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postado em: 9/26/2015
A Maior Alegria do Céu Uma das lembranças mais gratas de minha infância é a saudação que dava ao meu pai quando voltava do trabalho. Minha mãe, que trabalhava no turno vespertino no hospital, saia de casa às três da tarde. Papai chegava às três e meia. Meu irmão e eu ficávamos sozinhos durante essa meia hora com instruções estritas de não sair de casa até que chegasse o pai. Ocupávamos nossos lugares no sofá e assistíamos desenhos animados, sempre mantendo um ouvido atento à entrada do carro. Até o melhor "Pernalonga" era abandonado quando ouvíamos seu carro. Posso lembrar como saia correndo a encontrar-me com papai e ele me alçava em seus grandes (e frequentemente suados) braços. Ao levar-me rumo a casa, colocava sobre minha cabeça seu chapéu de palha. Nós nos sentávamos no saguão enquanto ele tirava suas engraxadas botas de trabalho (nunca se permitia entrar com elas em casa). Quando as tirava, eu as calçava, e por um momento me convertia num caubói. Depois entrávamos e abria a marmita onde levava seu almoço. Qualquer pedacinho que sobrasse, e quase sempre parecia sobrar algo, era para que o dividíssemos meu irmão e eu. Era fabuloso. Botas, chapéu e sobras de comida. Que mais poderia desejar um menino de cinco anos? Mas vamos supor por um minuto que isso fosse a única coisa que recebesse. Suponhamos que meu pai, em vez de vir para casa, simplesmente enviasse algumas coisas. Botas para que brinque com elas. Um chapéu para que eu o coloque. Petiscos para que coma. Seria isso suficiente? Talvez sim, mas não por muito tempo. Em pouco tempo os presentes perderiam seu encanto. Em pouco tempo, ou talvez imediatamente, eu perguntaria: "Cadê o pai?" Ou considere algo pior. Vamos supor que me chamasse e dissesse: "Max, não voltarei nunca mais para casa. Mas vou te enviar minhas botas e meu chapéu, e cada tarde poderás brincar com eles". Não há acordo. Isso não funcionaria. Até uma criança de cinco anos sabe que é a pessoa, e não os presentes, o que faz com que uma reunião seja especial. Não é pelas guarnições, é pelo pai. O que dá sentido ao Céu Imagine que Deus nos faça uma oferta similar. Dar-te-ei qualquer coisa que desejes. O que seja. Amor perfeito. Paz eterna. Nunca terás temor nem estarás sozinho. Não entrará confusão em tua mente. Não penetrarão a ansiedade nem o tédio em teu coração. Nunca terás necessidade de nada. Não haverá pecado. Nem culpa. Nem regras. Nem expectativas. Nem fracasso. Nunca sentirás solidão. Nunca sentirás dor. Nunca morrerás. Só que nunca me verás o rosto. Desejaria isso? Nem eu. Não é suficiente. Quem deseja o Céu sem Deus? O Céu não é Céu sem Deus. Uma eternidade indolor e imortal seria agradável, porém inadequada. Um mundo injetado de esplendor nos impressionaria, mas não é isso que procuramos. O que desejamos é a Deus. Queremos a Deus mais do que sabemos. Não é que os adicionais careçam de atrativos. Simplesmente não são suficientes. Não é que sejamos cobiçosos. Simplesmente é que lhe pertencemos e santo Agostinho tinha razão, nossos corações estão inquietos até poder descansar nEle. Logo que o achemos estaremos satisfeitos. Moisés pode dizê-lo. Recebeu mais de Deus que qualquer outro homem da Bíblia. Deus lhe falou de uma sarça. Deus o conduziu com fogo. Deus maravilhou Moisés com as pragas. E quando Deus se irou com os israelitas afastando-se deles, permaneceu perto de Moisés. Falava com ele "face a face, como qualquer fala com o seu amigo" (Êxodo 33:11, ACF). Moisés conhecia a Deus como nenhum outro homem. Mas isso não era suficiente. Moisés anelava mais. Moisés ansiava ver a Deus. Até teve a ousadia de pedi-lhe: "Rogo-te que me mostres a tua glória" (Êxodo 33:18, ACF). Um chapéu e um petisco não bastavam. Um pilar de fogo e o maná da manhã eram insuficientes. Moisés desejava ver o próprio Deus. Acaso não o desejamos todos? Não é por isso que ansiamos o Céu? É possível que falemos de um lugar onde não há lágrimas nem morte nem temor nem noite; porém essas coisas são só os benefício do Céu. A beleza do Céu é a virtude de Deus. O Céu é o coração de Deus. E nosso coração terá paz quando O vejamos. "Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da Tua semelhança quando acordar" (Sl 17:15, ACF). Satisfeitos? Certamente que não. Não estamos satisfeitos. Nós nos afastamos da mesa de ocasião festiva e batemos em nossas barrigas avultadas. "Estou satisfeito", declaramos. Mas, algumas horas depois, nos verá de volta à cozinha, tirando a carne dos ossos. Acordamos depois de um bom descanso noturno e pulamos da cama. Não poderíamos voltar a dormir ainda que nos pagassem por isso. Estamos satisfeitos... por um pouco. Porém depois de uma doze horas, poderá ver que, arrastando-nos, voltamos a nos meter entre os lençóis. Tiramos umas férias como nenhuma outra. Planejamos durante anos. Poupamos durante anos, e lá vamos. Logo, nos saturamos de sol, diversão e boa comida. Mas nem sequer iniciamos o caminho de volta quando começamos a sofrer pelo fim da viagem e começamos o planejamento de outra.
Não estamos satisfeitos. Quando crianças, dizemos: "Se eu já fosse um adolescente". Sendo adolescentes dizemos: "Se já fosse um adulto". Sendo adultos: "Se estivesse casado". Depois de casado: "Se tivesse filhos". Quando somos pais: "Se as crianças fossem adultas". Numa casa vazia: "Se nossos filhos nos visitassem". Quando nos aposentamos, sentados numa cadeira de balanço, com as articulações endurecidas e a visão diminuída: "Se pudesse voltar a ser criança". Não estamos satisfeitos. O contentamento é uma virtude difícil de alcançar. Por quê? Porque não há nada na Terra que possa satisfazer nosso mais profundo anseio. Anelamos ver a Deus. As folhas da vida se sacodem com o rumor de que O veremos... e não estaremos satisfeitos até que isso aconteça. Não podemos estar satisfeitos. Não porque sejamos cobiçosos, mas, sim, porque temos fome de algo que não se encontra nesta Terra. Só Deus pode satisfazer. Felipe tinha razão quando disse: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta" (Jo 14:8, PJFA). Aí de nós!, é ai que reside o problema: "Não poderás ver a minha face", disse Deus a Moisés, "porquanto homem nenhum pode ver a minha face e viver" (Êxodo 33:20, PJFA). Como ver a Deus Os Hassides do século dezoito compreendiam o risco de ver a Deus. O Rabi Uri chorava cada manhã ao deixar sua casa para ir orar. Chamava seus filhos e sua esposa a seu lado e chorava como se nunca mais voltasse a vê-los. Quando lhe perguntavam o motivo, lhes respondia desta forma: "Quando começo minha oração clamo ao Senhor. Depois oro dizendo: "Senhor, tem misericórdia de nós". Quem sabe o que possa fazer-me o poder do Senhor nesse momento, depois de eu tê-lo invocado e antes de rogar pedindo-lhe misericórdia?" De acordo com a lenda, o primeiro índio norte-americano que viu o Grande Cânion se amarrou numa árvore pelo terror que sentiu. De acordo com as Escrituras, qualquer homem que tenha tido privilégio de dar uma olhadinha em Deus experimentou o mesmo. Puro terror. Lembra das palavras de Isaias depois de sua visão de Deus? "Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos" (Isaias 6:5, ACF). Ao ver a Deus, Isaias ficou aterrado. Por que tal temor? Por que tremia tanto? Porque era cera diante do Sol. Uma vela num furacão. Um peixinho nas cataratas do Niágara. A glória de Deus era demasiado grande. Sua pureza, demasiado genuína. Seu poder, demasiado imponente. A santidade de Deus ilumina a condição pecadora do homem. Para compreender isso, imagine que você está num teatro. Nunca, antes, assistiu a um e sente curiosidade. Entra por trás do cenário, olha as luzes, brinca com o telão e examina os elementos de decoração. Depois vê um camarim. Entra e senta à mesa. Olha para o grande espelho sobre a parede. O que vê é o que sempre vê ao olhar seu reflexo. Nenhuma surpresa. Depois percebe que o espelho está rodeado de lâmpadas. Há um interruptor na parede. Liga. Uma dúzia de luzes ilumina seu rosto. De repente vê o que não tinha visto antes. Manchas. Rugas. Cada pinta e cada marca são ressaltados. A luz ilumina as suas imperfeições. Foi isso o que aconteceu a Isaias. Quando viu a Deus, não suspirou de admiração. Não aplaudiu em sinal de apreciação. Caiu para trás horrorizado, clamando: "Sou impuro e meu povo também é impuro!" A santidade de Deus ressalta nossos pecados. Ouça as palavras de outro profeta: "Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão [a viva voz] sobre ele. Sim. Amém" (Apocalipse 1:7, ACF, ênfase do autor). Leia o versículo em outra versão: "Montado sobre as nuvens, todo olho O verá, os que zombaram dEle e O mataram O verão. Gente de todas as nações e de todos os tempos se rasgarão as vestes em lamentação. Oh, sim" (Apocalipse 1:7, The Message [tradução livre do inglês]). A santidade de Deus ressalta o pecado do homem. Então, que fazemos? Se é verdade que "sem santidade ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12:14, NVI [tradução livre do inglês]), para onde iremos? Não podemos apagar a luz. Não podemos quebrar o interruptor. Não podemos regressar à penumbra. Para esse momento seria muito tarde. Então, que podemos fazer? A resposta pode ser achada na história de Moisés. Leia com cuidado, com muito cuidado, os seguintes versículos. Leia para responder a esta pergunta: que fez Moisés para poder ver a Deus? Leia atentamente o que diz Deus. É possível que passe despercebido. "Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a Minha glória passar, por-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a Minha mão, até que Eu haja passado. E, havendo Eu tirado a Minha mão, Me verás pelas costas; mas a Minha face não se verá" (Êxodo 33:21-23, ACF). Você viu o que Moisés devia fazer? Nem eu. Percebeu quem fez a obra? Eu também. Deus o fez! Deus é ativo. Deus deu a Moisés um lugar onde ficar em pé. Deus colocou Moisés na fenda. Deus cobriu Moisés com sua mão. Deus passou junto dele. E Deus se revelou. Por favor, sublinhe o ponto chave. Deus equipou Moisés para poder dar uma olhadinha nEle. Só o que Moisés fez foi pedir. Mas, ah, como pediu! Só o que podemos fazer é pedir. Mas, ah, como devemos pedir! Pois só ao pedir recebemos. E só ao buscar achamos. E (é necessário que faça a aplicação?) Deus é o que nos equipará para nosso momento eterno com o Filho. Não nos proveu uma rocha, o Senhor Jesus? Não nos deu uma fenda, Sua graça? E acaso não nos cobriu com Sua mão, Sua mão furada? E por acaso o Pai não está a caminho para buscar-nos? Do mesmo modo que meu pai chegava na hora certa, assim Deus virá. E assim como meu pai trazia presentes e prazeres, também Ele o fará. Mas, apesar do quão esplendorosos sejam os presentes do Céu, não é isso o que estamos esperando. Esperamos ver o Pai. E isso nos bastará. - Texto Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Quando Deus Sussurra o Seu Nome”. Frase-Chave: O Céu não é Céu sem Deus.