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postado em: 20/10/2014
O CRISTÃO É APOLÍTICO?
Lembro-me de ter tratado desse tema quatro anos atrás nesta coluna.
Não vou reprisar o que escrevi naquela ocasião, mas quero reafirmar que o fato de não nos prender “a um jugo desigual com os incrédulos em luta política” não nos isenta da responsabilidade de cumprir nosso papel inalienável nos destinos da nação.
Percebo que, em relação às eleições deste ano, os debates se tornaram mais acalorados e frequentes entre os cristãos.
Sem dúvida, considero um fato positivo, pois mostra que estamos deixando de assumir uma posição que ouso chamar de “alienação política” para adotar uma atitude mais participativa como cidadãos.
No entanto, com o crescimento exponencial das redes sociais, tenho observado alguns debates pouco construtivos, chegando às raias da agressividade, o que não é uma atitude legitimamente cristã. É bom lembrar que Deus nos concedeu livre arbítrio para tomar decisões. Assim, podemos expressar opiniões, desde que tenhamos respeito pelos que pensam de forma diferente e não sejamos agressivos com eles.
Estamos vivendo um tempo em que muitos líderes políticos têm seguido um viés moral e familiar que afronta os mais claros princípios cristãos expostos na Palavra de Deus.
Nesse contexto, que posição deveríamos tomar, como embaixadores do Reino de Deus? Simplesmente nos calar?
Certamente, nosso reino não é deste mundo, como afirmou Jesus. Porém, enquanto estamos por aqui temos de exercer nossa cidadania. Diante disso, adotar uma posição de neutralidade diante de atitudes políticas contrárias ao que cremos é abrir mão de exercer uma influência positiva como “sal da terra”.
O verdadeiro cristão deve assumir uma posição firme e ativa na escolha dos governantes, e jamais contribuir para colocar numa posição de comando da nação, seja no poder legislativo ou no executivo, pessoas que expressam claramente suas ideias e filosofias absolutamente contrárias ao que cremos como cristãos. Talvez não possamos impedir que tais pessoas cheguem ao poder, mas ao menos não seremos cúmplices de tê-las apoiado.
É claro que devemos respeitar aqueles que não adotam o cristianismo e não creem nos mesmos princípios que adotamos. Somos um país laico. Porém, não podemos concordar que nos imponham suas filosofias, que interfiram em nossa vida pessoal, como temos visto em alguns casos. Por isso, precisamos fazer as escolhas com a consciência limpa, pedindo discernimento ao Senhor. Há, neste momento, cristãos piedosos intercedendo, com jejum e oração pelo nosso país, para que o Senhor não permita que caiamos nas mãos de governantes inescrupulosos.
Ninguém pode se declarar “apolítico”. A alienação em assuntos políticos já é tomar partido– e no caso, uma atitude inteiramente negativa. Deixar de votar ou anular o voto – embora seja um direito legítimo – é uma forma de ajudar a eleger alguém que não escolhemos. Como o sistema político de nosso país é representativo, aqueles que são colocados no poder representam o povo que os escolheu. A omissão acaba nos tornando responsáveis pela escolha de um legislador ou um governante que, muito possivelmente, não nos represente bem.
Não é fácil escolher um bom político num cenário em que a corrupção parece ser a conduta normal, não a exceção. Portanto, é preciso orar a Deus, pedindo sabedoria para que cumpramos nosso dever cívico com discernimento, escolhendo alguém que ao menos defenda os mais sagrados princípios de justiça e liberdade.
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