Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 10/29/2015
O Dilema da Graça A grande pergunta é: Como Deus nos torna retos perante Si? Retornemos à companhia seguradora e façamos algumas outras indagações. Primeira: ela foi injusta em rejeitar-me como cliente? Não. Posso ter achado sua decisão ofensiva, desagradável, e mesmo desanimadora, mas não posso chamá-la de injusta. Ela apenas fez o que dissera que faria. Assim fez nosso Pai. Ele avisou a Adão: “Se você comer do fruto dessa árvore, você morrerá” (Gn 2.17). Nenhum sinal obscuro. Nenhum apontamento secreto. Nenhum furo ou termo técnico. Deus não tem jogado conosco. Ele tem sido claro. Desde o Éden, o salário do pecado tem sido a morte (Rm 6.23). Assim como dirigir descuidadamente tem suas conseqüências, o viver descuidado também as tem. Assim como não tive defesa perante a companhia seguradora, não tenho defesa perante Deus. Minhas lembranças me acusam. Meu passado me convence. Agora, suponha que o fundador da companhia de seguros preferisse ter compaixão de mim. Suponha que, por alguma razão, ele quisesse conservar-me como cliente. O que poderia ele fazer? Poderia fechar os olhos e fingir que não cometi erros? Por que ele não pegou minha ficha e não a rasgou?
Há duas razões. Primeira: a integridade da companhia seria comprometida. Ele teria de relaxar o padrão da organização, algo que não poderia nem deveria fazer. Os ideais da firma são valiosos demais para serem abandonados. A companhia não pode abandonar seus preceitos, e ainda assim manter a integridade. Segundo, os erros do motorista seriam encorajados. Se não houvesse um preço para minhas faltas, por que eu dirigiria com cuidado? Se o presidente permitisse minhas falhas, o que me impediria de dirigir como bem quisesse? Se ele está disposto a ignorar quaisquer asneiras, vamos aprontar! É esse o alvo do presidente? É essa a meta de sua clemência? Baixos padrões e motoristas ineficientes? Não. O presidente enfrenta este dilema: Como posso ser clemente e justo ao mesmo tempo? Como posso oferecer graça sem apoiar erros? Ou, pondo em termos bíblicos, como pode Deus punir o pecado e amar o pecador? Paulo tornou isto claro: “A ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela justiça” (Rm 1.18). Iria Deus rebaixar seu padrão para que fôssemos perdoados? Iria Deus olhar para o outro lado e fingir que nunca pequei? Desejaríamos nós um Deus que alterasse as regras e abrisse exceções? Não. Queremos um Deus “em quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17), e para quem “não há acepção de pessoas” (Rm 2.11). Ignorar meu pecado é endossá-lo. Se não há um preço por meus pecados, então vamos pecar! Se meu pecado não traz punição, continuemos pecando! De fato “Façamos males, para que venham bens” (Rm 3-8). É esta a intenção de Deus? Comprometer sua santidade e possibilitar nosso mal? Claro que não! Então o que é que Ele faz? Como pode Ele ser justo e amar o pecador? Como pode amar o pecador e punir o pecado? Como pode Ele satisfazer seus critérios e perdoar meus erros? Há algum modo de Deus honrar a integridade do céu sem me voltar as costas? A Decisão da Graça A santidade exige que o pecado seja punido. A misericórdia constrange a que o pecador seja amado. Como pode Deus fazer ambas as coisas? Posso responder a questão, retornando ao diretor da seguradora? Imagine-o convidando-me ao seu escritório e dizendo-me estas palavras: — Senhor Lucado, achei um meio de lidar com as suas faltas. Não posso passá-las por alto; fazê-lo seria injusto. Mas aqui está o que posso fazer: Encontramos em nossos registros uma pessoa com um passado imaculado. Esse homem nunca quebrou a lei. Nenhuma violação, nenhuma transgressão, nenhuma multa de trânsito. Ele quer, voluntariamente, trocar de registro com você. Ele tomará seu nome e o colocará na ficha dele, e pegará o próprio nome e colocará em sua ficha. Nós puniremos a ele pelo que você fez. Você, que transgrediu, será tornado correto. Ele, que agiu certo, será tornado incorreto. Minha resposta? — Você está brincando! Quem faria isso por mim? Quem é esta pessoa? E o diretor responderia: — Eu. Se você está esperando que um diretor de seguradora lhe diga isso, nem prenda a respiração. Ele não o fará. Ele não pode. Mesmo que quisesse, ele não poderia. Ele não tem um registro perfeito. Contudo, se você está esperando que Deus lhe diga essas palavras, pode respirar aliviado. Ele o faz. Ele pode. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação... Aquele que não conheceu pecado, o tornou pecado por nós, para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.19,21). A ficha limpa de Jesus foi dada a você, e a sua ficha imperfeita foi dada a Ele. Jesus não tinha culpa, mas “padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe 3.18). Como resultado, a santidade de Deus é honrada, e Seus filhos são perdoados. Por sua vida perfeita, Jesus cumpriu as exigências da lei. Pela Sua morte, satisfez a exigência do pecado. Jesus sofreu, não assemelhando-Se a um pecador, mas como um pecador. Por que mais Ele clamaria “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Considere o feito de Deus. Ele não fecha os olhos aos nossos pecados, nem compromete seus critérios. Não ignora nossa rebelião, nem afrouxa suas exigências. Em vez de descartar nosso pecado, Ele o assume e, inacreditavelmente, sentencia a Si próprio. Dessa forma, a santidade de Deus é honrada. Nosso pecado é punido. E nós somos redimidos. Deus ainda é Deus. O salário do pecado ainda é a morte. E nós somos tornados perfeitos. É isto: perfeito. “Porque, por meio de um único sacrifício, Ele aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” (Hb 10.14 NVI). Deus justifica (torna perfeito), e então santifica (torna santo). Deus faz o que não podemos fazer, e assim podemos o ser o que nem ousamos sonhar: perfeitos diante de Deus. Ele simplesmente justifica o injusto. E o que Ele fez com a nossa pobre carteira de motorista? “Cancelou o escrito de dívida que consistia de ordenanças, o qual se nos opunha. Ele o removeu pregando-o na cruz” (Cl 2.14 NVI). E qual deveria ser sua resposta? Retornemos mais uma vez à companhia de seguros. Volto ao meu agente e peço-lhe para puxar meu arquivo. Ele o faz, e fita descrente a tela do computador. — Max Lucado, você tem um passado perfeito. Seu desempenho é impecável. Minha resposta? Se eu for desonesto e ingrato, cruzarei os braços e direi num tom de voz profundo: — Você está certo. Não é fácil ser assim. Se eu for honesto e agradecido, simplesmente sorrirei e direi: — Não mereço tal cumprimento. Na verdade, não mereço esse registro. Ele foi e é um indescritível presente da graça. De qualquer modo, tenho uma nova companhia seguradora de automóvel. Eles cobraram-me um pouco mais por eu ter sido excluído de uma concorrente. E quem sabe? Talvez eu receba mais algumas cartas antes que o contrato termine. Estou sob a cobertura celeste, e Jesus não é conhecido por rejeitar clientes. Ele é conhecido por pagar prêmios. E eu estou com minha vida quitada. Com Ele, estou em boas mãos. - Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça.