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postado em: 24/6/2011
Falando Francamente
Perdoa-nos, Assim Como Perdoamos
Há cerca de quatro anos, vendi dois aparelhos celulares semi-novos para um rapaz que havia feito alguns serviços de manutenção elétrica em minha casa. Na época, embora fossem aparelhos de muito boa qualidade, vendi-os pela metade do preço, em consideração aos bons serviços prestados.
João (o nome não é real) me pediu um pequeno prazo para o pagamento, no que concordei prontamente, pois até então, ele me parecia digno de confiança. O prazo venceu e João não me procurou. Sequer respondeu a vários recados que lhe mandei por meio de um amigo dele.
Pessoalmente, nunca mais o vi. Tempos depois, meu filho o encontrou casualmente na rua e João pediu mais um prazo, alegando que se encontrava num período difícil de trabalho. Ele garantiu que poderia pagar tudo dentro de um mês.
Desde então, mais de três anos se passaram e João “sumiu do mapa”. Ele sabia onde eu morava, tinha meu número de telefone, mas simplesmente me deu o legítimo calote.Fiquei muito aborrecido, como seria natural, entretanto, com o tempo, acabei me esquecendo do assunto.
Uns três meses atrás, vi João trabalhando num setor de um supermercado onde faço normalmente minhas compras. Aquele sentimento de raiva renasceu em mim. Nem tanto pela dívida, mas pelo fato de ele ter deixado de pagar sem ao menos me dar qualquer satisfação, ainda que fosse uma desculpa esfarrapada.
Passei diversas vezes por perto do setor onde ele trabalha, mas relutei em abordá-lo. Já fazia tanto tempo, talvez não valesse a pena levantar um problema que ficara no passado. Só que aquela dívida teimava em voltar à minha mente cada vez que eu ia ao supermercado e o encontrava por lá.
Finalmente, decidi que tinha de falar com ele. Não queria ficar guardando aquele aborrecimento comigo. Aproximei-me dele e o lembrei da dívida. João, visivelmente constrangido, me reconheceu e disse que eu tinha toda razão em cobrá-lo. Realmente estava em falta comigo. Um bom começo!
Propuz-lhe um acordo. “Vou reduzir sua dívida a bem menos da metade, apenas para que não fique essa pendência entre nós.” Ele concordou e até agradeceu o desconto que lhe dei. “Na próxima semana, quando receber meu pagamento o senhor pode passar aqui e com toda a certeza vou fazer o acerto.”
No dia combinado, pela manhã, em meus momentos de devoção com Deus, o Espírito Santo começou a falar ao meu coração. Quantas vezes você pecou e foi perdoado sem merecer. Lembra-se? É claro que me lembrava. Foram vezes incontáveis. E você sempre faz a Oração do Senhor, não é mesmo? É verdade, quase todos os dias.
Naquele momento comecei a entender o que o Espírito Santo estava querendo me dizer. Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos...
Não havia nada de errado em receber o que me era devido. E era somente uma parte. No entanto, o propósito do Senhor em ministrar ao meu coração era que eu reconhecesse o quanto já havia sido perdoado sem ter qualquer merecimento. Foi um momento em que me quebrantei diante do Senhor e o louvei por Sua preciosa graça que me alcançou e me perdoou.
Como Deus é maravilhoso.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (João 3:16).
Faríamos bem em meditar mais vezes nesse conhecido texto que tantas vezes citamos de cor sem pensar mais profundamente no seu significado.
Naquele dia, fui ao supermercado não para receber o pagamento da dívida, mas para dizer ao João que ele estava perdoado. Isso aconteceu exatamente no momento em que ele abria a carteira e tirava o dinheiro para acertar a dívida. “Guarde seu dinheiro, amigo, você está perdoado.”
Com os olhos marejados de lágrimas, ele me mostrou o dinheiro separado para fazer o pagamento e disse: “Senhor Wilson, não sei o que lhe dizer. Não mereço esse perdão, é justo que eu pague o que lhe devo.” Dei-lhe um grande aperto de mão e confirmei: “Você não me deve mais nada. Sua dívida está quitada comigo, não por causa de qualquer generosidade minha, mas porque hoje Deus cedo me mostrou o quanto que Ele já me perdoou e por isso quero repartir um pouco desse perdão e amor com você.”
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Mateus 6:12).
Faça essa oração hoje e escolha alguém que lhe deva alguma coisa. Pode não ser dinheiro, talvez uma ofensa. E na maioria dos casos, essa pessoa não merece ser perdoada. No entanto, perdoe e verá como aquela paz “que excede todo o entendimento” vai invadir seu coração. Foi essa paz que eu senti naquele dia.
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