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postado em: 5/9/2015
A Disciplina do Silêncio Conhecer a Deus de forma profunda e com intimidade requer esta disciplina: "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus." Agora a coisa fica mais difícil, não mais fácil. Se você acha que já é um teste difícil desenvolver a disciplina da simplicidade, neste nosso mundo complicado e competitivo, imagine então o desafio que você enfrenta para desenvolver a disciplina do silêncio neste mundo de agitação, de ruídos, de palavras e de uma implacável atividade. Pessoalmente, para mim isso tem sido um desafio quase que insuperável. Pude perceber melhor a sua magnitude muito mais nestes últimos dois anos do que em toda a minha vida anterior. Contudo, nunca estive tão convencido como agora de que não há outro meio pelo qual você e eu possamos nos mover em direção a um relacionamento mais profundo e íntimo com o nosso Deus, a não ser com prolongados momentos de quietude, o que inclui uma das mais raras experiências de nossa vida: ficarmos em silêncio absoluto. Será que eu estou me assemelhando mais a um sonhador místico? Se estou, isso aconteceu também com o salmista. Ele escreveu essas palavras, citadas por nós com freqüência, mas que raramente obedecemos: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (Sl 46:10). Antes de nos apressarmos para além desse profundo mandamento, vamos revê-lo em nossa mente várias vezes: “Fiquem quietos! Saibam, de uma vez por todas, que Eu sou Deus!” (BV) “Queiram estar, e estejam, quietos, e saibam - reconheçam e entendam - que eu sou Deus” (AMP). "Desistam", Ele grita, "admitam que eu sou Deus" (Moffat). "Parem de lutar e fiquem sabendo que eu sou Deus" (TLB). Impressionou-me muito a criativa paráfrase feita por Eugene Peterson: “Caia fora da agitação! Contemple-Me com amor, durante um longo tempo, a Mim que sou o seu Deus das Alturas, acima da política, acima de qualquer coisa” (The Message). Seja qual for a sua versão preferida, o fato é que esta é uma enfática ordem dada ao povo que é propriedade de Deus. E dada a pessoas de todas as raças, de toda cor de pele, de toda cultura, de todos os tempos a pessoas que estejam empregadas ou desempregadas, solteiras ou casadas, com ou sem filhos, a todos cujo Deus é o Senhor. O Imperativo Divino A ordem que nos é dada é para que paremos (literalmente!)... para que descansemos, relaxemos, larguemos tudo, e tenhamos tempo para Ele. Esta é uma situação em que nós devemos estar parados, quietos, atentos a Ele, à Sua espera. Uma experiência estranha para nós, nestes tempos tão agitados! Não obstante, conhecer a Deus de forma profunda e com intimidade requer tal disciplina. O silêncio é indispensável se quisermos alcançar profundidade em nossa vida espiritual. Ele "mantém o fogo dentro de nossas almas"... "o silêncio nos torna peregrinos" escreveu alguém que advoga prolongados e ininterruptos períodos de quietude . O silêncio afia os cantos vivos de nossa alma, sensibilizando-nos para sentirmos os leves toques de repreensão de nosso Pai celestial. O barulho, as palavras e os programas alucinantes, agitados, insensibilizam os nossos sentidos, fechando os nossos ouvidos à Sua voz tranqüila, suave, tornando-nos insensíveis ao Seu toque. O silêncio é indispensável, se quisermos alcançar profundidade em nossa vida espiritual. Henri Nouwen, um erudito sacerdote católico, autor de vários livros, deu-nos uma esplêndida análise e ilustração do lado mau daquilo que ele mesmo chama de "nosso mundo de palavras": “Era uma vez um tempo em que não havia rádios nem televisões, nem sinais de "pare", de velocidade, de confluência no trânsito, nem dizeres nos pára-choques, nem os anúncios e cartazes por toda parte indicando aumentos de preços ou ofertas em promoção. Era uma vez um tempo em que não havia publicidade, que hoje em dia cobre cidades inteiras com palavras”. Recordo-me de uma vivida cena da vida de Davi, antes de ele ter se tornado rei em Israel. Ele e os seus homens tinham se empenhado numa série de episódios no território filisteu. Ainda por cima enfrentavam o ataque de Saul, cuja inveja resultou numa perseguição de mais de doze anos do tipo "gato-e-rato". Imagine só a pressão. Depois de uma jornada de três dias, para estarem com suas famílias em Ziclague, Davi e seus companheiros guerreiros depararam-se com uma terrível realidade. Antes da chegada de Davi e seus soldados, os amalequitas tinham desferido um repentino ataque na sua aldeia, tinham queimado tudo, e haviam raptado todas as suas mulheres e crianças. Leia o trágico relato e imagine essa triste cena (I Samuel 30:1-6). Imagine a situação! Além da interminável pressão da parte de Saul, além da exaustão da batalha, além da perda de suas casas, além da angustiante inquietação diante da situação de insegurança de suas famílias, o murmúrio de um motim se espalhou como um câncer por todo o acampamento. Não houve quem se levantasse em defesa de Davi, ou viesse socorrê-lo. Bem poucas pessoas de¬vem ter se sentido mais desamparadas do que Davi, mas ninguém esteve à altura da situação com mais responsabilidade ou com mais maturidade do que ele. Lemos o seu segredo nessas poucas pala¬vras: ... Mas Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus. - (6b - AR-IPB) Não perca o ponto da questão — Davi enfrentou a situação com realismo; mas recusou-se a entrar em pânico, a lutar em sua própria defesa, a fugir, ou a cair numa postura de autopiedade. Ciente de sua urgente necessidade de um tempo a sós com Deus, ele afastou-se de seus amargurados companheiros, afastou-se daquela caótica cena, e buscou um lugar de quietude e tranqüilidade em que pudesse fortalecer a sua alma. Muitas vezes, perdemos isso de vista. Temos deixado de pôr a nossa atenção onde Deus fala: onde a Palavra de Deus ressoou neste mundo uma vez por todas, de maneira suficiente para todas as eras, e de forma inesgotável. Ou ainda pensamos que a Palavra de Deus tem sido ouvida na terra durante tanto tempo que a esta altura ela já está quase totalmente desgastada? Deixamos de ver que somos nós que estamos desgastados, alienados, ao passo que a Palavra ressoa com a mesma vitalidade e com o mesmo frescor de sempre; e ela está tão perto de nós como sempre esteve. - Extraído e adaptado de Charles Swindoll, “Intimidade Com o Todo Poderoso”.