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postado em: 3/1/2011
Falando Francamente
CAIXINHA LACRADA
Poucos dias atrás fui convidado para realizar uma cerimônia de casamento. Os noivos, meus amigos, são fiéis e sinceros cristãos. Havia apenas um diferencial entre esse e os demais casamentos que já realizei: ambos os noivos eram divorciados. E um deles, por duas vezes. Uma situação que está ficando cada vez mais frequente no meio cristão.
Havia um antigo quadro humorístico na TV em que um ator, encenando o papel de um pároco, negava-se a fazer casamentos, usando um bordão que ficou muito conhecido na época: “É um tal de casa e descasa, casa e descasa, casa e descasa, então eu não caso mais!”
Pesquisas confiáveis indicam que o índice de divórcio entre os evangélicos já está acima dos cinquenta por cento. E pior: o fato é aceito com uma naturalidade assustadora, ultrapassando os limites da coerência cristã em questão de princípios bíblicos familiares.
Passei algum tempo meditando sobre que tipo de mensagem eu deveria transmitir aos nubentes e convidados naquela cerimônia de casamento. Senti-me ainda mais inquieto quando descobri que muitos dentre os convidados também eram também divorciados.
Somente na véspera do casamento surgiu uma luz que, sem dúvida alguma, veio por iluminação do Espírito Santo.
Eu tinha um conhecimento razoável acerca dos relacionamentos anteriores de ambos os noivos e sabia que, entre erros e acertos, eles não poderiam ser totalmente responsabilizados pelos fracassos matrimoniais vividos. Haviam feito tentativas de reconciliação que não se concretizaram por intransigência das outras partes.
A ideia foi escrever em várias folhas de papel muitos dos acontecimentos vivenciados por ambos, e as levei comigo para a cerimônia. Eram histórias que representavam infindáveis crises de sofrimento, inúmeras frustrações, momentos de tristeza, e umas poucas alegrias, como o nascimento dos filhos. Mas havia uma folha com uma anotação terrível: “fundo do poço”, expressão usada em comum numa conversa que tivemos dias antes do casamento.
Ao iniciar a mensagem, intitulada “História de Duas Vidas”, tomei as folhas previamente escritas e fui tecendo comentários sobre cada uma delas. Em seguida, depositei-as, uma a uma, numa pequena caixa vermelha, terminando com uma folha que representava a data do casamento.
Por fim, tampei a caixa e pedi que minha esposa me ajudasse a cerrá-la com uma fita e um nó bem apertado. Disse então aos noivos que, ao manter a caixa e todo o seu conteúdo completamente selado, isso poderia representar, com a bênção divina, um passo fundamental para o êxito de seu novo relacionamento. Com isso, estariam colocando ponto final no passado, devendo lançá-lo no fundo do mar e colocar ali uma placa: expressamente proibido pescar aqui.
Fiquei emocionado com as muitas pessoas que me procuraram no final da cerimônia para contar que iriam também seguir a ilustração da caixinha, escrevendo fatos do passado que ainda perturbavam seu presente. Eles os colocariam na caixa e a lacrariam definitivamente.
Neste ano novo, senti o desejo de partilhar com você essa experiência. Eu mesmo encontrei várias situações tanto em meu casamento como em outros aspectos de minha vida que precisavam ser encerradas numa caixinha selada e serem deixadas por lá, exatamente como o Senhor faz com nossos pecados, lançando-os no fundo mar, decidindo não mais se lembrar deles.
Quanta coisa, que deveria ter ficado no passado, ainda influencia seu presente, não apenas em seus relacionamentos humanos, mas também no seu relacionamento com Deus?
Não seria este início de ano uma ocasião apropriada para colocar todo esse passado perturbador numa caixa e lacrá-la com um nó tão apertado que seja impossível de ser desatado?
Se o próprio Deus está disposto a fazer isso conosco, oferecendo-nos a cada dia uma folha em branco para que comecemos uma nova história, então, por que ficar sempre remexendo no passado, ferindo-nos de novo e de novo?
Terminei a cerimônia do casamento entregando aos noivos outra caixinha com um lindo cartão branco, representando a oportunidade que eles teriam, a partir daí, para começar a escrever uma nova fase da história de sua vida. Na parte superior do cartão, apenas escrevi a bênção que o Senhor deu a Abraão em Gênesis 12: 1-3. “Abençoarei aos que te abençoarem... em ti serão benditas todas as nações da terra.”
Que 2011 seja um ano realmente novo em sua vida.
(Siga-me no twitter: @wilsonjornalist)