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postado em: 10/11/2015
Trocando Um Banquete Por Migalhas
— Mas exatamente onde você deixou cair as chaves?
— Em minha casa — responde o homem.
— Em sua casa? Então por que está procurando aqui fora?
— Porque a luz é melhor aqui.
Você nunca achará o que precisa, se não procurar no lugar certo. Se você está procurando suas chaves, vá para onde as perdeu. Se você está à procura de verdade e propósito, vá para o lado de fora do espigão. E se está em busca do sagrado, mais uma vez, você não conseguirá achá-lo, se pensar como um grilo.
"E trocaram a glória de Deus, que sustenta o mundo inteiro em suas mãos, por estatuetas baratas, que podem ser compradas em qualquer beira de estrada" (Rm 1.21).
Voltemos aos grilos por um instante. Suponha que esses grilos sejam totalmente avançados e, freqüentemente, se empenhem na filosófica questão "Existe vida além deste edifício onde estamos?"
Alguns grilos acreditam que sim. Deve haver um criador desse lugar. Se não, como surgiu a luz? Como pode o vento soprar através dos orifícios? Como pode a música encher o aposento?
Admirados com o que podem ver, eles adoram o que não vêem.
Porém outros grilos discordam. A partir de estudos, eles acham que a luz vem por causa da eletricidade. O vento assopra por causa do condicionador de ar, e a música é o resultado da caixa acústica. "Não há vida além desta sala", declaram eles. "Calculamos como tudo funciona".
Vamos deixar os grilos ganhar essa? Claro que não! "Não é porque vocês não entendem o sistema", devemos dizer-lhes, "que vão negar a presença de alguém do lado de fora dele. Além disso, quem o construiu? Quem instalou o interruptor? Quem projetou o compressor ou construiu o gerador?
Mas não estamos cometendo o mesmo engano? Compreendemos como são formadas as tempestades. Mapeamos o sistema solar, e transplantamos corações. Medimos a profundidade do oceano, e enviamos sinais a planetas distantes. Nós, os grilos, temos estudado o sistema e aprendido como este funciona.
E assim, a perda do mistério tem levado à perda da majestade. Quanto mais conhecemos, menos acreditamos. Estranho, não acha? O conhecimento do processo não deveria desmentir o milagre. O conhecimento deveria suscitar a admiração. Quem tem mais razão para adorar que o astrônomo que vê as estrelas? Que o cirurgião que segura corações nas mãos? Que o oceanógrafo que sonda as profundezas? Quanto mais conhecemos, mais deveríamos nos maravilhar.
Ironicamente, quanto mais conhecemos, menos adoramos. Estamos mais impressionados com a nossa descoberta do interruptor, que com o inventor da eletricidade. É a lógica dos cérebros-de-grilo. Em lugar de adoramos ao Criador, adoramos a criação (Rm 1.25).
Sem maravilhas, não há admiração. Achamos que tudo é calculado. Uma das atrações mais populares da Disney World é a Jungle Cruise. As pessoas não se importam de passar quarenta e cinco minutos esperando no calor da Flórida, para ter a oportunidade de entrar no barco e atravessar a floresta infestada de cobras.
Elas o fazem pela emoção. Você nunca sabe quando um nativo pulará de uma árvore, ou um crocodilo sairá da água. As cachoeiras encharcam você, o arco-íris o inspira, e o filhote de elefante brinca na água para seu divertimento.
É uma viagem total — nas primeiras vezes. Mas depois de quatro ou cinco corridas rio abaixo, começa a perder a graça. Eu deveria saber. Durante os três anos em que morei em Miami, Flórida, fiz umas vinte viagens a Orlando.
Eu era solteiro e dono de um furgão, e levava qualquer um que desejasse passar um dia no Reino Encantado. Lá pela oitava ou nona viagem, eu podia dizer os nomes de todos os guias e as piadas que eles contavam.
Um par de vezes cheguei a cochilar durante a viagem. A trilha perdera seus mistérios. É de admirar que as pessoas durmam numa manhã de domingo (seja na cama ou na igreja)? Agora você sabe. Elas já viram tudo.
Por que ficar excitadas? Eles conhecem tudo. Nada mais há de sagrado. O santuário tornou-se enfadonho. Em vez de agitados, como meninos no parque, passamos a vida dormitando, como passageiros que repetem o mesmo percurso de trem todos os dias.
Entende como as pessoas se tornam cheias de pecados sexuais, usando seus corpos iniquamente umas com as outras? (Rm 1.24).
De acordo com o primeiro capítulo de Romanos, ateísmo é uma péssima barganha. Nessa de viver o hoje, o hedonista construtor de cabanas destrói sua esperança de viver num castelo amanhã.
O que era verdade nos dias de Paulo, ainda o é nos dias de hoje, e faríamos bem se atentássemos para a sua advertência. Do contrário, o que nos livra de destruirmos a nós mesmos? Se não há critérios nesta vida, nenhum propósito para esta vida, e nada sagrado acerca desta vida, o que nos impede de fazermos tudo o que quisermos? — Nada — responde um grilo ao outro.
Como Deus se sente acerca de tal filosofia de vida? Deixe-me dar-lhe uma dica. Como você se sentiria se visse seus filhos contentando-se com migalhas, quando você lhes tem preparado um banquete?
- Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça.
Frase-Chave:
Não "Pense" Como Um Grilo!