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postado em: 22/2/2013
Falando Francamente
Onde Estão os 32 Milhões?
Recentemente ouvi um líder de Igreja afirmar que em 1963, ocasião em que a Igreja Adventista completou o primeiro centenário de sua organização, havia um milhão de membros ativos em todo o mundo. Se, a partir dessa data, nenhum novo converso fosse acrescentado ao rol de membros da igreja e apenas as crianças nascidas em lares adventistas se mantivessem na fé, hoje teríamos 50 milhões de membros ao invés dos 18 milhões inscritos oficialmente nos registros da igreja mundial.
Nem sempre certas estatísticas são muito confiáveis, especialmente aqueles baseadas no achismo. Nesse caso, porém, tenho razões para acreditar que exista uma boa lógica nesses números, simplesmente pela constatação de que um grande contingente de filhos de adventistas não permanecem na igreja na adolescência. É curioso observar que, até dentre os próprios descendentes da família White, uma das fundadoras da Igreja, bem menos da metade são hoje adventistas.
Vamos, então, falar francamente, sem meias palavras: Se cremos fazer parte de uma Igreja que segue inteiramente os padrões bíblicos, que possui uma mensagem profética e está incumbida de uma missão específica para o contexto religioso atual, é impossível não admitir que algo esteja fora do rumo. As estratégias para a permanência dos membros na Igreja teriam de ser repensadas. A porta dos fundos parece estar atraindo mais gente do que a porta da frente. Se o número de membros não tem decrescido até então, o fato pode ser atribuído ao grande empenho evangelístico que supera com razoável saldo positivo as apostasias.
Investimos milhões nas mais variadas formas de evangelismo para atrair multidões para Jesus. E os resultados nesse campo realmente são animadores. Em todo o mundo, há mais de um batismo por minuto, em média. E uma nova igreja surge a cada cinco minutos. Deus seja louvado! Por essa razão somos hoje 18 milhões de membros.
Agora, vem o lado desagradável que ninguém gosta de enxergar: Onde estão os 32 milhões que seriam os descendentes das famílias adventistas, nascidos a partir de 1963? Morreram? A maioria não, certamente! Os mais velhos têm hoje 50 anos ou menos. A verdade é que eles simplesmente não estão mais na igreja. Seriam membros de outras igrejas? Talvez, uns poucos. A maioria está mesmo longe de Jesus. Uns ainda conservam alguns princípios aprendidos na infância, outros estão de fato no “mundão” e nem querem ouvir falar em igreja. Conheço um casal precioso, ambos adventistas de terceira geração, que hoje sequer aceitam receber a visita de alguém da igreja.
Isso não nos deveria deixar todos com os “cabelos em pé”?
O que está acontecendo com essa “geração de berço”?
Quais as causas para essa atitude tão negativa em relação à igreja?
Seria a condição laodiceana? Não creio que seja a principal, embora seja uma delas.
Sinceramente, uma análise dessas razões não poderia ser de forma simplista e superficial. Seria necessário empreender um estudo sério e profundo para encontrar urgentemente uma forma de fechar a porta dos fundos da igreja, especialmente em relação à geração que vem de berço.
Tenho pesquisado um pouco alguns aspectos ligados aos relacionamentos entre os membros das famílias cristãs. Posso assegurar, sem receio de errar, que as apostasias dos filhos têm suas raízes primordialmente no seio das famílias.
Então, vamos agora crucificar os pais por isso? Não. Absolutamente! A maioria deles tem todo o interesse em manter seus filhos nos caminhos do Senhor. Acontece, porém, que muitos usam as ferramentas inadequadas para conseguir esse objetivo e o resultado é exatamente o oposto. Mesmo que as atitudes não sejam exatamente intencionais, os pais agem de modo incoerente em relação aos princípios que defendem. O relacionamento entre os cônjuges nem sempre espelha o que a Palavra de Deus recomenda em aspectos como cortesia, perdão e, sobretudo, amor.
Quantas famílias têm sua Bíblia pelo menos aberta em 1 Coríntios 13? Quantas leem esse magnífico hino ao amor uma vez por mês? Isso ainda seria muito pouco. E que tal a prática dos princípios apresentados nesse texto incrível? Não é preciso decorar I Coríntios 13, basta praticar suas recomendações. Tenho certeza de que dez por cento já fariam uma enorme diferença.
Como mencionei há pouco, as razões para a apostasia geracional podem ser variadas e complexas, mas o fortalecimento das relações familiares certamente seria um fator de grande importância para estancar essa evasão em massa. E isso tem que começar com as lideranças, em todos os níveis, pois a desculpa de que os liderados não devem olhar para os líderes e sim para Jesus é uma interessante saída para quem não gosta do texto do apóstolo Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (I Coríntios 11:1).
É tempo de parar de fingir que nada está acontecendo. O problema precisa ser identificado e atacado com urgência e eficácia. Você quer ver seus filhos nas Mansões Eternas? Eu também.
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