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postado em: 16/5/2016
A descoberta mais surpreendente da história foi a descoberta dos nativos americanos pela frota de Cristóvão Colombo (1451-1506), em 1492. Foi neste ano que os homens descobriram a totalidade da qual fazem parte. Assim, muitos defendem que essa foi a origem do processo de globalização. Infelizmente, o encontro também daria origem ao maior genocídio da história. Para se ter ideia, a população do atual México às vésperas da conquista espanhola é estimada em cerca de 25 milhões; em 1600 só restou 1 milhão.
Chama a atenção que os responsáveis pelos extermínios se diziam cristãos. O próprio Colombo, que a princípio se mostrou preocupado com os "índios" (como os chamou, uma vez que acreditara ter chegado a ilhas das Índias), logo passou a defender a escravização daqueles que resistissem à catequese. Os conflitos, os massacres, as epidemias e a exaustão provocada pelo trabalho escravo ceifariam milhões de vidas nas décadas seguintes à conquista.
Os primeiros padres (muitos deles tão ambiciosos quanto os espanhóis leigos) notaram principalmente dois traços dos índios: que eram muito verdadeiros e honestos. Caso alguém dentre eles perdesse um objeto na rua, por exemplo, o mesmo ficaria no mesmo lugar durante dias, uma vez que ninguém se prestava a furtá-lo!
Bartolomé de Las Casas (1484-1566), frade que foi um notável defensor dos indígenas, enalteceu a total ausência de "duplicidade" nos nativos. Os "cristãos" espanhóis, contudo, "nunca respeitaram a própria palavra ou a verdade nas Índias, em relação aos índios" (Relación, "Peru"). Assim, "mentiroso" e "cristão" tornaram-se sinônimos! Segundo Las Casas, quando os espanhóis perguntavam aos índios se eles eram cristãos, eles respondiam: "Sim, senhor, já sou um pouco cristão, pois já sei mentir um pouco; um dia saberei mentir muito e serei muito cristão" (Historia, III, 145).
Que escândalo! Para aqueles indígenas, ainda pouco fluentes no idioma do invasor, a principal Bíblia que tinham para ler era o testemunho dos supostos cristãos. Ao invés de converterem os nativos à religião de Cristo, os espanhóis agiam como pedras de tropeço que os faziam cair junto ao pai da mentira, o diabo. Os pagãos apresentavam uma moralidade muito superior à dos professos seguidores de Cristo, cuja falsidade se somava a uma longa lista de crimes inomináveis.
Assim, não é de se admirar que os missionários sinceros enfrentassem enormes dificuldades para evangelizar os habitantes do Novo Mundo. O dominicano Diego Durán (1537-1588), por exemplo, relata-nos que descobriu no México um índio batizado que insistia em suas práticas pagãs. Ao censurá-lo, ele respondeu: "Padre, não se espante; ainda somos nepantla." O sacerdote conhecia bem o significado da palavra ("no meio"), mas insistiu para que o homem lhe revelasse o significado, e ele confessou que as pessoas não estavam firmes na fé e, portanto, continuavam "neutras". Isto é, acreditavam em Deus e também praticavam os seus antigos ritos e costumes pagãos.
Na Bíblia a igreja nepantla por excelência é a igreja de Laodiceia (ver Apocalipse 3:14-18). Essa igreja "neutra", cujos membros mentem (pois se dizem cristãos mas não vivem o cristianismo), está para ser vomitada da boca de Deus. Que aprendamos a lição. Cristo ainda está à porta, e bate para que abramos a porta dos nossos corações.