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postado em: 4/21/2015
Os Riscos Que a Vida Impõe Aconteceu há mais de quarenta anos. Entretanto, a ironia que envolveu o caso me espanta até hoje. Um artista mural chamado J. H. Zorthian leu a respeito de um menininho que havia sido atropelado e morto no trânsito. O estômago dele se retorcia quando pensava que isso poderia acontecer a um de seus três filhos. A sua preocupação se transformou em ansiedade inescapável. Quanto mais ele imaginava tal tragédia, mais temeroso ficava. Por causa do medo, a eficiência do artista ficou comprometida. Finalmente, ele se entregou à obsessão. Cancelou as negociações no sentido de comprar uma casa espaçosa na agitada Pasadena, Califórnia, e começou a procurar um lugar onde seus filhos pudessem estar seguros. A perseguição do objetivo tornou-se tão intensa que o homem deixou de lado seu trabalho, pondo-se a imaginar e planejar todos os meios possíveis para proteger os filhos contra quaisquer males. Parecia ver perigos em tudo. A localização da nova residência era ponto crítico. Deveria ser uma propriedade grande, afastada e, por isso, comprou 48.000 metros quadrados de terra aninhada em encosta montanhosa, no final de uma estrada longa, estreita e cheia de curvas. Em cada volta da estrada, mandou colocar cartazes que informavam: "CRIANÇAS BRINCANDO". Antes de iniciar a construção da casa propriamente dita, Zorthian construiu, ele mesmo, um parque de diversões para as crianças, e cercou-o. Planejou-o de tal modo que era impossível um carro aproximar-se mais do que quinze metros. Em seguida... a casa. Com meticuloso cuidado, instilou beleza e segurança no projeto. Adicionou-lhe algumas tonalidades das obras em que havia trabalhado, ao criar murais que poderiam ser vistos em edifícios públicos de quarenta e duas cidades do leste. A diferença era que desta vez seu objetivo ia além da arte colorida... acima de tudo, a casa tinha de ser segura, isenta de perigos. Quis ter certeza disso. Finalmente, era preciso construir a garagem. Um único automóvel penetrou naquela garagem: o de Zorthian. Plantou-se diante do lugar e examinou todas as possibilidades de perigos para seus filhos. Só conseguiu pensar num perigo, a ser eliminado. Ele tinha de sair da garagem de marcha à ré. Num momento de pressa, ele poderia atropelar uma das crianças. Ele imediatamente planejou um trevo protetor. O construtor voltou e fez as formas da área adicional mas, antes de o concreto ser despejado, uma chuvarada interrompeu a obra. Foi a primeira chuva, depois de semanas de uma longa seca típica da costa oeste. Se não houvesse chovido naquela semana, o trevo de concreto teria sido completado e posto em uso no domingo. Isso aconteceu em 9 de fevereiro de 1947 – dia em que seu filho, Tiran, de dezoito meses, desvencilhou-se dos braços de sua irmã e ficou atrás do carro, exatamente quando Zorthian deu-lhe marcha a ré. A criança foi morta instantaneamente. Quem Não Arrisca, Não Petisca! Não existem garantias absolutas. Não há planos à prova de fracassos. Nenhum projeto que mereça perfeita confiança. Não se consegue estabelecer as coisas de modo e eliminar todos os riscos. A vida recusa-se a ser linda e limpa, dessa maneira. Nem mesmo os neuróticos, que tomam medidas extremas para terem máxima certeza de tudo, estão protegidos de seus temores obsessivos. Os tais "planos fabulosamente bem traçados para camundongos e homens" continuam a falhar, lembrando-nos de que viver e arriscar caminham de mãos dadas. Andar por aí cheio de medo é coisa que acaba explodindo no rosto do medroso. Todos os que voam arriscam-se à queda. Os que dirigem carros, arriscam-se a colisões. Os que correm, arriscam-se a cair. Os que caminham arriscam-se a tropeçar. Todos quantos vivem arriscam alguma coisa. "Quem ri, corre o risco de parecer tolo. Quem chora, corre o risco de parecer sentimental. Quem se interessa por alguém, arrisca-se a envolver-se. Quem expõe seus sentimentos, arrisca-se a expor seu verdadeiro ser. Quem ama, arrisca-se a não ser amado. Quem espera, arrisca-se ao desespero. Quem tenta, arrisca-se ao fracasso." Você quer saber qual é o caminho mais curto para a ineficiência? Comece a andar por aí com medo. Procure cobrir todos os pontos, sempre. Fique paranóico a respeito da frente, dos flancos, da retaguarda. Pense em todos os perigos possíveis, focalize todas as probabilidades de derrota, interesse-se mais em perguntar "e que acontecerá se" em vez de "por que não tentar?" Não dê oportunidade às falhas. Diga "não" para a coragem e "sim" para a prudência. Não dê nenhum passo maior que a perna. Libere todo o seu medo. "Para o medroso," dizia Sófocles, "tudo produz ruídos." Triplique as fechaduras das portas. Mantenha-se em segurança, enfiado no bem protegido ninho da inércia. E antes de você percebê-lo (para tomar emprestado uma expressão do falecido autor E. Stanley Jones) "a paralisia da análise" se instalará. E a solidão, seguida do isolamento, também se instalarão. Eu diria a estas propostas: Não, obrigado! É bem melhor enfrentar alguns ursos e leões bravios, à semelhança de Davi. Tais feras preparam-nos para vencer gigantes tipo Golias. É bem mais excitante penetrar no mar Vermelho, à semelhança de Moisés, e ver Deus separar as águas. Certamente, isso há de constituir bom tópico de conversa enquanto se peregrina por um deserto horroroso durante quarenta anos. É bem interessante lançar velas na direção de Jerusalém, à semelhança de Paulo, "não sabendo o que ali me acontecerá," em vez de gastar os dias na monótona Mileto, ouvindo ruídos de passos e observando o pôr-do-sol em entediante rotina! Felizmente, nem todos optaram pela segurança. Alguns venceram, a despeito dos riscos. Alguns atingiram a grandeza, a despeito da adversidade. Recusaram-se a dar ouvidos aos seus temores. Nada do que alguém disse ou fez conseguiu frustrá-los. Falta de capacidade ou abundância de desapontamentos não precisam desqualificar a pessoa! É como Ted Engstrom escreve, com muito discernimento: "Estropie o homem, e você terá um Sir Walter Scott. Agrilhoe o homem numa cela de prisão, e você terá um João Bunyam. Enterre-o nas neves de Valley Forge, e você terá um Jorge Washington. Eduque-o em pobreza abjeta, e você terá um Abraão Lincoln. Atinja-o com a paralisia infantil e ele se torna Franklin Roosevelt. Queime-o tão severamente que os médicos dirão que ele jamais voltará a andar, e você terá um Glenn Cunningham — que estabeleceu o recorde mundial dos 1.500 metros, em 1934. Ensurdeça-o, e você terá um Ludwig van Beethoven. Faça-o nascer preto, numa sociedade anti-racista, preconceituosa, e você terá Booker T. Washington, Marian Anderson, Jorge Washington Carver... Chame-o de aprendiz lerdo, "retardado" e dispense-o por ser incapaz de aprender, e você terá um Alberto Einstein." Ordene a seus temores onde devem descer; de outra forma, sua busca de caráter será interrompida. A eficiência, às vezes a grandeza, aguardam aqueles que se recusam a correr de medo. - Texto extraído e adaptado de “A Busca do Caráter”, de Charles Swindoll.