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postado em: 5/8/2015
Simplicidade: Caminho Para Deus Nesses meus sessenta e tantos anos neste "mundo vil", com bem mais de trinta anos investidos no serviço do Senhor, eu descobri que há pelo menos quatro decisões essenciais, cada uma delas relacionada com uma disciplina, que nos assistem em cultivar uma profunda intimidade com o Todo-Poderoso. Vou apresentar essas quatro decisões, com suas respectivas disciplinas, e então explicá-las e examinar cada uma.
Decisões
Disciplinas
reorganizar o nosso mundo particular
simplicidade
aquietar-se
silêncio
cultivar serenidade
reflexão
confiar completamente no Senhor
renúncia
Se é com seriedade que você se dispõe a conhecer a Cristo com mais profundidade e de forma mais íntima, você verá que estes quatro itens são estratégicos no processo de alcançar este fim. Certamente há mais coisas que poderíamos acrescentar aos mesmos, mas temos que observar no mínimo estes quatro. Reorganizando o Nosso Mundo Particular: Simplicidade Tudo ao nosso redor trabalha contra a reorganização e contra a simplificação de nossas vidas. Tudo! O nosso mundo é confuso e complicado. Mas não foi assim que Deus o criou. Foi essa humanidade depravada e insaciável que o fez tornar desse jeito! “Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo” (Eclesiastes 7:29, TLH). Os anúncios de publicidade têm um alvo básico: Tornar-nos descontentes, miseravelmente insatisfeitos com o que somos e com o que temos. Por quê? Para que venhamos a adquirir o que eles nos oferecem. O lema da nossa sociedade consumidora é um alto e dogmático - mais! Nada é satisfatoriamente suficiente. Qualquer um que se inicia no mundo dos negócios ou no mundo religioso sente que deve aprender rapidamente acerca da competição, o que multiplica a pressão, aumenta as expectativas, e acelera a velocidade. Muito embora a competição tenha os seus benefícios, quem pode medir os efeitos secundários indesejados que surgem quando ela é exagerada a ponto de ficar fora de controle? Quotas não são nunca suficientes. Relaxar a tensão nunca é uma opção. O tamanho e a quantidade são sempre insuficientes. Salomão, o sábio, estava absolutamente correto: "Nós complicamos tudo." E não somente adquirimos coisas... nós também as guardamos, as acumulamos. E, ainda, nós não estamos simplesmente competindo... nós somos levados a vencer, sempre a vencer qualquer competição. E não apenas queremos mais, temos de despender mais tempo na manutenção de todas essas coisas. Manter-se à frente nessa corrida maluca nos faz ficar exaustos, ansiosos, sem fôlego. Certamente Deus não é o responsável por essa confusão. O que Thomas Kelly disse a esse respeito vem agora à minha mente. Ele lembra aos seus leitores que Deus "nunca nos guia a uma intolerável situação de um estado febril ofegante." Para reorganizar o nosso próprio mundo, a necessidade de simplificar é imperativa. Caso contrário, nós não conseguiremos encontrar descanso dentro de nós, não conseguiremos entrar nos profundos e silenciosos recessos de nosso coração, lá onde as melhores mensagens de Deus nos são comunicadas. E se por muito tempo vivermos nessas condições, nosso coração ficará gelado em relação a Cristo, e acabaremos nos tornando alvos da sedução, num mundo perverso. Que perigos nos assediarão se chegarmos a esse estado! Lembro-me agora de uma advertência que Paulo fez aos seus amigos daquela comunidade ocupada, carnal, consumidora, de Corinto: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devi¬das a Cristo” (II Coríntios 11:3). Em certas horas eu também sinto o mesmo receio. "Apartar-se", como disse Paulo, é algo que pode ocorrer nos lugares mais insuspeitos: num lar em que todos os membros da família sejam crentes... numa igreja em que a verdade seja ensinada e em que Cristo seja exaltado... Isso acontece até mesmo num seminário, onde os estudantes estejam muito ocupados, sejam muito pressionados a produzir, sintam-se exaustos em suas tentativas de manter o equilíbrio entre o trabalho, os estudos, a recreação, as neces¬sidades familiares, o descanso físico e os compromissos externos de seus ministérios. Eu receio, confesso, que tal contexto possa desencaminhar alguns em relação à específica razão pela qual se matricularam no seminário: Encontrar contentamento na simplicidade e na pureza devidas a Cristo. Que estranho! No mesmo local em que homens e mulheres estão sendo treinados para se tornarem mensageiros e servos de Deus, há perigos bem reais que levam às conseqüências de uma vida complicada. Se aqui isso pode ocorrer, isso pode acontecer em qualquer lugar. A nossa ocupação torna-se uma perigosa inimiga, sempre que ela levanta a sua cabeça doentia. Uma Luta Solitária Aqueles que se dispõem a simplificar a sua vida, logo descobrem estar rigorosamente numa viagem solitária contra o vento. A inveja é ainda uma outra inimiga da simplificação da vida. Talvez não haja uma outra força tão sutil atuando entre os cristãos como a inveja, muito embora ela só leve a becos sem saída. Fechada numa síndrome horizontal de julgamento, de comparações e de lamentos (ou de sentimentos de orgulho), a nossa atenção desvia-se das coisas de Deus para firmar-se nos outros e em nós mesmos. Em vez de estarmos contentes (o que é um dos maravilhosos subprodutos da simplicidade), somos consumidos pela inveja. O nosso padrão de satisfação é elevado a um nível tão alto que nunca estamos em condições de alcançá-lo. Posso ainda recordar algumas linhas traçadas por Aleksander Solzhenitsyn: “Sinta-se feliz se você não se congelar no frio e se a sede e a fome não o agarrarem em seu interior. Se a sua coluna não estiver quebrada, se os seus pés puderem andar, se os seus dois braços puderem movimentar-se, se os seus dois olhos puderem ver, se os seus dois ouvidos ouvir, então de quem você deverá ter inveja? E por quê? A nossa inveja dos outros é o que mais nos devora”. Para reiterar o movimento inicial em direção a cultivar uma intimidade com o Todo-Poderoso, é essencial que reorganizemos a nossa vida particular. Isso requer que abaixemos o nosso ritmo, e que acabemos com toda inveja, duas tarefas difíceis que ninguém mais pode fazer em nosso lugar. Além disso, é tolice dizer-nos a nós mesmos que fiquemos inertes, esperando que os ventos deste mundo mudem de direção e soprem sobre o barco na nossa vida para as margens da simplicidade. Isso não vai acontecer, meu amigo! Aqueles que se dispõem a simplificar a sua vida, logo descobrem estar numa viagem solitária contra o vento. Parafraseando um poeta: “Um barco vai para o leste e outro para o oeste com exatamente os mesmos ventos soprando. E a disposição das velas, e não os fortes ventos, que nos revelam o caminho pela frente”. Para nos livrarmos da confusão, a simplicidade não é simplesmente alguma coisa boa, ela é essencial para isso. Mas ela não é automática, ela vai exigir uma forte determinação de nossa parte. Com certeza, vale a pena pagar o “preço”! - Extraído e adaptado de Charles Swindoll, “Intimidade Com o Todo Poderoso”.