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postado em: 9/30/2015
Quando Deus Trocou Minhas Roupas Minha única qualificação para escrever um livro sobre a graça é a roupa que uso. Deixe-me explicar. Durante anos, possui um elegante terno, com paletó, calça, e até um chapéu. Considerava-me totalmente garboso nesse conjunto, e estava certo de que os outros eram da mesma opinião. As calças, talhei-as do tecido de minhas boas obras, fortemente urdido de trabalhos realizados e projetos completados. Alguns estudos aqui, alguns sermões ali. Muita gente elogiava minhas calças, e, confesso, eu tinha a tendência de puxá-las em público para que as pessoas pudessem notá-las. O paletó era igualmente impressionante; tecido de minhas convicções. A cada dia, eu me vestia em profundo sentimento de fervor religioso. Minhas emoções eram absolutamente fortes. Tão fortes que, para dizer a verdade, muitas vezes eu era solicitado a exibir meu manto de zelo em público, a fim de inspirar a outrem. Claro, eu aquiescia feliz. Enquanto isso, tinha também de expor meu chapéu — um quepe emplumado de sabedoria, feito por minhas próprias mãos, tecido com fibras de opinião pessoal. Eu o usava orgulhosamente. Certamente, Deus está impressionado com minhas vestes, pensava eu com freqüência. Ocasionalmente, impertigava-me em Sua presença para que Ele pudesse elogiar meus trajes feitos sob medida. Ele nunca falava. Seu silêncio deve significar admiração, convenci a mim mesmo. Mas então o meu guarda-roupa começou a deteriorar-se. O tecido de minhas calças esgarçou-se. Minha melhor obra, ei-la a desintegrar-se. O que eu fazia já não podia concluir, e o pouco que intentava já não me constituía motivo de orgulho. Não há problema, pensei. Vou trabalhar duro. Mas o trabalho duro era um problema. Havia um buraco em meu paletó de convicções. Minha determinação estava puída. Um vento frio golpeou-me o peito. Agarrei meu chapéu, e puxei-o firmemente para baixo. A aba rasgou-se em minhas mãos. Após um período de poucos meses, meu guarda-roupa de justiça própria desfez-se completamente. De cavalheiro vestido sob medida, passei a mendigo esfarrapado. Receando pudesse Deus agastar-Se com os meus trapos, remendei-os melhor que pude, e cobri meus erros. As roupas porém estavam muito gastas. E o vento era gelado. Desisti. Voltei para Deus. (O que mais podia fazer?) Numa quinta-feira invernal, entrei em sua presença, buscando não aplausos, mas aconchego. Minha oração foi débil. — Sinto-me nu. — Você está nu. E tem estado assim por um longo tempo. O que Ele fez a seguir, jamais esquecerei: — Tenho algo para lhe dar — disse-me Ele. E gentilmente removeu o restante dos fiapos, e apanhou um manto — um manto real, uma veste de Sua própria bondade. Colocou-o em torno de meus ombros. Suas palavras soaram cheias de ternura: — Meu filho, agora você está vestido com Cristo. (Ver Gl 3.27). Embora houvesse cantado o hino milhares de vezes, só então o compreendi: Vestido unicamente de Sua justiça, Irrepreensível perante o trono. Tenho o pressentimento de que alguns de vocês sabem do que estou falando. Você vem usando um traje feito por si mesmo. Você tem confeccionado suas vestimentas, honrado suas obras religiosas, e... já notou um rasgo no tecido. Antes que você comece a remendar-se a si próprio, gostaria de partilhar com você alguns pensamentos sobre a maior descoberta de minha vida: a graça de Deus. Minha estratégia é que gastemos algum tempo escalando as montanhas da Epístola de Paulo aos Romanos. Escrita para auto-suficientes, essa epístola contrasta a posição de pessoas que preferem envergar trajes feitos por si próprias, com a daquelas que, alegremente, aceitam o manto da graça. Romanos é o maior tratado já escrito sobre a graça. Você achará o ar fresco e a visão clara. Martinho Lutero chamou Romanos de “A parte fundamental do Novo Testamento e... verdadeiramente, o mais puro Evangelho”. Deus usou o livro de Romanos para mudar as vidas (e o guarda-roupa) de Lutero, John Wesley, João Calvino, William Tyndale, Agostinho, e milhões de outros. Há inúmeras razões para pensar que Ele fará o mesmo a você. Há um texto maravilhoso do Velho Testamento que, muitos séculos antes, já sinalizava esta obra maravilhosa que Jesus viria fazer em nosso favor: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque Ele me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita com as suas jóias” (Isaías 61:10). - Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça. Frase-Chave: Vestido unicamente de Sua justiça.