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postado em: 10/30/2015
O Cheque Pré-Datado de Deus “Se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isto lhe foi imputado como justiça” (Rm 4.2,3). Estas palavras devem ter atordoado os judeus. Paulo aponta Abraão como protótipo da graça. Os judeus enalteciam a Abraão como um homem que fora abençoado por causa de sua obediência à lei. O caso não é bem assim, argumenta Paulo. O primeiro livro da Bíblia diz que Abraão “creu no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça” (Gn 15.6). Foi a sua fé, não as suas obras, que o tornou justo diante de Deus. A mensagem reproduz-se em Rm 4.2: Abraão confiou em Deus para torná-lo justo, em vez de tentar ser justo por si mesmo. Cinco vezes em seis versículos, Paulo usa a palavra crédito. O termo é comum no mundo financeiro. Creditar numa conta é fazer um depósito. Se eu credito em sua conta, eu aumento seu saldo, ou abaixo seu débito. Não seria ótimo se alguém creditasse as despesas de seu cartão? Durante todo o mês você segurasse as faturas, temendo o dia em que o demonstrativo viesse pelo correio. Quando ele chegasse, você o deixaria sobre a sua escrivaninha por alguns dias, não querendo ver o quanto devia. Finalmente, você forçar-se-ia a abrir o envelope. Com um olho fechado e o outro aberto, espreitaria a soma. O que você visse o faria esbugalhar o olho fechado. “Saldo devedor: zero!” Deve ser um engano. Então você liga ao banco que emitiu o cartão. — Sim — explica o gerente — sua conta foi totalmente quitada. Um tal de Max Lucado enviou-nos um cheque para cobrir sua dívida. Você não pode acreditar em seus ouvidos. — Como o senhor sabe que o cheque dele é bom? — Oh, não há dúvida. O Sr. Lucado tem pago as dívidas das pessoas há anos. De qualquer modo, eu adoraria fazer isso por você, mas não fique esperançoso. Tenho minhas próprias faturas. Mas Jesus adoraria fazê-lo, e Ele pode! Afinal de contas, Ele não tem dívida pessoal. E, o que é mais importante, Ele tem feito isto há anos. Como prova disso, Paulo apanhou o arquivo de dois mil anos, marcado “Abraão de Ur”, e puxou um extrato. O extrato tinha sua quota de débitos. Abraão estava longe da perfeição. Houve algumas vezes em que ele preferiu confiar nos egípcios, em vez de confiar em Deus. Ele até mentira, dizendo a Faraó que Sara, sua esposa, era sua irmã. Mas Abraão teve uma atitude que mudou-lhe a vida para sempre: “Abraão creu em Deus, e isto lhe foi creditado como justiça” (Rm 4.3 NVI). Aqui está um homem justificado pela fé, antes de sua circuncisão (v.10), antes da lei (v.13), antes de Moisés e os dez mandamentos. Eis aqui um homem justificado pela fé, antes da cruz! O sangue do Calvário, que cobre pecados, estende-se tanto ao passado longínquo quanto ao futuro. Abraão não é o único herói do Antigo Testamento que colocou-se sob a graça de Deus. “Davi diz a mesma coisa, quando fala da bem-aventurança do homem a quem Deus credita justiça, independente de obras: ‘Bem-aventurados aqueles cujas transgressões são perdoadas, cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado é o homem cujo pecado o Senhor jamais leva em conta’” (Rm 4. 6-8 NVI). Não devemos ver a graça como uma provisão feita depois de a lei haver falhado. A graça foi oferecida antes de a lei ter sido revelada. Na verdade, a graça foi oferecida antes de o homem haver sido criado! “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós” (1 Pe 1.18-20). Por que Deus ofereceria graça antes que dela necessitássemos? Pergunta você, satisfeito. Voltemos uma última vez ao cartão de crédito que meu pai me deu. Mencionei que passei vários meses sem precisar dele? Mas quando precisei, precisei realmente. Veja você, eu queria visitar um amigo num outro campus. Na verdade, o amigo era uma garota numa outra cidade, distante seis horas de lá. Num impulso, cabulei a aula numa sexta-feira de manhã, e sai. Não sabendo se meus pais aprovariam, não lhes pedi permissão. Por sair apressado, esqueci-me de levar dinheiro. Fiz a viagem sem o conhecimento deles, e com o bolso vazio. Tudo ia bem até o carro sofrer uma séria avaria na viagem de volta. Usando um pé-de-cabra, levantei o pára-lama da roda da frente, e assim o carro pode avançar, embora com dificuldade, até um posto de gasolina. Ainda posso ver o orelhão, onde estive de pé, no frio outonal. Meu pai, que supunha estar eu no campus, atendeu minha chamada a cobrar, e ouviu minha narrativa. Minha história não era grande coisa. Eu fizera uma viagem sem o seu conhecimento, sem nenhum dinheiro, e arruinara seu carro. — Bem — disse ele após longa pausa. — Estas coisas acontecem. Foi por isto que lhe dei o cartão. Espero que tenha aprendido uma lição. Eu aprendi? Certamente aprendi. Aprendi que o perdão de meu pai pré-datara-me o erro. Ele dera-me o cartão antes que eu sofresse a perda no incidente. Ele provera para a minha asneira, antes que eu a cometesse. Preciso dizer-lhe que Deus tem feito o mesmo? Por favor, entenda, papai não queria que eu estragasse o carro. Ele não me deu o cartão para que eu arruinasse o veículo. Mas ele conhecia seu filho. E ele sabia que, algum dia, seu filho careceria da graça. Compreenda, por favor, Deus não nos quer pecando. Ele não nos deu a graça porque pecaríamos. Mas Ele conhece seus filhos. “Ele que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras” (Sl 33-15). “Pois ele conhece a nossa estrutura, e sabe que somos pó” (Sl 103-14). E Ele sabia que, algum dia, precisaríamos da Sua graça. A graça não é algo novo. A misericórdia de Deus pré-data Paulo e seus leitores, pré-data Davi e Abraão; pré-data até mesmo a criação. Ela certamente pré-datou qualquer pecado que você tenha cometido. A graça de Deus é mais remota que o seu pecado, e maior que este também. Bom demais para ser verdade? É bom demais e, com certeza, é a mais pura verdade! - Texto extraído e adaptado de Max Lucado, Nas Garras da Graça.