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postado em: 5/4/2017
“Ora, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa” (Mt 26:6, 7).
Alabastro – do grego “alabastros”-, foi um tipo de cerâmica usada na antiguidade para armazenar óleo e perfume. Originalmente para o seu fabrico era utilizado o alabastro-ônix, mas não se sabe, entretanto, se é o vaso que empresta o nome ao mineral ou vice-versa. A primeira menção conhecida a estes “frascos de essências” vem de Heródoto, na obra Histórias, que cita o alabastro como um dos presentes enviados por Cambises II ao rei da Etiópia. Passada a sua época, a palavra ocorria tanto entre os escritores gregos quanto entre romanos.
Há três tipos clássicos de alabastro: a. Bulbo coríntio, com tamanho aproximado de oito a dez centímetros: comum em toda Grécia. Surgiu em meados do século VIII a.C; b. Tipo alongado e pontiagudo, comum na Grécia oriental e nas cerâmicas etruscas e ítalo-coríntias; c. Tipo ático, com tamanho aproximado de dez a vinte centímetros, base circular e, ocasionalmente, com duas pequenas alças. Comum a partir do final do século VI a.C. até o início do séc. IV a.C. Exemplos de alabastros de vidro opaco aparecem no Egito (1000 a.C.), Assíria (600 a.C.), Síria e Palestina (séc. II a.C.).
“Cheio de precioso bálsamo”. O livro de Marcos diz que era “preciosíssimo perfume de nardo puro” (cf. Mc 14:3). O nardo é uma pequena planta aromática encontrada nos montes Himalaia. As hastes e as raízes desta planta, em geral, são consideradas a fonte do nardo mencionado nas Escrituras (cf. Ct 1:12; 4:13, 14; Mc 14:3). O nardo se distingue por seus feixes de hastes escuras, poliformes, de uns 5 cm de comprimento, que se projetam do topo da raiz. As folhas brotam da parte superior da planta, a qual termina com espiguetas de flores róseas.
Para preservar a sua fragrância, o nardo, um líquido leve, fragrante, avermelhado, era selado em frascos de alabastro, uma pedra macia, usualmente esbranquiçada, marmórea, assim chamada pelo nome de Alabastron, Egito, onde se fabricavam recipientes deste material. O quase meio quilo de óleo perfumado, “nardo genuíno”, que Maria derramou dum vaso de alabastro sobre a cabeça e os pés de Jesus Cristo, ‘em vista do Seu enterro’, foi avaliado em 300 denários, o equivalente a cerca de um ano de salário (cf. Mc 14:3-9; Jo 12:3-8; Mt 20:2).
Ser este óleo perfumado tão caro sugere que sua fonte talvez tenha sido a distante Índia. Por ser muito dispendioso, o nardo muitas vezes era adulterado e até mesmo falsificado. Portanto, é digno de atenção que tanto Marcos como João usam a expressão “nardo genuíno” (cf. Mc 14:3; Jo 12:3). Essências valiosas, seladas em pequenos vasos de alabastro, eram antigamente um bom investimento.
UMA BOA AÇÃO
Enquanto se tramava em Jerusalém uma conspiração convocada pelos príncipes do povo e pelos sacerdotes para prenderem e julgar a Cristo, Simão, que fora curado da lepra, anelava demonstrar seu reconhecimento e, na última visita de Cristo a Betânia, ofereceu um banquete ao Salvador e a Seus discípulos. À mesa achava-se Jesus, tendo a um lado Simão, e do outro Lázaro, a quem ressuscitara. Marta servia à mesa, mas Maria escutava entusiasticamente toda palavra proferida pelo Salvador. Em Sua misericórdia perdoara Jesus os seus pecados, chamara do sepulcro seu querido irmão, e a alma de Maria estava cheia de gratidão. Ouvira Jesus falar de Sua morte próxima e, em seu profundo amor e tristeza, almejara honrá-Lo. Com grande sacrifício para si, adquiriu um vaso de “preciosíssimo perfume de nardo puro” para com ele ungir-Lhe o corpo.
Mas agora muitos diziam que Ele estava para ser coroado rei. Seu pesar transformou-se em alegria, e almejava ser a primeira a honrar a seu Senhor. “Aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa” (cf. Mt 26:7). Buscou não ser observada, e seus movimentos poderiam passar desapercebidos, mas o unguento encheu a sala de fragrância, declarando a todos os presentes a ação dela.
“Vendo isto, indignaram-se os discípulos e disseram: Para que este desperdício? Pois este perfume podia ser vendido por muito dinheiro e dar-se aos pobres” (cf. Mt 26:8, 9). Desperdício de fato, ou suposto? Aparentemente não existe desperdício maior do que o que vemos na natureza. A água da chuva cai na terra, penetra nela e parece que se perde ali, que desce do céu e não volta para lá. Os rios deságuam no mar, misturando-se a ele. Tudo isso pode parecer um desperdício de elementos preciosos.
Entretanto a ciência já descobriu que, na realidade, nenhuma força se perde. Ela simplesmente assume uma nova forma e segue seu caminho num outro tipo de função. Contudo, não diminui em nada. Alguém escreveu uma parábola poética em que uma pequena gota de água, tremulando no ar, questiona o Gênio do céu, querendo saber se é melhor para ela cair na terra ou continuar naquela bela nuvem.
- ‘Por que tenho de me enterrar nesse solo e desaparecer?’, indaga. ‘Por que tenho de me afundar naquela lama escura, quando posso permanecer aqui e brilhar como um diamante, ou uma esmeralda, ou um rubi, num arco-íris?’ – ‘É verdade concordou o Gênio. Mas, se você cair na terra, terá uma ressurreição muito superior. Ressurgirá na pétala de uma flor, ou no perfume de uma rosa, ou num cacho de uvas.’
Por fim, a tímida gota desprende uma lágrima de pesar e cai no chão. Imediatamente entranha no solo, embebida pela terra seca. Desaparece de vista, aparentemente deixando de existir. Eis, porém, que a raiz de um lírio bebe aquela umidade. As veias de seiva de uma rosa adamascada absorvem seu frescor. A ponta da raiz de uma videira distante encontra nela uma fonte de vida. E assim a pequena gota de água reaparece na pétala do lírio, no rico perfume da rosa e no cacho de uvas. E quando vê de novo o Gênio do ar, reconhece, toda alegre, o que lhe aconteceu. – ‘É verdade! Morri! Mas ressuscitei e agora presto um serviço muito melhor, numa ressurreição superior!’ – A. B. Simpson, postado por Unknown, terça-feira, julho 31, 2012.
Mas Jesus, sabendo disto, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? Ela praticou boa ação para comigo pois, derramando este perfume sobre o meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento. Em verdade vos digo: Onde for pregado em todo o mundo este evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua” (cf. Mt 26:10-13). Enquanto os discípulos lamentavam o “desperdício”, Jesus classificou o que Maria fez como “boa ação”.
“Cristo Se deleitava no sincero desejo de Maria de fazer a vontade de Seu Senhor. Aceitava a riqueza do puro afeto que Seus discípulos não compreendiam, não queriam compreender. O desejo que Maria tinha de prestar esse serviço a seu Senhor era para Ele de mais valor que todos os preciosos ungüentos da Terra, pois exprimia seu apreço pelo Redentor do mundo. Era o amor de Cristo que a constrangia. Enchia-lhe a alma a incomparável excelência do caráter de Cristo. Aquele ungüento era símbolo do coração da doadora. Era demonstração exterior de um amor nutrido por correntes celestiais e que chegara a ponto de extravasamento” (DTN, págs. 419, 420).
“Cristo disse a Maria o significado de seu ato, e com isso deu mais do que recebera. ‘Ora, derramando ela este ungüento sobre o Meu corpo’, disse Ele, ‘fê-lo preparando-Me para o Meu enterramento.’ Como o vaso de alabastro foi quebrado, e encheu toda a casa com sua fragrância, assim Cristo havia de morrer e Seu corpo ser quebrantado, mas Ele Se ergueria da tumba, e o perfume de Sua vida haveria de encher a Terra. ‘Cristo nos amou, e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta de sacrifício a Deus, em cheiro suave.’” (DTN, p. 418; grifos acrescentados).
Na história de Maria, temos um exemplo de ação valorizado por Jesus. A defesa de Jesus pelo ato de Maria foi porque ela fez o que “pôde” e fez como a melhor ação para aquele momento. “Para que este desperdício?” (Mt 26:8), ou, “Para que um prejuízo desses?”, ou, “Pena pelo ungüento [perfume]”, dificilmente pode-se ver um julgamento mais insolente, mais ofensivamente, mais desrespeitoso, atrevido, arrogante e grosseiro. Assim se entende que Maria desperdiçou o perfume, derramando-o, causando prejuízo, na opinião dos discípulos, e Judas pensava em aproveitá-lo melhor!
O cuidado dos pobres foi pretexto, ou seja, uma razão aparente, fictícia, que se alegou para dissimular, encobrir com astúcia, o motivo real do pesar de Judas que “era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam.” Aqui se estampa a atitude de tantos que se “escandalizam” com os valores gastos unicamente para a glória de Deus. Aos olhos destes, a oração, a adoração e, mais ainda, as vidas consumidas no amor e no louvor a Deus são desperdícios!
A unção feita por Maria acha-se nas Escrituras, mencionada como distintivo ou símbolo das outras Marias. Atos de amor e reverência para com Jesus são uma demonstração de fé nEle como Filho de Deus. E o Espírito Santo menciona como testemunho de lealdade para com Cristo: “[Honra as viúvas] Se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda boa obra” (cf. 1Tm 5:10). As palavras proferidas em indignação: “Por que é este desperdício?” recordaram vividamente a Cristo o maior sacrifício já feito, o dom de Si mesmo como propiciação por um mundo perdido!
O Criador foi tão generoso, tão liberal para com a humanidade perdida, que não se pode dizer que Lhe era possível fazer mais! No dom de Jesus, Deus deu todo o Céu. Sob o ponto de vista humano, esse sacrifício era um espantoso desperdício. Aliás, para o raciocínio humano todo o plano de salvação é um desperdício de misericórdias e recursos! De maneira apropriada podem os anjos celestiais contemplar, com assombro, a família humana que se recusa ser erguida e enriquecida com o ilimitado amor expresso em Cristo.
“Para memória sua” (v. 13). Com visão profética, Cristo falou com segurança a respeito de Seu evangelho, que deveria ser pregado por todo o mundo. E onde quer que ele se propagasse, a oferenda de Maria haveria de espargir sua fragrância, pois a sua boa ação refletia o mesmo espírito que havia movido a Jesus a descer a este mundo tenebroso (cf. Fl. 2:6-8). “Erguer-se-iam e cairiam impérios; seriam esquecidos nomes de monarcas e conquistadores; mas o feito dessa mulher seria imortalizado nas páginas da sagrada história. Até que não existisse mais o tempo, aquele partido vaso de alabastro contaria a história do abundante amor de Deus a uma raça caída” (DTN, p. 418, grifos acrescidos).
Essência é a palavra para nomear a concentração máxima, e a mais pura matéria para a fabricação do perfume. Os principais métodos são: a destilação, a pressão a frio, a maceração, e a enfleurage. Os últimos três consistem na maceração (macerar: machucar, mortificar) da matéria prima. As pétalas e as flores são amassadas até obter-se o sumo, a essência do perfume. Foi isto que aconteceu com a “Rosa de Sarom”: Cristo sofreu todos os tipos de pressão, foi macerado, pisoteado, moído e crucificado pelas nossas transgressões (cf. Ct 2:1; Is 53:5). Cristo é o Vaso de alabastro que ao sofrer, teve o corpo quebrantado. Se ergueu da tumba para inebriar o mundo de amor, paz e esperança. Ele é o continente [o que está por fora] e o conteúdo [o que está dentro]: o Vaso e o Nardo!
UM PERFUME VIVIFICANTE
“Para com Deus, há um cheiro refrescante e saudável em nossas vidas. É o perfume de Cristo dentro de nós, um aroma tanto para os salvos como para os não salvos ao nosso redor. Para aqueles que não estão se salvando, parecemos ter um odor temível de morte e condenação, enquanto para aqueles que conhecem a Cristo somos um perfume vivificante. Mas quem é competente para uma tarefa dessas?” (2Co 2:15, 16; A Bíblia Viva). Paulo e seus colaboradores bem como Maria constituíam o perfume vivificante de Cristo que Se manifestava por meio deles a fragrância das coisas espirituais.
O plano da redenção dotou a humanidade de grandes possibilidades: “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5:20), e em Maria se deviam as mesmas realizar. Mediante a graça de Deus, tornou-se participante da natureza Divina, aquela que havia sucumbido ao peso do pecado e cuja mente fora habitação de demônios, chegou bem perto do Salvador em associação e serviço. Os colaboradores da “hora undécima” (Mt 20:6) igualmente devem ser o “perfume vivificante de Cristo” (cf. 2Co 2:15). “Quando o amor de Cristo é abrigado no coração, Ele [Cristo], como o suave perfume, não pode ocultar-Se. Sua santa influência será sentida por todos aqueles com quem entramos em contato.” – Ellen G. White.
Quando o jornalista Henry Morton Stanley foi à África, em 1869 – 1871, para descobrir onde estava o Dr. Livingstone, explorador e missionário, Staley era ateu. Porém, depois de conviver algum tempo com Livingstone, tornou-se cristão. Mais tarde ele escreveu: “Vi ali esse velho homem solitário e perguntei para mim mesmo: Por que ele se detém neste lugar? Perdeu o juízo, ou o quê? Que lhe serve de inspiração? Pouco a pouco, porém, sua simpatia [de Livingstone] pelos outros tornou-se contagiosa; isto despertou a minha simpatia; vendo sua piedade, sua delicadeza, seu zelo, seu fervor, e como ele exercia sua atividade, fui convertido por ele, embora ele não procurasse fazê-lo. – MM, 1982.
DEUS, POR CRISTO, NOS CARREGA EM SEU TRIUNFO
“Graças sejam dadas a Deus, que, por Cristo, nos carrega sempre em seu triunfo e, por nós, expande em toda parte o perfume de seu conhecimento” (2Co 2:14; A Bíblia de Jerusalém). Na mente de Paulo, está aqui retratada a Festa do Triunfo, na qual o general romano entrava em Roma, vitorioso, aclamado pelas multidões e trazendo atrás de si os cativos capturados em batalha.
Na Festa do Triunfo era comum o general vitorioso estar entre dois grupos de escravos. Antes de sua caravana, ele era precedido por uma caravana de escravos que aceitaram livremente o domínio desse novo general. Estes foram alforriados, tornando-se, então, livres. Estas pessoas seguiam a pé na primeira comitiva, à frente do general, carregando grinalda de flores e vasilhas com incenso aromático perfumado. Estes ex-escravos retornariam à sua antiga terra como Embaixadores do Novo Governo, a fim de governá-la sob as ordens do novo império.
Mas, após a carruagem do general, vinha outra fila: Um segundo grupo de prisioneiros. Esses eram aprisionados rebeldes, impenitentes. Eles não aceitaram o domínio, o senhorio do novo comandante, por isso, arrastavam grossas e pesadas correntes nos pés e nas mãos. Esses eram prisioneiros que seriam mortos, juntamente com o general derrotado. Quando o cortejo, com o general vitorioso passava, as multidões soltavam brados de vitória. Aquele incenso aromático e as flores perfumadas que eram carregadas pelo primeiro grupo, iam extasiando o ambiente. Para o primeiro grupo de ex-escravos, agora livres, aquele cheiro “era aroma de vida para vida”, mas, para o segundo, “aroma de morte, para morte” (cf. 2Co 2:15, 16).
Paulo está declarando que os ex-escravos conquistados por Cristo (Jo 8:32, 36), o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (Ap 19:16), fazem parte do primeiro grupo. Eram oprimidos, agora são livres. Agora estão em Cristo e são o perfume vivificante de Cristo, instrumentos da manifestação da vitória de Deus, por meio de Cristo Jesus. O mesmo espírito que moveu Cristo a este mundo com Sua missão salvadora, é agora a função dos novos embaixadores (cf. Fl 2:6-8; Mt 24:14).
O ofício dos colaboradores de Cristo nunca resultará em neutralidade: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos, como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida” (2Co 2:15, 16). O mesmo Evangelho que salva, também condena; o sol que amolece a cera, é o mesmo que endurece o barro; o mar que salvou os judeus, condenou (matou) os egípcios.
“Jesus conhece as circunstâncias de toda alma. Podeis dizer: Sou pecador, muito pecador. Talvez o sejais, mas quanto pior fordes, tanto mais necessitais de Jesus. Ele não repele nenhuma criatura que chora, contrita. Não diz a ninguém tudo quanto poderia revelar, mas manda a toda alma tremente que tenha ânimo. Perdoará abundantemente todos quantos a Ele forem em busca de perdão e restauração” (DTN, p. 423).
O verdadeiro cristianismo vai além da mera teoria, êxtase de emoções, ou uma experiência candidamente fantasiosa. A religião “pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai,” é a escolha consciente de um novo senhorio, não mais nós mesmos, mas Cristo, que passará a viver Sua própria vida em nós. “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (cf. Gl 2:19, 20). Amém!
PASTOR VAGNER ALVES FERREIRA
JUBILADO – ANP/IASD
E-MAIL: [email protected]