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postado em: 9/27/2015
Órfãos Diante da Porta Esta semana me contaram uma história triste sobre uma lua de mel desastrosa. Os recém casados chegaram ao hotel cedo, na madrugada, com grandes expectativas. Tinham reservado uma grande suíte com complementos românticos. Mas não foi o que encontraram. Parece que o local era bastante reduzido. O pequeno quarto não tinha janelas, nem flores, só um banheiro estreito e, o pior de tudo, não havia cama. Só havia um sofá-cama com um colchão velho e molas gastas. Não era o que haviam esperado; consequentemente, tampouco a noite o foi. Na manhã seguinte, o noivo de pescoço dolorido desceu como um raio até o balcão do gerente e despejou sua ira. Depois de ouvir com paciência durante uns poucos minutos, o funcionário perguntou: "Abriu a porta que há no seu quarto?" O noivo admitiu que não. Regressou e abriu a porta, que tinha pensado ser um armário. Ali, com cestas de frutas e chocolates, se encontrava um amplo dormitório! Suspiro. Imagina os dois de pé diante da porta que tinham ignorado? Ah, que agradável teria sido... Uma cômoda cama, em vez de um velho sofá. Uma janela com lindas cortinas, ao invés de uma parede branca. Uma fresca brisa, em lugar de ar viciado. Uma elaborada suíte com requintes de conforto, e não um banheirinho apertado. Mas, na grande noite de núpcias eles perderam tudo isso. Que triste! Apertados, mal-humorados e incomodados, sendo que só uma porta os separava da comodidade, luxo e conforto. Perderam tudo isso porque pensaram que a porta era um armário. Por que não investigou? Eu me perguntava ao ler a nota. Seja curioso. Investigue. Tente. Dê uma olhada. Por que aceitou a suposição de que a porta não conduzia a nenhum lugar? Esta é uma boa pergunta; não só para o casal, mas para todos. Não só para o casal que pensou que a quartinho era só o que havia, mas para todos os que se sentem fechados e apinhados no ante-quarto chamado Terra. Não é o que havíamos esperado! É possível que tenha seus momentos agradáveis, mas simplesmente não é o que achamos que deveria ser. Algo dentro de nós geme pedindo mais. Compreendemos o que quis dizer Paulo ao escrever: "Nós (...) também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Romanos 8:23, ACF). Gememos. Essa é a palavra. Uma ansiedade interior. O eco da caverna do coração. O suspiro da alma que diz que o mundo está desencaixado. Alterado. Mal soletrado. Coxo. Algo está mal. O quarto é fechado demais para respirar, a cama muito dura para descansar, as paredes muito peladas para serem prazerosas. De modo que gememos. Não é que não tentemos. Fazemos o melhor que podemos com o espaço de que dispomos. Movemos os moveis, pintamos as paredes, baixamos a intensidade das luzes. Mas há limite no que pode ser feito a um lugar. De modo que gememos. Que deveríamos fazer? argumenta Paulo. Não fomos feitos para estes minúsculos quartos. "Nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados" (II Co 5:4, ACF). "Enquanto vivemos nesta tenda de campanha, suspiramos fatigados" (II Co 5:4, NVI, [tradução livre do espanhol]). Nosso corpo uma tenda de campanha? Não é mau como metáfora. Passei algumas noites em tendas de campanha *. São adequadas para as férias, mas não foram criadas para uso diário. As laterais se abrem. O vento invernal entra por baixo. Os aguaceiros estivais se escoam pelo teto. A lona se desgasta e as estacas se afrouxam. Necessitamos algo melhor, argumenta Paulo. Algo permanente. Algo indolor. Algo mais que carne e osso. E até obtê-lo, gememos. Sei que o que lhe digo não é nada novo. Você conhece o gemido da alma. Permita-se anelar. O anelo é parte da vida. É natural ter saudade do lar quando se está de viagem. Ainda não chegamos em nossa casa... Somos órfãos diante da porta do orfanato, aguardando a chegada de nossos novos pais. Ainda não chegaram, mas sabemos que vêm. Eles nos escreveram uma carta. E ainda não estamos familiarizados com nosso novo lar, mas temos um palpite a respeito dele. É grandioso! Eles nos enviaram uma descrição. Que faremos, pois? Aqui, diante da porta onde o agora-já se encontra com a senda do ainda-não, que faremos? Gememos. Ansiamos que nos chamem para casa. Mas até que Ele chame, esperamos. Estamos de pé no saguão do orfanato e esperamos. E como esperamos? Com paciente ansiedade. "Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos" (Romanos 8:25, ACF, ênfase do autor). "Também gememos em nós mesmos, esperando a adoção" (Romanos 8:23, ACF, ênfase do autor). "Esperando ansiosamente nossa adoção como filhos" (Romanos 8:23, NVI, [tradução livre do espanhol], ênfase do autor). Não com tanta ansiedade que nos faça perder nossa paciência e não com tanta paciência que nos faça perder a ansiedade. Porém, com freqüência, tendemos a perder uma ou outra. Muitas vezes, nos tornamos tão pacientes que adormecemos! Nossas pálpebras se tornam pesadas. Nossos corações se tornam sonolentos. Nossa esperança escorrega. Cochilamos em nossos postos. Ou, noutras ocasiões, estamos tão ansiosos que exigimos. Exigimos deste mundo o que só nos pode dar o mundo vindouro. Nenhuma doença. Nenhum sofrimento. Nenhuma luta. Esperneamos e sacudimos nossos punhos, esquecendo que unicamente no céu pode encontrar-se essa paz. Devemos ser pacientes, mas não tanto que não sintamos saudades. Devemos ser ansiosos, mas não tanto que não esperemos. Seria sábio de nossa parte fazer o que nunca chegaram a fazer aqueles recém casados. Seria sábio abrir a porta. Deter-se à entrada. Contemplar a habitação. Conter a respiração diante de tamanha beleza. E, depois, esperar. Esperar a chegada do Noivo para nos carregar, a nós, Sua noiva, e, assim, cruzar o umbral da eternidade. Afinal, tudo está pronto e preparado como Ele prometeu (João 14:1-3). Só nos resta, muito em breve, ouvir o grito festivo: “Eis o Noivo! Saí ao seu encontro!” (Mateus 25:6, u.p.). - Texto Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Quando Deus Sussurra o Seu Nome”. Frase-Chave: O anelo é parte da vida.