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postado em: 19/12/2008
O HOMEM CULPADO, SEM TER PECADO
Nosso Tema é: o Homem que é culpado, mas que não praticou nenhum pecado. Este é mais um paradoxo da epístola aos Romanos.
Vamos abrir a Bíblia em Romanos cap. 5. Aqui encontramos outra proposição do grande assunto da Segurança da Salvação. Mas hoje vamos primeiramente estudar as partes em separado e, depois, apreciar a proposição do apóstolo Paulo que foi interrompida para ser mais amplamente expressa no final da argumentação.
Tendo estudado até o v. 11, eu gostaria de estudar agora o v. 12 em diante. Temos aqui uma mensagem inspiradora. Esta é uma mensagem que nós reputamos ser um assunto difícil, mas não menos proveitoso.
Nós precisamos entender o que é o pecado para compreendermos a nossa grande necessidade. Muitas pessoas não entendem o que é a salvação porque ainda não entenderam a profundidade da sua perdição.
Nossa pergunta básica é a seguinte: Temos nós a culpa de Adão? Temos nós o pecado de Adão? Temos nós a culpa do pecado de Adão? Alguns teólogos dizem que sim; outros que não.
Vamos ler em Rom. 5:12: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." O que significam estas palavras? Vamos analisá-las. A primeira palavra é "Portanto". A maioria dos teólogos não achou uma conexão com as palavras anteriores, porque de fato, não tratam deste assunto. Há uma conexão aqui com o capítulo 4, mas isso ficará mais claro na continuação de nosso estudo.
Então ele começa a dizer: "assim como por um só homem". A quem ele está se referindo? Ele se refere a Adão – "um só homem". O que aconteceu? "entrou o pecado no mundo". O pecado é um intruso, o pecado entrou neste mundo – aqui o pecado é personificado – ele realizou muitas coisas. O pecado entrou no mundo, ele está presente.
I – A IMPUTAÇÃO DO PECADO
Mas alguém poderia duvidar da existência do pecado. Hoje, por exemplo, em nosso mundo, os homens com uma sofisticada arrogância dizem: "Não existe pecado. Pecado é um mito alimentado por gerações passadas. Não existe pecado, apenas uma falha; e todos somos humanos e podemos falhar."
Mas o apóstolo Paulo passa a provar a existência do pecado. De que modo ele prova que o pecado existe? Pelos seus frutos, pelos seus resultados. Ele diz: "e pelo pecado a morte". Os que afirmam que não existe pecado, não podem afirmar que não existe morte. Mas a morte é antecipada pelo pecado, porque é o próprio resultado do pecado. Adão pecou e morreu.
Mas o que realmente aconteceu? Adão pecou e morreu. Mas a história continua. Qual é a realidade em relação com a morte? A morte se tornou universal, "porque a morte passou a todos os homens".
Por que é que a morte não ficou só em Adão? Adão pecou, e o pecado entrou no mundo; Adão morreu, e a morte passou a todos os homens. Mas por que é que a morte passou a todos os homens? Resposta: "porque todos pecaram".
Mas o que significam estas palavras? Pelágio ensinava o seguinte: " "Todos pecaram" significa que todos cometeram atos de pecado, por imitação. Eles viram outras pessoas cometendo atos de pecado, e então passaram a cometer pecado, pelo exemplo. Uma criança nasceu, e de repente começa a ver os outros praticando pecado, e então ela também pratica pecados, em suas ações."
Mas observe que não é exatamente isso que o apóstolo Paulo está dizendo aqui. Ele não diz que os homens cometeram ações de pecado, Não, ele não diz que todos cometeram atos de pecado. Só diz que "todos pecaram".
Por que é que todos morrem? "Porque todos pecaram". Mas o que isso significa? Todos morrem porque eles cometeram atos de pecado por imitação? Ora, a grande questão é que também as crianças morrem, os infantes morrem, e os infantes não cometeram atos de pecado. Por que a morte é universal? Mesmo as criancinhas que não praticaram atos de pecado estão morrendo.
O que é que significa a frase "todos pecaram"? "Bem", dizem outros, "isso significa a natureza pecaminosa". Este foi o ensino de João Calvino. Ele dizia: "A depravação natural que trazemos do ventre de nossa mãe, embora não produza seus frutos imediatamente, é, não obstante, pecado diante de Deus, e merece a sua punição." Ele chegou ao ponto de dizer que esta natureza é pecado, e, portanto, deve ser punida. Mas não é o que diz o apóstolo aqui.
Paulo não está dizendo que nós temos a natureza pecaminosa nesse texto; naturalmente nós a temos. Mas, se ele quisesse dizer isso, ele teria escrito: "todos são pecaminosos". O que ele disse? "todos pecaram". Evidentemente, nós herdamos a natureza pecaminosa, mas não é isso o que Paulo está dizendo aqui. Então qual é a resposta? Qual é a interpretação certa? O que é que realmente o apóstolo está querendo dizer com esta expressão "porque todos pecaram"?
A única resposta que nós temos a dar de acordo com o ensino do apóstolo Paulo e o ensino de muitos textos da Bíblia e do Espírito de Profecia, é que todos morrem porque todos pecaram "em Adão". O que significam estas palavras e quais são as suas implicações? Quem poderia nos ajudar em nossa interpretação? Quem é o melhor intérprete de Paulo? É o próprio Paulo.
Vamos, portanto, recorrer a ele, para que nos explique isso em 1Coríntios 15:22: "Porque assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo." "Em Adão" todos morrem; "em Cristo" todos são vivificados. Há aqui uma comparação entre Adão e Cristo. Esta expressão "em Cristo" e "em Adão" é um "paulinismo", uma expressão exclusiva do apóstolo Paulo. Significa que nós estamos unidos a um ou a outro. Ou nós estamos unidos a Adão e morremos, ou nós estamos unidos a Cristo e vivemos. E então, falando sobre a morte, ele diz: "em Adão todos morrem".
Mas agora voltemos a Romanos 5, onde ele está falando sobre o pecado. Nesse famoso texto, ele quer dizer que em Adão todos pecaram. Por que é que todos morrem? Porque em Adão todos pecaram. Aqui o apóstolo Paulo deixa claro uma coisa: que a morte é o resultado do pecado e o pecado sempre pressupõe a punição, pressupõe a culpa e a condenação.
Mas se a morte é universal, e mesmo os infantes morrem, por que morrem? Se eles morrem, eles devem ser culpados de algum pecado específico, porque eles nunca deveriam morrer se eles não fossem culpados de pecado. Porque seria injustiça dar a punição do pecado para alguém que não tem pecado. Seria injustiça simplesmente dar a condenação da morte para alguém que simplesmente recebeu uma herança de natureza pecaminosa.
Portanto, justiça é que se dê a morte para quem tem pecado. E se as crianças morrem e não puderam cometer pecado, ainda não puderam realizar o pecado em atos, então isso indica que eles são culpados – culpados de algum pecado específico. Mas se eles não realizaram pecado ainda, então de acordo com o apóstolo Paulo, eles são culpados de pecado no pecado de Adão. Isso significa que eles são pecadores, eles cometeram pecado em Adão, através de Adão, na pessoa de Adão.
Há aqui, portanto, uma perfeita seqüência. O resultado do pecado é a morte. Os infantes não cometeram pecado, mas eles morreram. Como eles não cometeram um só pecado, perguntaríamos: De que pecado eles são culpados? O ensino de Paulo é que eles são culpados do pecado de Adão.
Em outras palavras, ele está querendo dizer que o pecado de Adão é imputado a toda a humanidade. O pecado de Adão foi posto na conta de todos os filhos de Adão. Adão pecou, todos pecaram; Adão morreu, e todos morreram. Em Adão, todos pecam; em Adão, todos morrem.
Qual é a conclusão? Se todos morrem em Adão, todos têm o pecado de Adão. Todos pecaram no momento em que Adão pecou. Portanto, todos têm a culpa do pecado de Adão. Por quê? Porque o pecado de Adão foi imputado a toda a humanidade.
No momento em que Adão pecou, a humanidade não só recebeu a imputação do pecado, a culpa do pecado de Adão, como também recebeu a natureza pecaminosa. Portanto, em primeiro lugar, aconteceu o pecado de Adão e a imputação do seu pecado a todos; e como resultado desse pecado veio a natureza pecaminosa; então, depois disso, veio a morte como uma punição universal. A universalidade do pecado é a 1ª realidade; a 2ª realidade é a conseqüente universalidade da morte.
Então, esta é a conclusão principal: Todos morrem porque "todos pecaram". Quando todos pecaram? Todos pecaram em Adão, quando Adão pecou. Então, o pecado de Adão foi imputado à humanidade. Agora vemos por que o capítulo 5 está ligado e enraizado no cap. 4, que trata da imputação da justiça, e o seu reverso e causa é a imputação do pecado, visto aqui neste capítulo 5.
II – A PROVA PELO CONTEXTO
Mas nós queremos agora examinar o contexto para verificar esta realidade. O que estamos dizendo é apenas uma parte de sua grande proposição. De acordo com o método do apóstolo S. Paulo, ele apresenta uma proposição, então a seguir passa a provar esta proposição. E ele passa a esmiuçar e ampliar o assunto, como já temos visto. Aqui ele divide a proposição, antes de desdobrá-la.
E o que ele disse aqui, em forma resumida, é o seguinte: Portanto, o pecado entrou por Adão, Adão pecou desde o início – "por um homem entrou o pecado no mundo", e então as últimas palavras: "porque todos pecaram". Adão pecou, e todos pecaram. Você quer a prova disso? Vamos seguir o raciocínio, o argumento do apóstolo.
Os vs. 13 e 14 respondem e ampliam esta expressão "porque todos pecaram". Porque alguém poderia dizer: "– Não, nem todos pecaram. Antes da lei não havia pecado; portanto, nem todos pecaram. O pecado não é universal. O apóstolo Paulo está errado". Então ele começa a ampliar e provar por que é que ele pode dizer que "todos pecaram". Então no v. 13, ele diz: "Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei."
Qual é a prova da existência do pecado e da conseqüente imputação do pecado à humanidade? Em 1º lugar, ele prova que há pecado pela existência da lei. "Porque até o regime da lei" significa o regime do tempo de Moisés quando foi dada a lei. Até antes de Moisés "havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta", o pecado não é imputado "quando não há lei." Já no cap. 4, Paulo dissera: "onde não há lei, também não há transgressão" (4:15).
Portanto, dizendo isto de modo positivo: se havia pecado, lá estava a lei. A lei de Deus é eterna; nunca houve um tempo sem que houvesse lei. E se havia pecado no mundo, então isso é uma prova de que havia lei, "porque o pecado é a transgressão da lei" (1João 3:4). E se havia lei, o pecado foi imputado mesmo antes de Moisés.
Então, no versículo 13 a frase "não é levado em conta" é o mesmo termo grego que nós já temos estudado como imputação, no cap. 4. O pecado não é imputado quando não há lei, mas é imputado quando há lei. Portanto, mais uma vez ele estabelece o positivo através do negativo. Então no verso 13, a imputação do pecado é uma realidade, porque havia lei mesmo antes de Moisés.
Agora no verso 14, ele prova que existe pecado porque existe a morte. Ele amplia o significado, dizendo: "a morte reinou desde Adão até Moisés". Ou seja, o pecado imputado existe e a prova é de que a morte reina no mundo, desde Adão, sobre todos, mesmo sobre crianças que jamais pecaram em ato, ou mesmo em pensamento. Portanto, de que maneira nós podemos saber que houve imputação de pecado no mundo antes de Moisés? Através da morte, que "reinou", "porque o salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23).
Ele amplia o significado do pecado, dizendo que o pecado é um reino neste mundo. E este reino abarcou a toda a humanidade. Entrou no mundo de tal modo que o pecado no seu reino gerou o reino da morte. Vivemos neste reino de pecado e morte, e Adão é o rei. Toda a humanidade faz parte do seu reino. Se o rei pecou, todo o seu reino recebe a imputação do pecado do rei.
Aqui podemos introduzir uma ilustração do tempo de Abraão. Este servo de Deus havia planejado livrar-se da morte, ao proferir uma mentira branca, dizendo que sua esposa era sua irmã. Abimeleque era o rei de Gerar, e mandou que buscassem a Sara, a fim de possuí-la. Avisado por Deus em sonhos de que ele morreria por ser culpado de tomar a mulher de Abraão, ele argumentou: "Senhor, matarás até uma nação inocente?" Deus lhe respondeu dizendo que devia restituí-la. "Se, porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu."
O rei chamou a Abraão, e lhe deu esta reprimenda: "Em que pequei eu contra ti, para trazeres tamanho pecado sobre mim e sobre o meu reino?" E a culpa por imputação já começava a produzir efeito, "porque o Senhor já havia tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque, por causa de Sara." (Gên. 20:9,18).
Ora, se é correto dizer que o pecado de Abimeleque era imputado a todo o seu reino, então, também é correto dizer em uma extensão maior ainda, que o pecado do rei da criação, Adão, seria imputado a todos os seus súditos, ou filhos. E como disse Deus ao rei Abimeleque: "certamente morrerás" (Gên. 20:7), e isso incluía a todo o seu reino, também disse ao rei Adão, se pecasse: "certamente morrerás" (Gên. 2:17); e isso incluiria as futuras gerações.
Portanto é por isso que todos morrem: "porque todos pecaram" "em Adão", e recebem a punição da morte por imputação do pecado de Adão.
III - A PROVA PELA TIPOLOGIA
Mas alguém poderia perguntar: "Quem era Adão, para que nós tivéssemos laços tão estreitos de modo a pecar mesmo ausentes?" Ele responde a esta pergunta falando ainda sobre a morte que veio "mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir." A morte reinou mesmo sobre aqueles que não pecaram como Adão.
Ora, interessante isso; mas o que significa? Como foi o pecado de Adão? Havia uma diferença fundamental entre o seu pecado e o pecado de seus descendentes? A resposta está na frase seguinte: "o qual prefigurava Aquele que havia de vir." Então, quando ele diz que ninguém pecou como Adão, porque ninguém pecou à sua semelhança, é porque ele representava, ele prefigurava, ele tipificava o 2º Adão.
Agora, ele começa a fazer uma comparação entre o 1º Adão e o 2º Adão. Como foi o pecado de Adão? O pecado de Adão foi o mais grave, porque era o pecado de alguém que tipificava a Cristo. Ninguém pecou como Adão, porque ele pecou como um tipo de Cristo, em sua exclusividade.
Paulo introduz nesse ponto uma comparação entre Adão e Cristo, e enfatiza o pecado do primeiro e a justiça do segundo. Ele está preparando a conclusão da comparação que ele começou no v. 12, deixando-a inacabada. Ele abriu um parêntesis do v. 13-17, a fim de esclarecer o fato da imputação do pecado de Adão, compensado pela imputação da justiça de Cristo.
Notamos que os versículos 13 e 14 foram uma explicação parentética das palavras "porque todos pecaram" (v.12). Agora, o vs. 15-17 são uma ampliação que trata de Jesus, o Messias que haveria de vir, mencionado no v. 14, fazendo uma comparação entre Adão e Cristo. Então, para fins didáticos, salta de modo evidente a culpa do pecado de Adão, como alguém que pecou de modo ímpar, sozinho, devido a que ninguém pecou à sua semelhança.
Observe como é que isso é provado facilmente nestes versículos. Verso 15: "... ofensa de um só". Verso 16: "somente um pecou ... porque o julgamento derivou de uma só ofensa"; V. 17: "pela ofensa de um e por meio de um só". Estas expressões sublinhadas indicam que é um homem só, é um pecado só e é um só ato judicial. O que é um julgamento? O que é uma condenação? É apenas um veredito, um veredito que se dá judicialmente, legalmente sobre alguém: "Culpado!" ou: "Absolvido!" Paulo não está falando experimentalmente, mas judicialmente.
Agora, no nosso caso em Adão há um veredito, há um julgamento, há um juízo. Qual é a sentença? É a condenação. Em outras palavras, através do pecado de Adão, todos foram condenados; todos receberam a imputação do pecado de Adão. Se você entende isso, vai começar a entender que antes de nascer neste mundo você já estava condenado. Isso é a profundidade da nossa perdição. Este é o nosso relacionamento tão estreito com Adão, que só poderia nos dar tudo o que está representado na palavra pecado e a conseqüência na morte.
IV – A PROVA DO ASPECTO FEDERAL
Mas poderíamos perguntar: Por que todos pecaram em Adão? Por que levamos a culpa do pecado de Adão? Alguém vai dizer que isso não é possível, porque finalmente Adão pecou e isso é lá com ele. Alguns teólogos famosos defendem a posição de que a culpa é apenas uma coisa individual. Portanto, não existe – eles dizem – a culpa do pecado de Adão.
Entretanto, outros teólogos também famosos dizem: Não, há uma culpa, e a culpa é algo judicial; a culpa e a condenação vieram do pecado de um só. E isso corresponde ao que o apóstolo Paulo está dizendo.
Mas nós estamos levantando a seguinte questão: Por que nós pecamos quando Adão pecou? Ou seja, quando Adão cometeu aquele pecado, quando nós não havíamos nascido ainda, nós já havíamos cometido este pecado judicialmente. Por quê? Porque nós estamos relacionados com Adão. De que modo? Há duas maneiras de explicar:
(1) Adão era o Cabeça da raça humana. Adão era o representante capital de toda a humanidade. Deus o constituiu como o Cabeça Federal, principal representante da raça humana. Isso foi uma ação do próprio Criador.
Então, Deus entrou em concerto – uma aliança de obras – com Adão. O profeta Oséias menciona esta aliança. Deus disse a Adão: "– Adão, Eu o considero não somente como o primeiro de uma série, Eu o constituo como o representante da raça humana, como o Cabeça de toda a raça. Eu farei um concerto com você de tal modo que todo o benefício que você gozar, todos os outros gozarão, todos receberão daquilo que você receber. Quando você agir, não estará agindo por si mesmo, estará agindo como o representante de todos".
"Portanto, se você pecar, todos estarão pecando; se você obedecer, todos estarão obedecendo. Se você pecar, você será castigado com a morte; mas você não ficará sozinho nisto, porque todos os seus descendentes também serão pecadores e sofrerão a morte. Eu o estou constituindo como o Cabeça federal, o representante da raça humana; portanto, o que você fizer, envolverá a todos."
Então, o profeta Oséias resume o final da história, dizendo que Adão transgrediu a aliança (Osé. 6:7). Isso está relatado em Gên. 3, onde podemos perceber a responsabilidade de Adão, que já pensava nas gerações por vir, ao dar "o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos" (Gên. 3: 20), que foram envolvidos em seu pecado, mesmo sem estarem presentes. Mas é na grande promessa messiânica que Adão e seus descendentes estão estreitamente relacionados, na qual Cristo é prometido como o novo Cabeça Federal da humanidade (Gên. 3:15), confirmado pelo apóstolo Paulo em Col. 1:18: Assim como Adão é o primeiro Cabeça federal, "Ele (Cristo) é a Cabeça do corpo, da igreja".
Isso é facilmente compreensível quando nós pensamos nesta palavra representante. Por exemplo, há um embaixador aqui do nosso país e nos representa em outro país. Lá ele pode assinar um decreto. Quando ele assina esse decreto, ele estará beneficiando ou prejudicando ao nosso país e a cada um de nós. Eu não estou lá assinando, eu posso até nem estar sabendo o que está acontecendo lá, mas no momento que ele assina o papel, ele estará lançando um veredito a favor ou contra mim. Se ele, por exemplo, assina o decreto de uma guerra ou coisa semelhante, um decreto econômico, então eu vou sentir os resultados para o bem ou para o mal. Ele me representou, ele é o meu representante.
De igual modo, Adão é o nosso representante. Este é um ato de Deus: Deus o constituiu, Deus o considera assim; e independentemente da nossa presença, o Deus onisciente estabeleceu assim e assim é. Ele estabeleceu Adão como o nosso representante e não há como evitar isso.
Ele disse claramente: Se Adão obedecer, não somente ele teria os grandes benefícios como também toda a sua linhagem gozaria desses benefícios. Mas se Adão pecar, toda a sua linhagem estaria sofrendo pena e castigo, todos os seus descendentes seriam envolvidos na catástrofe e todos seriam culpados.
""Com relação ao primeiro Adão, os homens nada receberam dele senão a culpa e a sentença de morte". [EGW, Orientação da Criança, 475]
(2) Adão era a totalidade da natureza humana. Qual o nosso relacionamento com Adão e por que é que nós pecamos em Adão e levamos a culpa do pecado de Adão?
Naquele único homem – Adão – estava toda a natureza humana. Ele era o Pai de toda a humanidade. Nele, portanto, residia concentrada toda a natureza humana. O todo estava em Adão. E a natureza humana era cada pessoa que nasce neste mundo. Cada pessoa é uma divisão desta natureza humana que estava concentrada em Adão. Quando ele agiu, todos agiram; quando ele pecou, todos pecaram. Naquele exato momento, quando Adão pecou, o todo agiu pelas partes, e, portanto, todos os homens que estavam nele agiram ao mesmo tempo. Quando ele pecou, todos pecaram. Nós éramos partes e saímos dele, e então por ele ter pecado, nós pecamos também.
Eu quero ilustrar o que aconteceu no jardim do Éden, através de Heb. 7:9-10: "E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão" (versão Atualizada)." "Porque ele ainda estava nos lombos de seu pai, quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro (versão Corrigida)". Observaram? Paulo está dizendo que Levi pagou dízimos a Melquisedeque. Mas como pode ser isso, se Levi ainda não era nascido? Levi foi bisneto de Abraão. Acontece que Levi, diz aqui, pagou dízimos para Melquisedeque. Como pode ser isso?
A explicação é a seguinte: Levi pagou dízimos "na pessoa de Abraão", ou através de Abraão, porque, como diz o v. 10, Levi "estava nos lombos" de Abraão. Então, se Levi estava nos lombos de Abraão é correto dizer que quando Abraão pagou os dízimos, Levi estava pagando os dízimos. Ora, se é correto dizer isso, então da mesma forma é correto dizer que toda a humanidade estava em Adão, nos lombos de Adão. Quando Adão pecou, toda a humanidade pecou. E, portanto, é também correto dizer que todos pecaram "na pessoa" de Adão.
V – A PROVA PELA ANALOGIA
Mas voltemos ao paralelo e analogia iniciada no v. 12: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram."
Esta versão tem um pequeno problema, estritamente falando, porque Paulo está apenas introduzindo o início de uma comparação, iniciando pela parte negativa do argumento, que deve terminar pelo positivo, como seria normal se esperar. Ele não termina a frase como a tradução sugere. As palavras "assim como" e "assim também" dão a impressão de que a comparação está terminada. A palavra "também" deve ser substituída por "e", como melhor tradução, na 2ª parte. Então vamos ler exatamente como diz o original: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram ... [(13-14)(15-17)]".
Ele interrompe a frase abruptamente, abrindo um parêntesis, do v. 13-17, e internamente, dois parêntesis como se lê acima, para explicar o profundo significado da expressão "todos pecaram" do v. 12 (em 13-14), e para introduzir "Aquele que havia de vir" do v. 14 (nos v. 15-17).
Então, nós chegamos ao v. 18, onde ele completa a comparação. Paulo retoma o seu pensamento, e agora apresenta a 2ª parte da comparação: "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para justificação que dá vida."
Agora já podemos formular a proposição. Assim como em Adão nós temos a condenação, em Cristo nós temos a justificação. Assim como por um homem, Adão, entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também por um só Homem, Jesus Cristo, entrou a justiça no mundo e pela justiça, a vida. Assim como por um só pecado nós fomos condenados judicialmente, legalmente, assim também através de um só ato da justiça veio a graça e a justificação sobre todos os homens.
Mas no v. 19, Paulo amplia esse pensamento, e ele torna ainda mais clara a sua comparação. "Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram constituídos pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos serão constituídos justos." (versão Reina-Valera Revisada). Esta é a tradução exata do termo original (cf. Interlinear Literal Translation, Zondervan, 1973): Se todos foram "constituídos" pecadores, todos receberam o pecado de Adão por imputação.
Aqui está a verdade em uma forma clara, evidente, sintética e conclusiva. "Como, pela desobediência de um só homem" – Adão pecou, e todos pecaram, veio a condenação, veio o juízo, veio a morte. Em Adão muitos foram "constituídos pecadores". Mas em Jesus Cristo muitos serão "constituídos justos". Se há imputação da justiça em Cristo (Rom. 4), é porque houve antes a imputação do pecado em Adão (Rom. 5).
Agora isso adquire um novo significado. Este é um ato judicial, é uma sentença, de acordo com o próprio contexto que fala de julgamento e condenação. Ao sermos "constituídos pecadores", recebemos a imputação do pecado de Adão. Mas ao sermos "constituídos justos", recebemos a imputação da justiça de Cristo.
Justificação, é um ato judicial, é uma declaração de Deus, de modo que nos constitui justos. Nós não somos justos, mas Ele nos declara justos, Ele nos constitui justos. Como resultado, há uma transformação na vida.
Paulo nesse ponto demonstra que a justificação é pela obediência. Mas a obediência de quem? Não a minha obediência, não é a minha obra, não é o meu mérito, não é o meu esforço que me dá a justificação. O que me dá a justificação é a obediência de Jesus Cristo. Através de Jesus eu sou constituído justo, através da obediência de Cristo você é constituído justo – somos inteiramente perfeitos em Cristo (Col. 2:10).
Paulo não está ensinando o universalismo ao dizer que "veio a graça sobre todos os homens" (v. 18), porque logo no v. 19, ele fala de "muitos", não todos. A graça veio para todos os homens; mas somente os que estão em Cristo receberão a justificação. É preciso estar em Cristo para receber dEle a imputação da Sua justiça. Mas, se todos os que estão em Adão perecerão, todos os que estão em Cristo viverão.
Agora, podemos entender mais claramente, a doutrina da predestinação: Todos os que estão em Adão, estão predestinados para a perdição. Aqueles, porém que estão em Cristo, estão predestinados "nEle" para a salvação, escolhidos "antes da fundação do mundo". (Efé. 1: 3-5).
Como podemos estar em Cristo? Se estamos em Adão pelo nascimento natural, e por causa disso recebemos a imputação do pecado, estaremos em Cristo pelo nascimento espiritual, o novo nascimento, e receberemos dEle a imputação da justiça. Cristo falou desse assunto a Nicodemos (João 3) e Paulo o apresenta no próximo capítulo (Rom. 6).
CONCLUSÃO
Paulo conclui este grande assunto com um majestoso clímax. V. 20-21: "onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna."
Agora, ele assevera mais ainda a certeza de salvação. Ele fez isso por uma comparação entre Adão e Cristo, desde o v. 12. Ele colocou a sua grande proposição: Assim como é certa a imputação do pecado e a conseqüente morte, assim também é certa a imputação da justiça e a conseqüente vida. Assim como é certa a morte através de Adão, é certa a vida, a vida eterna em Cristo, ou "mediante Jesus Cristo, nosso Senhor".
Você está incluído neste grande tema. Todos estamos. Nós estávamos condenados mesmo antes de nascer. Esta é a profundidade de nossa perdição. Mas agora, estamos justificados. O que é importante para a sua justificação é estar em Cristo e permanecer em Cristo e obter dEle a vida eterna! Você tem esta certeza? De que lado você está? Do lado de Adão, ou de Cristo?
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia.
11 de dezembro de 2008.