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postado em: 15/8/2008
A Parábola dos Dois Fundamentos (Mateus 7:24-27; Lucas 6:46-49) As pessoas que estavam ouvindo a parábola dos dois fundamentos podiam ver os pequenos cursos d´água que cortavam o vale em direção ao Mar da Galiléia. Enquanto o verão avançava, esses fios diminuíam até quase sumirem. Mas quando as chuvas do inverno começavam a cair, os córregos se avolumavam até se tornarem correntes turbulentas que chegavam a arrastar casas construídas perigosamente sobre a areia da planície. Em contraste, os ouvintes de Jesus também podiam contemplar as casas que foram construídas sobre as rochas mais altas ou ao redor delas. As pessoas construíam tais casas com muita dificuldade. Elas, entretanto, agüentavam anos e anos sob as condições mais adversas. Através dessa parábola, Jesus nos ensina que devemos proceder como as pessoas que constroem sobre a rocha. Quando aceitamos a Cristo e nos propomos a viver de acordo com Seus princípios, estamos na realidade colocando-O como o Fundamento de nosso caráter (simbolizado pelas casas). Santificação Desenvolver um caráter semelhante ao de Jesus é um processo de toda a vida. Qualquer profissional sabe que é preciso aprender as coisas básicas antes de poder avançar. Quais são algumas coisas “básicas” da vida cristã? Pessoas recém-convertidas geralmente precisam “desaprender” algumas crenças, hábitos e práticas. Assim, o processo de tornar-se mais semelhante a Jesus (santificação) geralmente acontece como o fermento em meio à massa de pão. Você não o pode ver operando, mas logo sabe se ele atuou ou não. Mateus 7:24-25 – “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha”. Mateus 7:26-27 – “E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína”. Os dois fundamentos retratam uma escolha óbvia. Jesus fez uma clara e irreconciliável diferença entre certo e o errado, o bem e o mal. A grande falha da maioria das filosofias é não reconhecer a existência do mal. Por esta razão, Deus não pode ser ignorado sem que isso traga à vida sérias conseqüências. Essa parábola demonstra que ninguém, quer esteja ligado a Cristo ou não, consegue escapar da tentação, da dificuldade ou do sofrimento. Mas unicamente os que estão unidos a Cristo podem se manter em pé, a despeito de toda a tormenta. “Todo aquele que ouve estas minhas palavras” – A que palavras o Senhor Jesus está se referindo? Para entender esse assunto, devemos ler Mateus 7:21-23: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Por isso, todo aquele que edifica a sua vida espiritual nas obras praticadas, no domínio próprio, na força de vontade, no esforço humano, no moralismo, nos regulamentos, na disciplina; todo aquele que fundamenta o prédio da sua vida espiritual nessas coisas, está construindo sobre a areia. Quando vier o vento, a casa vai ruir. Mas aquele que edifica sua experiência espiritual na dependência permanente do amor de Cristo está edificando sobre a rocha, que é Jesus. Quatro bases do relacionamento com Deus Os três primeiros fundamentos que vamos analisar abaixo constituem o relacionamento com Deus construído sobre a areia. Mas o quarto fundamento, adiante apontado, representa a relação com Deus construída sobre a rocha. Somente quando fundado sobre esta última, o relacionamento com Deus não desmorona diante da tempestade das aflições. I – Relacionamento baseado na ignorância Após quatro séculos de escravidão, Israel havia saído do Egito. Moisés e Arão foram usados por Deus para conduzir a libertação do povo, através do Mar Vermelho que se abriu. Por causa de sua incredulidade, o povo vagueou pelo deserto durante 40 anos. Ao chegar ao pé do Monte Sinai, Deus resolveu falar com o povo. Êxodo 19:4-6: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Moisés desceu do Monte, reuniu o Conselho de Anciãos do povo e anunciou as promessas do Senhor. A condição: “Se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança...” A promessa: “Então, sereis...”. Deus não havia revelado as bases da aliança. O povo ainda não sabia o que Deus iria exigir, mas respondeu precipitadamente: Êxodo 19:8: “Tudo o que o Senhor falou faremos”. Esse tipo de resposta precipitada representa o voto de um ignorante. O povo estava firmando um compromisso fundado na ignorância, pois Deus ainda não havia dados os requisitos da Aliança. O povo prometeu fazer algo sem saber do que se tratava. Até então, Deus apenas havia estabelecido uma promessa condicionada à obediência. No capítulo 20 de Êxodo, Deus revela então as bases da Sua Aliança com o povo, resumida nos Dez Mandamentos. O povo havia se comprometido a obedecer a uma lei que sequer conhecia. Assinar um contrato sem conhecer ao menos suas cláusulas é coisa de tolo. A Bíblia adverte: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque [Ele] não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (Eclesiastes 5:4-5). Se alguém prometer alguma coisa a Deus deve cumprir, caso contrário melhor seria que não tivesse prometido. Também hoje, há pessoas que se relacionam com Deus baseadas na ignorância. Prometem a Deus coisas sem que tenham conhecimento do que Deus espera de um discípulo. Precipitadamente, tomam decisões sérias sem avaliar as conseqüências de suas promessas. Mais tarde, descobrem frustrados e aflitos que não conheciam a vontade de Deus. Ao descobrirem o que se requer de um verdadeiro discípulo em termos de responsabilidade e comprometimento diário, sentem-se incapazes e com uma terrível sensação de fracasso. Ainda por ignorância quanto ao caráter de Deus, que é misericordioso, essas pessoas acabam se afastando dos caminhos do Senhor em vez de se arrependerem e se refugiarem nos braços de Deus. Tem muita gente achando que Deus permite tudo; concorda com tudo; sempre está de acordo com os pensamentos e projetos humanos. Ao responder à indagação de uma entrevistadora de televisão sobre a rápida conquista de fama e dinheiro, a “atriz” que havia acabado de participar de um filme impróprio concluiu em rede nacional: “É que Deus tem abençoado muito o meu trabalho...” II – Relacionamento baseado no medo É a segunda base equivocada para se estabelecer um relacionamento com Deus. O medo, como fundamento da relação com Deus, também implica em construir sobre a areia, tal qual a ignorância. Tudo o que se constrói baseado no medo, ao invés de paz, produz insegurança, insatisfação, infelicidade e distanciamento. Quando Deus transmitiu os Dez Mandamentos, em meio a relâmpagos e trovões, o povo entrou em pânico. Assustados e aterrorizados, os israelitas procuraram a Moisés e lhe suplicaram: “... Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos” (Êxodo 20:19). Esse era o mesmo povo que, de maneira precipitada e na ignorância, havia jurado a Deus obediência irrestrita, sem ainda ter conhecimento dos termos da Aliança e da seriedade do compromisso que havia firmado com Deus. O povo preferiu ouvir a voz de um homem [Moisés] lhes falando a ouvir a voz de Deus. Tudo por causa do medo que sentiram de Deus. Ainda hoje, a maioria prefere conceitos e pensamentos humanos a ouvir a voz [palavra] de Deus. Daí em diante, o povo de Israel manteve com Deus um relacionamento fundamentado no medo. Medo do castigo. Não foi por outra razão que Israel criou uma série de normas. Não por amor a Deus, mas por medo do castigo de Deus. Era uma obediência sustentada no medo. Uma obediência legalista, exterior, em cumprimento da lei, para salvação por obras, sem nenhum prazer ou alegria. Era o medo de Deus e de Suas punições. Hoje, também milhões em todo mundo vão à igreja com medo. Não há prazer na vida cristã. Tudo é obrigação. Muitos imaginam poder obter a salvação como pagamento pelas obras religiosas que executam. Esses cristãos amedrontados se escravizam em formalidades. Nada conhecem sobre a Pessoa ou o caráter de Deus. Aproximam-se do Senhor já com a impressão de que Deus não simpatiza com eles. Devolvem o dízimo porque têm medo de serem castigados com pobreza e miséria. Fazem o bem porque têm medo de perder os favores de Deus. Tais pessoas vivem uma vida religiosa cansativa, apavoradas pelo constante medo de perder a salvação, pois para elas a salvação depende das coisas boas que fazem. A adoração fundamentada no medo de Deus produz uma religião superficial e inconstante. Quando o medo é aliviado, correm para pecar como num processo de fuga. Depois, voltam arrasadas, frustradas, esperando o acerto de contas com Deus. O nome de Deus para esses cristãos simboliza castigo, jugo pesado. Mas Jesus disse que o Seu jugo é suave. Vivem tristes dentro da igreja, sem nenhum prazer em serem cristãos. Esses irmãos estão mais dispostos a guardar mandamentos do que a amar a Jesus. Por quê? Talvez, porque seja mais fácil aparentar bondade do que entregar o coração a Jesus. Esse medo é produzido por completo desconhecimento do verdadeiro caráter de Deus. III – Relacionamento baseado na banalidade Outra construção na areia é o relacionamento com Deus fundado na banalidade. Há pessoas que mantém um relacionamento banal e vulgar com o Senhor. Falam em Deus; usam símbolos referentes ao cristianismo; produzem frases de efeito sobre Jesus; porém não conseguem manter com Deus um relacionamento de amizade, respeito, reverência e sinceridade. É uma vida cristã superficial, de aparências. Para tais pessoas vir à igreja é apenas um momento social, para rever os amigos. Quem sabe uma oportunidade de paquerar. Nada além. Nada mais sério. Nada de compromisso. Muitos têm Jesus como um astro a Quem admiram como a um cantor, um ator ou jogador de futebol. É o Jesus produto de marketing, o Jesus “superstar”. O Jesus que pode trazer vantagens financeiras. É um bom investimento. Essas pessoas, normalmente, são aquelas que se vestem de maneira comprometedora; freqüentam ambientes impróprios; andam com amizades inadequadas e se envolvem em situações que deixam o nome de Jesus jogado na lama. Jesus falou contra esse comportamento superficial: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15:8). Certa ocasião, uma mulher aproximou-se de Jesus e, após ouvi-Lo falar, disse: “Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram! Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lucas 11:27-28). Jesus viu nas palavras daquela mulher apenas uma empolgação, deslumbramento vulgar. Era apenas uma admiradora; uma fã, não uma discípula. Hoje, infelizmente, também existem pessoas que mantém um relacionamento superficial com Deus. São apenas fãs de Jesus. O fã sabe tudo sobre o seu ídolo. Que dia ele nasceu; que carros tem; o que gosta de vestir. Mas nunca teve uma experiência pessoal com ele. Então, na verdade, não o conhece. Tanto é verdade que o ídolo também não o conhece. Jesus não precisa de fãs; precisa de discípulos. Esse tipo de relacionamento banal é ofensivo a Deus. IV – Relacionamento baseado no amor O amor é o único fundamento sólido para qualquer tipo de relacionamento: religioso, conjugal, social, comercial, ou de qualquer outra natureza. “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29:13). Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). A obediência a Deus só é aceita quando retrata um gesto de amor e de gratidão. O amor elimina o medo. O amor de Deus por nós O impele a vir ao nosso encontro. A reação, quando Ele nos encontra, é o que muda o curso da nossa vida. Se O aceitamos, Ele nos perdoa e nos transforma. Então, paulatinamente, começamos a odiar o que gostávamos e a amar o que odiávamos. O que antes nos parecia bom, agora vemos como pecado e o que parecia ruim, agora consideramos bom. Todos que aceitam a oferta divina de salvação trocam o orgulho pela humildade; o ódio pelo amor; o egoísmo pela generosidade e a ansiedade pela paz. Prazerosamente, o cristão que verdadeiramente ama a Jesus, dedica várias horas por dia para contato com Deus ou para trabalhar em sua obra. Não necessita que pastores fiquem cobrando sua participação. Está sempre pronto a cooperar. Quando recebe um cargo na igreja, desempenha-o com dedicação máxima e muito amor. Sabe que é honra demais trabalhar para Deus. Mas para amar a Deus, antes é preciso conhecê-Lo. Não se ama a quem não se conhece no íntimo. Só depois de conhecê-Lo através do estudo de Sua palavra, poderemos colocar a Deus em primeiro lugar em nossas vidas. Assim, estaremos edificando a nossa vida sobre o firme fundamento, a Rocha que é Cristo. Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado em palestra do advogado Mauro Braga, São Paulo.