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postado em: 27/2/2009
Um Campeão no Combate às Câimbras
Quando eu era adolescente, subia num caquizeiro com quase 6m de altura e apanhava o fruto na árvore. Ás vezes, pegava um que não estava bem maduro; era o caos, “amarrava” a língua mesmo, pois é adstringente.
Quando bem maduro, o fruto caia na roupa, formando uma nódoa difícil de se tirar, e quem reclamava era minha mãe, dona Aparecida, de saudosa memória.
Essas são pequenas reminiscências trazidas à tona, de uma infância passada em uma pequena zona rural paranaense chamada Wenceslau Braz.
Conheço agora os poderes medicinais desta refrescante e gostosa fruta asiática chamada caqui. Originária da China, foi para a Coréia e Japão e, em idioma nipônico, kaky significa: amarelo escuro.
Pertence à família Ebenaceae, com o nome científico de Diospyros kaky L. Só chegou ao Brasil no século XIX, mas se desenvolveu e se disseminou em nosso país devido à bendita chegada dos imigrantes japoneses, no ano de 1920, espalhando-se pelo Sul, Sudoeste e Centro-oeste brasileiro.
Hoje, a produção anual pode ultrapassar a casa de 300 milhões de toneladas, dando até 100Kg de fruto por caquizeiro. É um fruto que permanece de fevereiro a junho, época de produção, nas feiras, supermercados e quitandas.
É muito delicado e, depois de maduro, pode estragar em poucos dias. Em refrigeração aberta dura mais tempo. Após comprado, não se deve lavá-lo se não for consumi-lo logo em seguida, pois a água o umedece e o torna vulnerável aos microorganismos, deteriorando-o rapidamente.
Existem muitas variedades de caquis: o sibugaki, que possui taninos, é adstringente e precisa de tratamentos especiais para a maturação. Possui casca frágil e vermelha.
O Taubaté, de frutos grandes, é o mais consumido. Tem forma de globo, sendo arredondado em cima e meio achatado em baixo, com polpa laranja-escura.
O Rama-forte é menor que o anterior e resiste melhor ao transporte. É do grupo variável e a coloração de sua polpa é quase parda. O fruto, que se desenvolve melhor em clima frio, é grande, redondo e tem polpa alaranjada.
O Mazeli ou Maisena tem polpa cor de abóbora, é consistente e farináceo. De tamanho médio a grande, bem achatado, Luiz de Queiroz tem aspectos igual ao mazeli, porém é menor. Foi desenvolvido em Piracicaba. O caqui chocolate, é um fruto pequeno e achatado, com polpa firme e marrom.
Vamos ver como é constituído o interior gelatinoso deste delicioso fruto. Ele tem grandes quantidades de vitaminas, principalmente de vitamina A. Estudos realizados em grandes populações evidenciaram seu poder imunológico.
Sabemos que a ingestão de pequena quantidade de betacaroteno está associada à alta incidência de câncer, por isso é necessário ingerir maior quantidade desta fruta, rica neste nutriente. O caqui é eficaz na eliminação de uma forma muito tóxica do oxigênio molecular (Singlet), que contribui para a malignidade nos tecidos.
A vitamina A em sua composição, contribui para suas propriedades anticancerígenas. Possui ainda vitaminas B1 e B2, geralmente com maior índice de deficiência em adultos, devido ao alto índice de alcoolismo, que interfere em todos os nutrientes, mas principalmente nessas vitaminas, que protegem contra os desequilíbrios metabólicos causados pelo álcool. A vitamina C, presente em sua composição, pode ser útil no tratamento de certos distúrbios depressivos.
Entre os minerais, destacam-se: o ferro, que ajuda a aumentar a hemoglobina no sangue, evitando a anemia e a fadiga entre os atletas; o potássio, que ajuda na normalização da pressão arterial (pressão alta) além de proteger as pessoas que já tiveram derrame, impedindo que o tenham novamente.
Contém ainda o ácido galactogênico, necessário às mães que amamentam para aumentar a quantidade de leite. Contém pectina, que auxilia na proteção hepática e, devido à celulose e às fibras, ajuda no combate à prisão-de-ventre, expulsando as toxinas do organismo, aumentando o bolo fecal e estimulando o peristaltismo.
As câimbras também podem ser evitadas com o cálcio e o potássio, presentes neste fruto fabuloso. Os diabéticos podem ingeri-lo, pois a mucilagem e a frutose em sua composição são mais assimiláveis do que os açúcares comuns.
“Marmelada” de caqui
Agora, vou ensiná-los a fazer urna “marmelada” de caqui, saborosa e nutritiva, que pode ainda curar a prisão de ventre:
Fazer um xarope com 1kg de açúcar mascavo ou mel e 250g de água. Cozinhar até ficar denso. Acrescente casca ralada de 1 limão verde (Taiti) e 2kg de caquis médios, cortados em 4 pedaços e sem sementes. Cozinhe por 20 minutos, contados a partir da ebulição.
Coloque em vidros, quando ainda estiver quente e consumir depois de frio. É uma tentação ao paladar!
Que tal agora, um caqui bem madurinho, vermelhinho, macio, bonito e suculento, rico em vitaminas, aminoácidos e sais minerais?
O valor calórico numa dose média de 100g é de 75 calorias.