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postado em: 24/11/2008
Enigmas da Gênese Humana A Bíblia afirma que Deus criou Adão e Eva e que eles procriaram, dando assim origem à raça humana. Se de apenas um casal todos os seres humanos vieram a existir, temos que aceitar o fato de que houve casamento entre irmãos para que a humanidade se multiplicasse sobre a Terra. O relato de Gênesis 5:4 afirma o seguinte, a esse respeito: "Quando Adão completou cento e trinta anos, gerou um filho à sua semelhança, como sua imagem, e lhe deu o nome de Sete. O tempo que viveu Adão depois do nascimento de Sete, foi de oitocentos anos, e gerou filhos e filhas". Que implicações existem na aceitação deste fato? Em primeiro lugar precisamos entender que o relato da criação foi escrito de uma perspectiva futura, mas, com o olhar voltado para o passado. Moisés, a quem são atribuídos os cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) usou um recurso literário comum aos escritores do Antigo Testamento: escrever sobre o passado sob um prisma presente. Ao usar uma linguagem posterior ao fato cronológico, o autor tinha o propósito de tornar compreensível um fato antigo para seus contemporâneos. Ao aceitar o relato bíblico que estabelece uma origem única para todos os seres humanos, a saber, Adão e Eva, nos deparamos com pelo menos três implicações na procriação consangüínea: as implicações biológicas, morais e legais. Implicações biológicas Sabemos que se duas pessoas com grau de parentesco próximo tiverem um filho, há uma grande probabilidade desse filho nascer com deficiências. Baseados neste fato há pessoas que criticam o relato bíblico porque afirmam ser impossível que a humanidade tivesse se desenvolvido a partir de entrelaçamento entre irmãos, sem criar um exército de pessoas com deformidades diversas. Devemos entender, todavia, por que os bebês cujos pais sejam parentes próximos apresentam deformidades. A genética afirma que a informação hereditária que é transmitida de geração em geração está codificada nas extensões do DNA. Tal informação é copiada repetidas vezes e de forma literal em um processo sujeito a erros. São as chamadas mutações. Elas são responsáveis por milhares de doenças ou deformidades herdadas geneticamente de geração em geração. Sempre que acontecem erros de replicação, eles são também copiados. Com o passar do tempo e das gerações mais erros de replicação acontecerão, sendo acrescidos ao erro original, sendo que, as futuras deformidades serão somadas às já existentes. É por este motivo que cada um de nós possui centenas de erros genéticos que foram transmitidos pelos nossos ancestrais de geração em geração e chegaram até nós que, por nossa vez, os transmitiremos aos nossos filhos e assim por diante. Nós não aparentamos ter centenas de erros genéticos ou deformidades porque herdarmos genes tanto do pai como da mãe. Suponhamos que um gene responsável por determinada característica biológica foi transmitido por parte do pai e da mãe, isto é, o bebê recebeu dois genes que controlam a mesma característica. No caso de um estar corrompido ainda há o outro, perfeito, uma espécie de cópia de segurança do original. Deste modo, a característica apresentará normalidade. Por outro lado, se você tivesse herdado um gene defeituoso de sua mãe, e também recebido um gene defeituoso de seu pai, gene este responsável pela mesma característica, então aquela característica seria defeituosa. Note que estes erros genéticos podem surgir mesmo que os pais não sejam familiares próximos, no entanto, a probabilidade de os dois terem o mesmo gene – que codifica determinada instrução – defeituoso é menor. O mesmo se passará com a sua irmã ou irmão. Ambos têm um gene corrompido que se encontra “disfarçado” pelo outro bom gene. Agora, se vocês tivessem um filho, a probabilidade de ambos transmitirem ao bebê tal gene corrompido é muito maior, uma vez que ambos o “transportam”. É por essa razão que quanto mais próximo for o grau de parentesco de dois indivíduos, maior o risco de os seus filhos nascerem com deformidades genéticas. No caso de Caim ter-se casado com uma de suas irmãs, não houve violação da Natureza nem pecado, pois na primeira geração humana não havia doenças hereditárias a transmitir. Após a entrada do pecado no mundo, estes erros genéticos surgiram como conseqüência do pecado, mas, ainda seria preciso um certo tempo – muitas gerações, envolvendo algumas centenas de anos – para que estes erros genéticos se acumulassem e atingissem um nível em que o risco de procriação entre irmão e irmã fosse significativo. Fica evidente, contudo, que o ser humano começou a morrer quando desobedeceu a Deus. Toda a natureza foi afetada pelo pecado e os animais e plantas foram contaminados com a existência do pecado produzindo mutações e desequilíbrio. Daí o fato de Deus haver afirmado: “Maldita é a Terra por tua causa”. Percebemos claramente que a permissão de Deus para que o casamento entre irmãos ocorresse entre as primeiras famílias da Terra foi com o tempo tornando-se uma atitude irresponsável, na medida em que os efeitos do pecado se faziam sentir sobre a face da Terra. As implicações biológicas indicam claramente que hoje é uma irresponsabilidade que tal união se dê, entretanto, como elas não existiam no princípio, o relato bíblico não sofre nenhuma perda de credibilidade. Implicações Morais É interessante notar que Abraão viveu algumas centenas de anos após o Dilúvio (que ocorreu cerca de 1700 anos após a Criação) e casou-se com a sua meia-irmã, Sara. Diz a Bíblia: “E disse Abraão: Porque eu dizia comigo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa da minha mulher. E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher” (Gênesis 20:11-12). Não há evidências de que tenha existido alguma espécie de problema biológico com os filhos de Abraão e Sara. Mas por que razão Deus não condenou Abraão por este ter se casado com um parente próximo? Abraão não desobedeceu a nenhuma lei de Deus quando casou-se com Sara porque tal proibição foi feita por Deus centenas de anos após o Dilúvio. E Deus fez tais proibições porque além dos resultados implícitos do pecado (degeneração biológica) apareceram ainda os resultados explícitos do pecado: ou seja, a malícia e a maldade começaram a atingir níveis perigosos. Então Deus ordenou aos Seus filhos: “A nudez da tua irmã, filha de teu pai, ou filha de tua mãe, nascida em casa, ou fora de casa, a sua nudez não descobrirás”... “E, quando um homem tomar a sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe, e vir a nudez dela, e ela a sua, torpeza é; portanto serão extirpados aos olhos dos filhos do seu povo; descobriu a nudez de sua irmã, levará sobre si a sua iniqüidade” (Levítico 18:9; 20:17). Embora muitas pessoas afirmem que Jesus aboliu a lei na cruz – numa clara confusão do que ali foi abolido – temos como certo na maioria dos países e povos, que o casamento entre irmãos é moralmente errado. Esta é uma demonstração de que aquilo que Deus estabelece para Seus filhos é uma verdade irrefutável. Contudo, é necessário entender que entre os primeiros filhos de Deus a maldade era uma exceção e não a regra. Caim achou seu pecado monstruoso a ponto de declarar equivocadamente ao Senhor: “É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada” (Gênesis 4:13). Se olharmos para o mundo atual, cheio de pedofilia, incesto e prostituição é claro que condenaremos o casamento entre irmãos, mas, se olharmos para um mundo recém-criado, onde o pecado ainda não tinha sido impregnado em tudo, então podemos entender que não houve implicações morais no casamento entre os filhos de Adão e Eva. Implicações legais Já vimos que existem hoje implicações biológicas e morais para o entrelaçamento entre irmãos, todavia, é mais difícil considerar as implicações legais porque dependem, como o próprio nome pressupõe, de leis que a estabeleçam. Em algumas culturas, tribos ou sociedades tal prática ainda é tida como absolutamente normal. Seria difícil executar uma lei que proibisse relações sexuais entre determinadas pessoas, dada a complexidade de provar tais relações (a menos que houvesse estupro comprovado). Por tal motivo, a lei (nos lugares onde ela existe) proíbe o casamento entre irmãos como forma de demonstrar o desacordo de determinada sociedade ao entrelaçamento sexual com aprovação legal. Lembramos que a lei existente no Éden era tão somente a determinada por Deus. Se Deus permitiu tal entrelaçamento com um propósito específico (povoar a Terra) onde não havia outra alternativa, não há como afirmar que o casamento entre os filhos de Adão e Eva foram ilegais. Um falso conceito Algumas pessoas, sem o devido conhecimento teológico, afirmam que houve entrelaçamento entre os anjos e os seres humanos a partir dos seguintes versos: “E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas. Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram... Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama” (Gênesis 6:1,2,4). A escritora Ellen G. White, no livro Patriarcas e Profetas, pág. 81, afirma o seguinte a esse respeito: “Por algum tempo as duas classes permaneceram separadas. A descendência de Caim, espalhando-se do lugar em que a princípio se estabeleceu, dispersou-se pelas planícies e vales onde os filhos de Sete haviam habitado; e os últimos, para escaparem de sua influência contaminadora, retiraram-se para as montanhas, e ali fizeram sua morada. Enquanto durou esta separação, mantiveram em sua pureza o culto a Deus. Mas com o correr do tempo arriscaram-se pouco a pouco a misturar-se com os habitantes dos vales. Esta associação produziu os piores resultados. "Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas." Gên. 6:2. Os filhos de Sete, atraídos pela beleza das filhas dos descendentes de Caim, desagradaram ao Senhor casando-se com elas. Muitos dos adoradores de Deus foram seduzidos ao pecado pelos engodos que constantemente estavam agora diante deles, e perderam seu caráter peculiar e santo. Misturando-se com os depravados, tornaram-se semelhantes a eles, no espírito e nas ações; as restrições do sétimo mandamento eram desatendidas, "e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram". Podemos entender, assim, pelo texto de Gênesis 6:5 que “a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. Este foi o resultado do pecado cometido por Adão e Eva ao darem ouvidos a Satanás travestido de serpente: “no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3:5). Enquanto Deus tem conhecimento não-experimental do pecado, os seres humanos tiveram um conhecimento experimental do pecado e de seus resultados. O ser humano começou a se tornar mal em sua índole e aquela inocência inicial deu lugar a um comportamento maléfico. Naturalmente houve separação entre aqueles que procuram obedecer a Deus (cujo exemplo podemos citar Abel) e os que tomavam suas próprias tendências pecaminosas resultantes do pecado como baliza para suas atitudes. Assim como hoje, existem dois povos sobre a Terra: os que buscam obedecer a Deus e os que obedecem aos seus impulsos carnais. Conclusão Concluímos que, pela perspectiva atual, não podemos desacreditar o relato bíblico da criação e nem afirmar que a aceitação de tal relato tornaria impossível a procriação baseado em implicações biológicas, morais ou legais. É necessário, isto sim, uma compreensão da não existência destas implicações no princípio da história humana e da existência delas em nossa época. Creio ser mais fácil fazer esta diferença do que acreditar que somos descendentes de símios, ou, resultado de uma explosão sideral.