Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 3/31/2015
Descida Final: Comecem a Orar!" O incidente ocorreu em 1968 num avião que se dirigia a Nova York. Era um vôo de rotina, e normalmente, uma obrigação marcante. O tipo de vôos de que eu gosto — tranqüilo. Mas este provou ser o contrário. Descendo para o local destinado, o piloto percebeu que o trem de pouso se recusava a funcionar. Ele operou os controles para trás e para frente, tentando várias vezes fazer a engrenagem encaixar-se. Sem êxito. Então pediu instruções à torre de controle, enquanto circulava o campo de pouso. Buscando soluções para o problema, o pessoal do aeroporto espalhou espuma sobre a pista de aterrissagem, enquanto os carros de bombeiros e outros veículos de emergência se colocavam em posição. O desastre estava a poucos minutos adiante. Enquanto isso, os passageiros eram informados de cada manobra naquela voz calma que os pilotos costumam usar em ocasiões como esta. Os comissários de bordo deslizavam-se em torno da cabine com um ar de fria reserva. Foi dito aos passageiros que colocassem a cabeça entre os joelhos e agarrassem os tornozelos, pouco antes do impacto. Era uma daquelas experiências do tipo "não-posso-crer-que-isto-aconteça-a-mim". Havia lágrimas, sem dúvida, e alguns gritos de desespero. O pouso da aeronave estava agora por poucos segundos. De repente o piloto avisou pelo interfone: “Estamos começando nossa descida final. Neste momento, de acordo com os Códigos da Aviação Internacional estabelecidos em Genebra, é de meu dever informar os passageiros que, se crêem em Deus, devem começar a orar”. Sinto-me feliz em relatar que o pouso de barriga ocorreu sem transtorno. Ninguém saiu ferido e, fora algum dano mais ou menos extenso ao avião, o incidente nem seria lembrado. Mas, um parente de um dos passageiros telefonou para a empresa, logo no dia seguinte, e perguntou a respeito da regra de oração que o piloto havia citado. Ninguém se prontificou a dar qualquer informação sobre o assunto. A resposta fria e reservada foi simplesmente: "Sem comentários". Surpreendente. A única coisa que trouxe à luz aquela oculta "regra secreta" foi a crise. Levada ao extremo, encurralada na parede, totalmente confusa, todas as vias de escape fechadas. . . só então nossa sociedade se abre à lembrança de que Deus bem podia estar ali e, "se crêem..., devem começar a orar". Buscando a Deus Nas Crises Isto me faz lembrar um diálogo que acompanhei pela televisão numa dessas noites. O sujeito que estava sendo entrevistado tinha "voltado vivo" do Monte St. Helens com fotografias e pista sonora de seu próprio pesadelo. Repórter de uma estação local de televisão, ele estava muito perto da cratera quando a montanha subitamente deu sinais de vida, vomitando vapor e cinzas a alguns quilômetros de altura. O repórter literalmente correu para se salvar. Com uma câmera rodando e o microfone ligado. Estas fotografias estavam, naturalmente, borradas e obscuras, mas sua voz era algo fora de série. Periodicamente, ele rateava. Ele admitiu, depois que tudo isto foi apresentado na entrevista, e que apenas vagamente se lembrava de dizer muitas daquelas coisas. Era sinistro, quase pessoal demais para ser revelado. Ele respirou profundamente, soluçou diversas vezes, suspirou e falou diretamente com Deus. Nada de formalidades, nada de lugares-comuns — apenas o grito de desespero de uma criatura em crise. Coisas assim: "Ó Deus, ó meu Deus. . . socorro! Socorro!. . . Ó Senhor Deus, salva-me. Deus, eu preciso de ti, por favor ajuda-me; não sei onde estou" — mais soluços, mais respiração rápida, cuspe, engasgo, tosse, suspiro — "está tão quente, tão escuro, socorre-me, Deus! Por favor, por favor, por favor, por favor. . . ó Deus!" Nada há que se compare com a crise quando se trata de descobrir a verdade oculta da alma. De qualquer alma. Podemos mascará-la, ignorá-la, tentar superá-la com fria sofisticação e negação intelectual. . . mas tire-se a almofada do conforto, remova-se o escudo de segurança, enfrente-se a ameaça de morte sem a presença de alguém para afastar o pânico do momento, e é quase certo que a maioria dos que estão nas fileiras da raça humana "começam a orar". Davi, certamente o fez. Quando "num lago horrível. . . num charco de lodo", ele testifica que Jeová ouviu o seu clamor (Salmo 40:1-2). Assim fizeram, também, Paulo e Silas naquela antiga prisão filipense quando tudo parecia sem esperança (Atos 16:25, 26). Foi do "ventre do abismo" que Jonas clamou por socorro... sufocando-se em água salgada e engolfado pelas correntes do Mediterrâneo, o profeta clamou em sua angústia (Jonas 2:1-4). O velho rei Nabucodonosor também o fez, recém-saído de um cerco de insanidade, quando ele perdeu a razão e viveu como um animal selvagem no campo. Aquele ex-paciente mental "levantou os olhos ao céu" e derramou os sentimentos de sua alma ao Senhor Deus, Aquele a quem o rei havia negado em anos anteriores (Daniel 4:29-37). A crise esmaga. E no esmagar, muitas vezes ela refina e purifica. Você pode estar desanimado, hoje, porque o esmagamento ainda não o levou a uma rendição. Tenho permanecido ao lado de muitos moribundos, tenho assistido a muitos quebrados e feridos, por isso não posso crer que o esmagamento seja um fim em si mesmo. Infelizmente, porém, os golpes brutais da aflição são necessários para amolecer e penetrar os corações duros. Muito embora tais golpes amiúde pareçam injustos. Lembre-se da confissão de Alexander Solzhenitsyn: “Somente quando me deitei na palha apodrecida da prisão foi que senti dentro em mim os primeiros movimentos do bem. Aos poucos, foi-me revelado que a linha que separa o bem e o mal passa, não através de estados, nem entre classes, nem entre partidos políticos, mas exatamente através de todos os corações humanos. Assim, bendita seja, prisão, por haver estado em minha vida”. Essas palavras proporcionam uma perfeita ilustração da instrução do salmista: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a Tua Palavra. Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os “Teus decretos (Salmo 119:67, 71). Depois que as crises esmagam suficientemente, Deus entra para consolar e ensinar. E aí, você se acha encaminhado para uma colisão? Engolfado em crise? Sintonize na voz calma de seu Piloto. Ele sabe precisamente o que está fazendo. E as aterrissagens de barriga não o amedrontam nem um pouquinho. – Extraído e adaptado do livro “Dê-me Ânimo”, de Charles Swindoll.