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postado em: 29/4/2011
Falando Francamente
Imitadores
Geralmente menosprezamos os imitadores e quase sempre os classificamos como clones incapazes de ter luz própria, vivendo sempre a reboque dos outros.
Mas nem toda imitação é ruim e deve ser evitada. Há uma espécie de imitação desejável e até mesmo recomendada. O fato é que todo genuíno cristão precisa imitar e ser imitado em sua vida espiritual. O apóstolo Paulo aconselha: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1Co 11:1). E reforça esse conceito em Filipenses 3:17: “Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos.”
Sem exagero, tenho ouvido centenas de vezes, gente do nosso meio empregar um chavão mais ou menos assim: “Não olhe para mim nem para aqueles que estão ao seu lado, olhe somente para Jesus.” Uma frase bonita, de efeito, mas com significado absolutamente pobre e equivocado.
Chego a pensar que essa recomendação – não olhe para mim, olhe para Jesus –se encaixa bem como uma conveniente desculpa para se eximir da obrigação de seguir o padrão divino de conduta. Parece tão piedoso dizer: não sou exemplo para ninguém. Ora, que cristão mais humilde!
Será que esse argumento tem base bíblica? Pode pesquisar à vontade. Pessoalmente, não consegui encontrar um único texto bíblico que dê algum apoio a essa tese. Há, sim, muitas exortações para que olhemos para Jesus, mas existem, igualmente, outras tantas no sentido de que nos tornemos padrão de conduta cristã para nossos semelhantes. Há até mesmo aquele texto – motivo de incontáveis interpretações – em que Jesus nos ordena que sejamos perfeitos como Deus: “Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mt 5:48). Seja lá que rumo uma exegese desse texto possa tomar, fica muito claro que devemos refletir o caráter de Deus quando passamos pelo novo nascimento e seguimos rumo à santificação (“sem a qual ninguém verá o Senhor” – Hb 12:14). E isso é possível pela ação diária do Espírito Santo em nossa vida. Claro, se permitirmos que Ele nos dirija.
Paulo recomendou aos crentes que olhassem para ele, que o imitassem. Interessante!
Não creio que o apóstolo estivesse demonstrando qualquer soberba ao pedir que as igrejas o imitassem, pois ele tinha plena consciência de suas falhas. Era tão pecador como qualquer um de nós. Romanos 7:18-24 ilustra bem sua terrível luta contra o pecado.
Entretanto, Paulo queria ser imitado principalmente em sua busca pela graça de Cristo e sua total dependência dessa graça. Seus escritos são muito claros quanto a isso. Ele declara ser um imitador de Cristo, daí sua autoridade para pedir às igrejas que também o imitassem.
Alguém poderá dizer: quem sou eu, perto do grande apóstolo Paulo? É verdade. Não é mesmo. Nem eu! E, talvez, você e eu também nunca tenhamos perseguido a igreja nem cometido metade dos pecados de Paulo, antes de sua conversão. A graça que alcançou o perseguidor e o transformou no grande apóstolo aos gentios é a mesma graça que está disponível para cada um de nós. Portanto, temos iguais condições para nos tornar padrão para os outros, sim senhor!
É tempo de acabar com essas desculpas esfarrapadas de que “sou um miserável pecador e não sou digno de ser imitado”. Temos de abandonar o conceito laodiceano de achar que a mornidão é uma condição natural e aceitável para os crentes de hoje. Você gostaria de estar entre aqueles que o Senhor “está a ponto de vomitar” de sua boca? Eu não! Quando alguém pensa e age assim, está declarando que o Senhor não tem poder para transformá-lo à Sua semelhança e está tudo bem continuar em Laodiceia.
Claro, é absolutamente essencial que reconheçamos nossa condição de pecadores e nossa completa dependência dos méritos de Cristo. Mas somos exortados a chegar ao ponto de declarar, como Paulo, “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Assim, estaremos preparados para dizer a quem quer que seja: “você pode me imitar, pois eu sou imitador de Cristo”.
Somente tem autoridade para pregar o evangelho com poder aquele que puder afirmar, com toda sinceridade que, unicamente pelos méritos da Graça de Cristo, seu caráter, a cada dia, está se tornando um reflexo do caráter dEle. Então, as pessoas poderão olhar para nós, para nosso caráter e dizer: “Eu também quero viver assim. Quero seguir seu exemplo de cristianismo. Desejo entregar minha vida para que Deus trabalhe em mim do mesmo modo como está agindo em você.!”
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