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postado em: 20/10/2011
Falando Francamente
NO MEU TEMPO...
Dias atrás encontrei-me com um colega de trabalho. Dois anos mais velho que eu, aposentou-se no ano passado. Ele comentou acerca de uma certa “aposentadoria compulsória involuntária” que estava sentindo em relação a diversas atividades que não precisariam necessariamente ser interrompidas com o fim da atividade profissional remunerada. Dizia-me ele que poderia ser ainda útil com sua experiência, mas simplesmente havia sido “descartado” por aqueles que permaneciam na ativa.
Isso me fez lembrar o que Paulo disse aos gálatas: “Quanto aos que pareciam influentes — o que eram então não faz diferença para mim; Deus não julga pela aparência — tais homens influentes não me acrescentaram nada” (Gl 2:6).
De alguma forma também já passei por esse questionamento, mas aprendi que ninguém tem o direito de determinar minha capacidade de ser útil. É algo que depende de mim. Há um universo tão grande de coisas que posso fazer que teria de viver mais uma centena de anos e não daria conta de tudo.
A idade traz certas limitações, sem dúvida, principalmente as de caráter físico. E temos de aprender a conviver com elas. Sempre fui meio aventureiro, gostava de explorar matas, cavernas, trilhas, acampar na serra do mar... hoje tenho outros campos para minha aventuras.
O envelhecimento é inexorável. Só nos livraremos dele na Nova Terra. Assim, enquanto caminhamos nessa direção, é bom nos prepararmos para envelhecer com qualidade. Não há nada mais desagradável do que estar em companhia de uma pessoa idosa na idade do “comdor” que reclama de tudo e a frase que mais usa é: “Ah! No meu tempo...”
É preciso lembrar que o “meu tempo” de todos nós é exatamente hoje, agora. Tempo não é passado nem futuro. Sobre o passado já não temos controle. O que fizemos ontem, antes de ontem... passou. O amanhã não chegou. Nem vai chegar, pois quando estiver presente será hoje.
Uma tia, por parte de pai, viveu 101 anos. Faleceu há poucos meses. Eu a visitei diversas vezes e como era agradável estar com ela. Extremamente lúcida, falava sobre tudo, menos acerca de queixas ou reclamações. Tinha sempre um agradável sorriso nos lábios e costumava dizer que não temia a morte, mas queria desfrutar o melhor da vida.
Bem, até aqui, meu discurso foi para os “mais experientes”, para que sejam pessoas agradáveis e os mais jovens gostem de estar em sua companhia.
Agora quero deixar meu recado para os que ainda estão a caminho dessa experiência, os mais jovens (mais jovens, porque em relação a Matusalém, mal chegamos à adolescência!). Trate bem os mais velhos por uma única razão: você também vai chegar lá. E demora bem menos do que imagina. Posso me lembrar que não faz muito tempo, eu era o caçula da escola, o caçula dos primos, o caçula do coral, o caçula do quarteto... E se você quiser colocar os mais velhos em “aposentadoria compulsória”, posso lhe garantir que a perda não será deles, pois sempre terão outros campos para continuar dando sua contribuição valiosa. E digo mais, se você costuma ter esse tipo de atitude, certamente já é forte candidato a se tornar um daqueles velhos azedos, agarrados ao “meu tempo”.
Meu pai costumava citar uma frase que havia lido num livro, ainda na sua juventude: “Trate bem as pessoas enquanto estiver subindo pois vai reencontrá-las quando você estiver descendo”.
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