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postado em: 19/7/2017
I. O primeiro mártir
“E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar. E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou” (Gênesis 4:3-8).
Esse relato tem muito a nos ensinar sobre a importância da liberdade religiosa. Note que ambos os irmãos eram adoradores – embora Caim tivesse optado por adorar a Deus à sua maneira. Deus simplesmente rejeitou a sua oferta. Poderia ter sido fulminado pela desobediência, mas apenas teve sua oferta rejeitada. Em Seu infinito amor e misericórdia, o Criador ainda procurou o rebelde Caim para admoestá-lo. Infelizmente, foi em vão. Ao invés de se arrepender, ele passou a alimentar tanto ódio em seu coração que cometeu o primeiro fratricídio da história. “E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas. Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia” (1 João 3:12-13).
II. Deus e a liberdade
“E depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto. Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel” (Êxodo 5:1-2).
Por dois séculos, o povo hebreu esteve no cativeiro egípcio. Finalmente, em 1445 a.C., Deus escolheu a Moisés e a Arão para conduzi-los no Êxodo. O faraó, com o coração endurecido, resistiu à ordem de Deus, cedendo após a décima praga. Em toda essa história, admira-me como o Senhor do universo se importa tanto com a liberdade de seus filhos (cf. Êxodo 20:2; recomendo a série Os Dez Mandamentos, disponível no YouTube, no canal dos "Tradutores de Direita"). Afinal, a adoração autêntica só pode brotar do coração de quem é livre.
III. Nenhum mortal tem o monopólio das virtudes
“Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e do outro Medade; e repousou sobre eles o espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e profetizavam no arraial. Então correu um moço e anunciou a Moisés e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus jovens escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho. Porém, Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre ele!” (Números 11:26-29).
Eis uma tentativa de perseguição dentro do “arraial”. Quantos, por ciúmes e inveja, não procuraram “calar” os homens e mulheres de Deus que se levantaram entre os fiéis adoradores ao longo da história? Muitas vezes parece que a tradição e a experiência detêm o monopólio da virtude e do Espírito. Mas não é isso o que a Bíblia ensina. Segundo a Mensageira do Senhor, "o Senhor não colocou nenhum de seus agentes humanos sob a ordem arbitrária ou o domínio daqueles que não passam eles próprios de mortais sujeitos a erro" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 347). Assim, que tenhamos a mesma maturidade de Moisés: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta...”.
IV. A Palavra não voltará vazia
“Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” Isaías 55:10-11.
A luta pode parecer inglória, principalmente se a mensagem é pregada em região hostil. Mas, confiemos em Deus: Sua palavra não voltará para ELE vazia. Qualquer um que estude a história do cristianismo ou, mais especificamente, do adventismo, terá essa convicção. Nesse sentido, recomendo o livro A Formação da Cristandade, de Christopher Dawson (É Realizações, 2014) e todos os livros de George Knight sobre a história do adventismo.
V. "Não temas"
“Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca” (Jeremias 1:7-9).
“Não temas diante deles”. Um profeta precisa ter coragem. E essa força provêm do alto. Certa vez ouvi que Deus não nos promete livrar da tempestade, mas sim no meio da mesma. Se analisarmos a história de Jeremias e dos demais profetas, veremos que essa é uma grande verdade.
VI. Rejeitam a mensagem e atacam o mensageiro
“Então tomaram a Jeremias, e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; e desceram a Jeremias com cordas; mas na cisterna não havia água, senão lama; e atolou-se Jeremias na lama.” Jeremias 38:6.
Imagine a humilhação a qual submeteram o homem de Deus! Esse episódio é bem significativo: aqueles que estão afundados na lama do pecado, preferem silenciar aqueles que lhes são enviados para reprovar seus maus atos.
VII. Faze como Daniel
“E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte príncipes, que estivessem sobre todo o reino; E sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes príncipes dessem conta, para que o rei não sofresse dano. Então o mesmo Daniel sobrepujou a estes presidentes e príncipes; porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino. Então os presidentes e os príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a acharmos contra ele na lei do seu Deus” (Daniel 6:1-5).
Todas as crianças que frequentam assiduamente a “escolinha” conhecem bem a história de Daniel na cova dos leões. Cativo na Babilônia, ele permaneceu incólume a toda sorte de desvio e corrupção. Seus inimigos só encontraram chances de incriminá-lo a partir da sua própria fé. Sua libertação foi espetacular, mas, assim como os seus amigos (que foram salvos da fornalha ardente), Daniel sabia que poderia ou não ser poupado. Ainda assim, sua fé permaneceu inabalável.
Em tempo: lembrei-me do inspirador hino Faze como Daniel (nº 484 do Hinário Adventista). Como não sentir saudades da época em que o nosso hinário ocupava um lugar central em nossa liturgia? As novas gerações provavelmente nunca terão a oportunidade de cantar hinos "antiquados" do quilate de Faze como Daniel.
VIII. "Meu Ungido"
"Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado" (Isaías 44:28).
Ciro, o Grande, é nomeado pelo Senhor como o "meu Ungido" em Isaías 45:1. Essa profecia foi feita 150 anos antes do nascimento de Ciro! Coube a esse poderoso rei persa do século VI a.C. libertar os judeus do cativeiro babilônico e permitir que retornassem a Jerusalém, para que a reconstruíssem. A grande lição é que Deus tem os seus filhos em todos os lugares, mesmo nos mais obscurecidos pelas trevas do paganismo.
IX. O primeiro projeto de "Solução Final"
“E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso não convém ao rei deixá-lo ficar. Se bem parecer ao rei, decrete-se que os matem; e eu porei nas mãos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do rei. Então tirou o rei o anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, adversário dos judeus. E disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada como também esse povo, para fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos” (Ester 3:8-11).
Eis a primeira tentativa de extermínio do povo judeu da qual temos notícia. Através da escritora Ellen White, sabemos que Hamã, “um homem inescrupuloso”, foi usado por Satanás para “contrapor-se aos propósitos de Deus” (Profetas e Reis, p. 600). Mas a vontade de Deus prevaleceu, e através da rainha Ester, todo o povo foi salvo. Hamã foi enforcado na própria forca que preparou para Mordecai, e até hoje os judeus celebram, na Festa do Purim, a sua libertação.
Confesso que sempre tive grande simpatia pelo povo judeu, por sua história de fé e libertação. Um dia ainda espero conhecer a Terra Santa, e andar pelos lugares que Cristo e os apóstolos andaram. Ao ler o livro Atos dos Apóstolos, de Ellen G. White, foi reconfortante saber que "há entre os judeus alguns que, como Saulo de Tarso, são poderosos nas Escrituras, e esses proclamarão com maravilhoso poder a imutabilidade da lei de Deus. O Deus de Israel fará que isto suceda em nossos dias" (p. 381).
X. Só pelo Espírito
“Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6).
Esse é o verdadeiro espírito de quem foi transformado pelo Espírito Santo. Nada de força, nada de pressão ou perseguição. A liberdade religiosa não deve ser apenas nossa, deve ser de todos. Por isso, que estejamos afastados de tentações autoritárias, de qualquer aproximação entre o Estado e a Igreja, de imposições de nossos próprios pontos de vista dentro de nossas próprias comunidades e famílias. Como diz Desmond Tutu, “não aumente a sua voz, melhore os seus argumentos.”
XI. História de fé no período intertestamentário
Anos após a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., seu império foi dividido entre quatro de seus generais. Dentre eles, Selêuco ficou com a Síria, a Palestina e os arredores. Sua dinastia ficou conhecida como selêucida. Um dos selêucidas, Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.), profanou o Templo e desencadeou a perseguição contra os judeus fiéis. Entre 166 e 160 a.C., Judas Macabeu obteve uma série de vitórias sobre os generais de Antíoco, purificou o Templo e conseguiu para os judeus a liberdade de viver segundo os seus costumes. Graças a esses feitos, Bruce Barton (citado por Rafael Escandón, Curiosidades e testes bíblicos, CPB, 2013, p. 38) o colocou entre os dez homens mais importantes da História Sagrada. Essa tremenda história de fé e vitória do período intertestamentário foi registrada em dois livros apócrifos – 1 e 2 Macabeus. Apesar de apócrifos, são importantes documentos históricos e nos levam a refletir sobre os poderes perseguidores deste mundo e a luta do povo judeu por liberdade religiosa.
Dentre os testemunhos de fé desses livros, eu destaco "o martírio dos sete irmãos", juntamente com a sua mãe (2 Macabeus 7). Conheci essa história através do meu estimado irmão Gélio, no início da adolescência. Essa família preferiu sofrer torturas indescritíveis a comer carne de porco e, assim, quebrar a lei de saúde. Chama a atenção que esse livro conste nas versões católicas da Bíblia.
XII. Felicidade na perseguição
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus 5:10-12).
Assim Jesus concluiu as suas bem-aventuranças. Tais palavras são extremamente atuais: em 2016, 90 mil cristãos foram mortos por causa da sua fé, o que coloca o cristianismo na posição de religião mais perseguida do mundo.
XIII. Ovelhas no meio de lobos
“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos gentios” (Mateus 10:16-18).
Tendo em vista os desafios de nossa missão, a prudência às vezes nos obrigar a ficar calados. Foi o que aprendi ao ler Amós 5:13: "O que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau."
XIV. Perseguição em Jerusalém
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados!” (Lucas 13:34).
Ser perseguido por Babilônia ou Roma não é de causar qualquer admiração. Mas Jerusalém também mata os profetas, e apedreja os enviados do Senhor. Isso é terrível! A "perseguição interna" pode ser mais sutil, mais "leve", mas é profundamente triste que ainda exista. Aprendamos com os erros do passado!
XV. As motivações dos perseguidores
“E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja, e lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública” (Atos 5:17,18).
Muitas vezes o perseguidor "interno" não passa de um invejoso. Caso um deles esteja a ler estas linhas neste momento, que o Espírito Santo toque o seu coração. Ainda há tempo para se arrepender.
XVI. Adventistas mortos em missão
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (João 15:18-20).
A perseguição definitivamente ocorre "dentro de casa". Devemos nos sensibilizar para a causa da Igreja Perseguida, que é tão bem promovida pela organização “Portas Abertas”. Há mais seis anos, eu disponibilizei no meu canal do YouTube um vídeo sobre os adventistas mortos em missão.[1] Que o seu testemunho de fé nos inspire a concluir a pregação da Última Verdade Presente a todos nesta geração.
XVII. A duração da nossa vida
"A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos" (Salmos 90:10).
Nunca é demais revisitar o óbvio: nossa vida é efêmera. No mundo ocidental, sobretudo, nós vivemos como se nunca fôssemos morrer. A vida parece ser mais curta do que na verdade o é porque muitas vezes ela é desperdiçada; assim, é fácil se esquecer do nosso bem mais irrecuperável - o tempo.
Muitos séculos após Moisés ter refletido sobre essas questões, o filósofo estoico Sêneca produziu um tratado intitulado Sobre a Brevidade da Vida. É desse opúsculo que eu destaco a seguinte citação:
Vivestes como se fósseis viver para sempre, nunca vos ocorreu que sois frágeis, não notais quanto tempo já passou; vós o perdeis, como se ele fosse farto e abundante, ao passo que aquele mesmo dia que é dado ao serviço de outro homem ou outra coisa seja o último. Como mortais, vos aterrorizais de tudo, mas desejais tudo como se fôsseis imortais. Ouvirás muitos dizerem: “Aos cinquenta anos me refugiarei no ócio, aos sessenta estarei livre de meus encargos.” E que fiador tens de uma vida tão longa? E quem garantirá que tudo irá conforme planejas? Não te envergonhas de reservar para ti apenas as sobras da vida e destinar à meditação somente a idade que já não serve mais para nada? Quão tarde começas a viver, quando já é hora de deixar de fazê-lo. Que negligência tão louca a dos mortais, de adiar para o quinquagésimo ou sexagésimo ano os prudentes juízos, e a partir deste ponto, ao qual poucos chegaram, querer começar a viver!
XVIII. Por que a perseguição está em stand-by?
“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Timóteo 3:12).
Esse verso é autoexplicativo. Mas deixo-vos o comentário inspirado da escritora Ellen G. White:
Por que é, pois, que a perseguição, em grande parte, parece adormentada? A única razão é que a igreja se conformou com a norma do mundo, e portanto não suscita oposição. A religião que em nosso tempo prevalece não é do caráter puro e santo que assinalou a fé cristã nos dias de Cristo e Seus apóstolos. É unicamente por causa doespíritodetransigênciacom o pecado, por serem as grandes verdades da Palavra de Deus tão indiferentemente consideradas, por haver tão pouca piedade vital na igreja, que o cristianismo, é aparentemente tão popular no mundo. Haja um reavivamento da fé e poder da igreja primitiva, e oespíritode opressão reviverá, reacendendo-se as fogueiras da perseguição. O Grande Conflito, p. 48.
XIX. É preciso ousar
“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos” (2 Timóteo4:13).
Alguns acham que o irmão André, o fundador da “Portas Abertas”, é o primeiro contrabandista de Bíblias da História. Afinal, ele iniciou o trabalho de distribuição de literatura a cristãos perseguidos na antiga União Soviética, em 1955. Contudo, ele próprio crê que o primeiro "contrabandista de Deus" tenha sido Timóteo. No final de sua vida, quando Paulo estava preso em Roma, ele procurou consolo em Timóteo. Entretanto, como este poderia levar os pergaminhos do Antigo Testamento para Roma e dentro da prisão quando, naquele momento, os cristãos já eram um grupo ilegal? A única maneira seria contrabandeá-los. Infelizmente, ainda hoje, essa é a única forma de fazer chegar a Palavra de Deus para milhões de pessoas.
XX. Os heróis da fé
“E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas; os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões. Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados, (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa” (Hebreus 11:32-39).
XXI. Sobre a provação
“Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tiago 1:12).
Devem ter notado que não teci qualquer comentário no tópico anterior. Como fazê-lo após ler sobre homens "dos quais o mundo não era digno"?
Sobre a provação, é gratificante saber que, após passarmos por ela, receberemos a coroa da vida.
XXII. Seguidores do bem
“E qual é aquele que vos fará mal, se fordes seguidores do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis” (1 Pedro 3:13,14).
Devemos ter cuidado: nem todos os perseguidos são bem-aventurados. Apenas aqueles que o são "por amor da justiça" se tornam dignos da bem-aventurança. Infelizmente, existem cristãos, e especialmente guardadores do sábado, que atraem o descrédito e a perseguição simplesmente por sua rispidez, falta de tato e de bom testemunho.
XXIII. O Pai à procura de verdadeiros adoradores
"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem" (João 4:23).
Nos últimos anos, formas estranhas de adoração têm sido introduzidas entre o remanescente. Músicas do estilo rock, cultos "descontraídos" e informais, orações na mesma linha. Não pretendo me alongar aqui nessas questões, mas ressalto que, se o Pai está à procura de verdadeiros adoradores, é porque eles estão em falta. Os livros que indico é O Cristão e a Música Rock, de Samuele Bacchiocchi, e Música, Reverência e Adoração, do Leandro Dalla (há uma série de palestras, com o mesmo título, no YouTube).
XXIV. A Grande Perseguição (303-313)
“Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
Na pesquisa que empreendi no mestrado, pude investigar a fundo na documentação primária sobre a perseguição anticristã no Império Romano. A dissertação será publicada em formato de livro, até o fim do ano: Sob Este Signo Vencerás. Uma das partes mais surpreendentes da pesquisa foi descobrir que a perseguição começou no exército romano e que existia um "acordo silencioso" entre a Igreja e o Estado. Os cristãos que eram oficiais nas legiões precisavam presenciar rituais pagãos; as autoridades eclesiásticas autorizavam a sua presença, desde que eles se benzessem. As autoridades civis, por sua vez, ignoravam isso, contando que eles sempre estivessem presentes nas cerimônias demoníacas.
No início do século IV, no entanto, o imperador Diocleciano procurava renovar o pacto com os deuses, após as terríveis turbulências políticas e econômicas da "Crise do Século III". Nesse contexto de "fervor pagão", em determinado dia os sacerdotes pagãos não conseguiram fazer a leitura das vísceras dos animais sacrificados porque os espíritos se assustaram ante a presença de militares cristãos. Foi então que o imperador ordenou uma purga contra os soldados cristãos. Rapidamente a perseguição se generalizou por todo o Império Romano, produzindo inúmeros mártires. A grande lição: não pode existir comunhão entre a luz e as trevas, entre Cristo e Belial (2 Coríntios 6:14-15). Como é inevitável que o remanescente fiel será perseguido neste mundo, que sua fidelidade a Deus seja absoluta. Não dá para se "imunizar" enquanto se tem um pé no terreno de Satanás.
XXV. O clamor dos perseguidos
“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Apocalipse 6:9,10).
Esse é o clamor que partia das catacumbas romanas, das cavernas onde os valdenses se escondiam na Idade Média, das salas de tortura da Inquisição no período moderno, bem como dos campos de trabalhos forçados dos países comunistas, no século passado e ainda na atualidade (caso, por exemplo, da Coreia do Norte). A promessa de libertação, como veremos, não tarda. Antes porém, nossa atenção deve se voltar a um longo período no qual a perseguição foi promovida pela própria Igreja Cristã, apostatada.
XXVI. Os 1260 Dias/Anos
“E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco” (Apocalipse 11:3).
O mesmo período profético de mil duzentos e sessenta dias/anos voltam a aparecer, por exemplo, em Apocalipse 12:6, quando é mencionado que a "mulher" esteve refugiada no "deserto". Eu escrevi dois artigos sobre o tema, os quais recomendo para quem queira se aprofundar na história desse período.[2]
XXVII. À sombra do Onipotente
“E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra” (Apocalipse 7:13-15).
Para todos que esperam passar pela grande tribulação, existe esperança maior do que saber que um dia estaremos sob a sombra do Eterno?
XXVIII. A Crise Final
"Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome" (Apocalipse 13:17).
Além dos livros de Ellen G. White, recentemente eu li quatro livros da CPB que marcaram a minha experiência de estudos sobre a Crise Final. Tendo em vista que é impossível tratar desse assunto em poucas linhas, limitar-me-ei a indicá-los: Apocalipse 13, de Marvin Moore (publicado em 2013); Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse, de C. Mervyn Maxwell (publicado em 2008); e A Vitória da Igreja na Crise Final (publicado em 2015) e Preparação para a Crise Final (publicado em 2007), ambos de Fernando Chaij.
XXIX. "Orai sem cessar" (1 Tessalonicenses 5:17).
Está aí um princípio fundamental para uma vida cristã vitoriosa, sobretudo no conturbado tempo do fim. Entretanto, não basta orar, é preciso saber como orar. Nosso mundo secularizado é marcado pelo relativismo, e isso é um perigo à fé pura. Recentemente, eu li um livro muito interessante: Cartas de um Diabo a seu Aprendiz, de C. S. Lewis. Nessa obra, um diabo, Fitafuso, orienta o seu "aprendiz" (Vermebile) sobre a forma mais eficaz de levar à perdição um "paciente" (um cristão), afastando-o do "Inimigo" (Deus). Eis uma de suas lições:
A melhor coisa a fazer, se possível, é afastar completamente o paciente em questão da intenção de rezar. (...) Um poeta deles, Coleridge, certa vez escreveu que não rezava "movendo os lábios e de joelhos", mas simplesmente "dispunha seu espírito ao amor" e dava lugar a um "sentimento de súplica". É exatamente esse tipo de prece que queremos. Já que ela tem uma semelhança superficial com a prece silenciosa praticada por aqueles que já estão em estágio bem avançado ao lado do Inimigo, os pacientes mais espertinhos e preguiçosos podem ser ludibriados por ela durante um bom tempo. No mínimo, ficarão convencidos de que a posição do corpo não faz a menor diferença quando rezam - pois eles constantemente se esquecem (e é o que você jamais deve esquecer) de que são animais, e que suas almas são afetadas pelo que quer que seus corpos façam.[3]
Embora fictícias, essas cartas são muito reveladoras sobre as estratégias de Satanás. Passo a passo, ele procura nos afastar dos marcos antigos, até que estejamos em completa mornidão espiritual. Que possamos orar mais, e preferencialmente ajoelhados, em sinal de submissão e dependência ao Rei dos reis!
Nota: É verdade também que corre-se o risco de levar o assunto da posição adequada ao orar ao extremo, como alguns têm feito ao lerem textos como esse: "Tenho recebido cartas perguntando-me sobre a posição que deve ser assumida pela pessoa ao fazer oração ao Soberano do Universo. (...) 'Prostre-se de joelhos!' Esta é sempre a posição apropriada" (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 311). Ocorre que, “um texto, fora do contexto, é um pretexto” – como costuma dizer o meu caro amigo e pastor Elizeu Lira. Sobre isso, recomendo uma monografia.[4]
XXX. Mal típico de Laodiceia
"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca" (Apocalipse 3:15-16).
O último artigo que publiquei neste portal tratou da neutralização do adventismo. Recomendo-o a todos. Assim, para finalizar, eu volto ao assunto desse artigo, deixando como reflexão o conselho do diabo Fitafuso ao seu aprendiz:
Dentro de uma ou duas semanas, ele ficará em dúvida se os primeiros dias do seu Cristianismo não foram talvez um tanto exagerados. Converse com ele sobre "moderação em todas as coisas". Se você conseguir fazê-lo chegar ao ponto de pensar que "a religião é benéfica só até certa medida", você poderá então soltar fogos de artifício, pois a alma dele estará prestes a ser sua. Uma religião moderada é tão proveitosa para nós quanto religião nenhuma - e até ainda mais divertida.[5]
***
Decidi escrever essas trinta reflexões a propósito dos 30 anos de vida que completei neste mês. Agradeço a Deus pelo privilégio, e dedico esse texto à causa da Igreja Perseguida. Acesse https://www.portasabertas.org.br/ e saiba como apoiar esse ministério.
Referências:
[1] Disponível em: . Último acesso no dia 8 de julho de 2017.
[2] TEIXEIRA, Raphael L. A Supremacia Papal - Parte I: e Parte II: < http://sou-cesar.blogspot.com.br/2015/11/a-supremacia-papal-ii.html>. Último acesso a 8 de julho de 2017.
[3] LEWIS, C. S. Cartas de um diabo a seu aprendiz. Tradução de Juliana Lemos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009, p. 17-18.
[4] RIOS, Félix. Posição, Linguagem e Comportamento Próprios da Oração Pública. Disponível em: . Último acesso a 8 de julho de 2017.
[5] LEWIS, C. S. Op. cit., p. 24.