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postado em: 10/3/2015
A Parábola do Rio – Parte 3
O Judicialista Acusador (Romanos 2. 1-11)
A proposta do segundo filho era simples: Por que tratar de meus próprios erros, quando posso enfocar os erros alheios? Ele é um judicialista. Eu posso ser mau, mas desde que consiga encontrar alguém pior, estou salvo. Ele alimenta sua benevolência com as faltas de outrem. Se auto indica como o queridinho do professor na escola primária. Tagarela sobre o trabalho malfeito dos outros, esque¬cendo-se do zero em sua própria folha. Ele é o cão de guarda da vizi¬nhança, mandando as pessoas porem em ordem as suas vidas, mas nunca notando o lixo em sua própria calçada. “Venha, Deus, deixe-me mostrar-lhe as más ações de meu vizinho” — convida o moralista. Deus, porém, não o segue até o vale. “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, fazes o mesmo” (Rm 2.1). Esse é um golpe baixo, e Deus não cairá nele. O Legalista Amontoador de Pedras (Romanos 2.17-3.20) E então, vamos ao irmão do rio. Ahhh, aqui está um filho que nós respeitamos. Diligente. Industrioso. Zeloso. Enérgico. Aqui está um companheiro que enxerga os próprios pecados, e propõe-se a resolvê-los sozinho. Sem dúvida, ele merece nossos aplausos. Seguramente, é digno de imitação. E, mais certo ainda, é merecedor da misericórdia paterna. Não irá o pai escancarar as portas do castelo, quando vir o quão duro este filho tem trabalhado para chegar ao lar? Sem ajuda do pai, o legalista está tentando resolver a pendência e vadear o rio da falta. Certamente, o pai ficará feliz em vê-lo. Isto é, se o pai o vir. Note bem, o problema não é a afeição do pai, mas a força do rio. O que puxou o filho para longe da casa paterna não foi um regato suave, mas uma tempestuosa corrente. Seria o filho suficientemente forte para construir um caminho, rio acima, para a casa do pai? Duvidoso. Nós, certamente, não conseguiríamos. “Não há um jus¬to, nem um sequer” (Rm 3.10). Oh, contudo, nós tentamos. Não amon¬toamos pedras num rio, mas fazemos boas obras na terra. Nós pensamos: Se eu fizer isto, Deus me aceitará. Se eu der aula na Escola dominical... e pegamos uma pedra. Se eu for à igreja... e colocamos a pedra no rio. Se eu der este dinheiro... outra pedra. Se eu aturar o livro do Max Lucado... dez grandes pedras. Se eu ler minha Bíblia, tiver a opinião correta sobre a doutrina cer¬ta, se eu participar desse movimento... pedra sobre pedra, sobre pe¬dra. O problema? Você pode dar cinco passos, restam porém cinco mi¬lhões à frente. O rio é longo demais. O que nos separa de Deus não é um córrego raso e manso, mas uma caudalosa corrente, uma cachoei¬ra, um opressivo rio de pecados. Nós ajuntamos, amontoamos e empilhamos, apenas para descobrir que mal podemos pisar, muito menos progredir. O impacto sobre os amontoadores de pedras é notadamente previ¬sível: desespero ou arrogância. Eles desistem, ou tornam-se orgulho¬sos. Pensam que jamais o farão, ou acreditam-se os únicos capazes de fazê-lo. É estranho como duas pessoas podem olhar para as mesmas pedras amontoadas, e uma pender a cabeça, enquanto a outra estufa o peito. Tal condição pode ser chamada de ateísmo religioso. Este é o lema por trás do ousado pronunciamento de Paulo: “Somos todos pecado¬res, cada um de nós, afundando no mesmo barco com todos eles” (Rm 3.19). Ímpio ou Piedoso? Que trio, não! O primeiro, num banquinho rústico. O segundo, na cadeira do juiz. O terceiro, no banco da igreja. Embora possam parecer diferentes, há muita semelhança entre eles. Todos estão separados do pai. E nenhum está pedindo ajuda. O pri¬meiro é indulgente com a própria paixão; o segundo monitora seu vizinho; e o terceiro confia nos próprios méritos. Auto-satisfação. Auto-justificação. Auto-salvação. A palavra operante é auto. Auto-suficiente. “Não se importam com Deus, nem tampouco com o que Ele pensa deles” (Rm 3.18 BV). A palavra usada por Paulo é ateísmo (Rm 1.18). A palavra define a si própria. Uma vida desprovida de Deus. É mais que desdenhar a Deus; é descuidar de sua existência. O desdém ao menos admite sua presen¬ça; o ateísmo, não. Enquanto o desdém leva o povo à irreverência, o descuido o faz agir como se Deus fosse irrelevante, como se ele não contasse na jornada. Como Deus responde aos ímpios? Por certo, não frivolamente. “Por¬que do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18). Paulo não aliviou. Deus está justamente irado com as ações de seus filhos. Posso desde já prepará-lo: os primeiros capítulos de Romanos não são exatamente otimistas. Paulo dá-nos as más notícias, antes das boas. Eventualmente, ele nos dirá que somos todos candidatos à graça, mas não antes de provar que somos todos, desesperadamente, pecadores. Temos de ver a desordem em que estamos, antes de apreciar o Deus que temos. Antes de recebermos a graça de Deus, devemos entender a sua ira. É já que Paulo começou por aí, é por aí que começaremos. MAPEANDO A PARÁBOLA
O Legalista Amontoador de Pedras
Romanos 2.17-3.20
O Cristão Conduzido Pela Graça
Romanos 3.21-25
Salvar a mim mesmo
Confiar-me a Cristo
Avaliar meus méritos
Conhecer meu pai
Sobrecarregado
Amante de Deus
Estressado
Sereno
Posso ser mau, mas se eu trabalhar duro...
Posso ser mau, mas sou perdoado.
Subornar Deus
Busca de Deus
Eu devo. Eu devo, e vou trabalhar.
Não sou perfeito, mas sou perdoado.
Não posso trabalhar o bastante.
Não posso agradecer-lhe o bastante.
Castor
Águia
A lista de exigências
A abundância das bênçãos divinas
Eu, não!
Sim, eu.
Eu sou sempre culpado.
Eu era culpado.
O que Deus requer, eu faço.
O que Deus faz é da minha conta.
Ao trabalho!
Obrigado!
Se lhe parece agradável, interrompa-o.
Se lhe parece agradável, examine-o.
Exausto
Agradecido
Você não tem solução para o seu problema.
Você não tem porque temer.
“Àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo graça, mas segundo a dívida” Rm 4.4,5
“Mas o justo viverá da fé” Rm 1.17
- Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça. Frase-Chave: Ateísmo religioso.