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postado em: 10/12/2015
Julgamento Ímpio
"Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro-, pois tu, que julgas, fazes o mesmo" (Romanos 2.1).
Sabe o que mais me perturba acerca de Jeffrey Dahmer?
O que mais me perturba não são os seus atos, embora odiosos. Dahmer foi culpado de dezessete assassinatos. Onze cadáveres foram encontrados em seu apartamento. Ele cortou braços e comeu partes dos corpos.
Meu dicionário contém 204 sinônimos para vil, mas nenhum deles é suficiente para descrever um homem que armazenou caveiras em seu refrigerador, e conservou o coração de uma de suas vítimas.
Ele redefiniu os limites da brutalidade. O monstro de Milwaukee dependurou-se no mais baixo degrau da conduta humana, e então deixou-se cair. Mas não é isto o que mais me aborrece.
Posso dizer-lhe o que mais me incomoda a respeito de Jeffrey Dahmer? Não foi o seu julgamento, por mais perturbador que tenha sido, com todas aquelas imagens dele sentado serenamente na corte, face gélida, inerte.
Nenhum sinal de remorso, nenhuma sombra de pesar. Lembra-se de seus olhos de aço e seu semblante impassível? Mas não falo dele por causa de seu julgamento. Há uma outra razão. Permita-me dizer-lhe o que realmente me transtorna acerca de Jeffrey Dahmer? Posso contar-lhe?
Sua conversão.
Meses antes que um companheiro de cela o assassinasse, Jeffrey Dahmer tornou-se um cristão. Falou de seu arrependimento. Estava triste pelo que fizera. Profundamente triste.
Confessou sua fé em Cristo. Foi batizado. Iniciou uma nova vida. Começou a ler livros evangélicos e a assistir aos cultos na prisão.
Pecados lavados. Alma limpa. Passado perdoado.
Isso me transtorna. Não deveria, mas é assim que me sinto. Graça para um canibal? É possível que você tenha as mesmas reservas. Se não quanto a Dahmer, talvez sobre outro alguém. Quem sabe, relutante quanto a conversão de um estuprador, que se arrepende no leito de morte, ou de um molestador de crianças, que se converte na última hora.
Nós os sentenciamos, não numa corte, mas em nossos corações. Temo-los posto atrás das grades e trancado a porta. Eles estão para sempre encarcerados, em nossa repugnância. E então, o impossível acontece: eles se arrependem.
Nossa reação? (Atrevamo-nos a confessá-la?) Cruzamos os braços, enrugamos a testa e dizemos: "Deus não o deixará escapar assim tão fácil. Não depois do que você fez. Deus é bom, mas não é tolo. A graça é para pecadores normais, como eu, não para pervertidos iguais a você".
E para provar, buscamos Romanos. "Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre..." E Paulo alista pecado sexual, maldade, egoísmo, ódio, ciúme, assassinato (Rm 1. 18-30). Nós queremos gritar "Isso mesmo, Paulo!
Já era hora de alguém falar contra o pecado! Já era tempo de se arrancar a máscara do adultério e pôr à mostra a desonestidade! Pegue esses pervertidos. Agarre esses traficantes. Apoiado, Paulo! Nós, os decentes, os obedientes à lei, estamos com você!
Reação de Paulo? "Vocês são tão ruins quanto eles. Quando afirmam que eles são maus e deveriam ser castigados, vocês estão falando de si mesmos, pois fazem essas mesmas coisas" (Rm 2.1 BV).
Ooopa!
Chamando a atenção sobre o gato construtor de cabanas, o cão de guarda da ladeira vira o holofote para si mesmo.
- Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça.
Frase-Chave:
O amor de Deus alcança todos os pecadores