.
A
quarta bem-aventurança desvia o foco do problema para a solução. Na lista das bem-aventuranças, a quarta
cria uma ponte que liga as três
primeiras às quatro últimas.
As duas primeiras
bem-aventuranças representam as necessidades
humanas que conduzem à salvação, as quatro últimas resultam de um
relacionamento salvador com Jesus e têm uma natureza mais ativa do que as três primeiras. Ser
misericordioso, puro de coração, e assim por diante, são os frutos de
ter encontrado justiça em Jesus.
Precisamos
nos lembrar de que a vida cristã é equilibrada e aceita integralmente a mensagem do evangelho com todas as suas partes. Jesus
ensinou essa lição aos Seus seguidores no primeiro segmento de Seu grande sermão[1].
FOME E
SEDE -
Os que dão lugar a Jesus no coração, compreender-lhe-ão o amor. Todos quantos
anseiam ter semelhança de caráter com Deus, serão satisfeitos. O Espírito Santo
nunca deixa sem assistência a alma que está olhando a Cristo, se o olhar se
mantiver fixo em Jesus, a obra do Espírito não cessa, até que a alma esteja conforme
Sua imagem. O puro elemento do amor dará expansão alma, comunicando-lhe
capacidade para altas consecuções, para maior conhecimento das coisas celestes,
de maneira que ela não fique aquém da plenitude[2].
Esta figura era especialmente atraente num país onde a média anual de
chuva não passa de
O que ocorre na Palestina costuma passar também em grandes regiões do
Oriente Próximo. Por limitar com extensas zonas desérticas, uma boa parte das
terras habitadas são semi-áridas. Sem dúvida, muitos dos que escutavam a Jesus
sabiam o que era experimentar sede. Tal como o ilustra o caso de Agar e de
Ismael, um viajante que se extraviava ou passava por alto uma das poucas fontes
que tinha ao lado de sua rota, facilmente podia encontrar-se em sérias
dificuldades.
Mas aqui Jesus falava da fome e da sede da alma Salmo 42: 1 e 2. Só os
que almejam justiça com a premente ansiedade do que está para morrer por falta
de alimento ou de água, a encontrarão. Nenhum recurso terreno pode satisfazer a
fome e a sede da alma. Não são suficientes nem riquezas materiais, nem
profundas filosofias, nem a satisfação dos apetites físicos, nem a honra, nem o
poder. Depois de provar todas essas coisas, Salomão chegou à conclusão de que tudo
é vaidade Eclesiastes 1: 2, 14; 3: 19; 11: 8; 12: 8; 2: 1, 15, 19; etc.
Nada produz mais a satisfação e a felicidade que o coração humano almeja. A
conclusão do sábio foi reconhecer o Criador e cooperar com ele proporcionam a
única satisfação duradoura Eclesiastes 12: 1 e 13.
Uns seis ou oito meses depois do Sermão do Monte Jesus pronunciou outro
grande discurso, desta vez a respeito do Pão de Vida João 6:
Os que têm fome e sede de justiça são os que, por ansiarem ver o triunfo
final de Deus sobre o mal e o seu reino plenamente estabelecido, anseiam também
por fazer eles próprios os que são justos e retos. Todos estes tem a crescente
satisfação de saber que estão avançando e não bloqueando os propósitos de Deus[4].
As palavras não possuem uma existência isolada,
existem sob o fundo da experiência e do pensamento; o significado de qualquer
palavra está condicionada ao fundo da pessoa que a pronuncia. Isto é
particularmente certo nesta bem-aventurança. Faria aos que a ouviram pela
primeira vez uma impressão totalmente diferente do que nós ouvimos hoje.
De fato são poucos de nós hoje nas condições
modernas de vida que sabemos realmente o que é ter fome e sede. No mundo antigo
era bem diferente. O salário diário de um trabalhador era muito pouco. Na
Palestina um trabalhador comia carne no máximo uma vez por semana; e um
trabalhador ou jornaleiro nunca estavam muito longe da verdadeira fome e da
morte por inanição.
Isto era mais intenso no caso da sede. A maioria
da população não tinha acesso a abrir uma torneira e beber água clara e fresca
A fome que descreve esta bem-aventurança não é
nada agradável, a sede não podia ser saciada com um copo de bebida fresca. Era
uma fome a ponto de morrer por inanição, uma sede de quem estava prestes a
falecer se não beber[5].
A fome e a sede deveriam ser experiências comuns
para aqueles com quem Jesus falava. Lembremos-nos de que certa vez a multidão
ficou com Ele alguns dias, quando foi preciso satisfazer-lhes a fome por meio
de um notável milagre. Provavelmente muitos deles não tinham nem o que comer.
Jesus usa esses instintos como ilustração, mostrando que devemos sentir essa
necessidade espiritual. Jesus também padeceu fome, Mateus 4: 2 e podia
ilustrá-la com sua experiência pessoal. O desejo é tão intenso que se
transforma
Comentário Gênesis 12: 10. TEVE FOME - Apenas tinha passado Abraão pela
terra prometida, quando uma grande fome o obrigou a deixá-la. Canaã, ainda que
era naturalmente fértil, via-se submetida aos castigos da seca, especialmente
naqueles anos quando as chuvas de novembro e dezembro das quais dependia a
região faltavam ou eram escassas I Reis 17: 1; Ageu 1: 10,
Tinha
que compreender que mesmo na terra prometida o alimento e as bênçãos procedem
somente do Senhor.
DESCEU ABRAÃO AO EGITO - Encontrando-se no sul de Canaã, a Abraão
pareceu natural ir a Egito, o país da abundância, em procura de sustento. Ainda
que o Egito mesmo ocasionalmente era açoitado pela fome quando não ocorria o
transbordamento do Nilo, era conhecido nos países circunvizinhos como um porto
de refúgio em tempos de necessidade. Os antigos registros egípcios se referem a
repetidas ocasiões em que os asiáticos entraram no país para alimentar seus
rebanhos famintos.
Às vezes esses visitantes permaneciam no país e se convertiam numa
ameaça para os naturais dele. Amenemhet I
O registro mais famoso de uma visita de asiáticos a Egito no tempo de
Abraão, é a pintura da tumba de um nobre, no tempo do Faraó Sen-Usert II
Nenhum artista moderno que prepare quadros da idade patriarcal pode
permitir-se descuidar essa pintura contemporânea do tempo de Abraão. Este
evidente documentário quanto à entrada de asiáticos no Egito com propósitos
comerciais, ou para adquirir alimento em tempo de necessidade, ajuda a fazer-se
uma imagem de Abraão descendo ao vale do Egito para preservar a vida de seus
rebanhos e manadas[7].
Comentário Gênesis 21: 14. PÃO E ODRE - O odre,
feito de uma pele de cabra, deve ter contido suficiente água para que esta
durasse desde um poço até o seguinte. Em sua fuga anterior, parece que Agar
saiu rumo a seu lar no Egito capítulo 16: 7, e tentou fazer o
mesmo agora. A natureza generosa de Abraão e seu amor por Ismael
indubitavelmente o induziram a proporcionar-lhe uma provisão adequada para a
viagem. Parece que a emergência surgida mais tarde se deve ao fato de que se
extraviassem e estivessem vagando sem rumo pelo deserto até que terminou a
água. Isto está implicado nas palavras andou
errante, de um verbo hebraico que
significa errar, vagar, extraviar-se Salmo
119: 176; Isaias 53: 6. Não era o propósito de Deus que Agar e Ismael
voltassem a Egito já que sua promessa concernente ao rapaz não poderia
cumprir-se ali.
Que andassem errantes no deserto foi indubitavelmente uma providência
divina para ele Atos 17: 26[8].
O RAPAZ - Isto sugere que Agar teve que ter viajado com Ismael além de transportar
a água e o alimento. Já que Ismael tinha 17 anos, é evidente que Agar não pôde
ter carregado. O texto indica que Abraão colocou algumas das provisões sobre os
ombros de Agar e algumas sobre os de Ismael.
A expulsão de um de seus filhos deve ter significado intenso sofrimento
para Abraão verso 11. Mas, consciente de sua própria responsabilidade pela
situação que se tinha criado, resignou-se ante a vontade revelada de Deus neste
assunto. A sorte de Agar e Ismael parece extremamente duras, mas eles tinham
feito que isto fosse inevitável por sua conduta com Isaac. Se tivessem estado
dispostos a aceitar um papel secundário, poderiam ter permanecido no lar de
Abraão até que crescesse Ismael. Então poderia ter-se ido Ismael já casado e
com uma parte da riqueza de seu pai. Com quanta freqüência uma conduta mal
calculada significa não só renunciar às bênçãos de que poderíamos desfrutar,
senão também ter que suportar sofrimentos inúteis Jeremias 5: 25[9].
O DESERTO DE BERSEBA - Beerseba, a cidade mais importante do
extremo norte do Neguebe, a região semi-árida do sul, era o centro da rota de
várias caravanas que iam de Transjordania para a costa e de Palestina a Egito.
O deserto estava ao sul da cidade[10].
Comentário Gênesis 26: 1. Teve fome. Uma fome similar à que ocorreu no
tempo de Abraão 12:
Comentário Gênesis 41: 54. Teve
fome em todos os países. Como José tinha predito, os sete anos de
abundância foram seguidos por sete anos de fome que afetaram não somente a
Egito senão aos países circunvizihos também. As condições da fome mo Egito se
produzem quando o Nilo não se desborda em suas orlas, e isto a sua vez se deve
a uma falta de chuva nos altiplanos de Abisinia[12].
Uma Lição em Meio ao
Desespero
Ó Deus, Tu és o meu Deus
forte; eu Te busco ansiosamente; a minha alma
tem sede de Ti; meu corpo Te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Salmo
63:1.
Bem
poucos de nós já enfrentaram fome e sede que ameaçassem a vida. Pensamos em sede como ter que esperar uma hora
num dia quente para beber algo, e em
fome como ficar sem comer duas refeições. Esse não é o tipo
de fome e sede das quais Jesus está falando em Mateus
5: 6. Ele está Se referindo a
fome que não pode ser saciada com uma
refeição no meio da manhã, a sede desesperada de pessoas que sentem que
morrerão, a menos que bebam água.
E. M. Blaiklock conta a
história de uma grande tropa de soldados Aliados
na Primeira Guerra Mundial. Enquanto perseguiam o inimigo em retirada através
do Deserto Árabe, eles deixaram para trás a tropa de camelos que carregava a água. Quando as
provisões de água acabaram, a cabeça
deles começou a doer, os lábios ficaram secos, e eles ficaram abatidos e desorientados. Começaram a ver
miragens. Só pensavam em água, enquanto seus companheiros morriam no
deserto.
Eles estavam
literalmente lutando pela sobrevivência quando expulsaram as forças turcas de
Sherish e de seus poços doadores de vida.
Enquanto a água era
distribuída, foi exigido que milhares dos que estavam
em melhores condições ficassem de lado, enquanto os feridos e outros recebiam sua porção.
Passaram-se quatro horas
até que o último
homem bebesse. No entanto, durante esse tempo, eles estiveram a poucos metros de milhares de litros da mesma substância
que fora sua maior preocupação nos dias de marcha pelo
deserto.
Relata-se
que um dos oficiais salientou o seguinte: Acredito que todos aprendermos nossa primeira verdadeira lição bíblica
na marcha de Berseba aos Poços
de Sherish. Se essa fosse a nossa sede
por Deus, por justiça, e por Sua vontade em nossa vida, se fosse um desejo ardente e prioritário, quão
ricos no fruto do Espírito seríamos.
Jesus disse: Aquele,
porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede. João 4: 14 e Eu sou o pão da vida; o que vem a
Mim jamais terá fome; e o que crê em Mim
jamais terá sede. João 6: 35[13].
Uma Questão de
Prioridades
As Muitas Faces do
Desejo
Quando ouviram a voz do
Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia,
escondeu-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher,
por entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus ao homem e
lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque
estava nu, tive medo, e me escondi. Gênesis 3: 8 a10.
Todos os problemas no mundo atual resultam do
fato de que a humanidade não está bem com
Deus. Todos os nossos anseios e frustrações se originam nesse conceito.
Ter fome e sede de justiça
basicamente significa desejar estar livre do pecado em todas as suas formas.
Conseqüentemente, essa fome e sede é um desejo de estar bem com Deus.
D. Martyn Lloyd-Jones nos
ajuda a entender a questão quando escreve: O homem que tem fome e sede de
justiça é aquele que vê que o pecado e a rebelião o separam da presença de
Deus, e anseia restaurar o antigo relacionamento, o relacionamento original de
justiça na presença de Deus. Nossos primeiros pais foram criados
justos na presença
de Deus. Eles habitaram e caminharam com Ele. Esse é o relacionamento que tal
homem deseja.
Ter fome e sede de justiça
também significa desejar estar livre do poder do pecado em nossa vida diária,
um poder que nos induz a sujeição aos maus hábitos e a relacionamentos deficientes.
Mas ter fome e sede de
justiça é mais do que isso. É o desejo de ficar livre do próprio
desejo de pecar. Mesmo os cristãos devem lidar com o horrível fato de que ainda desejam
pecar, embora depois reconheçam seu poder de destruição.
Ter fome e sede é o desejo
de ficar livre do eu e da centralização no eu com todas as suas variações. É o
amor ao próprio
eu que torna, a nós e aos que estão a nossa volta, infelizes.
Senhor, ajuda-nos hoje a ter fome e sede dessas
coisas que mais precisamos, que verdadeiramente nos fartarão[14].
Testes da Fome
Espiritual
Com minha alma suspiro de
noite por Ti e, com o meu espírito dentro de mim, eu Te procuro diligentemente. Isaias 26:
9.
Os cristãos não devem ter dúvida quanto as
suas prioridades. Cada um de nós é capaz de comprovar na intimidade de
nossos pensamentos que sentimos fome e sede, o que buscamos com mais diligência,
e o que tem mais valor para nós. Hoje faremos um pequeno exercício de exame de
consciência.
O teste de máxima
importância é o do coração. Seguindo essa linha, descobri uma declaração
Essa citação suscita um segundo teste de nossas
prioridades: o de fazer a vontade de Deus. Afinal, ações exteriores honestas
são uma extensão dos valores do coração.
Naturalmente, nem todas as pessoas tem os pensamentos e vida coerentes.
Balaão, o falso profeta, disse: A minha
alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu. Números 23: 10. Mas ao mesmo tempo
Isso nos
leva a um terceiro teste. Se tenho verdadeiramente fome e
sede das coisas de Deus, não gastarei todo o meu tempo na escravidão das coisas
terrenas. Na verdade, estarei livre da dependência das coisas terrenas que
promovem minha própria satisfação[16].
Por último, se tivermos verdadeiramente fome e
sede de Deus, estaremos livres dos falsos
pontos de vista e atitudes direcionados ao próprio eu. A vista de nossa pecaminosidade impele-nos para Ele, que é capaz de perdoar; e quando a alma, reconhecendo o
seu desamparo, anseia por Cristo, Ele
Se revelará
Fartos, mas não Saciados
Como suspira a corça pelas
correntes das águas, por Ti, ó Deus, suspira a minha
alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Salmo 42: 1 e 2.
Água e comida são os mantimentos da vida. Sem
elas, todas as outras coisas perdem o
significado. O que importa ter um carro novo ou uma casa se o
proprietário esta perecendo de fome ou sede?
E
ainda há algo bastante singular sobre a comida e a água. Podemos
comer e beber até ficarmos fartos, mas no dia seguinte sempre precisamos de
mais. Ficamos fartos, mas nunca saciados num sentido permanente.
O
mesmo é verdade em nossa experiência com Deus. Podemos estar cheios, mas sempre desejamos mais. E assim será
através dos séculos sem-fim da
eternidade. Sempre desejaremos mais do Seu amor e companheirismo, e sempre desejaremos nos tornar mais semelhantes a Ele. Uma das alegrias do Universo é que podemos
estar fartos sem estar permanentemente
saciados. O Céu já começou para os cristãos no sentido de que a alegria
da fartura de Deus já começou em nossa vida.
Ao
mesmo tempo em que é verdade que os filhos de Deus sempre terão
fome de Sua amabilidade, também é importante reconhecer a importância de Sua abundância no presente. Quando
lemos que os que têm fome e sede de
justiça serão fartos, estamos lendo o evangelho na íntegra.
A
fartura é tanto uma promessa presente como futura. É Deus quem proporciona a abundância para aqueles que O desejam.
Aqui está evangelho da graça. A
abundância é um dom gratuito de Deus para todo aquele que vem a Ele. O que vem a Mim, disse
Jesus, de modo nenhum o lançarei
fora. João 6: 37. Essa é uma promessa
absoluta. Todos os que têm fome e sede de justiça serão fartos.
Hoje
eles serão fartos com a justiça perdoadora de Deus, enquanto são resgatados da penalidade do pecado. Diariamente
eles serão fartos
com a justiça santificadora de Deus, enquanto lhes é concedida a vitória
sobre o poder do pecado
PROVISÃO
DIVINA PARA O NOSSO SUSTENTO
Vivemos
num mundo onde há muita fome.
Somente
nos Estados Unidos morrem de fome a cada dia cinqüenta meninos.
Vinte
quatro mil pessoas morrem de fome a cada dia em todo o mundo.
Nos
Estados Unidos, um em cada oito meninos menores de oito anos vai para cama com
fome a cada noite. O problema é muito mais grave em outras partes do mundo.
Oitocentos
milhões de pessoas em todo mundo estão morrendo de fome, e muitas delas não tem
onde viver. Mais de nove milhões de
pessoas morrem a cada ano em todo o mundo por causa da fome e desnutrição,
Cinco milhões delas são crianças.
Muitas
pessoas andam em busca de alimento. Alimentam a esperança de que possam comer a
cada manhã? Poderá conseguir alimento na semana que se inicia? A Bíblia fala da
esperança da salvação e da vida eterna, mas há alguma esperança em satisfazer
nossas necessidades diárias neste mundo pecaminoso? A Bíblia nos dá esta
esperança: Iahweh é meu pastor e nada me faltará. Salmo 23: 1. O pão nosso de cada
dia nos dá hoje. Mateus 6: 11. Deus alimentou os israelitas no deserto. Êxodo
16: 33; 16: 4. Cuidou de Elias e Eliseu I Reis 1:
Deus
é o Criador de todo universo, ama suas criaturas. Paulo disse: Não
vos inquieteis com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades
pela oração e pela súplica, em ação de graças. Filipenses 4:
SALMO 42
LIVRO II
Salmos
Lamento do levita
exilado
O exílio, tipo de angústia do fiel que vive
exilado longe do Senhor II Corintios 5:
INTRODUÇÃO
O Salmo
42 é um patético lamento de Davi, que andava como fugitivo e procurava
refúgio nas rochas e grutas do deserto[21],
longe da casa de Deus, onde participava dos serviços sagrados. A estrutura
deste Salmo é extraordinária.
Consta de duas partes de igual longitude, a cada uma seguida de um estribilho versos 5 e 11. Este mesmo estribilho
aparece no Salmo 43: 5.
Os que pensam que o Salmo 42 deve estar unido com o Salmo 43 apresentam as seguintes razões: vários manuscritos hebraicos agrupam num só Salmo o estribilho que aparece duas vezes no Salmo 42 também aparece
ao final do Salmo 43; o Salmo
43 é o único do Segundo Livro que não tem sobrescrito; as idéias
expressas no Salmo 42: 4 e 43: 3
são similares. O santo monte Salmo 43:
3 se referem a Jerusalém, este Salmo
dificilmente poderia ter-se escrito enquanto Davi fugia de Saul[22].
Do mestre
de canto. Poema. Dos filhos de Corá.
1 - Como a corça bramindo por
águas correntes, assim minha alma está bramindo por Ti, ó meu Deus!
CORÇA - Grego: corça; hebraico: cervo, mas o
verbo está no feminino[23].
Hebraico: ayyal,
cervo, veado; mas é provável que deva escrever-se ayallah,
veada, para que concorde com o verbo bramir,
que está em terceira pessoa do feminino. A BJ e NC traduzem a veada.
A primeira estrofe da elegia compreende os versos
BRAMINDO
- Hebraico: arag,
almejar, verbo que só aparece aqui e em Joel 1: 20, em onde também se traduz bramir[25].
A MINHA ALMA - Ou seja, eu[26].
Comentário Salmo
16: 10. DEIXARÁS - Do verbo Hebraico: azab, abandonar. A oração diz
literalmente: Tu não abandonarás minha alma ao sheol. BJ e NC[27].
ALMA - Hebraico:
néfesh. Este vocábulo aparece 755 vezes no AT, das
quais 144 pertencem aos Salmos.
Freqüentemente se traduz alma; mas
esta é uma tradução inexata, porque o termo alma sugere
idéias não contidas
Néfesh deriva da raiz nafash, verbo que aparece só três vezes
no AT Êxodo 23: 12;
31: 17; II Samuel 16: 14, e em cada uma destas
ocasiões significa reviver, refrescar-se. O significado básico deste
verbo é o de respirar.
A definição de néfesh pode deduzir-se do relato bíblico
da criação do homem Gênesis 2: 7. Aqui se
afirma que, quando Deus deu vida ao corpo que ele tinha formado, o homem se
converteu em alma vivente; resultou o homem um ser vivente BJ; ficou constituído o homem como ser vivo
BC. A alma não
existiu antes do corpo; veio à existência quando Adão foi criado. Quando nasce
um menino, uma alma nova vem à existência. Cada nascimento representa uma nova
unidade, diferente e única, separada de outras unidades similares. Nunca poderá
unir-se com outras; sempre será a mesma. Poderão existir muitíssimos indivíduos
parecidos, mas nenhum será igual ao outro, desde Adão até nossos dias não
existem duas pessoas iguais. Esta identidade única do indivíduo é a idéia
dominante que parece derivar no termo hebraico
néfesh.
A palavra néfesh se emprega para referir-se tanto
a seres humanos como a animais. A passagem que se traduz produza as
águas seres viventes. Gênesis 1: 20 diz
literalmente: que as águas fervilhem com enxames de néfesh hayah seres de vida. Chama-se seres
de vida ou seja seres viventes
aos animais e as aves Gênesis 2: 19. Por
isto se entende que tanto os animais como os seres humanos são almas.
A idéia básica de que a alma
representa o indivíduo e não uma de suas partes pode ver-se nos diversos usos
da palavra néfesh. Seria mais correto
dizer que determinada pessoa ou determinado animal é uma alma, e não
que tem uma alma.
Desta idéia básica de que néfesh representa ao indivíduo ou à
pessoa surge seu uso idiomático como substituto do pronome pessoal. A expressão
minha alma
significa, eu, mim; tua alma, tu, e sua
alma, ele ou eles.
Como cada vez que aparece néfesh expressa uma nova unidade de
vida, muitas vezes se usa o termo como sinônimo de vida. A RVR traduz néfesh
como vida 170 vezes, e há outros casos em que vida seria uma
tradução mais precisa.
Quase sempre a voz néfesh pode traduzir-se como pessoa, indivíduo, vida ou o pronome
pessoal que corresponda. Viva minha alma por causa de ti. Gênesis
12: 13 significam vivas eu por causa de ti[28].
Comentário de I Reis 17: 21 - Estendeu-se
por três vezes sobre o menino e invocou Iahweh: Iahweh meu Deus, eu te peço,
faze voltar a ele a alma deste menino!
ALMA - Hebraico: néfesh. Esta palavra hebraica aparece mais de 700
vezes no AT e foi traduzida na
RVR como ser Gênesis 1: 21, 24; 2: 7; Levítico 11: 46; etc., pessoa
Gênesis 12: 5; 14: 21; Levítico 11: 43; Jeremias 43: 6; etc., alma
Gênesis 12: 13; etc., vida Gênesis 9: 4; Josué 2: 14; I Reis 19: 4;
etc., morte Êxodo 4: 19 no
sentido de tirar a vida, vida, VM; etc., morto Levítico 19: 28; Números 9:
6, 7, 10; etc., algum Josué 20: 9, eles
mesmos Isaias 46: 2, animais Gênesis 2: 19 ser, BJ, e em muitas outras
formas. De todas estas maneiras de traduzir néfesh, vida seria a mais
adequada no texto que estamos tratando. A tradução alma é enganosa: faz que
muitos pensem que se trata de uma entidade imortal, capaz de existir
conscientemente fora do corpo. Esta idéia não se acha na palavra néfesh. Não se dá esta idéia e nem
sequer se insinua em nenhum dos mais de 700
casos em que aparece esta palavra. Nem uma vez chama imortal néfesh. Traduzir néfesh como vida está em harmonia com o que os
tradutores da RVR fizeram em 150 casos. Um exemplo notável é I
Reis 19: 4, quando Elias exclamou: Oh Iahweh, tira-me a vida Hebraico: néfesh. Aqui os tradutores
empregaram corretamente a palavra vida. Um estudo mais amplo do
problema está em[29].
Buscar Novas Alturas de
Fé
Muitos jovens... Sucumbem sob toda nuvem, e não
têm poder de resistência. Não crescem na graça... Importa que seja transformado
seu coração carnal. Precisam ver a beleza da santidade; então anelarão por ela
como o cervo brama pelas correntes das águas...
Caso seus passos sejam ordenados pelo Senhor,
queridos jovens, não devem esperar que o caminho lhes seja sempre de paz e
prosperidade exteriores. O caminho que conduz ao dia eterno, não é o mais fácil
de trilhar, e parecerá por vezes sombrio e espinhoso. Tenham, porém, a certeza
de que os braços eternos de Deus os circundam, para protegê-los do mal. Ele
quer que exerçam sincera fé Nele e aprendam a confiar Nele nas trevas da mesma
maneira que na luz... A fé é a mão que se apodera do auxílio infinito; é o meio
pelo qual o coração renovado bate em uníssono com o coração de Cristo.
Em seus esforços para chegar ao ninho, à águia é
muitas vezes impelida para baixo pela tempestade, aos estreitos desfiladeiros
das montanhas. As nuvens, em massas negras e furiosas, metem-se entre ela e as
altitudes ensolaradas onde ela abriga o seu ninho. Por um momento ela parece
desconcertada, e precipita-se nesta e naquela direção, batendo as poderosas asas
como para expelir o denso nevoeiro. Desperta as pombas das montanhas com seu
grito selvagem nos vãos esforços de encontrar saída à sua prisão.
Por fim, lança-se para cima através da escuridão
e solta agudo grito de triunfo ao emergir, um momento depois, na serena
claridade das alturas. A escuridão e a tempestade ficaram para baixo, e a luz
do céu fulgura-lhe
Eis o único rumo que podemos tomar como
seguidores de Cristo. Podemos exercer aquela fé viva que penetrará as nuvens
que, à semelhança do espesso muro, nos separam da luz do Céu. Temos altitudes
de fé a atingir, altitudes onde tudo são paz e alegria no Espírito Santo[30].
SEDE DA ALMA
Nos últimos anos, a venda de água engarrafada no
mundo tem aumentado bastante, e a indústria daquilo que os americanos estão
chamando de a essência da vida chega
hoje a 7 bilhões de dólares anuais só nos Estados Unidos. Tudo porque, de
repente, a humanidade parece ter redescoberto os benefícios da água para a
saúde.
Está
comprovado que as pessoas bebem pouca água. Calcula-se que a maioria dos
habitantes do planeta vive cronicamente desidratada. Todos os dias, um adulto
perde por volta de um litro de líquido e, se esse líquido não for reposto,
haverá prejuízo para o organismo.
O texto de hoje apresenta a figura da corça
suspirando pelas correntes das águas. Nas terras desérticas, era comum ver as
manadas das corças movendo-se de um lugar para outro, buscando uma poça de
água. Às vezes, uma corça solitária perseguida pelos predadores ficava exausta
e machucada de tanto correr, e
Para a corça, a água não era algo opcional, era
assunto de vida ou morte. Porém, o Salmo
de hoje não está falando apenas de água, está falando de Deus, o único Ser capaz
de suprir a sede da alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.
Salmo 42: 2, diz Davi.
Sede do Deus vivo. Nossos dias estão
cheios de deuses mortos. Inventamos pequenos deuses, manipuláveis, dirigíveis,
só para tentar enganar a sede da alma. Brincamos de acreditar em Deus, mas o
coração continua sedento. Como um deserto sem vida, esperando uma gota de água,
uma palavra de amor, um gesto de ternura, uma atitude
de carinho.
Ah, se o ser globalizado de hoje abandonasse um
pouco suas conexões mirabolantes e parasse na sua corrida louca, descobriria o
segredo da vida vitoriosa do salmista e também diria: Como suspira a corça pelas
correntes das águas, assim, por Ti, ó Deus, suspira a minha alma[31].
2 - Minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo; quando voltarei a ver a face de Deus.
TEM SEDE - A ilustração adquire mais significado se têm
em conta os lugares áridos e calorosos por onde Davi andava como fugitivo no
verão e em onde a água muitas vezes faltava. Os animais selvagens com
freqüência impediam que o tímido veado se acercasse aos poucos lugares onde
tinha água[32].
DO DEUS VIVO - As cuidadosas invocações do nome de Deus que
aparecem neste Salmo e no
seguinte destacam a premente necessidade que o salmista sentia de Deus versos 8 e 9; 43: 2 e 4[33].
VOLTAREI VER A FACE DE DEUS - Ver a face de Deus
quer dizer visitar seu santuário, o Templo de Jerusalém Deuteronômio 31: 11; Salmo 27: 8[34].
Apresentarei-me adiante de Deus. Êxodo
23: 17 e Salmo 84: 7 o emprego desta expressão em relação com as
peregrinações ao santuário. A idéia de estar na presença de Deus ocupa um lugar
proeminente neste Salmo ver Salmo 43: 5; Êxodo 34: 24; Deuteronômio 16: 16; 31: 11.
Considerava-se o santuário um lugar especial onde as pessoas se encontravam com
Deus[35].
3 - As lágrimas são meu pão noite
e dia, e todo dia me perguntam: Onde está o teu Deus?
LÁGRIMAS - Deste-lhe a comer um
pão de lágrimas, a tríplice medida de lágrimas a beber. Salmo
80: 5. Deus parece medir sua angústia como quem serve a bebida a
um e outro. O Salmo 80: 5 e 42: 3
são um paralelo ugarítico desta figura[36].
MEU PÃO - É interessante notar que o salmista fala das lágrimas como seu pão, mas o
poeta ugarítico fala de beber lágrimas como vinho[37].
PERGUNTAM-ME - Dizem-me. Os inimigos de Davi lhe dirigem o vitupério
mais amargo quando afirmam de que o Deus em quem confia, não se preocupa em
absoluto por seu bem-estar[38].
4 - Começo a recordar as coisas e
minha alma em mim se derrama: quando eu passava, sob a Tenda do Todo Poderoso
em direção a casa de Deus, entre os gritos de alegria, a ação de graças e o
barulho da festa.
AS COISAS - Davi recorda em seu desterro as ocasiões quando rendeu culto no
santuário, com a congregação dos que se regozijavam na presença de Deus. Essas
recordações lhe faziam ainda mais difícil sobrelevar suas penas. Por outra
parte, fortalecia-se ao recordar as providências de Deus[39].
TODO PODEROSO - Poderoso; literalmente:
admiráveis com um plural majestático.
A Tenda, a Cabana, é o Templo
5 - Porque te curvas, ó minha
alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei, a salvação da
minha face e meu Deus!
PORQUE - O verso 5 é como um
estribilho que se repete com ligeiras variantes no verso 11 e no Salmo
43: 5. Ao considerar estas recordações tão agradáveis, Davi se reprova
por estar deprimido[41].
CURVAS - Abates-te. Literalmente: deprimes-te. Quando Lutero se sentia a beira do
desespero, repetia esta pergunta e depois dizia a Melanchton: Vêem, Felipe, cantemos o Salmo 46[42].
OH MINHA ALMA - O salmista se dirige a si mesmo[43].
GEMENDO - Hebraico: hamah, vocábulo que
encerra a idéia de rosnar como um animal, rugir como as ondas Salmo 46: 3 ou suspirar como o vento[44].
ESPERA - Salmo 25: 3; 27: 15;
Lamentações 3: 24. Algumas vezes procuramos consolo em nós mesmos quando nossa única
esperança está em Deus[45].
AINDA - Se confiamos sempre em Deus, a seu devido tempo ele fará que todo saia
bem[46].
6 - Minha alma curva-se em mim, e
por isso eu me lembro de ti, desde a terra do Jordão e do Hermon, de ti, ó
pequena montanha.
MINHA ALMA CURVA-SE - Minha alma está abatida em mim. O
salmista reconhece francamente a profundidade de sua depressão veja-se o
estribilho dos versos 5, 11; Salmo 43:
5[47].
LEMBRO DE TI - Deus meu. A segunda estrofe da elegia
compreende os versos
LEMBRO-ME - Me lembrarei. Davi
promete recordar a Deus ainda no desterro. Em isto radica sua força[49].
MONTE HERMON - Hebraico: hermonim. Com isto se
designa a corrente montanhosa da qual o monte Hermon, cujo cume chega a mais de
PEQUENA MONTANHA - De ti ó pequena montanha, conjunção que trata do
monte Sião; o hebraico traz da
pequena montanha ou do monte Miçar: trata-se
de Zaorá, não longe das fontes do Jordão, que poderia ser uma etapa no caminho
do exílio. O primeiro de Ti referir-se-ia então a Deus[51].
O monte de Mizar. Hebraico: equivale à bagatela,
pouca coisa. Desconhece-se o lugar desta montanha. É provável que se trate
de um dos montes menores da corrente do Hermon, onde nasciam as águas do Jordão[52].
7 - Grita um abismo a outro abismo
com o fragor das suas cascatas; tuas vagas todas e tuas ondas passaram sobre
mim.
UM ABISMO CHAMA O OUTRO ABISMO - O salmista pareceria estar na parte do país
onde o eco do ruído das cascatas formadas por neves derretidas do Hermon
repercute nos cerrados e os vales. Este fenômeno natural poderia representar as
dificuldades que o têm preocupado[53].
CASCATAS - Ou cataratas. É
possível que o salmista se refira às impetuosas águas do alto Jordão, sobretudo
em tempo de inundação.
ONDAS - Uma continuação da imagem tomada das cascatas e as torrentes do alto
Jordão em tempo de inundação. As ondas e ondas que rompem sobre ele e o alagam
representam sua sufocante tristeza, especialmente por causa de seu afastamento
da casa de Deus. Como alguém que está a ponto de afogar-se, Davi se afunda
momentaneamente no desânimo e no desalento Salmo 88: 7; mas imediatamente se levanta com fé e confiança,
sabendo que Deus fará bem todas as coisas[54].
8 - De dia Iahweh manda o seu
amor, e durante a noite eu vou cantar uma prece ao Deus da minha vida.
MANDA - No meio de seu desespero, Davi deslumbra um raio de esperança. Deus fará
efetivo seu amor. Bem como Deus controla as poderosas torrentes na natureza,
também dominará as águas de aflição e ajudará a seu servo a sobrepor-se delas[55].
MISERICÓRDIA - Hebraico: hésed, que bem poderia
traduzir-se amor divino [56].
DURANTE A NOITE EU VOU CANTAR - E de noite seu cântico. Jó 35: 10; Salmo 32: 7; 63: 6; Atos 16: 25[57].
9 - Vou dizer a Deus, meu rochedo: Porque me esqueces? Porque devo andar
pesaroso pela opressão do inimigo?
DIZER - Sua esperança na bondade do Senhor impulsiona
ao salmista a seguir pedindo a Deus que lhe explique a razão de seu
sofrimento.
MEU ROCHEDO - Rocha minha. Iahweh
é minha Rocha e minha fortaleza, quem me liberta é o meu Deus. Nele me abrigo,
meu rochedo, meu escudo e minha força salvadora, minha torre forte e meu
refúgio. Salmo 18: 2.
PORQUE - Meu Deus, meu Deus,
porque me abandonaste? As palavras do meu rugir estão longe de me salvar! Salmo
22: 1.
10 - Esmigalhando-me os ossos meus
opressores me insultam, repetindo todo o dia: Onde está o teu Deus?
ESMIGALHANDO-ME - Como quem fere. A raiz verbal de quem fere significa matar;
da mesma raiz vem matança em Ezequiel 21:
REPETINDO - Dizendo-me. Verso
3; Joel 2: 17; Miquéias 7: 10.
11 - Porque te curvas, ó minha
alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda o louvarei, a salvação da
minha face e meu Deus.
PORQUE TE CURVAS - Por que te abates? Pela segunda vez aparece o estribilho verso 5. Davi se dirige a Deus como
um amigo muito íntimo Salmo 43: 5[59].
JUSTIÇA - Grego: dikaiosynê, da raiz dík, costume, uso, e
portanto, o correto segundo o
costume. No NT se emprega a palavra
com o sentido do correto segundo
determinam os princípios do reino do céu. O vocábulo dikaiosún aparece em 87 versos no NT, e na RVR se traduz
todas às vezes como justiça salvo
Entre os gregos, a justiça consistia na conformidade
com os costumes aceitos. Para os judeus em essência era conformar-se com os
requerimentos da lei tal como a interpretava a tradição judaica Gálatas
2:
A justiça de Cristo é tanto imputada como comunicada. A justiça imputada
produz justificativa; mas a alma justificada cresce na graça. Por meio do poder
de Cristo que vive na alma, o cristão conforme sua vida com os requisitos da
lei moral tal como foi exposta por preceito e exemplo por Jesus. Esta é a
justiça comunicada. Isto é o que Cristo queria dizer quando animou a seus
ouvintes a que pensassem em ser perfeitos bem como seu Pai celestial
é perfeito ver comentário Mateus 5: 48. Paulo diz que a vida
perfeita de Jesus fez que seja possível que A justiça da lei se cumprisse em
nós, que não andamos conforme a carne, senão conforme ao Espírito. Romanos 8: 4[60].
Esta bem-aventurança contém realmente uma
pergunta e um desafio. Até que ponto queres a bondade? Se a queres tanto como
tem fome de comida, e a água ao que está desfalecido de sede. Até que ponto é
nosso desejo de bondade?
A maioria das pessoas tem um desejo instintivo
de bondade, porém este desejo é imaginário e nebuloso, mais agudo que intenso,
e quando chega o momento da decisão não estão preparados para fazer um esforço
e um sacrifício que demanda bondade real. A maioria das pessoas sofre do que
chama Robert Louis Stevenson a enfermidade
da angústia. Sem dúvida implicaria uma grande diferença no mundo se
desejássemos a bondade mais que qualquer outra coisa.
Foi traduzida a palavra grega: dikaiosynê por bondade ou integridade e não justiça, por que esta sujere
exclusivamente a idéia da justiça que deva reinar na sociedade, ainda que
oprimidos. Naturalmente é algo que devemos desejar apaixonadamente, mas esta
bem-aventurança trata de uma qualidade e não um desejo de posse pessoal, ou um
desejo natural pela justiça, mas de que a bondade de Cristo reine
Quando enfocamos esta bem-aventurança deste ponto de vista ela é mais
exigente e até mais aterradora de todas. E sua própria maneira é também mais
consoladora. Como fundo da bem-aventurança está o sentido de que a pessoa não
alcança esta bondade porque ela anela de todo coração. Se a bênção vem somente
à pessoa que alcança este objetivo, então nada será bendito, porém a bênção
alcança a pessoa apesar das falhas e fracassos, todavia aspirando um amor
apaixonado que vem do alto.
H. G. Wells disse: “Posso ser um
mau músico, mas posso estar apaixonadamente enamorado da música”. Robert
Louis Stevenson falava dos que haviam sido oprimidos até o mais profundo mas
que levavam os mais remotos atos de virtude ao cadafalso, Norman Birkett,
famoso advogado e juiz falando sobre seu trabalho e os crimes que havia tido
contato nos tribunais dizia que a bondade
era uma implacável caçadora e que a
pior das pessoas está condenada a alguma espécie de nobreza.
Davi queria construir o Templo de Deus, não conseguiu seu intento, e o
Senhor o proibiu de construir. Bem fizeste em resolver
No caso da bem-aventurança queria dizer todo o pão e toda água que
contém. A tradução correta seria:
Benditos os que têm fome e sede da
verdadeira e total integridade.
Isto é de fato o que poucas vezes se quer. Contentamos-nos com parte da
bondade ou da integridade. Um homem pode ser bom no sentido de que não poderia
ser achado com uma falta moral. Sua obra e respeitabilidade estão fora de
dúvida, talvez pertenceria a uma classe de pessoa que apesar de caráter e reputação
ilibada poderia não ser simpático, intolerante e duro com o próximo. Esta
integridade não é mais do que parcial.
Esta bem-aventurança nos diz para não nos conformarmos com a integridade
parcial. Bendita a pessoa que tem fome desesperada sede ardente de bondade
total. Não uma gélida e impecável sensibilidade fria.
Assim a tradução para a quarta bem-aventurança poderia ser assim:
Ah! Bem-aventurado o que anela uma integridade
total, como anseia o que está morrendo de fome por alimento e água ao que está perecendo
de sede, porque tal pessoa alcançará perpétua satisfação[61].
O
Evangelho Desvendado
Escutem, os que têm sede: venham beber da água! Venham,
os que não têm dinheiro:
comprem comida e comam! Venham e comprem leite e vinho, que tudo é de grata.
Isaias 55: 1.
A quarta bem-aventurança é uma das promessas mais importantes
da Bíblia. Os que têm fome e sede de justiça serão fartos. Essa é uma promessa categórica. Ela não diz que eles
podem ser fartos, mas que serão. E a boa nova que permanece no ponto
focal do Novo Testamento.
Justiça
é uma palavra com muitos significados. Nesse contexto, implica o clímax sublime de estar bem com Deus em
relacionamento e de ser como Ele em
caráter.
Os seres humanos tem
tristemente falhado nesses aspectos. Paulo coloca isso de forma sucinta, quando
menciona que todos pecaram e carecem da gloria de
Deus. Romanos 3: 23. O
reconhecimento desse fato em nossa
experiência pessoal é o que significam humildade de espírito e lamentação. Os que são guiados pelo Espírito têm
um profundo senso de indignidade acerca de sua impotência para fazer
qualquer coisa.
A última coisa que
desejamos fazer é admitir abertamente nossa
pobreza espiritual. Desejamos ser dignos e justos aos nossos próprios
olhos. Esse desejo induziu os judeus dos dias de Jesus a se gabarem das obras
de justiça. Se tivessem se esforçado e se dedicado o suficiente, eles creriam, e poderiam se tornar não apenas justos com Deus, mas como Ele. A mesma linha de pensamento
levou os monges da Idade Média a um
frenesi de atividades. A mesma noção equivocada ainda existe
atualmente. Como podemos ser bons o
suficiente? A resposta é que não conseguimos ser bons por nós mesmos.
Deus sabia disso. Por
isso, Ele enviou Jesus para morrer
Mais
Sobre Justiça
Todos os Seus mandamentos são justiça. Salmo 119: 172.
No
Evangelho de Mateus, justiça
representa mais do que estar bem com Deus. Também
implica ser como Deus
Em
resumo, a justiça com a qual os que têm fome e sede devem estar repletos é tanto ativa como passiva. A justiça está
relacionada com a santificação tanto quanto com a justificação.
O
evangelho de Cristo não me salva só da penalidade do pecado, mas também do
poder reinante do pecado em minha vida diária. Em
vez de um disseminador de contendas, Deus deseja tornar-me um pacificador. Em
vez da concupiscência, Ele deseja impregnar-me com pureza de coração. Em vez de egoísta e imperceptivelmente mesquinho e às
vezes não tão imperceptivelmente,
Ele deseja me transformar em um
cristão misericordioso. Deus deseja que cada um de nós se torne como Ele em caráter.
A
palavra justiça na quarta
bem-aventurança abrange as duas partes das
Bem-aventuranças. Jesus promete tanto nos perdoar de nossos pecados e
imperfeições como nos transformar a Sua imagem.
Mas
essa transformação, isto deve ser constantemente enfatizado, não é a transformação do nosso próprio eu. Ao
contrário, é Deus nos enchendo
com Seu Santo Espírito, para que tenhamos condições de viver a vida cristã.
Tanto
a graça perdoadora de Deus como Sua graça habilitadora estão refletidas na palavra justiça, da quarta
bem-aventurança. Ambas vêm através da fé no Deus que amou tanto o mundo, que
deu Seu único Filho para salvar seres humanos
inúteis e sem esperança.
Louvado seja Deus pelas boas novas![63].
O que Tem Mais Valor Diante de Deus
Um homem tinha dois filhos e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho,
vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero.
Mas, depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de
igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois
fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Mateus 21:
No sermão da montanha, disse Cristo: Nem todo o que Me diz: Senhor,
Senhor! Entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que
está nos Céus. Mateus 7:21. A prova de sinceridade não está nas
palavras, mas nos atos. Cristo não diz a ninguém: Que dizeis mais do que os
outros? Porém: Que fazeis de mais? Mateus 5: 47. Cheias de significação são
Suas palavras: Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. João 13:
17. As palavras não são de valor algum se não forem acompanhadas de
atos equivalentes. Esta é a lição ensinada na parábola dos dois filhos.
Esta parábola foi pronunciada na última visita de Cristo a Jerusalém,
antes de Sua morte. Expulsara do templo os vendedores e compradores. Sua
voz lhes falara ao coração com o poder de Deus. Assombrados e terrificados,
obedeceram ao mando sem recusa nem resistência.
Abatido o terror, os sacerdotes e anciãos, voltando ao templo, encontraram
Cristo curando os enfermos e moribundos. Ouviram vozes de alegria e cânticos de
louvor. No próprio templo as crianças, a quem restaurara a saúde, acenavam
ramos de palmeiras e cantavam hosanas ao Filho de Davi. Criancinhas balbuciavam
os louvores do poderoso Médico. Contudo para os sacerdotes e anciãos isto não
bastava para vencer os preconceitos e ciúmes.
Quando, no dia seguinte, Cristo ensinava no templo, os príncipes dos
sacerdotes e anciãos do povo foram ter com Ele, e disseram: Com que autoridade fazes isso?
E quem Te deu tal autoridade? Mateus 21:23.
Os sacerdotes e anciãos tiveram uma insofismável demonstração do poder
de Cristo. Na purificação do templo, viram a autoridade do Céu irradiando de
Seu semblante. Não puderam resistir ao poder com que falara. Além disso,
respondera-lhes pelas maravilhosas curas. Deram, de Sua autoridade, provas que
não podiam ser refutadas. Mas não era evidência o que desejavam. Os sacerdotes
e anciãos estavam ansiosos por Jesus Se proclamar o Messias, para mal
interpretarem-Lhe as palavras e incitarem contra Ele o povo. Desejavam
aniquilar Sua influência e matá-Lo.
Jesus sabia que se não reconheciam a Deus na pessoa Dele, nem viam em
Suas palavras a evidência de Seu divino caráter, não creriam no próprio testemunho
de que era o Cristo. Em Sua resposta evitou a cilada a que esperavam induzi-Lo,
e voltou sobre eles mesmos à condenação.
Também vos perguntarei uma coisa, disse Ele, se ma disserdes, também Eu vos direi com que autoridade faz isso. O
batismo de João donde era? Do Céu ou dos homens? Mateus 21: 24 e 25.
Os sacerdotes e maiorais ficaram perplexos. E pensavam entre si,
dizendo: Se dissermos: do Céu, Ele nos dirá: Então, por que não o crestes? E, se
dissermos: dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como
profeta. E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem Eu
vos digo com que autoridade faz isso. Mateus 21:
Não sabemos.
Essa resposta era uma falsidade. Mas os sacerdotes viram a posição em que
estavam e dissimularam, com o fim de se defender.
Lembrando-se de como João repetira as profecias a respeito do Messias, recordando
a cena do batismo de Jesus, os sacerdotes e maiorais não ousaram dizer que o
batismo de João era do Céu. Se reconhecessem a João como profeta, como criam
que fosse, como poderiam negar seu testemunho de que Jesus de Nazaré era o
Filho de Deus? E não podiam dizer que o batismo de João era dos homens por
causa do povo que cria que João fosse profeta. Assim, disseram: Não
sabemos.
Deu, então, Cristo a parábola do pai e dos dois filhos. Quando o pai foi
ao primeiro, dizendo: Vai trabalhar hoje na minha vinha, o
filho prontamente respondeu: Não quero. Mateus 21: 28 e 29.
Recusou obedecer, e entregou-se a companhia e procedimentos ímpios. Mas depois
se arrependeu e obedeceu ao chamado.
O pai foi ao segundo, com a mesma ordem: Vai trabalhar hoje na minha vinha.
Esse filho replicou: Eu vou, senhor; porém, não foi. Mateus 21:
30.
Nessa parábola o pai representa Deus, a vinha, a igreja. Pelos dois
filhos são representadas duas classes de pessoas. O filho que recusou
obedecer à ordem, dizendo: Não quero, representa aqueles que
vivem em transgressão aberta, que não fazem profissão de piedade, que
declaradamente recusam submeter-se ao jugo de restrição e obediência que a lei
de Deus impõe. Muitos destes, porém, se arrependeram depois e obedeceram ao
chamado divino. Quando o evangelho os atingiu, na mensagem de
No filho que disse: Eu vou, senhor Mateus 21: 30, e não
foi, revelou-se o caráter dos fariseus. Como esse filho, os guias judeus eram
impenitentes e presunçosos. A vida religiosa da nação judaica tornara-se
formalidade. Ao ser proclamada a lei no monte Sinai, pela voz de Deus, todo o
povo se comprometeu a obedecer. Disseram: Eu vou, senhor, porém não foram.
Quando Cristo veio em pessoa para lhes apresentar os princípios da lei,
rejeitaram-nO. Cristo dera aos guias judeus de Seu tempo provas abundantes de
Sua autoridade e poder divinos, e embora convictos, não quiseram aceitar a evidência.
Cristo lhes mostrou que continuavam a descrer porque não possuíam o espírito
que conduz à obediência. Declarara-lhes: E assim invalidastes, pela vossa tradição, o
mandamento de Deus. Mas
Na multidão que estava perante Jesus, havia escribas e fariseus,
sacerdotes e maiorais, e depois de ter apresentado a parábola dos dois filhos,
Jesus perguntou: Qual dos dois fez a vontade do pai? Esquecendo-se de si mesmos
os fariseus responderam: O primeiro. Isto disseram sem
perceber que pronunciavam sentença contra si mesmos. Então Cristo fez a
denúncia: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram
adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho de justiça,
e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo
isso, nem depois vos arrependestes para o crer. Mateus 21: 31 e 32.
Assim falarás à casa de Jacó,... Se diligentemente ouvirdes a Minha voz
e guardardes o Meu concerto, então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre
todos os povos; porque toda a terra é Minha. E vós Me sereis um reino
sacerdotal e povo santo. Êxodo 19: 3, 5 e 6.
Cristo não lhes disse: Vós não podeis
entrar no reino do Céu; porém, mostrou que eles mesmos criavam o obstáculo que
lhes embargava a entrada. A porta ainda estava aberta para esses guias judeus;
o convite ainda era mantido. Cristo anelava vê-los convencidos e
conversos.
Os sacerdotes e anciãos de Israel passavam
a vida em cerimônias religiosas que consideravam muito sagradas para ligá-las
com negócios seculares. Por isso sua vida era tida como inteiramente religiosa.
Eles, porém, executavam as cerimônias para serem vistos dos homens, para que
fossem considerados pelo mundo piedosos e devotos. Ao passo que professavam
obedecer, recusavam prestar obediência a Deus. Não eram praticantes da verdade
que pretendiam ensinar.
Cristo declarou que
Fosse genuína a profissão dos guias judeus, e teriam recebido o testemunho
de João e aceito a Jesus como o Messias. Mas não produziram os frutos do
arrependimento e justiça. Justamente aqueles que desprezavam, os precediam no
reino de Deus.
Na parábola, o filho que disse: Eu vou, senhor, apresenta-se como
fiel e obediente; porém o tempo mostrou que sua pretensão não era real. Não
tinha verdadeiro amor ao pai. Assim os fariseus orgulhavam-se de sua santidade;
porém, quando provados, foram achados
Deles declarou Cristo: Não procedais em conformidade com as suas
obras, porque dizem e não praticam. Mateus 23: 3. Não possuíam
verdadeiro amor a Deus e aos homens. Deus os chamou para serem Seus
colaboradores no abençoar o mundo; mas se bem que nominalmente aceitavam a
chamada, na prática negavam obediência. Confiavam em si mesmos e orgulhavam-se
de sua bondade; mas desprezavam os mandamentos de Deus. Recusavam fazer a obra
que Deus lhes prescrevera, e por causa de sua transgressão o Senhor estava
prestes a divorciar-Se da nação desobediente.
Justiça própria não é verdadeira justiça, e aqueles que a ela se apegam
terão que sofrer as conseqüências de uma decepção fatal. Muitos hoje em dia
presumem obedecer aos mandamentos de Deus, todavia não possui no coração o amor
de Deus para transmiti-lo a outros. Chama-os Cristo para se unirem com Ele em
Sua obra de salvar o mundo, porém contentam-se com dizer: Eu vou, Senhor. Não vão,
entretanto. Não cooperam com aqueles que estão executando a obra de Deus. São
ociosos. Como o filho infiel, fazem falsas promessas a Deus. Assumindo o solene
convênio da igreja, comprometeram-se a receber a Palavra de Deus, obedecer-lhe,
entregar-se a Seu serviço, porém não fazem isto. Nominalmente professam ser
filhos de Deus, mas na vida e no caráter desmentem o parentesco. Não rendem a
vontade a Deus. Vivem uma mentira.
A promessa de obediência aparenta cumprir quando esta não exige
sacrifício; mas quando são requeridas abnegação e renúncia, quando vêem a cruz
para ser levada, retrocedem. Deste modo a convicção do dever desaparece, e a
transgressão consciente dos mandamentos de Deus torna-se um hábito. O ouvido
pode escutar a Palavra de Deus, mas, a percepção espiritual está desligada. O
coração está endurecido, e a consciência cauterizada.
Não pense que você serve a Cristo porque não Lhe manifesta aberta
hostilidade. Desse modo enganamos a nós mesmos. Retendo aquilo que Deus nos
outorgou para usar em Seu serviço, seja tempo ou meios ou qualquer outra dádiva
por Ele concedida trabalhou contra Ele.
Satanás usa a sonolenta e descuidada indolência de professos cristãos
para se fortificar e conquistá-los para si. Muitos que presumem que embora não
estejam trabalhando ativamente para Cristo, estão contudo o Seu lado habilita o
inimigo a ocupar terreno e obter vantagens. Deixando de ser obreiros diligentes
do Mestre, deixando deveres por cumprir e palavras por pronunciar, permitem que
Satanás alcance domínio sobre as pessoas que podiam ser ganhas para
Cristo.
Jamais poderemos ser salvos na indolência e inatividade. Não há pessoa
verdadeiramente convertida que viva vida inútil e ociosa. Não nos é possível
deslizar para dentro do Céu. Nenhum preguiçoso pode entrar lá. Se não nos
esforçarmos para conseguir entrada no reino, se não procurarmos sinceramente
aprender o que constitui suas leis, não estaremos aptos para dele participar.
Quem recusa cooperar com Deus na Terra, não cooperaria com Ele no Céu. Não
seria seguro levá-los para lá.
Mais esperança há para os publicanos e pecadores do que para os que
conhecem a Palavra de Deus, e recusam obedecer-lhe. O homem que se vê pecador,
sem paliativo para seu pecado, que sabe estar corrupto de alma, corpo e
espírito perante Deus, torna-se alarmado, com medo de ser separado eternamente
do reino dos Céus. Reconhece sua condição enferma, e procura remédio do grande
Médico, que disse: O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora. João 6: 37.
Essas pessoas o Senhor pode usar como obreiros em Sua vinha.
O filho que por algum tempo negou obedecer ao mandado do pai não foi
condenado por Cristo; mas, tampouco foi louvado. A classe que age como o
primeiro filho, recusando obediência, não merece louvor por seu procedimento.
Sua franqueza não deve ser considerada virtude. Santificada pela verdade e
santidade tornaria os homens testemunhas destemidas para Cristo. Usada como é
pelo pecador, porém, é insultante e arrogante, e aproxima-se da blasfêmia. O
fato de um homem não ser hipócrita não lhe diminui a pecaminosidade. Quando os
apelos do Espírito Santo atingir ao coração, nossa única segurança está em a
eles responder sem tardar. Quando vier o chamado: Vai trabalhar hoje na Minha vinha,
não recuseis o convite. Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureça o
vosso coração. Hebreus 4: 7. É perigoso postergar a obediência. Podeis
nunca mais ouvir o convite.
E ninguém se lisonjeie de que o pecado acariciado algum tempo pode ser
deixado facilmente aos poucos. Não acontece assim. Todo pecado acariciado
debilita o caráter e fortalece o hábito; a depravação física, mental e moral é
a conseqüência. Podeis arrepender-vos do erro que cometestes, e pôr os pés no
caminho justo, porém, o molde de vosso espírito e a familiaridade com o mal vos
tornará difícil distinguir entre o bem e o mal. Pelos maus hábitos formados,
Satanás vos atacará sempre e sempre.
No mandamento: Vai trabalhar hoje na Minha vinha, é
provada a sinceridade de todo ser humano. Haverá ações tão boas quanto as
palavras? Utilizará o que foi chamado todo o conhecimento que possui,
trabalhando fiel e desinteressadamente para o Proprietário da vinha?
Se você cultivar fielmente a vinha de sua vida, Deus o fará colaborador
Seu. E você terá que fazer uma obra não somente para você, mas também para os
outros. Representando a igreja como a vinha, Cristo não nos ensina a restringir
nossa simpatia e trabalho aos membros. A vinha do Senhor deve ser ampliada.
Deseja Ele que se estenda a todas as partes da Terra. Recebendo instrução e
graça de Deus, devemos ensinar a outros como devem ser tratadas as preciosas
plantas. Assim ampliaremos a vinha do Senhor. Deus aguarda evidências de nossa
fé, amor e paciência. Procura ver se usamos toda faculdade espiritual para nos
tornarmos obreiros peritos em Sua vinha na Terra, para que possamos entrar no
Paraíso de Deus, aquele lar do Éden, do qual Adão e Eva foram expulsos pela
transgressão.
A posição de Deus para com os Seus é a de um pai, e tem o direito de pai
ao nosso serviço fiel. Considerai a vida de Cristo. Sendo a cabeça da
humanidade, servindo o Pai, é um exemplo do que cada filho deve e pode ser. A
obediência que Cristo prestava, Deus requer hoje da humanidade. Servia a Seu Pai
com amor, voluntariedade e livremente. “Deleito-Me
Assim devemos servir a Deus. Somente O serve aquele que age segundo a
mais alta norma de obediência. Todos quantos querem ser filhos e filhas de Deus
precisam provar ser coobreiros de Deus, de Cristo e dos anjos celestiais. Esta
é a prova para cada alma. Daqueles que O servem fielmente o Senhor diz: Eles
serão Meus,... Naquele dia que farei, será para Mim particular tesouro;
poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Malaquias 3: 17.
O grande objetivo de Deus na execução de Suas providências é provar os
homens e dar-lhes oportunidades para desenvolver o caráter. Deste modo prova se
são obedientes ou não a Seus mandamentos. Boas obras não adquirem o amor de
Deus, porém revelam que possuímos esse amor. Se rendermos a vontade a Deus, não
trabalharemos com o fim de merecer o Seu amor. Seu amor, como dádiva livre,
será acolhido no coração, e impelido pelo mesmo nos deleitaremos
Há no mundo hoje somente duas classes, e somente essas duas serão reconhecidas
no Juízo; os que violam a lei de Deus, e os que a ela obedecem. Cristo nos dá a
prova pela qual demonstramos nossa lealdade ou deslealdade. Diz Ele: Se Me
amardes, guardareis os Meus mandamentos. Aquele que tem os Meus mandamentos e
os guarda, este é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu
o amarei e Me manifestarei a ele. Quem não Me ama não guarda as Minhas
palavras; ora, a palavra que ouvistes não é Minha, mas do Pai que Me enviou.
João 14: 15, 21 e 24. Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu
amor; do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e permaneço
no Seu amor. João 15: 10[64].
Leitura Adicional
Os Famintos e Sedentos
Serão Satisfeitos
Justiça é santidade, semelhança com Deus; e Deus
é amor. I João 4: 16. É conformidade com a lei de Deus; pois todos
os Teus mandamentos são justiça. Salmo 119: 172; e o cumprimento
da lei é o amor. Romanos 13: 10. Justiça é amor, e o amor é a luz e a
vida de Deus. A justiça de Deus se acha concretizada
Não é por meio de penosas
lutas ou fatigante lida, nem de dádivas ou sacrifícios, que alcançamos a
justiça; ela é, porém, gratuitamente dada a toda pessoa que dela tem fome e
sede. Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós
que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; ... sem dinheiro e sem preço.
Isaias 55: 1. Sua justiça... vem de Mim, diz
Nenhum agente humano pode
suprir aquilo que satisfará a fome e a sede da alma. Mas Jesus diz: Eis que estou
à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua
casa e com ele cearei, e ele, comigo. Apocalipse. 3: 20. Eu sou o pão
da vida; aquele que vem a Mim não terá fome; e quem crê em Mim nunca terá sede.
João 6: 35.
Como precisamos de alimento para sustentar nossas forças físicas, assim
necessitamos de Cristo, o pão do Céu, para manter a vida espiritual, e
comunicar forças para efetuar as obras de Deus. Como o corpo está continuamente
recebendo a nutrição que sustém a vida e o vigor, assim a alma deve estar
constantemente comungando com Cristo, a Ele submissa, e confiando inteiramente
Nele.
Como o fatigado viajante procura a fonte no deserto e, encontrando-a
sacia a sede abrasadora, assim há de o cristão ansiar e obter a pura água da
vida, de que Cristo é a fonte.
Ao discernirmos a perfeição do caráter de nosso Salvador, havemos de
desejar ser inteiramente transformados, e renovados à imagem de Sua pureza.
Quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais elevado será nosso ideal de caráter,
e mais veemente o nosso anseio de Lhe refletir a imagem. Um elemento divino
combina-se com o humano, quando a alma se dilata,
Se experimentais um sentimento de necessidade em vossa alma, se tendes
fome e sede de justiça, isso é prova de que Cristo tem operado em vosso
coração, a fim de ser por vós procurado, para vos fazer, mediante o dom do
Espírito Santo, aquilo que vos é impossível realizar em vosso próprio
benefício. Não precisamos saciar nossa sede em correntes rasas; pois a grande
fonte se acha mesmo por sobre nós, fonte de cujas abundantes águas nos é dado
beber fartamente, se nos alçarmos um pouco mais na escalada da fé.
As palavras de Deus são a fonte da vida. Ao buscardes essas vivas fontes
haveis de, mediante o Espírito Santo, ser postos
Jesus disse: A água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a
vida eterna. João 4: 14. À medida que o Espírito Santo vos descerre a
verdade, haveis de entesourar as mais preciosas experiências, e falareis
longamente a outros das confortadoras coisas que vos têm sido reveladas. Quando
com eles vos reunirdes haveis de comunicar qualquer novo pensamento com relação
ao caráter ou à obra de Cristo. Tereis nova revelação de Seu piedoso amor para
comunicar aos que O amam, e aos que não O amam.
Dai, e ser-vos-á dado. Lucas 6: 38; pois a Palavra de Deus é a fonte dos jardins, poço das águas vivas,
que correm do Líbano. Cantares 4: 15. O coração que experimentou uma
vez o amor de Cristo, clama continuamente por uma porção maior e, comunicando-o
a outros, recebereis mais rica e abundante medida. Cada revelação de Deus à
alma aumenta a capacidade de conhecer e amar. O contínuo brado do coração é: Mais
de Ti; e sempre a resposta do Espírito é: Muito mais. Romanos 5: 9 e 10.
Pois nosso Deus Se deleita em fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo
que pedimos ou pensamos. Efésios. 3:
Deus tem derramado de maneira ilimitada o Seu amor, como os aguaceiros
que refrigeram a terra. Ele diz: As nuvens chovam justiça; abra-se a terra, e
produza-se salvação, e a justiça frutifique juntamente. Isaias 45: 8. Os
aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de
sede; mas Eu, o Senhor, os ouvirei, Eu, o Deus de Israel os não desampararei.
Abrirei rios em lugares altos e fontes, no meio dos vales; tornarei o deserto
em tanques de águas e a terra seca,
[1] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 29.
[2] Desejado de Todas as Nações, p. 285.
[3] CBASD, vol. 5, p. 317.
[4] Mateus, Introdução e
Comentário, R. V. G. Tasker, Mundo Cristão, p. 49.
[5] Comentário
ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp.
[6] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol. 1, p. 304.
[7] CBASD, vol. 1, p. 310.
[8] CBASD, vol. 1, pp. 357 e 358.
[9] CBASD, vol. 1, p
[10] CBASD, vol. 1, p. 358.
[11] CBASD, vol. 1 p.384.
[12] CBASD, vol. 1, p. 461.
[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 32.
[14] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 34.
[15] Caminho a Cristo, EGW, CPB, p. 58.
[16] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 35.
[17] Caminho a Cristo, EGW, CPB, p. 65.
[18] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 36.
[19] O Livro da Sabedoria de Deus, Jonathan e Kathleen K. Kuntaraf Lois More, pp.102 e 103.
[20] BJ, p. 993.
[21] Educação, EGW,
CPB, p. 159.
[22] CBASD, vol. 3, pp. 743 e 744.
[23] BJ, p. 993.
[24] CBASD, vol. 3, p. 744.
[25] CBASD, vol. 3, p. 744.
[26] CBASD, vol. 3, p. 744.
[27] CBASD, vol. 3, p. 672.
[28] CBASD, vol. 3, pp. 672 e 673.
[29] CBASD, vol. 2, p. 812.
[30] The
Youth’s Instructor, 12 de maio de 1898.
[31] Janelas para a Vida, MM 2007, Alejandro
Bullón, CPB, p. 155.
[32] CBASD, vol. 3, p. 744.
[33] CBASD, vol. 3, p. 744.
[34] BJ, p. 993.
[35] CBASD, vol. 3, p. 744.
[36] CBASD, vol. 3, p. 831.
[37] CBASD, vol. 3, p. 744.
[38] CBASD, vol. 3, p. 744.
[39] CBASD, vol. 3, p. 744.
[40] BJ, p. 993.
[41] CBASD, vol. 3, p. 744.
[42] CBASD, vol. 3, p. 744.
[43] CBASD, vol. 3, p. 744.
[44] CBASD, vol. 3, p. 744.
[45] CBASD, vol. 3, p. 744.
[46] CBASD, vol. 3, p. 744.
[47] CBASD, vol. 3, p. 744.
[48] CBASD, vol. 3, p. 744.
[49] CBASD, vol. 3, p. 744.
[50] CBASD, vol. 3, p. 744.
[51] Bj, p. 994.
[52] CBASD, vol. 3, pp. 744 e 745.
[53] CBASD, vol. 3, p. 745.
[54] CBASD, vol. 3, p. 745.
[55] CBASD, vol. 3, p. 745.
[56] CBASD, vol. 3, p. 745.
[57] CBASD, vol. 3, p. 745.
[58] CBASD, vol. 3, p. 745.
[59] CBASD, vol. 3, p. 745.
[60] CBASD, vol. 5, pp. 317 e 318.
[61] Comentário
ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp.
[62] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 30.
[63] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 31.
[64] Parábolas de Jesus, EGW, CPB, pp.