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postado em: 20/10/2014
Esperança Sem Limite
“E será pregado este evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mateus 24:14).
O objetivo soberano de Deus foi de criar o ser humano como um agente moral livre, não como um autômato, elaborado para O amar e servi-Lo. Tal como Deus, possuía a liberdade de escolha: o direito de pensar e agir de acordo com os ditames morais. Assim, achava-se ele livre para amar e obedecer ou para desconfiar e desobedecer. Deus teve de correr o risco, pois tão somente a liberdade de escolha poderia levar o homem a demonstrar plenamente o princípio do amor que representa a essência da Divindade (1Jo 4:8).
“Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18), disse Deus, pelo que fez a Eva. Os seres humanos foram criados para o companheirismo encontrado na amizade e no matrimônio (cf. Gn 2:18). Através de tal relacionamento, temos a oportunidade de viver em favor do semelhante. Na Criação os nossos ancestrais receberam a imortalidade, embora sua preservação estivesse condicionada à obediência (cf. Gn 2:17; 3:22). Ainda que tivessem sido criados perfeitos e à imagem de Deus, e se bem que tivessem sido colocados num ambiente perfeito, Adão e Eva tornaram-se transgressores.
As Escrituras Sagradas tornam claro, incluindo o relato da Queda do ser humano, que o pecado é um mal moral: O resultado de um agente moral livre que decide violar a vontade revelada de Deus (cf. Gn 3:1-6; Rm 1:18-22; Pv 4:23; Mt 15:19). A história revela que os descendentes de Adão compartilham da pecaminosidade de sua natureza (cf. Sl 143:2; 14:3; 1Rs 8:46; Pv 20:9; Ec 7:20; Rm 3:23; 1Jo 1:8; Sl 51:5). A universal e primária corrupção da raça humana constitui evidência de que por natureza tendemos ao mal, e não ao bem.
Como se tornou desmedida a depravação humana: Na cruz, os seres humanos assassinaram o seu Criador, o parricídio extremo! Mas Deus não deixou Suas criaturas sem esperança. A cruz é revelação e restauração, auto abnegação e julgamento, reconciliação e vitória. “O mistério da cruz explica todos os outros mistérios. À luz que emana do Calvário, os atributos de Deus que nos encheram de temor e pavor, aparecem belos e atraentes. Misericórdia, ternura e amor paternal são vistos a se mesclar com santidade, justiça e poder” (Ellen G. White, GC, p. 652).
Graça para todos
As boas novas na Palavra de Deus são de que não existem versículos que, devidamente entendidos, dêem sustentação à expiação limitada, mas há numerosos textos que ensinam a expiação ilimitada, ou seja, que Cristo morreu pelos pecados de toda a raça humana. Se Deus não elege todos para a salvação, recebendo, porém, como Seus filhos tão somente os que aceitam o Seu plano, Ele é o responsável final pelos bilhões que se perderem. Todavia, consoante as Escrituras, Cristo morreu pelos pecados da totalidade do mundo. A expiação é ilimitada em sua extensão.
“Mas o fato de que a redenção obtida por Cristo é de caráter universal não significa que ela seja automática. Isto é, não significa que todos seres humanos vão finalmente ser beneficiados por ela. O que as Escrituras ensinam é que embora o sacrifício de Cristo seja universal em seu desígnio, ele só é eficaz para aquele que crê em Jesus como seu Salvador pessoal” (Pr. Wilson Paroschi, Só Jesus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí – São Paulo, p. 19. Grifo acrescentado).
O que será dos que nunca ouviram de Jesus? Como ouvirão, se não há quem pregue? Serão eles salvos ou perdidos? Há esperança para os não evangelizados? “Chomina, cacique da tribo Algonquin, perdeu todos os seus homens protegendo uma expedição dos colonizadores Franceses do Quebéc ao viajarem 2500 quilômetros até a Missão Huron. Um inverno cruel, um ataque brutal, captura e tortura por outra tribo indígena Norteamericana resultaram em uma ferida mortal no cacique.
Notando o fim, o Padre Laforgue, jesuíta e líder da expedição, falou para o cacique: - ‘Quando eu morrer, Chomina, eu vou ao paraíso. Deixe-me batizá-lo agora para que você também vá para lá’. - ‘Por que quereria eu ir ao seu paraíso?’, respondeu Chomina. ‘Meu povo, minha mulher e meu filho não estariam lá.’
No dia seguinte, enquanto o cacique permanecia deitado morrendo na neve, o Padre Laforgue tentou mais uma vez: - ‘Chomina! Meu Deus ama você. Se você aceitar Seu amor, Ele o deixará entrar no paraíso!’ – ‘Deixe-me estar, meu amigo, deixe’, murmurou Chomina morrendo” (Por Samir Selmanovic – Trad.: Gustavo K-fé Frederico em http://gustavofrederico.blogspot.com – Esta cena é do filme Black Robe de 1991).
Qual é o destino daqueles que não tiveram oportunidade de ouvir as boas novas sobre Jesus a exemplo dos esquimós no Alasca, beduínos nos desertos, indígenas nas tribos, os nativos nas selvas africanas, os aldeões dos vilarejos asiáticos, os camponeses e ribeirinhos na Amazônia, os que vivem sob regime totalitário de governo e sem liberdade de consciência, etc.? Teólogos cristãos desenvolveram três idéias básicas sobre as questões acima:
a. Restritivismo: Essa teoria mantém a idéia de que todos os que não foram evangelizados estarão perdidos. A menos que as pessoas ouçam a mensagem de Jesus e aceitem-na, não terão esperança. Agostinho mantinha esta opinião, como também João Calvino. Muitos evangélicos modernos continuam a crer nela e pregá-la. Contudo, muitos cristãos hoje não aceitam esta posição.
A força desse conceito está em sua poderosa motivação para as missões. J. Hudson Taylor, o grande missionário britânico que trabalhou na China, fundou sua sociedade missionária nesta base. Proclamando que milhões de chineses desciam à sepultura condenados à morte eterna, Taylor moveu milhares a dar de seu dinheiro, tempo e até a vida para o interior da China.
Os restritivistas acham apoio para sua posição em passagens bíblicas tais como João 3:36 e I João 5:12: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. “Aquele que tem o Filho tem a vida, aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida”. Porém, eles têm um problema: Como crer em um Deus justo e amante se pessoas se perderão porque não tiveram oportunidade de ouvir as boas novas sobre Jesus, embora elas não tenham culpa disso?
b. Universalismo: O universalismo sustenta que todos os seres humanos serão salvos no final de tudo, visto serem todos por natureza filhos de Deus. Embora haja muitas explicações diferentes sobre como isto ocorre, uma coisa é certa: no fim, todos os não evangelizados, mesmo os que agora são rebeldes, serão salvos, a despeito de suas escolhas.
Logo, o universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Entre os evangélicos, a diferença acha-se na escolha entre o particularismo, ou expiação limitada: Cristo morreu somente pelas pessoas soberanamente eleitas por Deus, e o universalismo qualificado: Cristo morreu por todos, mas Sua obra salvífica é levada a efeito somente naqueles que crêem e se arrependem. Nem todos serão salvos, mas direta ou indiretamente, todas as pessoas receberão benefícios da obra salvífica de Cristo.
O universalismo foi advogado na igreja primitiva pelos escritos de Orígenes, que acreditava que mesmo o diabo possa vir a ser salvo. Caiu em desfavor e foi reavivado depois da Reforma. Desde 1800 vem ganhando força tanto entre os protestantes como católicos romanos. Parte deste desenvolvimento resulta da repulsa que muitos cristãos sentem ante a posição restritivista. Proponentes bem conhecidos do século 20 incluem biblicistas britânicos como William Barclay e John A. T. Robinson, bem como o teólogo norte-americano Paul Tillich.
Entre os textos favoritos dos universalistas se encontram I Timóteo 4:10, em que Paulo fala de Deus que é “Salvador de todos os homens”; Tito 2:11: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”; e João 12:32, em que Jesus declara: “E Eu quando for levantado da Terra, atrairei todos a Mim mesmo.” A força da posição universalista é seu conceito de Deus: Um Ser divino que no final salva a todos pode ser visto como amoroso e longânimo.
Por outro lado, os universalistas, se tomarem a Bíblia seriamente, têm dificuldade em explicar por que Jesus manda Seus seguidores levar Sua mensagem de salvação “até os confins da Terra” (Atos 1:8) e fazer “discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19). Para que testemunhar se no final todos serão salvos?
c. Inclusivismo: Entre os dois extremos do restritivismo e do universalismo está o inclusivismo, ou a esperança mais ampla. Este conceito mantém que por causa daquilo que Deus fez mediante Jesus Cristo, todos os sinceros indagadores religiosos serão salvos. Se bem que Jesus seja a base da salvação, Ele pode salvar indagadores verdadeiros de outras religiões ou de nenhuma religião que nunca souberam dEle.
O inclusivismo difere do universalismo pelo fato de que pessoas que não são indagadoras verdadeiras se perdem. Presentemente, o inclusivismo está ganhando aderentes, frequentemente com prejuízo do restritivismo. João Wesley, o fundador do metodismo e C. S. Lewis, o popular escritor cristão, estão entre os defensores do inclusivismo.
Um grupo majoritário dentre os inclusivistas crê que a sincera busca de Deus e fazer o que é correto é tudo que importa para que a salvação se realize. Todos desta opinião concordam que Deus pode salvar as pessoas mesmo sem contato com um missionário cristão de carne e osso. Como Deus conhece todas as coisas, Ele pode simplesmente julgá-los com base em como eles responderiam caso ouvissem o evangelho. Os inclusivistas julgam-se que estão defendendo a bondade de Deus. Embora alguns se percam é por sua própria escolha. Deus respeita sua escolha, não os forçando a viver no Céu.
O Inclusivismo e a validade da Missão
O verdadeiro discípulo de Cristo leva a sério as palavras de Atos 4:12: “Não há salvação em nenhum outro nome.” Jesus é único e Ele é o único caminho da salvação. No entanto, pessoas sinceras de todos os credos podem ser salvas. Gente que está perdida não precisa necessariamente saber nesta vida a fonte exata de sua salvação. Em suma, precisamos rejeitar a opinião que limita o poder de Jesus ou nega o lugar especial que as Escrituras Lhe dão.
O apóstolo Paulo indica que Deus Se revelou desde o início através das coisas que Ele criou (cf. Rm 1:20) e, que “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (cf. Rm 5:20). O salmista afirma que as obras criadas revelam Deus (cf. Sl 19:1-4). Há uma referência à possibilidade de Deus levar em consideração o lugar de nascimento de uma pessoa ao definir o seu destino eterno (cf. Sl 87:5, 6). Em sua discussão com os atenienses, Paulo descobriu que eles adoravam ao Deus desconhecido (cf. At 17:22, 23).
É evidente que Deus usualmente salva pessoas mediante mensageiros humanos partilhando Suas boas novas. Mas também, é óbvio que Deus é imparcial, amante e não limitado pelo fracasso humano de dar a mensagem. Ele lê o coração das pessoas e julga de acordo. Ainda que Jesus seja sempre a base da salvação de qualquer um, alguns que nunca ouviram Seu nome ainda podem ser salvos por Ele.
“Há, entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da Natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990], pág. 638).
O Inclusivismo é um estímulo à Missão
“Morava em Cesaréia um homem de nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo, orava a Deus. Esse homem observou claramente durante uma visão, cerca da hora nona do dia, um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe disse: Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus.
“Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro. Ele está hospedado com Simão, curtidor, cuja residência está situada à beira-mar. Logo que se retirou o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus domésticos e um soldado piedoso dos que estavam a seu serviço e, havendo-lhes contado tudo, enviou-os a Jope” (cf At 10:1-8).
Cornélio era centurião romano: Era homem rico, de nobre nascimento, e seu cargo era de confiança e honra. Gentio de nascimento, ensino e educação e pelo contato com alguns judeus adquirira algum conhecimento de Deus, e O adorava com coração verdadeiro, mostrando a sinceridade de sua fé pela compaixão para com os menos favorecidos, e sua vida de retidão o fazia de boa reputação entre judeus e gentios.
“Posto que Cornélio cresse nas profecias e estivesse a esperar pela vinda do Messias, não tinha conhecimento do evangelho como foi revelado na vida e morte de Cristo. Não era membro da igreja judaica e teria sido considerado pelos rabinos como um gentio e imundo” (Ellen G. White, AA, p. 133).
“Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro” (cf. At 10:5). Deste modo, o Senhor revelou Sua atenção para com o ministério evangélico e seus discípulos de todas as épocas. O anjo não foi incumbido de contar a Cornélio a história da cruz. Um homem sujeito às mesmas fraquezas e paixões humanas, como o próprio centurião, deveria ser aquele que lhe contaria a respeito do Salvador crucificado e ressuscitado.
“Em Sua sabedoria o Senhor põe os que estão a procura da verdade em contato com seus semelhantes que a conhecem. É plano do Céu que os que receberam a luz a comuniquem aos que se acham em trevas” (Id. – AA, p. 134). Longe de ser um entrave, obviamente o inclusivismo é um estímulo convincente para que o “evangelho do reino” possa ser pregado “por todo o mundo, para testemunho a todas as nações.”
“Certamente, venho sem demora”
“Mamãe”, confidenciou um pequeno à hora de ir para a cama, “sinto tanta saudade de meu amigo Jesus. Quando Ele virá?” Essa criança mal poderia imaginar que o desejo de seu pequeno coração tem sido o anseio de longas épocas. As palavras finais da Bíblia asseguram que o retorno ocorrerá em breve: “Certamente, venho sem demora.” E João, o revelador, o leal companheiro de Jesus, acrescenta: “Amém! Vem, Senhor Jesus” (cf. Ap 22:20).
Contemplar a Jesus! Unir-se a Ele para sempre, a Ele que nos ama infinitamente mais do que podemos imaginar! Receber o fim de todo sofrimento terrestre! Desfrutar da eternidade com os amados ressurretos, os quais agora dormem! Não admira que desde a ascensão de Cristo os Seus amigos tenham contemplado o futuro na expectativa desde glorioso dia.
Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça” (cf. At 17:31). Advertindo-nos quanto a esse dia, Cristo não disse que ele chegaria quando o mundo inteiro se houvesse convertido, mas que “será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (cf. Mt 24:14). Portanto, Pedro estimula os crentes a esperar e apressar a vinda do dia de Deus (cf 2Pd 3:21). O retorno do Redentor representa o glorioso clímax da história dos filhos de Deus (cf. Is 25:9).
PASTOR VAGNER ALVES FERREIRA
JUBILADO – ASSOCIAÇÃO NORTE PARANAENSE/IASD
E-MAIL: [email protected]