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postado em: 10/9/2015
O Desastre de Vidas Sem Deus
Pode um grilo conceber comunhão? Tenho estado meditando na questão desde o último domingo, quando ambos, o grilo e a indagarão surgiram no meu caminho.
A Ceia do Senhor estava sendo servida quando, ao curvar minha cabeça, avistei o visitante embaixo do banco. Minha mente fértil imaginou-o entrando sorrateiramente pela porta lateral, esgueirando-se por entre os pés dos diáconos, e caminhando para a frente do santuário.
A visão de um grilo despertou muitas emoções dentro em mim, nenhuma delas espiritual. Perdoem-me todos vocês, amantes de insetos, mas não fui atraído por sua beleza nem surpreendido por sua força.
Normalmente eu não me interessaria pelo inseto, porém a presença de um bichinho no auditório pareceu-me simbólica.
Temos algo em comum, você, eu, e o grilo: visão limitada. Espero que o paralelo não o faça virar bicho (ai!), mas eu o acho apropriado. Nenhum de nós faz uma imagem correta da vida além do espigão.
Veja você, tanto quanto interessa ao grilo, seu universo inteiro é um auditório. Posso visualizá-lo levando o filho para fora da parede, numa noite, e mandando-o levantar os olhos ao espigão. Ele coloca a pata em volta do filho e suspira:
— Como é poderoso o firmamento sob o qual vivemos, filho!
Ele sabe que o que está vendo é apenas uma fração? E as aspirações de um grilo... Seu mais alto sonho é achar um pedaço de pão. Ele adormece com visões de migalhas de torta e pingos de geléia.
Senão, considere-o o herói do mundo dos grilos. O célebre inseto. Alguém tão veloz que pode cruzar uma sala cheia de pés. Tão corajoso, que explorou o interior do batistério. Tão ousado, que aventurou-se a entrar num imponente gabinete, ou a saltar do peitoril de uma janela.
Existe, nas crônicas do reino dos grilos, uma historia sobre Venerável Grilo, que marchou pelas paredes bradando: "O bicho-homem está vindo! O bicho-homem está vindo!"? Os assombrados grilos sempre olham um para o outro e exclamam "Oohh!"?
Talvez a principal questão seja: o que leva um grilo a adorar? Ele reconhece que houve uma mão por trás do edifício? Ou ele escolheu adorar o mesmo edifício? Ou talvez um lugar no edifício? Ele assume que, desde que ele não viu o construtor, não há construtor algum?
O hedonista o faz. Desde que nunca viu a mão que fez o universo, ele assume que não há vida além do aqui e agora. Acredita que não há verdade além desta sala. Nenhum propósito além de seu próprio prazer. Nenhum fator divino. Ele não tem interesse no eterno. Como um grilo que se recusa a reconhecer um construtor, ele recusa-se a confessar seu Criador.
O hedonista opta por viver como se absolutamente não houvesse Criador. Novamente, a palavra de Paulo para isto é ateísmo. Escreveu o apóstolo: "Eles não se importaram em ter conhecimento de Deus" (Rm 1.28).
O que acontece quando a sociedade vê o mundo através dos olhos de um grilo? O que ocorre quando uma cultura se instala numa choupana de sapé, em vez de no castelo do Pai? Existem conseqüências para a busca de prazeres ímpios? Ele está mais interessado em satisfazer suas paixões que no conhecimento do Pai. Sua vida é tão ávida de prazeres, que não sobra tempo nem espaço para Deus.
Ele está certo? É correto gastar nosso dias vivendo pelo rumo do nariz, sem nos importarmos com Deus? Paulo afirma "Absolutamente não!"
De acordo com o primeiro capítulo de Romanos, perdemos bem mais que vitrais quando rejeitamos a Deus. Perdemos nosso critério, nosso propósito, e nossa adoração. "Em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Rm 1.21,22).
Perdemos Nosso Critério
Quando eu tinha nove anos, elogiei um aeromodelo de meu colega. Ele tão-somente replicou:
— Eu o roubei.
Deve ter notado meu espanto, e perguntou-me:
— Você acha que isso foi errado?
Disse-lhe que sim, e ele respondeu-me simplesmente:
— Pode ser errado para você, não para mim. Não fiz mal a ninguém quando roubei o avião. Conheço o dono. Ele é rico; pode comprar outro. Eu, não.
O que você me diz desse argumento? Se você não acredita na vida além das vigas do teto, tem pouco a dizer. Se não há um bem supremo por trás do mundo, então como definimos "bem" dentro do mundo? Se a maioria das opiniões determinam o bem e o mal, o que acontece quando a maioria está errada? O que você faz quando a maioria do grupo diz que não há problema em roubar, atacar, ou mesmo disparar armas de fogo de um veículo em movimento?
O mundo sem moral do hedonista pode ficar bem no papel, ou soar importante num curso de filosofia, mas e na vida? Chegue para o pai de três crianças, cuja esposa o abandonou, e diga-lhe: "Divórcio pode ser errado para você, mas para mim, está tudo certo".
Ou peça a opinião de uma adolescente grávida e amedrontada, para quem o namorado disse: "Se você tiver o bebê, a responsabilidade será sua". Ou então pergunte a um aposentado, cuja pensão foi roubada por um mercenário que acreditava estar tudo bem, desde que não fosse apanhado.
Por outro lado, uma visão piedosa do mundo tem algo a dizer ao meu ladrão infantil. A fé desafia esses cérebros-de-grilo a responder por um critério superior, em vez de por uma opinião pessoal: "Você pode pensar que é certo. A sociedade pode achar que está tudo bem. Porém o Deus que fez você disse: ‘Você não deverá roubar’ — e Ele não estava brincando".
A propósito, siga o pensamento ímpio com a sua extensão lógica, e veja o que você ganha. O que acontece quando uma sociedade nega a importância do certo e errado? Leia a resposta na parede de uma prisão, em Poland: "Libertei a Alemanha da estúpida e degradante falácia de consciência e moralidade".
Quem fez tal jactância? Adolf Hitler. Onde estão afixadas estas palavras? Num campo de extermínio nazista. Os visitantes lêem a declaração, e então vêem os resultados: uma sala abarrotada com milhares de libras de cabelos de mulheres, salas cheias de retratos de crianças castradas, e fornos de gás que serviram para a solução final de Hitler. Paulo descreve-o melhor: "Seu coração insensato se obscureceu" (Rm 1.21).
Ora, Max, você está indo longe demais. Não está esticando o que começou com o roubo de um aeromodelo, para terminar num holocausto?
Na maioria das vezes não chega a tanto. Mas poderia. E o que há para interrompê-lo? Que dique pode segurar o fluxo do Negador-de-Deus? Que âncora usaria o secularista para impedir que a sociedade fosse sugada pelo mar? Se uma sociedade deleta Deus da equação humana, que sacos de areia empilharia contra a crescente maré de barbarismo e hedonismo?
Como se expressou Dostoevsky, "Se Deus está morto, então tudo é justificável."
- Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça.
Frase-Chave:
Perdemos tudo, quando rejeitamos Deus!