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postado em: 5/4/2015
Como Libertar-se do Cárcere da Rotina "Um Murro no Pé do Ouvido" (A Whack on the Side of the Head) é um livro que trata de como romper a inércia e libertar sua mente, abrindo-a para uma atitude mental positiva. Enquanto eu o lia, percebi novamente como é fácil a pessoa viver seus dias tendo a mente enjaulada. O resultado disso é a criatividade ficar esmagada e a objetividade, espremida. Nesse caso, a tragédia real é o tédio. Ficamos parecidos com robôs: pensamos o que era esperado que pensássemos, fazemos o previsível, perdemos a alegria das novas descobertas. Quando adotamos uma perspectiva criativa, como salienta o autor Robert von Oech, abrimo-nos para novas possibilidades e mudanças. Entretanto, tudo isso requer que pensemos fora das prisões dos limites comuns. Johann Gutenberg é exemplo soberbo. Que é que ele fez? Simplesmente combinou duas idéias que anteriormente jamais haviam sido relacionadas entre si e fez uma inovação. Recusou-se a limitar seus pensamentos aos propósitos únicos do lagar da vinha, ou ao uso solitário da cunhagem de moedas. Um dia, ele aninhou um pensamento que jamais passara pela cabeça de outrem: "Que tal se eu pegar um punhado de cunhadoras de moedas e colocá-las sob a força de uma prensa de lagar, de modo que as cunhadoras imprimam suas imagens no papel, em vez de no metal?" A imprensa foi concebida nesse útero. Enfrentemos a dura realidade: a maioria das pessoas assume atitudes que agarram os pensamentos e os trancafiam na penitenciária do Status Quo. Guardas carrancudos chamados Medo, Perfeccionismo, Preguiça e Tradicionalismo mantêm vigilância constante a fim de evitar a fuga. Os Cadeados Mentais Contraí uma dívida para com von Oech, quando ele me entregou esta lista de dez "cadeados mentais" que nos mantêm prisioneiros: 1. Esta é a resposta certa. 2. Isso não tem lógica. 3. Siga as regras. 4. Seja prático. 5. Evite a ambigüidade. 6. É errado cometer erros. 7. Brincar é frivolidade. 8. Não é da minha área. 9. Não seja tolo. 10. Não tenho criatividade. Cada um desses "cadeados mentais" é nocivo ao pensamento inovador. Visto que os temos ouvido (e pronunciado) tantas vezes, tornaram-se duros como concreto. Nada, senão um bom cascudo no cocoruto, "um murro no pé do ouvido", consegue desalojar as pressuposições que nos mantêm pensando em termos de "a mesma canção, a quarta estrofe outra vez." O que é verdade mentalmente, também é verdade espiritualmente falando. Nossos pensamentos e expectativas podem tornar-se tão determinados pelo previsível, que não conseguimos enxergar nada além das muralhas. Na verdade, não apenas lutamos contra as inovações, mas nutrimos ressentimentos contra quem as sugere. Quer um exemplo? Os fariseus. Eles perseguiam a Jesus continuamente porque a mensagem do Senhor e Seu estilo — na verdade, a liberdade com que ele vivia a vida — constituíam desafio permanente à mentalidade cativa desses fariseus. O que eles consideravam verdade, Jesus chamava de tradição. O que eles chamavam de obediência, Jesus rotulava de hipocrisia. Aqueles a quem eles chamavam de mestres ("Rabbi") ele descartava como "guias cegos". Até teve a audácia de dizer: "... invalidando (vós) a Palavra de Deus pela vossa própria tradição que vós mesmos transmitistes", o que fez com que os discípulos, mais tarde, lhe viessem relatar, de olhos arregalados: "Sabes que os fariseus, ouvindo a tua palavra, se escandalizaram?" Isso sempre me faz sorrir. Nosso assunto é "um murro no pé do ouvido!" Isso é necessário, quando se deseja libertação. O Farisaísmo Nosso de Cada Dia Antes de tornar-nos presumidos demais, sejamos honestos e admitamos que há um pouco de farisaísmo em cada um de nós. Encontramos bastante segurança em nossas barras de ferro e muralhas sólidas, embora sejam danosas. Você e eu poderíamos relacionar pelo menos dez "cadeados espirituais" que nos mantêm presos. Cada um deles chega de modo natural, é alimentado pelo orgulho, e permeia todos os escalões da cristandade. É muito trágico, mas essa mentalidade de correntes e bola de ferro impede-nos de nos entregar aos outros de maneira renovada, revivida. Uma dessas prisões poderia com toda certeza ser "eu não consigo perdoar". A fim de alimentar nossa determinação, ensaiamos e reencenamos as traições de que fomos vítimas, pondo mais contrafortes no portão denominado Vingança. Vem-me à mente uma história narrada por Tolstoy: "Um camponês russo, honesto e trabalhador, chamado Aksenov, deixou a esposa e a família em casa, durante alguns dias, a fim de visitar uma feira nas vizinhanças. Passou a primeira noite numa hospedaria, durante a qual alguém cometeu um crime. O assassino colocou a arma do crime na mala do camponês adormecido. A polícia o descobriu na manhã seguinte. O camponês foi metido na cadeia durante vinte e seis anos, sobrevivendo graças às amargas esperanças de vingança. Um dia, o verdadeiro assassino foi aprisionado com o camponês e logo acusado de tentativa de fuga. Ele havia estado cavando um túnel e só Aksenov havia presenciado. As autoridades interrogaram o camponês a respeito do crime cometido, a tentativa de fuga, proporcionando-lhe, assim, a oportunidade havia muito aguardada para uma desforra, visto que pela palavra de Aksenov, seu inimigo seria flagelado quase até à morte. Aksenov foi solicitado a dar testemunho sobre a tentativa de fuga, mas, ao invés de aproveitar a oportunidade, a graça de Deus subitamente fez-se manancial no coração dele; a escuridão fugiu, surgiu a luz fulgurante. Ele se viu dizendo às autoridades: "Não vi nada." Naquela noite o criminoso vai até o camponês e, de joelhos, soluçando, pede-lhe perdão. Mais uma vez a luz de Cristo inunda o coração do camponês. "Deus lho perdoará", diz ele. “Talvez eu seja cem vezes pior do que você." Pronunciando tais palavras, seu coração ficou leve, e as saudades de casa se desvaneceram." Diz você que gostaria de ser diferente? Deseja arriscar, inovando? Você deseja, realmente, libertar-se da escravidão do farisaísmo, mas não sabe por onde começar? Comece aqui. Não sei de nada mais constrangedor, que consome mais a pessoa, do que a falta de perdão. As pessoas que verdadeiramente dão seu coração são as que perdoam prontamente aos seus ofensores. Vá adiante, e procure pôr em prática uma coisa tão difícil. Se você precisa de "um murro no pé do ouvido" para deslanchar, considere-se esmurrado. Não existe melhor jeito de começar do que perdoando. Esta verdade simples vai romper a inércia e abrir as portas de sua prisão, libertando-o a fim de permitir-lhe terminar a busca de caráter. - Extraído e Adaptado de “A Busca do Caráter”, de Charles Swindoll.