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postado em: 9/28/2015
A Paisagem das Terras Altas
Estando no Colorado para umas férias de uma semana, nossa família se reuniu com várias outras e decidiu escalar o cume de uma montanha de 4.200 metros. ^
Estávamos dispostos a fazer a escalada do modo mais fácil. Iríamos de carro até passar a linha da vegetação e atacaríamos o quilômetro e meio final a pé. Vocês os robustos caminhantes se teriam maçado, mas para uma família com três filhas pequenas, era praticamente só o que podíamos suportar.
A travessia acabou sendo tão fatigante quanto bela. Veio-me à memória o fato de que o ar era rarefeito, enquanto a minha cintura não.
Para nossa filha de quatro anos, Sara, foi duplamente difícil. Uma queda nos primeiros minutos deixou-lhe como saldo um joelho raspado e um passo tímido. Não queria caminhar. Na verdade, se negava a caminhar.
Queria que a carregassem. Primeiro nas minhas costas, depois nos braços da mamãe, depois minhas costas, depois as costas de um amigo, depois minhas costas, depois as da mamãe... bom, você já imaginou o quadro...
Aliás, já sabe como ela se sentia. Você também tem tropeçado, e você também tem pedido ajuda. E você também a recebeu.
Todos nós necessitamos de ajuda, de vez em quando. Essa travessia fica íngreme. Tão íngreme que alguns de nós nos damos por vencidos.
Alguns deixam de escalar. Alguns simplesmente sentam. Continuam perto da senda, mas não caminham. Não abandonaram a viagem, mas tampouco continuaram. Não desmontaram, mas também não esporearam. Não se retiraram e ainda assim não se decidiram. Simplesmente deixaram de caminhar. E passam, então, muito tempo sentados em volta do fogo, falando de como as coisas eram antes... As conquistas do passado...
Alguns permanecem por anos sentados no mesmo lugar. Não experimentam mudanças. As orações não se aprofundam. A devoção não se incrementa. A paixão não aumenta.
Uns poucos até se tornam cínicos. Aí do viajante que os desafiar a retomar a viagem, aí do profeta que ousar instá-los a ver a montanha. Aí do explorador que os lembrar de seu chamado... os peregrinos não são bem-vindos aqui.
E assim o peregrino continua avançando, enquanto o colono se acomoda.
Acomoda-se à igualdade.
Acomoda-se à segurança.
Acomoda-se aos montes de neve.
Espero que você não faça isso. Porém se o faz, espero que não zombe do peregrino que o chama para voltar à viagem.
Vale a pena continuar em movimento!
Ao tentar, sem êxito, convencer Sara para que caminhasse, descrevi o que iríamos ver. "Será tão bonito", disse. "Vai ver as montanhas, o céu e as árvores".
Não tive sorte... ela queria ser carregada. Ainda assim era uma boa idéia. Mesmo quando não der resultados. Não há nada como a visão dos cumes para infundir poder numa travessia.
De passagem, também uma maravilhosa paisagem aguarda você. O escritor de Hebreus nos brinda um artigo estilo “National Geographic” sobre o Céu. Escute como descreve o cume de Sião. Diz que quando cheguemos à montanha teremos arribado à "cidade do Deus vivo (...) À companhia de muitos milhares de anjos (...) À congregação dos primogênitos que estão inscritos nos Céus (...) A Deus, o Juiz de todos (...) aos espíritos dos justos feitos perfeitos (...) a Jesus, o Mediador do novo pacto (...) Ao sangue derramado que fala melhor que o de Abel" (Hebreus 12:22-24 [tradução livre do espanhol]).
Que montanha! Não é verdade que será maravilhoso ver os anjos? Poder finalmente saber como e quem são? Poder ouvi-los falar sobre as vezes em que estiveram ao nosso lado, até mesmo dentro de nossa casa?
Imagine a congregação dos primogênitos. Uma reunião de todos os filhos de Deus. Sem ciúmes. Sem competições. Sem pressas. Sem divisões. Seremos perfeitos... puros. Não haverá mais tropeços. Não haverá mais quedas. Acabará a luxuria. A fofoca silenciará. Os rancores desaparecerão para sempre.
E imagine ver a Deus. Finalmente, poder contemplar o rosto de seu Pai. Sentir sobre você o olhar do Pai. Nenhum dos dois cessará jamais.
Ele fará o que prometeu fazer. Farei tudo novo, prometeu Ele. Restaurarei o que foi roubado. Restaurarei os seus anos pendurados em muletas e encerrados em cadeiras de rodas. Restaurarei os sorrisos obscurecidos por causa da dor. Voltarei a executar as sinfonias aos ouvidos surdos que não escutaram e os pores-do-sol aos olhos cegos que não viram.
O mudo cantará. O pobre se dará um banquete. As feridas sararão.
Farei tudo novo. Restaurarei todas as coisas. A criança arrebatada por uma enfermidade correrá aos seus braços. A liberdade perdida por causa da opressão dançará em teu coração. A paz de um coração puro será meu presente para ti.
Farei tudo novo. Nova esperança. Nova fé. E, sobretudo, novo Amor. O Amor acerca do qual todos os outros amores falam. O Amor diante do qual todos os outros amores empalidecem. O Amor que buscaste em mil portos em mil noites... este meu Amor, te pertencerá.
Que montanha! Jesus estará ali. Anelou vê-lo. Finalmente o verá. É interessante o que o escritor diz que veremos. Não menciona o rosto de Jesus, embora O veremos. Não se refere à voz de Jesus, embora a iremos ouvir. Menciona uma parte de Jesus que a maioria de nós não imaginaria ver. Diz que veremos o sangue de Jesus. O carmesim da cruz. O líquido da vida que correu pela Sua testa, pingou de Suas mãos e fluiu de Seu lado.
O sangue humano do divino Cristo. Cobre nossos pecados.
Proclama uma mensagem: Fomos comprados. Não podemos ser vendidos. Jamais!
Opa, que momento! Que montanha!
Acredite em mim quando digo que vale a pena. Nenhum preço é demasiadamente elevado. Se você deve pagar um preço, pague-o! Nenhum sacrifício é demasiadamente grande. Se for necessário que deixe bagagem no caminho, deixe-a! Nenhuma perda será comparável. Custe o que custar, faça-o! Por todos os céus, faça-o!
Vale a pena. Prometo. Uma visão do cume justificará a dor do caminho.
Seja dito, de passagem, nosso grupo finalmente conseguiu escalar a montanha. Passamos aproximadamente uma hora no cume, tirando fotos e desfrutando da vista. Mais tarde, no caminho de descida, escutei a pequena Sara exclamar com orgulho: "Consegui!"
Ri para mim. Não foi assim, pensei. Sua mãe e eu o fizemos. Amigos e familiares lhe fizeram escalar esta montanha. Não foi você que o fez.
Mas não disse nada. Não disse nada porque estou recebendo o mesmo tratamento. Também você. Talvez pensemos que estamos escalando, mas alguém nos carrega. Vamos sobre as costas do Pai, que nos viu cair. Vamos sobre as costas do Pai, que deseja que consigamos chegar em casa o mais breve possível.
Um Pai que não se ira quando nos cansamos; nem nos abandona quando tropeçamos e ralamos as pernas e braços nas pedras. Um Pai que gostaria que ouvíssemos atentos, e atendêssemos prontamente, os apelos e chamados que nos fazem os peregrinos – profetas, pastores, evangelistas, pregadores, presbíteros, etc. – e que, reanimados e reavivados, deixemos a condição de colonos e voltemos à condição de viajantes e alpinistas – subindo a montanha rumo à nossa casa, nosso querido lar.
Depois de tudo, Ele sabe o que se sente ao escalar uma montanha.
Ele escalou a maior de todas – mais alta até do que o Everest – por nós.
- Texto Extraído e Adaptado de Max Lucado, “Quando Deus Sussurra o Seu Nome”.
Frase-Chave:
O peregrino avança, o colono se acomoda!