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postado em: 4/8/2013
A PATERNIDADE DE DEUS
A paternidade de Deus é uma das mensagens bíblicas mais confortadoras. Há vários títulos pelos quais Deus é apresentado: o Deus dos Patriarcas, Criador, Sustentador, Juiz, Senhor, Senhor Todo-Poderoso, Deus zeloso, Senhor dos Exércitos e outros títulos semelhantes cujo conhecimento produz reverência, submissão, invocação, adoração, porém não cria proximidade e intimidade entre a criatura e o Criador.
A experiência de fé e esperança produz vasto alcance e importância no relacionamento com o nosso Criador. Pelo testemunho disponível nas Escrituras (cf. Mc 14:36), lemos que Jesus chamava Deus de Aba, palavra aramaica coloquial de intimidade, que significa “Papai”. Esta é, provavelmente, a expressão mais próxima de um nome pessoal para Deus. Aba era a palavra que as crianças usavam para dirigir-se a um pai atencioso, cuidadoso.
Que forma incrível de descrever a relação que o Deus do Universo tem com Seus filhos nascidos de novo! Aos escravos, no Império Romano, não se permitia usar esse termo. Por isso, as palavras de Paulo em Romanos 8:15, descrevendo a diferença entre a escravidão do pecado e o relacionamento do novo nascimento, adquirem um significado mais profundo: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.”
Esse tratamento deve ter chocado os líderes religiosos de Sua época por parecer irreverente e ofensivamente familiar. Mas a familiaridade não exclui respeito. Reverência e disposição para obedecer formam a base da compreensão que Jesus tem do Pai. Seu emprego extraordinário da forma afetuosa de Se dirigir a Ele subtende que podemos nos aproximar de Deus segura e confiadamente, sem medo algum.
OS ATRIBUTOS PATERNAIS DE DEUS
“Em todos os atos de benignidade praticados por Jesus, Ele procurou impressionar os homens quanto aos atributos benévolos e paternais de Deus. Em todas as Suas lições, procurava ensinar aos homens a verdade de que ‘Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna’. João 3:16...
“Jesus deseja que compreendamos o amor do Pai, e procura atrair-nos para Ele apresentando a Sua graça paternal. Deseja que todo o âmbito de nossa visão se encha com a perfeição do caráter de Deus. Na oração que fez pelos discípulos, diz: ‘Eu Te glorifiquei na Terra, consumando a obra que Me confiastes para fazer.’ ‘Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do mundo.’ João 17:4 e 6...
“Jesus veio ao mundo para exemplificar o caráter de Deus em Sua vida, e afastou as falsidades originadas por Satanás, revelando a glória de Deus. Era unicamente vivendo entre os homens que Ele podia revelar a misericórdia, compaixão e amor de Seu Pai celeste; pois, apenas por atos de beneficência, podia Ele salientar a graça de Deus. Firmemente estabelecida estava a incredulidade humana, e todavia não podiam resistir ao testemunho de Seu exemplo divino, Seus feitos de amor e de verdade”. – The Youth’s Instructor, 15 de dezembro de 1892.
VEDE O GRANDE AMOR DE DEUS (1Jo 3:1)
O apóstolo já havia apresentado a idéia de ser “nascido de Deus” (1Jo 2:29), e explica que este nascimento se deve à obra do amor divino. Esta adoção induz considerar esse amor e a característica de conduta que deve produzir no crente. Agora João pede a seus leitores que comungam as mesmas idéias que contemplem o imensurável amor do Pai. A admiração de João não conhece limites ao descrever que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, ppara que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
A experiência do pecado, com suas conseqüências, levou a humanidade a sentir-se indigna e separada de Deus, excluindo a idéia de comunhão com Ele. A Escritura Sagrada, de modo progressivo, revela que Ele é Pai e quer ser conhecido como tal. A culminância dessa revelação foi mostrada por Jesus quando nos ensinou a orar, dizendo: “Pai nosso, que estás nos céus...” (cf. Mt 9), e no diálogo com os Seus discípulos: “...Quem Me vê a Mim vê o Pai.” (cf. Jo 14:9).
“A generosidade da providência de Deus fala a toda pessoa semelhantemente, confirmando o testemunho de Cristo quanto à suprema bondade de Seu Pai. O Senhor quer que Seu povo compreenda que as bênçãos outorgadas a qualquer criatura,span style="mso-spacerun:yes"> ssão proporcionais ao lugar que essa criatura ocupa na escala da criação. Se mesmo as necessidades dos mudos animais são supridas, podemos nós apreciar as bênçãos que Deus concederá aos seres formados à Sua imagem?” – General Conference Bulletin, 1899.
“Deus é amor e cuida de nós. ‘Como um pai se compadece de Seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem.’ Sal. 103:13”. – The Youth’s Instructor, 14 de dezembro de 1893.
“[Jesus] Ele poderia ter apresentado aos seres humanos uma árvore do conhecimento de onde eles poderiam colher frutos através dos séculos; mas essa obra não era essencial para a salvação deles, e o conhecimento do caráter de Deus era necessário para seus interesses eternos.” – (Signs of the Times, 1º de maio de 1893).
Na adoção, conforme é praticada entre os cidadãos de uma comunidade, uma pessoa recebe o filho de outra em sua família, e lhe confere os mesmos privilégios de um filho natural. Com igual propósito, Deus adota a todos os que crêem em Jesus Cristo: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (cf. Gl 3:26). “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus” (cf. 1Jo 3:1).
A oração do Pai nosso (cf. Mt 6:9-15) exalta a relação de um pai completamente presente na necessidade humana. Um pai que Se permite ser chamado aba, pai [papai, paizinho]. Um pai soberano, onipotente e ao mesmo tempo próximo ao filho. Pai que nunca dá uma pedra ao filho que Lhe pede um pão (cf. Mt 7:9). Sem Deus como garantia de autoridade na experiência da paternidade, é impossível se restaurar a imagem e o lugar do pai/mãe na sociedade pós-moderna.
EXERCENDO A PATERNIDADE CRISTÃ
ÉÉ propósito de Deus que os pais cristãos tenham como objetivo o exercício da paternidade e maternidade responsável, vindo, como conseqüência, a realização humana. Escrevendo sobre a matéria, Elizabeth, médica ginecologista-obstétrica e autora, expressou o seguinte: “Não podemos falar de paternidade responsável, no sentido restrito e amplo da palavra, tomando por base valores transitórios. O valor da criatura gerada não pode estar subordinado a restrições e distorções do ambiente social ou submetido a uma lei contingente. A única análise possível é pela fé. De nada servem outros raciocínios” – Elizabeth Kipman Cerqueira, Preparação para o Casamento e para a Vida Familiar, p. 68.
A instituição que Deus estabeleceu, ainda no jardim do Éden, antes do pecado, unindo um homem e uma mulher de maneira específica para formar “uma só carne” é o que a sociedade chama de família. O ambiente formado pelo amor de todos os membros da família de uns para com os outros cria a instituição chamada de “lar”, que tem a máxima importância na vida do ser humano, pois é berço de hábitos, caráter, crença e moral. Então, podemos afirmar, da forma como caminha o lar, caminha o mundo. o:p>
Portanto, ser pai não é apenas fornecer o DNA ou o sobrenome. É entender que é responsável, perante a sociedade e ao Doador da vida, pelas suas ações ou justificá-las perante outrem. Ser pai é amar, proteger e educar o filho nos valores cristãos éticos, o que constitui uma tarefa muito trabalhosa e desafiadora, pois o mundo pós-moderno prega o relativismo em relação aos valores sagrados e aos bons costumes de épocas passadas.
TTodavia, a experiência de ser pai é um comovente e precioso dom de Deus, que pode ser biológico ou de criação. Isso é sem valia. Jacques Lusseyran, cego francês desde os 8 anos, autor e ativista político, declarou em sua biografia que o amor que seus pais nutriam por ele, era como a armadura mágica que, uma vez colocada, protege por toda a vida. A paternidade cuidadosa é uma convocação para o despertar de uma nova consciência e um novo propósito para as possibilidades, benefícios e desafios da obra de educar os filhos.
PAPAI, VOCÊ ESTÁ ACORDADO?o:p>
OO título acima pertence a Floyd Melvin Hammond, autoridade geral da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja Mórmon), ao relatar uma história ocorrida na companhia de seu filho. Leiamos o texto:
Há muitos anos, levei nosso filho único para uma pescaria e acampamento – ele era um garotinho. O desfiladeiro era íngreme e a descida foi difícil. Mas, a pescaria foi boa. Todas as vezes que eu fisgava um peixe, dava a vara de pescar para o rapazinho ansioso que, com gritos de alegria puxava a linha com uma bonita truta. Ao cair da tarde, entre as sombras e o frio do fim do dia, começávamos nossa escalada de volta para a beira do desfiladeiro bem acima de nós.o:p>
Ele escalava a montanha rapidamente à minha frente com um desafiador: “Vamos lá, Papai, aposto que posso chegar lá em cima antes de você.” O desafio era ouvido, mas sabiamente ignorado. Seu corpinho parecia literalmente voar por cima, à volta e por baixo de cada um dos obstáculos. E, quando cada passo que eu dava parecia ridicularmente semelhante ao último, ele chegara ao topo e ali ficava animando-me.
Depois do jantar, ele se ajoelhou em oração. Sua voz infantil elevou-se em direção ao céu bendizendo o dia que tivéramos. Então, ele entrou em nosso grande saco de dormir e, depois de empurrar e puxar para cá e para lá eu sentia seu corpinho ajeitar-se e arrumar-se bem junto ao meu para agasalhar-se contra o frio e para sentir-se seguro contra a noite.
Ao observar meu filho junto a mim, senti subitamente uma onda de amor percorrer meu corpo com tal força que encheu-me os olhos de lágrimas. E, naquele momento preciso ele me envolveu em seus braços pequeninos e disse: “Papai?” “O que é, meu filho.” “Você está acordado?” “Sim, filho, estou acordado.” “Papai, eu amo você um milhão, um trilhão de vezes.”
E imediatamente dormiu. Mas eu fiquei acordado durante boa parte da noite, expressando meus grandes agradecimentos por bênçãos tão maravilhosas envolvidas pelo corpo de um menininho. Hoje meu filho é um homem, e tem seu próprio filho. De vez em quando nós três vamos pescar. Olho para o meu netinho, de cabelos vermelhos, ao lado do pai, e aos olhos de minha mente vejo a imagem daquele momento maravilhoso de muitos anos antes. A pergunta feita com inocência: “Papai, você está acordado?”, ainda ressoa em meu coração. Proponho, a todos os pais, a mesma pergunta pungente: “Papai, você está acordado?”
PASTOR VAGNER ALVES FERREIRA
JUBILADO – ASSSOCIAÇÃO NORTE PARANAENSE/IASD
EMAIL: [email protected]