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postado em: 10/17/2015
Pare de Embelezar o Cadáver!
No texto de ontem, falei sobre a minha expectativa e de vários, esperando do outro lado de uma corda, o momento exato para receber e abraçar os filhos. Deus também está esperando ansiosamente por este momento, mas o que nos separa de Deus não é uma corda e uma política de acampamento. O que nos separa de Deus é o pecado.
Não somos fortes o suficiente para removê-lo, e não somos bons o bastante para apagá-lo. Apesar de todas as nossas diferenças, há um problema que todos partilhamos: estamos separados de Deus.
"Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que atenda; não há ninguém que busque a Deus" (Rm 3.10,11).
Não lhe parece que Paulo está tentando dizer-nos alguma coisa?
Cada pessoa sobre o verde jardim de Deus o tem pisoteado. Os hedonistas pisotearam-no porque centralizaram-se no prazer, e não em Deus. Os judicialistas pisotearam-no porque se inclinaram à arrogância, e não a Deus. Os legalistas pisotearam-no porque foram conduzidos pelo esforço, e não pela graça.
O construtor de cabanas busca prazer, o censor busca impunidade, o amontoador de pedras busca piedade. O primeiro negligencia Deus, o segundo procura distrair Deus, e o terceiro espera compensar Deus. Porém cada um deles falha com Deus. São todos ímpios.
Nenhum é como o quarto filho, que dependeu do plano do pai para levá-lo ao lar.
Morte: Condição Universal
Sabe qual o grande complemento que falta à humanidade? Estamos a uma longa distância do Pai, e não temos um indício de como chegar a Ele.
Ouça como Paulo compreende o papel do juiz investigador, e descreve o cadáver do pecador:
"Sua garganta é um sepulcro aberto".
"Com a língua tratam enganosamente".
"Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios".
"Sua boca está cheia de maldição e amargura".
"Seus pés são ligeiros para derramar sangue".
(Veja Rm 3.13,14,16).
Que anatomia repulsiva! Gargantas como sepulcros abertos. Língua mentirosa. Lábios de víbora. Boca cheia de vulgaridades. Pés que marcham em direção à violência. E para resumir, Paulo apresenta a causa de tudo isso: "Não há temor de Deus diante de seus olhos" (v. 18).
O pecado infecta a pessoa inteira, desde os olhos até os pés. O pecado não apenas contamina cada ser humano, mas contamina o ser de cada humano. Mais para a frente, na carta aos Romanos, Paulo diria isso ainda mais claramente: "O salário do pecado é a morte" (Rm 6.23).
O pecado é uma doença fatal. O pecado tem-nos sentenciado a uma morte lenta e dolorosa. O pecado faz com a vida o que a tesoura faz a uma flor. Um corte no talo separa a flor da fonte da vida.
Inicialmente, a flor é atraente, ainda viçosa e cheia de cor. Mas olhe para ela depois de um certo tempo: as folhas estarão murchas, e as pétalas, caídas. Não importa o que você faça, a flor não voltará a viver. Mergulhe-a na água. Finque o talo na terra. Batize-a com adubos. Cole a flor de volta ao caule. Faça o que quiser. A flor está morta.
Quando o ditador chinês, Mao-Tse-tung, faleceu em 1976, seu médico, o Dr. Li Zhisui, recebeu uma tarefa impossível. O Politburo exigiu:
— O corpo do presidente deve ser preservado para sempre.
O staff objetou. O médico desaprovou. Ele tinha visto os restos secos e encolhidos de Lenin e Stalin. Ele sabia que um corpo sem vida está condenado à podridão.
Mas ele recebera ordens. Vinte e dois litros de formol foram bombeados para dentro do corpo. O resultado foi horripilante. A face de Mao inchou como uma bola, e seu pescoço ficou tão grosso quanto a cabeça. Suas orelhas esticaram-se em ângulo reto.
A substância química escorria de seus poros. A equipe de embalsamamento trabalhou por cinco horas com toalhas e algodão, forçando o líquido para dentro do corpo. Finalmente o rosto pareceu normal, mas o peito estava tão inchado, que seu paletó teve de ser fendido atrás, e seu corpo, coberto com a bandeira vermelha do partido comunista.
Isso satisfez para o funeral, mas as autoridades queriam o corpo permanentemente preservado, para ser exposto na Praça da Paz Celestial. Durante um ano, o Dr. Zhisui supervisionou uma equipe trabalhando em um hospital subterrâneo, na tentativa de preservar os restos mortais.
Como o resultado foi inútil, uma autoridade oficial ordenou que se fizesse um indivíduo de cera, idêntico ao original. Ambos, corpo e réplica, foram levados ao mausoléu da Praça da Paz Celestial.
Dezenas de milhares de pessoas passaram em fila ante o esquife de cristal, para prestar homenagens ao homem que governara a China por vinte e sete anos. Mas nem o médico sabia se eles estavam vendo Mao ou uma figura de cera.
Não fazemos o mesmo? Não é esta a ocupação da humanidade? Não é esta a esperança do trabalhador compulsivo? Não é esta a aspiração do ganancioso, do negociante de poderes, e do adúltero? Não bombear formol para dentro de um cadáver, mas vida para dentro de uma alma?
Enganamos as pessoas numa árdua tentativa de preservar-nos um pouquinho mais. Às vezes, nem nós sabemos se as pessoas estão vendo o nosso eu real, ou uma figura de cera. Uma flor morta não tem vida. Um corpo morto não tem vida. Uma alma morta não tem vida.
Separada de Deus, a alma murcha e morre. A conseqüência do pecado, não é um dia ruim, ou um mau humor, mas uma alma morta. O sinal de uma alma morta é claro: lábios envenenadores e boca blasfemadora, pés que se encaminham à violência e olhos que não vêem a Deus.
Agora você sabe porque as pessoas podem ser tão profanas. Suas almas estão mortas [são cadáveres espirituais]. Agora você compreende como alguns religiosos podem ser tão opressivos. Eles não têm vida. Agora você entende porque o traficante de drogas pode dormir à noite, e o ditador pode viver em paz com a consciência. Ele não a possui.
A função do pecado é matar-nos espiritualmente. Carecemos de um Milagre. Havendo percebido o problema, podemos enxergar a solução? A solução não é melhor governo ou educação, nem mais formol no defunto. Tampouco a solução é mais religião; rituais e doutrinas artificiais buscam, talvez, reatar a flor ao caule, mas não conseguem.
Não carecemos de mais religião. Carecemos de um milagre. Não precisamos de alguém para disfarçar o morto. Precisamos de alguém para ressuscitar o morto. Este "alguém" é apresentado em Romanos 3.22.
Porém antes de lermos o versículo, tenho de fazer uma pausa e adverti-lo: Prepare-se para a sua simplicidade. Não é preciso nenhuma poção mágica. Cerimônias elaboradas são dispensáveis. Tratamentos complicados são inúteis. Horas torturantes de reabilitação não são requeridas. A solução de Deus para a nossa enfermidade é perfeitamente simples.
Por sessenta e um versículos, encontramo-nos sentados com Paulo numa sala escura, enquanto ele descreve a fatalidade do pecado. Todas as velas estão sem pavio. Cada lâmpada, vazia de azeite. Há uma lareira, porém não há lenha. Há uma lanterna, mas ela não tem lume. Apalpamos em todos os cantos e não achamos luz.
Incapazes de enxergar um palmo adiante do nariz, tudo o que podemos fazer é fitar a noite. Não vemos que Paulo deslizou para perto de uma janela e colocou a mão no trinco. Exatamente quando nos perguntamos se há alguma luz para ser achada, Paulo escancara a janela e anuncia: "Mas Deus tem um jeito!" (v.21).
Mas Deus tem um jeito de fazer as pessoas ficarem bem com ele, sem a lei, e Ele agora tem-nos mostrado esse caminho... Deus faz as pessoas ficarem bem com Ele através da fé que elas tem em Jesus Cristo. Isto é verdade para todos os que confiam em Cristo, porque todas as pessoas estão na mesma: todos pecaram, e não há ninguém bom o bastante para a glória de Deus.
E todos precisam tornar-se justos diante de Deus pela sua graça, que é um presente. Eles precisam ser libertos do pecado através de Jesus Cristo. Deus concedeu-lhes Jesus como um meio de perdoar pecados, através da fé no sangue de Jesus. Isso mostra que Deus sempre faz o que é certo e apropriado, como no passado, quando Ele foi paciente e não puniu as pessoas por seus pecados (Rm 3.21-25).
- Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça.
Frase-Chave:
Separados de Deus, murchamos e morremos.