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postado em: 9/25/2015
O Hóspede do Maestro O que acontece quando um cachorro interrompe um concerto? Venha comigo a uma noite de primavera em Lawrence, Kansas, para saber. Ocupe o seu assento no Auditório Hoch e contemple a orquestra Leipzig Gewandhaus… a orquestra de maior tempo de existência interrompida do mundo. Os maiores compositores e diretores da história dirigiram esta orquestra. Já tocava na época de Beethoven (alguns dos músicos, é claro, foram substituídos). Olhe enquanto europeus elegantemente vestidos ocupam seus lugares no cenário. Escute enquanto os profissionais afinam com cuidado seus instrumentos. A percussionista aproxima seu ouvido do tambor. Um violinista belisca a corda de nylon. Um clarinetista ajusta o instrumento. E se endireite em seu lugar enquanto as luzes se atenuam e a afinação se detém. A música está a ponto de começar. O diretor, vestido de fraque, com grandes passos, sobe ao cenário, pula no estrado e com um gesto pede à orquestra que se coloque em pé. Você e mais duas mil almas aplaudem. Os músicos ocupam seus assentos, o mestre toma sua posição e o público contém a respiração. Há um segundo de silêncio entre o relâmpago e o trovão. E há um segundo de silêncio entre o momento em que se levanta a batuta e a explosão da música. Mas quando cai, se abrem os céus e você fica ensopado no chuvisco da terceira sinfonia de Beethoven. Tal era o poder dessa noite de primavera em Lawrence, Kansas. Calorenta noite de primavera em Lawrence, Kansas. Menciono a temperatura para que compreendam o motivo das portas estarem abertas. Fazia calor. O Auditório Hoch, um edifício histórico, não tinha ar condicionado. Combine os brilhantes refletores com a vestimenta formal e a música furiosa, e o resultado é uma orquestra esquentada. As portas externas, dos dois lados do cenário, foram deixadas abertas para que corresse uma brisa. Entra em cena, pela direita, um cachorro. Um cachorro escuro, comum no Kansas. Não é um cachorro mau. Não é um cachorro raivoso. Só é um cachorro curioso. Passa entre os contrabaixos e abre caminho entre os segundos violinos e os violoncelos. Sua cauda se mexe ao ritmo da música. Ao passar o cachorro entre os músicos, olham para ele, se entreolham e passam ao seguinte compasso. O cachorro fica cativado por certo violoncelo. Talvez seja pelo arco que passa em forma lateral. Talvez a visão das cordas no seu nível. Seja o que for, captou a atenção do cachorro e ficou a olhar. O violoncelista não estava certo do que fazer. Nunca antes havia tocado para um público canino. E as escolas de música não ensinam o efeito que pode ter a baba de cachorro sobre a laca de um violoncelo Guarneri do século dezesseis. Mas o cachorro não fez mais do que olhar durante um momento e depois continuou andando. Se tivesse passado entre a orquestra para logo seguir seu caminho, é possível que a música tivesse continuado. Se tivesse atravessado o cenário até as mãos gesticuladoras do ajudante de cena, é possível que o público nunca o tivesse notado. Mas não foi. Ficou. À vontade em meio do esplendor. Passeando pelo prado da música. Visitou os instrumentos de sopro, girou sua cabeça diante das trombetas, parou entre os flautistas e se deteve ao lado do diretor. E a terceira sinfonia de Beethoven se desarmou. Os músicos riram. O público riu. O cachorro levantou o focinho para o diretor e arfou. E o diretor baixou a batuta. A orquestra mais histórica do mundo. Uma das peças musicais mais comoventes que já tinha sido composta. Uma noite envolvida em glória, tudo detido por um cachorro vira-lata. As risadinhas se detiveram ao se virar o diretor. Quanta fúria poderia explodir? O público se aquietou ao enfrentar o maestro. Que fusível havia detonado? O polido diretor alemão olhou para a multidão, olhou para baixo ao cão, depois voltou a olhar para o público, levantou as mãos num gesto universal e... sacudiu os ombros. Todos romperam em gargalhadas. Desceu do estrado e coçou atrás das orelhas do cachorro. Ele mexeu a cauda. O diretor falou com o cão. Falou-lhe em alemão, porém o cachorro parecia entender. Os dois se fizeram companhia pelo espaço de uns poucos segundos antes que o diretor tomasse seu novo amigo pela coleira e o conduzisse para fora do cenário. Ter-se-ia pensado que o cachorro era Pavarotti, pela forma que as pessoas aplaudiram. O diretor voltou, a música começou e Beethoven não pareceu sofrer por causa da experiência. Pode descobrir onde estamos você e eu nesse quadro? Eu sim. Simplesmente chame-nos Fido. E considere a Deus como o Maestro. Imagine o momento quando subiremos ao cenário. Não o mereceremos. Não o teremos ganhado. Até é possível que surpreendamos os músicos com a nossa aparência. A música não se parecerá com nenhuma que tenhamos ouvido anteriormente. Passearemos entre os anjos e escutaremos enquanto cantam. Contemplaremos as luzes do céu e ficaremos sem alento diante de seu brilho. E caminharemos ao lado do Mestre, ficaremos de pé ao lado do Mestre, e adoraremos enquanto Ele dirige. Esses capítulos finais nos lembram deste momento. Eles nos desafiam a ver o que não se vê e a viver para este acontecimento. Eles nos convidam a afinar nossos ouvidos com a canção dos céus e anelar... anelar esse momento quando estaremos ao lado do Mestre. Ele também dará as boas-vindas. E Ele, também, falará. Mas não nos afastará dEle. Ele nos convidará a permanecer para sempre como hóspedes sobre Seu cenário. - Texto Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Quando Deus Sussurra o Seu Nome”. Frase-Chave: Considere a Deus como o Maestro.