Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 7/28/2015
Encontrando Ouro no Lixo Guilherme Rathie adora o lixo. Esse pesquisador graduado na Universidade de Harvard está convencido de que podemos aprender muito nos lixos do mundo. Os arqueólogos sempre examinaram o lixo para estudar uma sociedade. Rathie faz o mesmo, mas elimina a espera. O Projeto Lixo, como ele chama sua organização, viaja por todo o continente escavando os lixões, e documentando os hábitos de alimentação, estilos de roupas e níveis econômicos. Rathie pode achar significado em nosso lixo. Sua organização documentou que o lar médio nos Estados Unidos desperdiça entre o dez e o quinze por cento de seus alimentos sólidos. O habitante médio dos Estados Unidos produz aproximadamente meio quilo de lixo por dia, e o maior lixão dos Estados Unidos, localizado perto da cidade de Nova Iorque, tem lixo suficiente para encher o Canal de Panamá. Segundo Rathie, o lixo se descompõe mais lentamente do que nós pensamos. Achou uma bisteca inteira de 1973 e jornais legíveis da presidência de Truman. Rathie aprende muito ao observar nossos desperdícios. Lendo Rathie, me perguntei: Como será ser um "lixólogo"? Quando pronuncia um discurso, cataloga sua fala como "verbosidade insossa"? Poderia dizer-se que suas reuniões de pessoal são "revisões de lixo"? Poder-se-ia chamar as suas viagens de negócios de "desperdício"? Quando sonha acordado sobre o seu trabalho, diz para sua esposa que tira sua mente do lixo? Ainda que eu prefira deixar o trabalho sujo para o Rathie, sua atitude para com o lixo me intriga. Que tal se nós aprendêssemos o mesmo? Ademais, você não tem de suportar sua própria porção de desperdícios? Tráfego engarrafado. Porcarias do computador. Férias adiadas. E também há dias quando nenhum lixão poderia conter todo o lixo que enfrentamos: contas médicas, documentos de divórcio, cortes de salário e traições. O que fazer quando jogam em cima de você todo um caminhão de aflições? Na parede do escritório de Rathie há uma manchete de jornal emoldurada: "Ouro no lixo". Esse lixólogo acha um tesouro no lixo. Jesus fez o mesmo. No que todo mundo percebia como calamidade, Ele viu uma oportunidade. Como viu o que os outros não viam, encontrou o que os outros perderam. No começo de seu ministério Jesus disse sobre a nossa visão: "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" (Mateus 6:22-23, ACF). Em outras palavras, a maneira como olhamos a vida determina como a vivemos. Mas Jesus fez muito mais que articular este princípio: o modelou. A Noite mais lúgubre da história Na noite anterior à sua morte todo um lixão muito real de ais caiu sobre Jesus. Em algum ponto entre a oração no Getsêmani e a farsa do juízo está o que seria a cena mais lúgubre do drama da história humana. Ainda que o episódio inteiro não tivesse durado mais do que cinco minutos, o evento tinha em si maldade suficiente para encher mil lixões. Exceto por Cristo, ninguém fez nada de bom. Procure na cena um grama de valor ou um fiapo de caráter, e não vai achá-lo. Tudo quanto achará será um monte putrefato de engano e traição. Contudo, Jesus viu razão nisso tudo para a esperança. Em sua perspectiva nós achamos um exemplo para seguir. "Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai" (Mateus 26:46, ACF). Enquanto ainda falava, veio Judas, um dos doze, e com ele muita gente com espadas e paus, de parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. "E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. “Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? “Então disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram" (Mateus 26:48-56, ACF). Si tivessem enviado um repórter para realizar a crônica de sua prisão, sua manchete talvez teria sido: NOITE ESCURA PARA JESUS Pregador galileu abandonado por seus amigos Sexta-feira passada o receberam com palmas. Ontem à noite foi preso com espadas. O mundo de Jesus de Nazaré transtornou-se ao ser detido por um grupo de soldados e cidadãos iracundos num horto a pouca distância da muralha da cidade. Apenas uma semana depois de sua entrada triunfal, sua popularidade caiu ao nível do chão. Até seus seguidores refutam conhecê-lo. Os discípulos que se orgulhavam de que os vissem com Ele no princípio da semana, ontem à noite saíram fugindo. Com o público reclamando sua morte e os discípulos negando toda participação, o futuro deste célebre mestre parece tétrico, e o impacto de sua missão parece limitado. A noite mais escura na vida de Jesus se caracterizou por uma crise após outra. Daqui a pouco veremos o que Jesus viu, mas primeiro consideremos o que um observador teria presenciado no horto de Getsêmani. Primeiro teria visto uma oração não respondida. Jesus acabava de fazer um apelo angustiado a Deus: "Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mateus 26:39, ACF). Essa não foi uma oração calma e serena. Mateus diz que Jesus "começou a entristecer-se e a angustiar-se muito" (26:37). O Mestre "prostrou-se sobre o seu rosto" (26:39) e clamou a Deus. Lucas nos diz que Jesus estava "em agonia" e que "o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão" (Lucas 22:44, ACF). Jamais a terra ofereceu uma petição mais urgente. Jamais o céu ofereceu um silêncio mais ensurdecedor. A oração de Jesus ficou sem resposta. Jesus e a oração não respondida na mesma frase? Não é uma contradição? Deus, o dono de tudo, negaria algo ao seu próprio Filho? Nessa noite, Ele negou. Conseqüentemente, Jesus teve de lidar com o dilema da oração não respondida; e isso foi apenas o início. Veja o que veio depois: "E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo... Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam" (Mateus 26:47,50, ACF) Judas chegou com uma multidão enfurecida. Outra vez, da perspectiva de um observador, essa turba representava outra crise. Não só Jesus teve de enfrentar a oração não respondida, mas também teve de lidar com o serviço infrutífero. As mesmas pessoas que Ele veio salvar agora vinham prendê-lo. Deixe-me apresentar-lhe um fato que talvez altere sua impressão dessa noite. Talvez você imagine Judas à frente de uns doze soldados que trazem duas ou três tochas. No entanto, Mateus nos diz que veio "muita gente" para prender Jesus. João é mais específico ainda. O termo que emprega é o vocábulo grego speira, ou "uma companhia de soldados" (João 18:3). No mínimo, uma speira indica um grupo de duzentos soldados. Pode descrever um esquadrão de até mil e novecentos! Munidos com a descrição de João, seria mais preciso imaginar um rio de várias centenas de tropas entrando no horto. Agregue-se a essa cifra a quantidade indeterminada de curiosos a que Mateus simplesmente chama "a multidão", e você tem agora uma turba. Certamente num grupo tão numeroso haveria uma pessoa que defenderia Jesus. Ele ajudou a tantos. Todos os sermões. Todos os milagres. Agora eles deveriam dar fruto. Então esperamos que pelo menos uma pessoa declare: "Jesus é inocente!" Mas ninguém o faz. Nem uma única pessoa falou a seu favor. Os que Ele tinha vindo salvar voltaram-se contra Ele. Quase podemos esquecer da multidão. Seu contato com Jesus foi muito breve, muito casual. Talvez não saiba outra coisa melhor. Mas os discípulos sabiam. Sabiam mais. O conheciam melhor. Mas, defenderam a Jesus? Nem em sonhos. A pílula mais amarga que Jesus teve de engolir foi a incrível traição de parte de seus discípulos. Judas não foi o único desertor. Mateus é admiravelmente franco quando confessa: "Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram" (26:56, ACF). Uma palavra tão curta, todos, está repleta de dor. "Todos os seguidores de Jesus fugiram". João fugiu. Mateus fugiu. Simão fugiu. Tomé fugiu. Todos fugiram. Não precisamos ir muito longe para ver a última vez em que essa palavra foi usada. Observe o versículo que está umas poucas linhas antes de nosso texto: "Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo" (Mateus 26:35, ACF, ênfase do autor). Todos juraram lealdade; no entanto, todos fugiram. Olhando de fora, todos vemos a traição. Os discípulos tinham-no abandonado. O povo havia-o rejeitado. E Deus não o havia ouvido. Nunca se jogou tanto lixo sobre um ser humano. Amontoe numa única pilha toda a deslealdade de pais que não sustentam seus filhos e esposas que enganam seus cônjuges, e filhos pródigos e trabalhadores desonestos, e você começará a ver o que Jesus teve de enfrentar naquela noite. - Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Simplesmente Como Jesus”.