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postado em: 12/11/2012
Tempos atrás, certo pastor me relatou que alguns jovens, líderes em sua igreja, resolveram descobrir como era uma balada. Decidiram que seria apenas um vez, “pura curiosidade”. Sabendo que estavam “pisando no tomate”, tomaram todas as precauções para não serem pilhados no ato. Só que o mesmo inimigo que incita a fazer alguma coisa errada, sempre dá um jeito para que o “baú da felicidade instantânea” seja logo aberto e as coisas venham à luz. Pois foi o que aconteceu. Não muito tempo depois, “por acaso”, o escorregão daqueles moços chegou sorrateiramente aos ouvidos de um membro influente da comissão da igreja. O tema foi levantado na reunião seguinte e o pastor foi surpreendido, pois nada fora tratado com ele antes. Logo, as sugestões de disciplina começaram a pipocar: “Acho que seis meses de gancho estaria de bom tamanho”, recomendou um diácono. “É pouco” interveio um ancião. “ Tem que ser no mínimo um ano, ou logo vamos ter outros baladeiros na igreja”. Uma voz grave soou lá da última cadeira: “Irmãos, diante da vergonha a que todos nós fomos expostos com essa atitude dos rapazes, não vejo outra saída a não ser a exclusão imediata de todos eles. Temos que chamar o pecado pelo nome!” – determinou o primeiro ancião. O pastor escutou em silêncio cada um das sugestões. Então, todos os olhares se voltaram para ele. – Tenho uma pergunta bem simples para os irmãos – disse o pastor com muita sutileza. – Acaso alguém, dos que aqui estão, já falou com esses jovens? – Acho que não, mas nem seria preciso – respondeu meio irritado um dos anciãos. – Eles sabem muito bem o que fizeram. – Bem, se é assim... – o pastor fez uma pausa. – Mas... talvez... imagino que os irmãos ao menos dedicaram algum tempo para orar em favor desses jovens... não foi? – !!! Silêncio absoluto. – Então – disse o pastor com firmeza – não estamos em condições de aplicar qualquer disciplina a esses jovens, pois não cumprimos nosso dever como líderes espirituais nem aplicamos a eles o método bíblico para tratar com um irmão faltoso. Se dermos disciplina para eles, teremos todos que sofrer disciplina também por não cumprir nosso dever. Façamos o seguinte: vou primeiro visitar esses jovens, depois trarei novamente o assunto para a comissão. Ao encontrar-se com cada um dos jovens, o pastor mostrou-lhes, de modo muito amoroso, que eles haviam cometido um deslize, indo a um lugar impróprio para jovens cristãos e, além disso, eles representavam toda a igreja como líderes. O pastor os convidou a se arrependerem e confessar seus erros diante de Deus. Assim, ele orou com cada um em particular, terminando a visita com oração e um forte abraço: – Querido, você é muito importante para a igreja, para mim e para Deus. Jamais se sinta rejeitado por seus irmãos. O resultado foi surpreendente, conforme relatou o pastor mais tarde. Esses jovens não apenas se arrependeram e confessaram suas faltas, mas compreenderam sua responsabilidade como filhos especiais de Deus. Também sentiram que eram amados por seu pastor e pela igreja (bem, nem todos os membros, mas não precisariam ficar sabendo do que aconteceu na comissão). Esses moços continuam ativos e comprometidos com os princípios cristãos. O pastor nem precisou aplicar disciplina a eles, pois o assunto não se tornou público. Não desejo questionar a necessidade de disciplina na igreja. Ela é útil, muitas vezes. Mas em determinadas casos, ao invés de resgatar, ela afasta as pessoas, pois não é aplicada com o devido amor. A propósito, a palavra “amor” tem sido desgastada no meio cristão. Ela é muito usada e pouco “praticada”. Somos muito apressados em “defender” a verdade e os princípios, mas muito lentos em aplicar o amor aos que estão mais carentes desse sentimento. Quando Jesus andou por esse mundo, espalhou amor e não condenação. “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (João 3:17). Poucas vezes Jesus empregou palavras severas. E quando o fez foi para repreender os religiosos de seu tempo, os quais não tinham a menor consideração pelas pessoas. Numa das últimas reflexões que preparei para esta coluna, falei que o amor precisa ser firme. E não retiro uma palavra daquele texto. No entanto, precisamos ter discernimento correto para saber quando agir com firmeza e quando tratar as pessoas com longanimidade. Um abraço, uma palavra de ânimo e estímulo podem trazer de volta alguém que esteja se afastando dos caminhos do Senhor. Ah, como o abraço fraterno e sincero faz milagres! Muita gente na igreja precisa desse abraço, acompanhado de palavras reconfortantes. Um dos pedidos que minha esposa e eu temos feito a Deus, cada vez que saímos para a igreja, é que Ele nos mostre alguém que esteja precisando desse abraço fraterno. Temos colhido frutos maravilhosos para o Senhor através dessa atitude. Não é raro alguém nos agradecer, dizendo que estava se sentido desanimado. O abraço e as palavras de conforto mudaram seu dia. Estava conversando sobre isso com um amigo dias atrás e ele me disse: – Ora, a gente abraça todo mundo na igreja! – Sim – concordei – mas não estou falando desse tipo de abraço costumeiro. Há um jeito especial de abraço que atinge diretamente o coração. Está lançada a campanha do abraço. Antes de apontar o dedo para alguém, estenda-lhe os braços e verá os milagres que esse abraço fraterno e amoroso pode fazer na vida dos seus irmãos. Envie sugestões e comentários: [email protected]