Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 8/12/2015
A Corrida Cristã e o Segredo da Vitória Se tivesse existido o futebol no Antigo Testamento, estou certo de que os escritores teriam falado em gols e escanteios; mas não havia, então falaram sobre corrida. A palavra corrida procede do grego agon, de onde procede nossa palavra agonia. A corrida do cristão não é uma corrida para fazer exercícios, mas uma corrida exigente, fatigante, e algumas vezes agonizante. É requerido um esforço massivo para terminar com força. O mais provável é que você já tenha percebido que muitos não a terminam assim. Percebeu quantos ficam pelo caminho? Costumavam correr. Houve um tempo em que mantinham o passo. Mas cansaram. Várias coisas ou motivos contribuíram para a desistência: Não pensaram que a corrida seria tão árdua. Podem ter desanimado quando alguém tropeçou neles, ou se intimidaram por causa de algum outro corredor. Qualquer que tenha sido a razão, já não correm. Podem ser cristãos. Talvez vão à igreja. Talvez depositem uma nota na bandeja da oferta e esquentem seu banco, mas seus corações não estão na corrida. Retiraram-se antes de tempo. A não ser que algo mude, sua obra terá sido a primeira, e a concluíram com um gemido. Nosso exemplo de resistência Em contraste, a melhor obra de Jesus é Sua obra final, e Seu passo mais forte foi o último. Nosso Mestre é o exemplo clássico de alguém que resistiu. O escritor de Hebreus passa a dizer que Jesus perseverou apesar de que "suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo" (Hb 12:3, ACF). A frase implica que Jesus poderia ter cedido. O corredor poderia ter-se dado por vencido, sentar-se ou ir embora para sua casa. Poderia ter abandonado a corrida. Mas não a abandonou. Perseverou apesar dos danos que os malvados estavam lhe fazendo. Já pensou nas coisas ruins que fizeram a Cristo? Pode pensar nas ocasiões em que Jesus poderia ter-se dado por vencido? Que tal na tentação? Você e eu sabemos o que é suportar um instante de tentação ou uma hora de tentação, e até um dia de tentação. Mas, quarenta dias? Foi isso o que Jesus enfrentou. "E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; e quarenta dias foi tentado pelo diabo" (Lucas 4:1-2, ACF). Podemos imaginar a tentação no deserto como três eventos isolados num lapso de quarenta dias. Tomara que tivesse sido assim. Na verdade a tentação de Jesus foi incessante; "quarenta dias foi tentado pelo diabo". Satanás se agarrou a Jesus como uma camisa e não queria soltá-lO. A cada passo sussurrava em seu ouvido. A cada virada de esquina semeava a dúvida. Jesus sofreu o impacto do diabo? Evidentemente que sim. Lucas não diz que Satanás tratou de tentar a Jesus. O versículo não diz que o diabo tentou tentar Jesus. A passagem é clara: "foi tentado pelo diabo". Jesus foi tentado, foi provado. Tentado a mudar de lado? Tentado a voltar para casa? Tentando a conformar-se com um reino na terra? Não sei, mas sei que foi tentado. Uma guerra rugia em Seu interior. A tensão atacava por fora. Já que foi tentado, poderia ter abandonado a corrida. Mas não o fez. Continuou correndo. A tentação não o deteve, nem tampouco as acusações. Pode imaginar o que seria correr uma corrida com os espectadores a criticá-lo? Estímulo para continuar correndo Alguns anos atrás participei de uma corrida de cinco quilômetros. Nada sério; simplesmente um trote pelo bairro para arrecadar fundos para uma obra beneficente. Não sendo o mais sábio dos corredores, arranquei num ritmo impossível. Menos de um quilômetro depois já estava com falta de ar. Alguns espectadores me animavam com simpatia para que continuasse. Uma senhora compassiva me deu um copo de água, outro me molhou com uma mangueira. Nunca tinha visto essas pessoas, mas não importava. Precisava de uma voz de alento, e a deram. Animado por seu estímulo, continuei correndo. Que tal se nos momentos mais duros da corrida tivesse ouvido vozes de acusação e não de estímulo? E que tal se as acusações não procedessem de estranhos que eu pudesse descartar, mas de meus próprios vizinhos e familiares? Você gostaria que alguém gritasse para você estas palavras enquanto corre? "Aí, mentiroso! Por que não faz algo honesto em sua vida?" (veja João 7:12). "Aí vem o estrangeiro. Por que não volta ao lugar de onde veio?" (veja João 8:48). "Desde quando permitem aos filhos do diabo correr nesta competição?" (veja João 8:48). Foi isso o que aconteceu com Jesus. Sua própria família o chamou de lunático. Seus vizinhos o trataram pior ainda. Quando Jesus voltou à sua cidade natal tentaram jogá-lo num precipício (Lucas 4:29). Mas Jesus não deixou de correr. As tentações não o detiveram. As acusações não o derrotaram, nem a vergonha o desencorajou. Convido você a pensar com cuidado na prova suprema que Jesus enfrentou na corrida. Hebreus 12:2 oferece esta afirmação que intriga: "[Jesus] ...desprezando a afronta". Outra tradução diz que aceitou a vergonha como se nada fosse. A vergonha é um sentimento de desgraça, ignomínia e humilhação. Desculpe por atiçar suas lembranças, mas, você não tem um momento vergonhoso em sua história? Pode imaginar o horror que sentiria se todo mundo o soubesse? Que tal se uma fita de vídeo desse evento fosse apresentada na frente de sua família e amigos? Como você se sentiria? Assim foi exatamente como Jesus sentiu-se. Por quê? você perguntará. Ele nunca fez nada vergonhoso. Não; mas nós sim. E já que na cruz Deus o fez pecado (II Coríntios 5:21), Jesus foi coberto de vergonha. Ele foi envergonhado diante de sua família. Totalmente nu, perante sua própria mãe e entes queridos. Envergonhado diante de Seus compatriotas. Obrigado a carregar uma cruz até que o peso o fez tropeçar. Jesus foi, também, envergonhado diante de Sua Igreja. Os pastores e anciãos de Seus dias zombaram dEle, xingando-O. Envergonhado diante da cidade de Jerusalém. Condenado a morrer a morte de um criminoso. O mais provável é que os pais O indicassem com um dedo à distância, e falassem para seus filhos: "É isso o que acontece com os malvados". Mas a vergonha diante dos homens não se comparou com a vergonha que Jesus sentiu diante de seu Pai. Nossa vergonha individual parece demasiada para suportá-la. Pode imaginar a vergonha coletiva de toda a humanidade? Uma após outra onda de vergonha caiu sobre Jesus. Ainda que jamais tenha enganado, foi convictamente declarado como um enganador. Ainda que nunca tenha roubado nada, o céu o considerou ladrão. Ainda que nunca tenha mentido, foi considerado mentiroso. Ainda que nunca tenha dado espaço para a luxúria, carregou a vergonha do adúltero. Ainda que sempre tenha crido, suportou a desgraça do incrédulo. Tais palavras levantam uma pergunta urgente: Como? Como suportou tamanha desgraça? O que deu a Jesus a fortaleza para suportar a vergonha de todo o mundo? Necessitamos de uma resposta, não? Como Jesus, somos tentados. Como Jesus, somos acusados. Como Jesus, somos envergonhados. Mas, diferente de Jesus, nos damos por vencidos. Nos rendemos. Nos sentamos. Como podemos, então, continuar correndo como Jesus fez? Como podem nossos corações ter a resistência que Jesus teve? Enfocando o que Jesus focalizou: "pelo gozo que lhe estava proposto" (Hebreus 12:2, ACF). - Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Simplesmente Como Jesus”.