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postado em: 4/7/2008
O Mundo Com Medo Um dos sinais do tempo do fim apontados pela Bíblia é o medo de viver e a ansiedade em relação ao futuro (ver Lucas 21:26). Não se podia imaginar que, após a Guerra Fria, haveria tanta insegurança e incerteza. Uma análise das manchetes de capa das principais revistas de informação do mundo em suas edições recentes confirma essa constatação. A revista Época de 15 de outubro do ano passado é um bom exemplo. Imprimiu na capa uma ilustração baseada no quadro de Edvard Munch, “O Grito”, e estampou em letras grandes: “O mundo ficou perigoso”. Ao contrário das perspectivas auspiciosas anunciadas para a chamada Nova Era, o século 21 teve um início bem conturbado. Nada de paz no Oriente Médio; conflitos na África e em outras regiões do mundo (que, por não interessarem às grandes agências de notícias, são pouco conhecidos). Isso sem falar nos atentados biológicos e químicos, evidenciando a cada morte que não há lugar seguro neste planeta. Fobias Com o perigo vêm os medos e as neuroses. A maioria dos psicólogos divide as fobias em três grandes categorias: fobias sociais (pânico ante a perspectiva de encontros sociais ou profissionais), síndrome do pânico (quando, sem nenhum motivo aparente, o indivíduo é imobilizado pelo medo) e fobias específicas (medo de cobras, ambientes fechados, lugares altos e afins). O site www.phobialist.com traz, em ordem alfabética em inglês, uma relação de mais de 500 pavores excêntricos da raça humana. Alguns são conhecidos, como claustrofobia; outros, nem tanto, como enetofobia e eosofobia (medo de agulhas e da luz do dia, respectivamente). “Tenho tanto medo”, declara M., que sofre da síndrome do pânico e prefere não se identificar. “Toda vez que me preparo para sair, tenho aquela desagradável sensação no estômago e me aterrorizo pensando que vou ter outra crise de pânico.” “De repente, eu senti uma terrível onda de medo, sem nenhum motivo”, descreve outra pessoa. “Meu coração disparou, tive dor no peito e dificuldade para respirar. Pensei que fosse morrer.” Relatos assim são típicos. Já está confirmado que a situação de instabilidade, somada a problemas como a fome e a pobreza, acabam trazendo sérios prejuízos à saúde das pessoas. O aumento do número de casos de doenças mentais e neurológicas no mundo pode ser considerado um indicador dessa triste situação. Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em outubro, em Genebra, a insanidade mental estaria intimamente ligada às políticas públicas de saúde e à pobreza. De acordo com o documento, haveria 1.200 psiquiatras e 12 mil enfermeiras para 626 milhões de pessoas na África. Na Europa, seriam 77 mil especialistas e 285 mil enfermeiras para 841 milhões de pessoas. A falta de medicamentos específicos e de leitos hospitalares só agrava o problema. Além da escassez de assistência médica básica, as populações pobres enfrentam outro problema, segundo a OMS. Freqüentemente expostas a fatores que provocam estresse (fruto das precárias condições de vida a que são submetidas), essas comunidades seriam mais suscetíveis a desenvolver problemas mentais, principalmente a depressão. O problema, atualmente a quarta maior causa de mortes (450 milhões de pessoas sofrem de depressão, esquizofrenia ou demência), vem aumentando assustadoramente em todo o mundo e, pelo que se percebe, não se encontra restrito apenas às populações pobres. Só nos Estados Unidos são 50 milhões sofrendo de algum tipo de fobia. A estimativa é que, neste ano, os transtornos depressivos já atinjam o segundo lugar no ranking de óbitos, perdendo apenas para as isquemias cardíacas. Depois dos atentados contra os Estados Unidos, em 11 de setembro, e da instabilidade subseqüente, pairou no ar uma sensação de desconforto e insegurança. Em uma entrevista concedida à revista Época (edição de 8 de outubro), o famoso físico britânico Stephen Hawking afirmou que “a raça humana só estará segura quando alcançar as estrelas e nelas encontrar mundos habitáveis”. Mas a pergunta é: podemos esperar até que isso aconteça? O mundo está tão conturbado com as ameaças de guerra química e bacteriológica que o colunista Luís Fernando Veríssimo, em seu caraterístico tom humorístico, escreveu: “Estamos vivendo um momento excepcional na História em que, a qualquer momento, se verá alguém declarar a respeito do pó branco que carrega: ‘É só cocaína, gente!’ E ser cumprimentado por agentes aliviados da alfândega.” Solução Uma em cada quatro pessoas no mundo será afetada por doenças mentais ou neurológicas. Para a OMS, a solução do problema estaria na mudança das políticas públicas de saúde por parte dos governos, como, por exemplo, tornar o tratamento mais acessível e eficiente. Saem de cena as grandes instituições psiquiátricas e surgem centros de atendimento comunitário às vítimas de problemas mentais. No entanto, para a psicóloga clínica Cláudia Bruscagin Schwantes, co-autora do livro Jeito de Ser (Casa), o problema só é resolvido quando se busca suas causas reais, como frustrações e necessidade básica de amor e proteção. “Problemas emocionais são produzidos não por necessidades em si, mas pelas inadequações em como as pessoas vão conseguindo alcançar o que querem”, afirma. Além disso, para ela, o mundo atual valoriza demais o individualismo e a competitividade em detrimento da cooperação e da família. “Esse tipo de vida leva a desgastes tanto físicos quanto emocionais.” Já o psiquiatra César Vasconcellos de Souza, diretor médico do Centro Adventista de Vida Saudável, em Nova Friburgo, RJ, e autor do livro “Consultório Psicológico” (Casa), avalia que “o mundo moderno – no qual se enfatiza exageradamente a produção, a competitividade e o ganho material – machuca o psiquismo das pessoas e torna a vida mais difícil, mais estressante”. Para ele, a forma como a sociedade ocidental funciona ajuda a promover distúrbios emocionais. “A pessoa se trata com profissionais de saúde mental, e retorna à sociedade que provoca estímulos para adoecer novamente.” Mas ele garante que é possível sair desse círculo vicioso. “É preciso aprender a colocar limites para os abusos, relaxar, ter lazer, descansar, cuidar melhor do corpo, lidar melhor com as emoções, agir ao invés de reagir, evitar cair na armadilha do paradigma consumista como fonte de prazer, aprender a adiar prazeres e a conviver com certos momentos de angústia.” No mundo pós-moderno impera a cultura hedonista, de busca de prazer imediato e pouca preocupação com questões de interesse mais permanente, como as propostas pela Bíblia. A regra é que, depois de algum tempo, os prazeres transitórios acabam sendo insuficientes para trazer satisfação e paz interior. Por isso, de acordo com o Dr. Vasconcellos, outro componente da boa saúde mental é a vivência da religião bíblica (ver quadro), o que muitos tentam ignorar. Pensadores famosos e declaradamente agnósticos ou ateus como Goethe, Marx, Nietzsche e Shelley viam a esperança no futuro como um escape da realidade. Para Goethe, por exemplo, a esperança e o medo eram os piores inimigos da humanidade. Segundo ele, o ser humano ideal é aquele que se libertou de expectativas, sem nenhum interesse no futuro. Para o cristão, no entanto, a esperança está baseada nas promessas de Deus e na segurança do poder da presença do Espírito Santo, garante o psicólogo uruguaio Mário Pereyra. “Tradicionalmente, a esperança é considerada um componente da fé religiosa”, afirma. De fato, os reformadores protestantes identificavam a esperança humana como uma forte confiança em Deus e em Sua graça salvadora. Os séculos 17 e 18 testemunharam uma gradual mudança da fé para a razão. No século 19, grande ênfase foi colocada no pessimismo e na desesperança, particularmente pela influência de autores como Kierkegaard, Schopenhauer e Unamuno. Esse declínio filosófico alcançou o seu ponto mais baixo em meados do século 20, tendo como seus principais proponentes Heidegger e Sartre. Por isso, não é por acaso que em nossos dias a desesperança e a ansiedade, que estão na base de quase todas as fobias, acometam tanta gente. O antídoto pode estar na volta à dimensão religiosa proposta pela Bíblia: reconhecer que Deus cuida de nós, inclusive de nossa segurança, e confiar nEle (Mat. 6:34; Isa. 41:10). “A ansiedade manifestada através da aflição e angústia é resultado de um afastamento de Deus”, diagnostica Gary Collins, autor de Aconselhamento Cristão (Vida Nova). “Em vez de reconhecer a Sua soberania e superioridade, carregamos sozinhos os fardos da vida e supomos poder solucionar os problemas sem ajuda por parte dEle. Quando o homem se afasta de Deus e faz de si mesmo o seu deus, é inevitável a intensificação da ansiedade. Não é então de surpreender que numa época de crescente impiedade, aumentem também as manifestações de angústia.” No fim da entrevista à Época, Stephen Hawking disse: “Não gosto de perguntas sobre minhas crenças. E, muito menos, de falar em Deus.” Talvez seja esse mesmo o maior problema da humanidade e a fonte de tanta insegurança e incerteza. A Bíblia diz que “Deus é amor” e que o “amor lança fora o medo” (1ª João 4:8 e 18). Ignorar a Deus é, portanto, um convite à insegurança, ao medo e à desesperança. Cultivando a saúde mental • Conheça-se e seja você mesmo, sem querer imitar os outros. • Aceite suas responsabilidades. • Tome tempo para fazer as coisas direito. • Viva sem exigir nada dos outros, principalmente que o façam feliz. • Encare o mundo realisticamente. Não viva de expectativas. • Evite acumular sentimentos. Fale sobre eles. • Aprenda a perdoar a si mesmo e aos outros. • Procure não depender dos outros, evitando a fome de afeto e a submissão à aprovação alheia. • Cuide do seu corpo. Pratique exercícios ao ar livre, alimente-se saudavelmente, durma o suficiente e tenha algum tipo de recreação. • Confie em Deus e conte a Ele seus problemas. • Tenha a mente aberta para as influências espirituais do Criador que vêm diariamente para nos ajudar a crescer e lidar com os desafios da vida e as dores do espírito. A religião pode ajudar Várias pesquisas têm confirmado que a religião pode facilitar a interação familiar positiva e saudável, o que aumenta o nível de satisfação das pessoas. Além disso, aqueles que vivem uma religião de modo sadio e maduro têm mais saúde física, vivem mais, usam menos fumo, álcool e drogas; sentem-se melhor consigo mesmos, têm melhor auto-estima e sofrem menos ansiedade e estresse. “A religião bíblica é a verdadeira espiritualidade, e a espiritualidade é o caminho da cura e do amadurecimento que precisamos”, diz o Dr. César Vasconcellos. “A religião bíblica é discernida espiritualmente, o que, felizmente, não depende de cultura. Uma pessoa sem cultura pode ter crescimento espiritual, e uma pessoa com cultura pode não consegui-lo, por se atrelar à ‘letra da lei’ ou a aspectos doutrinários da religião. “A experiência religiosa é algo muito pessoal e maravilhoso. É nascer de novo. Espiritualidade é caminhar no crescimento humano por causa do poder divino. Espiritualidade não é religião denominação. É vida, percepção espiritual, poder que muda a pessoa. A religião bíblica autêntica contribui para a saúde mental porque funciona através da graça, que é o poder de Deus para a cura.”