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postado em: 11/19/2015
Se Melhorar, Estraga... João era o tipo de cara que você gostaria de conhecer. Ele estava sempre de bom humor e sempre tinha algo de positivo a dizer. Se alguém lhe perguntasse como ele estava, a resposta seria logo: - Se melhorar, estraga! Ele era um gerente especial, pois seus garçons o seguiam de restaurante em restaurante apenas pelas suas atitudes. Ele era um motivador nato. Se um colaborador estava tendo um dia ruim, João estava sempre dizendo como ver o lado positivo da situação. Fiquei tão curioso com seu estilo de vida, que um dia lhe perguntei: - Você não pode ser uma pessoa tão positiva todo o tempo. Como você faz isso? Ele me respondeu: - Toda manhã quando acordo digo a mim mesmo: João, você tem duas escolhas hoje. Pode ficar de bom humor ou de mau humor. Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de ruim acontece, posso escolher bancar a vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido. Eu escolho aprender algo. Toda vez que alguém reclama, posso escolher aceitar a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida. — Certo, mas não é fácil, argumentei. - É fácil, disse-me João. A vida é feita de escolhas. Quando você examina a fundo toda situação, sempre há uma escolha.Você escolhe como reagir às situações. Escolhe como as pessoas afetarão o seu humor. É sua a escolha como viver a sua vida. Eu pensei sobre aquilo que João disse e sempre lembrava dele quando fazia uma escolha. Anos mais tarde, eu soube que João cometera um erro, deixando a porta de serviço aberta pela manhã. Foi rendido por assaltantes. Dominado enquanto tentava abrir o cofre, sua mão, tremendo de nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele. Por sorte ele foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado a um hospital. Depois de oito horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta, ainda com fragmentos de balas alojados em seu corpo. Encontrei João mais ou menos por acaso. Quando lhe perguntei como estava, respondeu: - Se melhorar, estraga! Contou-me o que havia acontecido, perguntando: - Quer ver as minhas cicatrizes? Recusei ver seus antigos ferimentos, mas lhe perguntei o que havia passado em sua mente na ocasião do assalto. — A primeira coisa que pensei foi que deveria ter trancado a porta de trás, respondeu. Então, deitado no chão, ensangüentado, lembrei que tinha duas escolhas: poderia viver ou morrer. Escolhi viver. - Você não estava com medo?, perguntei. - Os paramédicos foram ótimos. Eles me diziam que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de emergência e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Em seus lábios eu lia: “Este aí já era”. Decidi então que tinha que fazer algo. - O que fez?, perguntei. - Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Perguntou-me se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi: “Sim”. Todos pararam para ouvir a minha resposta. Tomei fôlego e gritei: “Sou alérgico a balas!” Entre as risadas eu lhes disse: “Eu estou escolhendo viver. Operem-me como um ser vivo, não como morto”. João sobreviveu graças à persistência dos médicos, mas também graças à sua atitude. Aprendi que todo dia temos a opção de viver plenamente. Afinal de contas, “atitude é tudo”. Agora você tem duas opções. - Osvino Toillier, 100 Estórias de Vida e Sabedoria.