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postado em: 8/21/2015
Por Que Jesus ia a Festas Imagine seis homens caminhando por um caminho estreito. O amanhecer dourado irrompe detrás deles, fazendo que se alonguem suas sombras para frente. O frescor da madrugada obriga a cingir firmemente as roupas. A grama resplandece pelo efeito dos diamantes de orvalho. Os rostos dos homens têm veemência, mas são comuns. Seu líder é seguro, mas desconhecido. O chamam Rabi; mais parece com um operário. E está certo que seja assim, pois passou muito mais tempo construindo que ensinando. Mas esta semana começou o ensino. Aonde vamos, Jesus? Para onde se dirigem? Ao templo para adorar? À sinagoga para ensinar? Às colinas para orar? Não lhes disse, mas cada um tem sua própria idéia a respeito. João e André esperam que Ele os leve ao deserto. Ali foi onde os levou seu mestre anterior. João Batista os guiava às colinas desérticas e oravam muitas horas. Jejuavam vários dias. Anelavam a chegada do Messias. E agora, o Messias está aqui. Certamente Ele fará o mesmo. Todos sabem que o mandamento é ser um homem santo. Todos sabem que o negar-se a si mesmo é o primeiro passo para a santidade. Com toda certeza a voz de Deus é ouvida primeiro pelos eremitas. Jesus nos leva à solidão. Pelo menos é o que pensam João e André. Pedro tem outra opinião. Pedro é um homem de ação. Do tipo de pessoa que arregaça as mangas. Dos que se levantam e falam. Agrada-lhe a idéia de ir para algum lugar. O povo de Deus necessita estar em movimento. Talvez nos leve a algum lugar para pregar... pensa consigo mesmo. E, ao caminhar, Pedro rabisca seu próprio sermão, caso Jesus necessite de um descanso. Natanael estaria em desacordo. Vem e vê, tinha convidado ao seu amigo Felipe. De modo que veio. E Natanael gostou do que viu. Em Jesus viu um homem de pensamento profundo. Um homem de meditação. Um coração para a contemplação. Um homem que, como Natanael, tinha passado horas sob a figueira refletindo sobre os mistérios da vida. Natanael estava convencido que Jesus os levava a um lugar onde meditar. Uma silenciosa casa numa distante montanha, para lá nos dirigimos. E a respeito de Felipe? O que pensava ele? Era o único apóstolo de nome gentio. Quando os gregos vieram procurando Jesus, Felipe foi a pessoa da qual se aproximaram. Possivelmente tivesse contatos gregos. Talvez tivesse um coração para os gentios. Por ser assim, esperava que esta travessia fosse uma viagem missionária... fora da Galiléia. Fora da Judéia. Entrando numa terra distante. Aconteceu essa especulação? Quem sabe? Sei o que acontece hoje em dia. Sei que os seguidores de Jesus frequentemente se alistam com elevadas aspirações e expectativas. Os discípulos entram nas fileiras com programas não verbalizados, mas sentidos. Lábios prontos para pregar, aos milhares. Olhos fixos em costas estrangeiras. Sei para onde Jesus vai me levar, proclamam os jovens discípulos, e assim eles, igual aos primeiros cinco, o seguem. E eles, igual aos primeiros cinco, ficam surpreendidos. Talvez tenha sido André quem perguntou. Ou, quem sabe, Pedro. É possível que todos tenham se dirigido a Jesus. Mas aposto que em nenhum momento da viagem os discípulos expressaram suas suposições. — Então, Rabi, para onde nos conduzes? Para o deserto? — Não — opina outro —, nos leva ao templo. — Ao templo? — desafia um terceiro —. Nos dirigimos para onde estão os gentios! Depois se gera um coro de confusão que somente acaba ao Jesus levantar sua mão e dizer com suavidade: — Vamos a uma boda. Porque Jesus foi àquela festa Silêncio. João e André se entreolham. — Uma boda? — dizem —. João Batista jamais teria assistido a um casamento. Ora, se ali se bebe, há risos e danças... — E barulho! — aponta Felipe —. Como se pode meditar num casamento barulhento? — Ou pregar? — agrega Pedro. — Por que temos que ir a um casamento? Boa pergunta. Por que Jesus levaria Seus seguidores, em Sua primeira viagem, a uma festa? Não tinham trabalho para realizar? Não tinha princípios para ensinar? Não era limitado o seu tempo? Como podia caber uma boda em seu propósito na Terra? Por que Jesus foi ao casamento? A resposta? Está no segundo versículo de João 2 (o versículo do qual não pude passar). "E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas". Quando os noivos fizeram sua lista de convidados, incluíram o nome de Jesus. E quando Jesus se apresentou com uma meia dúzia de amigos, não foi revogado o convite. Quem quer que fosse o anfitrião dessa festa, estava feliz de que Jesus estivesse presente. — Certifiquem-se de escrever o nome de Jesus na lista — talvez tivesse dito —. Ele verdadeiramente dá vida a uma festa. Jesus não foi convidado por ser uma celebridade. Ainda não o era. O convite não foi motivado pelos milagres. Ainda não tinha feito nenhum. Por que foi convidado? Acho que foi porque o queriam. Grande coisa? Eu acho que sim. Acho que é significativo que as pessoas comuns de um pequeno povoado desfrutassem de estar com Jesus. Creio que vale a pena destacar que o Todo Poderoso não se comportava de maneira arrogante. O Santo não era santarrão. Aquele que tudo sabia não era um sabichão. O que fez as estrelas não tinha a cabeça metida nelas. Aquele que possui tudo o que há na Terra nunca a percorreu com altivez. Jesus conhecia a comunhão com os anjos e escutava as harpas do Céu, e ainda assim assistia a festas organizadas por cobradores de impostos. E sobre Suas costas pesava o desafio de redimir a criação, e ainda assim dedicou o tempo de percorrer a pé os cento e quarenta e quatro quilômetros que separavam Jericó de Caná para assistir a uma boda. Como resultado, as pessoas o queriam. Obviamente que havia quem se burlasse de suas declarações. O chamavam blasfemo, mas nunca o acusaram de fanfarrão. O acusaram de heresia, mas nunca de arrogância. O culparam de radical, mas nunca de inacessível. Não existe indício de que alguma vez tenha usado sua condição celestial para ganância pessoal. Jamais. Simplesmente você não tem a impressão de que seus vizinhos tenham se cansado de sua arrogância e perguntassem: "Pois bem, quem você se acha que é?". Sua fé fazia com que O amassem; não que O detestassem. Tomara que a nossa fé produzisse o mesmo efeito, atraindo as pessoas! De onde tiramos a idéia de que um bom cristão é um cristão solene? Quem iniciou o rumor de que o que identifica um discípulo é uma cara comprida? Como criamos esta idéia de que os verdadeiramente dotados são os de coração pesaroso? Posso declarar uma opinião que talvez produza um levantar de sobrancelha? Posso dizer por que acho que Jesus foi ao casamento? Penso que foi ao casamento para... fique firme, preste atenção ao que falo, permita-me que o diga antes que esquente o breu e depene a galinha... Acredito que Jesus foi à boda para divertir-se [recrear-se com Seus discípulos]. Considere isso. Tinha sido uma temporada difícil. Quarenta dias no deserto. Nada de comida nem água. Uma confrontação com o diabo. Uma semana dedicada à iniciação de uns novatos galileus. Uma mudança de trabalho. Saiu de casa. Não tem sido fácil. Um descanso seria bem-vindo. Uma boa comida com bom vinho, acompanhado de bons amigos... pois bem, parece bastante agradável. Assim que para lá se dirigem. Seu propósito não era o de converter a água em vinho. Isso foi um favor para seus amigos. Seu propósito não era o de demonstrar poder. O anfitrião do casamento nem sequer soube o que Jesus tinha feito. Seu propósito não era o de pregar. Não consta que tivesse havido um sermão. Jesus era assim... Assim que, perdoem-me, “diácono Pó-Seco” e “irmã Coração-Triste”. Lamento arruinar sua marcha fúnebre, mas Jesus era uma pessoa amada. E seus discípulos devem tê-lo sido também. Não falo de libertinagem, bebedeira e adultério. Não apóio a transigência, a grosseria nem a obscenidade. Sou somente um cruzado em favor da liberdade de desfrutar de uma boa piada, dar vida a uma festa enfadonha e apreciar uma noite divertida. Talvez estes pensamentos te surpreendam. A mim também. Não acuso Jesus de ser amante de festas. Mas Ele era. Seus adversários o acusavam de comer demasiado, beber demasiado e de andar com o tipo menos adequado de pessoas! (Veja Mateus 11:19). Devo confessar: faz tempo que não me acusam de divertir-me demasiado. E você? Costumávamos ser bons nisso. O que aconteceu? Que aconteceu com o gozo puro e o riso sonoro? Será que nossas gravatas nos enforcam? Será que nossos diplomas nos dignificam? Será que os bancos da igreja nos deixaram duros como varas? Viramos inflexíveis, secos e duros como os móveis das nossas igrejas? Não seria possível que aprendamos a ser crianças outra vez? Tragam as bolinhas de gude... (e qual é se os sapatos se estragam?). Tragam o bastão e a luva de basebol... (e daí se depois os músculos doem?). Tragam os doces... (e daí se grudam nos dentes?). Volte a ser criança. Seja simpático. Ria. Molhe sua bolacha no leite. Durma uma sesta. Peça perdão se fere alguém. Persiga uma borboleta. Volte a ser criança. Relaxe. Não tem pessoas para abraçar nem pedras para pular nem lábios para beijar? Alguém deve rir do coelho Pernalonga... Por que não você? Algum dia você aprenderá a pintar... Por que não fazê-lo agora? Algum dia será aposentado... Por que não fazê-lo hoje? Não quero dizer aposentar-se do trabalho, mas sim aposentar-se da atitude. Sinceramente, alguma vez as queixas melhoraram um dia? Você tem pagado as contas com resmungos? Tem produzido alguma mudança a preocupação pelo amanhã? Deixe que outro controle o mundo por um tempo. Jesus dedicou tempo para uma festa... Não deveríamos fazê-lo nós também? - Texto Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Quando Deus Sussurra o Seu Nome”.