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postado em: 21/1/2014
Foi o Boto Mesmo, Sinhá!?
Freira que deu à luz na Itália se diz surpresa com gravidez
DA BBC BRASIL
Uma freira que deu à luz um menino em Rieti, centro da Itália, disse que não sabia que estava grávida, informou a imprensa local.
A mulher de 31 anos e origem salvadorenha foi levada às pressas ao hospital na terça-feira, com dores abdominais, que ela achava serem cólicas estomacais. A imprensa informou que ela teria dado ao seu filho o nome de Francisco, em homenagem ao papa.
A notícia trouxe atenção internacional à pequena Rieti, de 47 mil habitantes. A prefeitura pediu ao público que respeite a privacidade da freira. "Eu não sabia que estava grávida. Só senti dores abdominais", disse a jovem, segundo a agência Ansa.
CONVENTO
No hospital, voluntários começaram a arrecadar roupas e doações para a mãe e a criança. A freira pertence a um convento próximo a Rieti, responsável pela administração de uma casa de repouso.
Outras freiras do local se disseram "surpresas" com a notícia, e o sacerdote Fabrizio Borrello informou que a mãe pretende criar o bebê. "Acho que ela estava falando a verdade quando disse que chegou ao hospital sem saber que estava grávida", disse ele.
Via: http://www1.folha.uol.com.br
A Freirinha & a Lenda do Boto
Quando eu arranhava a garganta lá em Vitória-ES, fazendo um baixo* nos corais da antiga Escola Técnica Federal do Espírito Santo (ETFES), Fundação Cultural do Espírito Santo ou da Universidade Federal do Espírito Santo o que eu mais gostava era de cantar e ouvir outros corais cantarem as belas músicas do rico folclore brasileiro.
Bons tempos! Enquanto escrevo, bate uma “queimação” no peito... Conheci praticamente todo o Brasil nas viagens e cantorias pelos rincões do país, fazendo amizades e desvendando as culturas dos nossos muitos “Brasis”. Que saudade! Que saudade!
Voltando à realidade nua e crua do dia, ao ler a notícia acima o que veio logo à mente foi aquela que talvez seja a minha peça musical preferida para corais das extraídas do nosso folclore: “Foi Boto, Sinhá”. Composta por Waldemar Henrique, sua letra diz o seguinte:
Tajá-panema chorou no terreiro
e a virgem morena fugiu no costeiro
Foi boto, sinhá
foi boto, sinhô
que veio tentá
e a moça levou
no tar dançará
aquele doutô
foi boto, sinhá
Tajá-panema se pôs a chorar
quem tem filha moça é bom vigiá!
O boto não dorme
no fundo do rio
seu Dom é enorme
quem quer que o viu
que diga, que informe
se lhe resistiu
o boto não dorme
no fundo do rio...
Link: http://www.vagalume.com.br/waldemar-henrique/foi-boto-sinha.html#ixzz2r26Rj3nu
Ao ler a notícia, confesso (sim, confesso a minha ignorância! Confesso a dificuldade que tenho de entender as coisas – simples e claras, como elas são e aparentam ser...), fiquei, também, surpreso com a surpresa da freirinha. Aquelas leitoras que são mães, já deram à luz uma criança, sabem do que estou falando...
Será que o bebê em questão (o Francisquinho), ansioso que estava para sair e conhecer o mundo aqui de fora, de vez em quando não dava umas batidinhas como que dizendo: “Hei, estou aqui... estou chegando”? Bem, as mães e as grávidas (futuras “mamães”) contam que as meninas são mais quietinhas, bem-comportadas; já os meninos... Como adverte o meu amigo, escritor e poeta Fernando Almeida: “Menino não é gente!”
Como sou pai apenas de um varãozinho, um pequeno grande homem, posso atestar como funcionam as coisas em termos da prole masculina: Quando chegam os sétimo a oitavo meses, a molecada fica agitada! A partir daí, me contaram algumas mães e eu pude verificar in loco, é um chute atrás do outro; talvez isso explique, no caso dos tupiniquins, porque os nossos garotos já nascem futebolistas...
O autor da notícia escreve: “A imprensa informou que ela teria dado ao seu filho o nome de Francisco, em homenagem ao papa.” Como será que o Papa Francisco encarou esta inusitada e singela homenagem? Vai apadrinhar esta criança? Bem, mais surpreso do que as demais freiras, eu fiquei surpreso de que ninguém tenha comentado a possível paternidade do rebento. Daí a minha cândida pergunta: “Foi o Boto Mesmo, Sinhá?”
Após levantar esta “bola”, ou melhor: Esta pergunta intrigante, eu volto ao texto e, então, verifico aliviado (já já explicarei o tal “alívio”, paciência leitor! Você esperou 9 meses para nascer e, agora, quer descobrir todos os mistérios deste mundo em apenas 10 minutos?), que tal fato ocorreu na pequena cidade de Rieti (uma espécie de “Frutal italiana”), situada no centro da Itália. Ora, se Rieti não é cidade costeira (não está localizada próxima do mar) lá não existem golfinhos e, portanto, não se pode acusar injustamente os pobres golfinhos italianos – irmãos de sangue e graciosidade do nosso boto-tucuxi** (Sotalia guianensis). Ufa, que alívio (pelos golfinhos, é claro)!!!
Sem ter a presunção de esclarecer este grande mistério, apego-me ao que disse William Sheakespeare, em Hamlet: "Há mais coisas entre o céu e a Terra do que supõe nossa vã Filosofia!" No entanto, cumprindo o meu papel jornalístico de informar e o pastoral de advertir, lembro que é preciso ficar atento, pois, como alerta o sábio compositor:
se lhe resistiu [Como diria um velho amigo meu: “Danadinho, esse boto!!!”]
Portanto, vamos respeitar a privacidade da freira – como recomenda a Prefeitura de Rieti! Respeitem, também, o nosso imaculado boto-tucuxi e os, não menos nobres, golfinhos italianos! Nada de acusações levianas, infundadas, contra estes pobres e indefesos cetáceos! E viva Francisco e viva Chiquinho!
* Cantei também no coral jovem do extinto e saudoso ENA; eu até que tinha uma “voz possante”, pois o meu singelo apelido lá, em 1981, era: “Pai dos Baixos...”
** Na classificação dos biólogos, não há nenhuma diferença, é só uma questão de nomenclatura regional. "O termo boto ganhou força no Brasil para nomear o pequeno cetáceo encontrado nos rios da Amazônia. A partir daí, passou a ser ensinado em escolas que boto era de água doce e golfinho, de água salgada. Mas essa diferença não existe", afirma o biólogo Marcos César Santos, coordenador do Projeto Atlantis, que luta pela preservação desses animais. Algumas espécies de cetáceos chegam inclusive a receber os dois nomes, como é o caso do boto-tucuxi (Sotalia guianensis), também conhecido como golfinho-cinza. Animais muito inteligentes e ótimos nadadores, os golfinhos, ou botos, podem atingir velocidades de até 40 quilômetros por hora e saltar 5 metros acima da água, dependendo da espécie.