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postado em: 5/13/2015
Enfrentando Um Mal-Entendido Poucas coisas são mais difíceis de aceitar do que ser incompreendido. Algumas vezes isso é absolutamente insuportável. Você fica sem defesa quando não é compreendido. Já notou que quando é incompreendido, por mais que tente corrigir o problema, ele geralmente piora? Você se prepara, fica pronto para "corrigir as coisas" e tudo o que faz é enterrar-se ainda mais! Quanto mais tenta, mais aumenta a ofensa. Seu aguilhão pode ser paralisante. Um amigo próximo conhece uma pessoa no Texas, um jovem advogado. Ele é membro de uma firma de advocacia importante, administrada por um chefe bastante tradicional que gosta de um ritual específico no Dia de Ação de Graças. Esse jovem advogado participa todos os anos do ritual porque isso significa muito para seu patrão. Na grande mesa de nogueira na cantina do escritório é colocada uma fila de perus, um para cada membro da firma. Não se trata apenas de "se quiser, leve; se não quiser, deixe". Os membros têm de participar de um protocolo bastante complicado. Cada homem fica um tanto distanciado da mesa e olha para a sua ave. Quando chega a sua vez, ele avança e pega o peru, declarando estar agradecido por trabalhar para a firma e pelo presente naquele dia de Ação de Graças. O jovem advogado é solteiro, mora sozinho, e não tem absolutamente uso para um peru avantajado. Não tem idéia de como prepará-lo e mesmo que o preparasse de modo adequado não conseguiria aproveitar toda a carne. Como essa é a atitude que se espera dele, o jovem leva um peru para casa todos os anos. Certo ano, seus amigos do escritório substituíram o peru do rapaz por outro feito de papel machê. Colocaram chumbo dentro para ficar mais pesado e grudaram um pescoço e uma cauda verdadeira para que parecesse um peru de verdade. Era, porém, uma ave totalmente falsa. Na quarta-feira, véspera do dia de Ação de Graças, todos se reuniram na cantina. Quando chegou sua vez, o jovem advogado adiantou-se, pegou a grande ave e declarou sua gratidão pelo trabalho e pelo peru. Naquela tarde, ele tomou o ônibus que o levava até em casa. Com o enorme peru no colo, ficou imaginando o que faria com ele. Um pouco adiante, um homem modestamente vestido, de aparência desanimada, entrou no veículo. O único lugar vazio era ao lado do jovem advogado. Ele sentou-se e os dois começaram a conversar sobre o feriado. O rapaz ficou sabendo que o estranho passara o dia inteiro procurando emprego sem sucesso, ele tinha uma família grande e estava pensando o que fazer a respeito do dia de Ação de Graças que se seguiria. O advogado teve uma idéia brilhante: Este é o meu dia para fazer uma caridade. Vou dar-lhe este peru! Depois pensou: Este homem não é um aproveitador, não é um mendigo. Ficaria certamente ofendido se lhe desse a ave. Vou vendê-la a ele. Perguntou então ao homem: Quanto dinheiro você tem? Oh, apenas dois dólares e alguns centavos —, respondeu. Gostaria de vender-lhe este peru — continuou o advogado. — E colocou-o no colo do homem. Vendido! O estranho entregou-lhe os dois dólares e os centavos que possuía. Ele ficou comovido até às lágrimas, emocionado porque a família teria um peru para o dia de Ação de Graças. Desceu então do ônibus e acenou para o advogado. — Deus o abençoe. Tenha um ótimo feriado. Jamais irei esquecê-lo. O ônibus seguiu caminho, enquanto os dois homens trocavam sorrisos. Você pode imaginar esse homem chegando em casa, anunciando ao entrar pela porta: "Crianças, vocês não vão acreditar que homem simpático encontrei hoje! Venham! Vejam o que eu trouxe!" A seguir colocaria o peru na mesa da cozinha e começaria a desembrulhar o papel marrom, encontrando apenas aquele bicho falso de papel, recheado de chumbo, e só com a cauda e o pescoço verdadeiros. O que o homem provavelmente disse, a Simon & Schuster não poderia publicar! Na segunda-feira seguinte, o advogado voltou ao escritório. Seus amigos estavam morrendo de curiosidade para saber o que acontecera com o peru. Você nem pode imaginar o desgosto deles ao ouvir a história do que havia acontecido. Fiquei sabendo, por meu amigo, que eles pegaram o ônibus todos os dias daquela semana, procurando em vão um homem que, ao que sei, ainda sofre por causa de um mal-entendido da parte de alguém que lhe vendeu inocentemente um peru falso por dois dólares e alguns centavos. Isso é que é mal-entendido! Acho que nenhum leitor precisa que esse sentimento terrível seja ampliado. Todos tivemos essa experiência em grau maior ou menor. Quando paramos para analisá-la, dois passos estão envolvidos na incompreensão. Primeiro, um ato, palavra ou implicação inocente causa um mal-entendido. O que o torna tão penoso é que você diz, faz, ou implica inocentemente algo interpretado de forma errada. Segundo, o resultado é uma ofensa. Minha esposa e eu certa vez fomos mal interpretados por um comerciante em nossa cidade. Saímos para comprar uma lavadora de roupas, encontramos o modelo que julgávamos necessário e dissemos que iríamos pensar a respeito. O dono concordou em ficar com nosso cheque até que decidíssemos. — Tudo bem, nenhuma obrigação, nenhum problema — disse ele. Nós acreditamos. Acontece que mudamos de idéia — que é uma prerrogativa do cliente (segundo pensávamos!). Voltei então à loja e disse: — Mudamos de idéia e quero meu cheque de volta. Ele teve uma reação absolutamente inesperada. Praguejou e rasgou o cheque em pedacinhos, atirando-os ao chão. Lembrando que eu era ministro, começou a berrar, dizendo que eu, como pregador, não tinha nada que ensiná-lo a como administrar seu negócio! Fui mal interpretado. Esse tipo de coisa infelizmente acontece a toda hora — até com o cristão. Você experimenta em seu pequeno mundo uma dose do que chamaríamos de perseguição. Essa perseguição pode ser produto de um ato, palavra ou implicação inocente. Você não pretendia isso, mas foi incompreendido e uma ofensa foi gerada. Não estamos sozinhos. Se servir de consolo, esse foi sempre o procedimento padrão para o povo de Deus. Faz parte do processo de crescimento. Você não cresce completamente sem ser algumas vezes mal compreendido.