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postado em: 17/4/2013
Falando Francamente
RELIGIOSIDADE X CRISTIANISMO
Você está dirigindo seu carro na pista da esquerda, ultrapassando alguns veículos mais lentos, e um carro vem logo atrás, piscando os faróis, tocando insistentemente a buzina. Quase lambendo o para-choque do seu carro, ele parece dizer: “Saia da minha frente, sou mais importante, tenho compromissos e você está me atrapalhando!”
Falando francamente, qual é, em geral, a nossa reação? Muitas vezes, é colocar a mão para fora e fazer o sinal que indica “passe por cima”. Em outras ocasiões, frear bruscamente para assustar o atrevido. No mínimo, algumas palavras irritadas saem automaticamente de nossa boca. Palavrões? De jeito nenhum, afinal somos religiosos. Será? Infelizmente, conheci alguns líderes espirituais que tinham a “boca suja”.
Quem já não teve reações negativas no trânsito? Confesso que agi assim muitas vezes e costumava dizer: “Quem este sujeito pensa que é? Estou na velocidade correta, ele que espere. Não vou acelerar um milímetro.” Certa vez, dei uma freada tão repentina que o motorista do Fusca que vinha atrás de mim quase perdeu o controle do veículo e, por pouco, não capotou. Eu me senti todo orgulhoso. Yes!!!
Hoje, embora essas tentações ainda me persigam vez por outra, sempre peço que o Senhor controle minhas ações no trânsito. Imagino que o sujeito pedindo passagem pode estar realmente enfrentando uma emergência e eu não tenho o direito de impedir que ele siga seu caminho.
Por vezes, sinto até que deveria interceder por ele em oração. Mas se o indivíduo estiver agindo dessa forma por causa de sua prepotência, o problema é dele, não meu. E, quanto mais rápido ele se afastar de mim, menor risco eu corro de sofrer um acidente.
E somos cristãos! Ou apenas religiosos?
A principal característica da religiosidade está descrita em II Timóteo 3:5: “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela”.
Ela também opera de forma semelhante a outra metáfora usada por Jesus: o fermento, que não acrescenta valor nutritivo à massa, apenas a infla. Da mesma forma, a religiosidade nada adiciona à vitalidade da igreja, apenas faz crescer o orgulho humano.
Satanás sabe que o fermento impregnado na massa é quase impossível de ser removido. Assim, o orgulho é um das fortalezas humanas mais difíceis de serem derribadas. Foi o orgulho a causa do surgimento do mal no universo.
A religiosidade nos impede que ouçamos claramente a voz de Deus, pois achamos já ter conhecimento suficiente para cuidar de nossa vida espiritual. Ela nos leva a valorizar muito mais o conhecimento em si do que ter uma experiência cristã de relacionamento íntimo com o Senhor.
Uma frase que se ouve frequentemente é: “quando conheci a verdade...” Uma pergunta que precisa ser feita: que verdade foi conhecida? Uma determinada doutrina, ainda que bíblica? Sim, é importante ter bom conhecimento doutrinário, mas acima dele está o conhecimento da “Verdade”: Jesus. É Ele, por meio do Espírito Santo, que nos conduz ao verdadeiro conhecimento da vontade de Deus.
Um dos grandes enganos do espírito de religiosidade tem fundamento no “zelo por Deus”. Paulo fala claramente a esse respeito: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento” (Rm 10:2). O apóstolo se referia aos religiosos de sua época, estritos guardadores dos preceitos divinos, conhecedores profundos da Lei, mas sem uma verdadeira experiência de comunhão com Deus.
Em resumo, a religiosidade procura suprimir o Espírito Santo como fonte de vida espiritual, substituindo o verdadeiro arrependimento que conduz à graça pelo arrependimento com base no desempenho. O resultado é a troca da humildade e total dependência de Deus pelo orgulho. Basicamente, esse seria o “lado bom” da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Deus proibiu que essa árvore fosse tocada, pois ela produz a morte espiritual.
O cristianismo nada tem a ver com religiosidade. Está fundamentado em dois simples mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Mesmo os religiosos dizem amar a Deus. A diferença está entre falar de um amor apenas filosófico, fácil de ser expresso, e desenvolver um amor que realmente entrega ao Senhor a direção de sua vida. O orgulho precisa ser vencido completamente para que essa realidade se torne presente.
Jesus, em sua humanidade, mostrou claramente que Ele apenas fazia as obras do Pai, dependendo inteiramente dEle.
Amar o próximo é fácil para o religioso. Na teoria. Não é difícil dar um abraço em nosso irmão no assento mais próximo, nos momentos de confraternização antes do culto, e dizer-lhe “Amo você em Jesus”. Só que ele está precisando de um transplante de rim. Você lhe doaria um dos seus? Bem, é fácil comprovar que a teoria é bem mais difícil na prática.
Afinal, onde nos enquadramos? Somos religiosos ou cristãos verdadeiros? Se nosso primeiro sentimento é de que alguns de nossos irmãos precisariam ler essas considerações, cuidado! Talvez nós mesmos estejamos resvalando no espírito de religiosidade. Quem sabe seria bom reler I Coríntios 13.
Imagine como a igreja poderá ser tornar mais forte e mais amorosa quando o verdadeiro cristianismo conseguir superar a religiosidade! E esse movimento precisa começar com cada um de nós, individualmente. É algo que caminha do particular para o geral, não como um movimento coletivo.
Procuremos identificar se temos algum resquício de religiosidade em nosso coração e peçamos que o Espírito Santo nos transforme em verdadeiros e humildes cristãos. São os tais adoradores que o Senhor está buscando.
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23).
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