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postado em: 19/9/2008
A Beleza da Esperança
Vamos falar um pouco sobre a esperança, esse anseio libertador da alma, que nos impulsiona para a luta da vida, com força e determinação.
A esperança é uma antevisão do futuro, que acalentamos em duas dimensões distintas e inseparáveis: humana e divina. A humana carece da divina para existir e, a divina, subsiste, para suprir à humana. É a segunda virtude teologal, que o apóstolo Paulo coloca entre a fé e a caridade, sendo, portanto, objetiva e subjetiva.
É objetiva, porque alimenta nossa constante vontade de vencer, encontrar a felicidade ou rever quem partiu para longe. É subjetiva, porque essa constante “vontade de vencer”, é o próprio motivo dessa esperança.
A dimensão humana da esperança é aquele anseio diário, sublime e devastador da alma, em suas múltiplas visões de tempo da existência. É tão transitória como a eternidade do homem, pois só existe enquanto dura a vida. Acabando a vida, deixa de existir, ali, com aquela pessoa, naquele momento, quando deu seu último suspiro na terra e morreu.
Sendo imaterial, a esperança humana é sofredora, ilusória, filosófica até, e aumenta o sofrimento de quem já padece com as desilusões pessoais, sangrando, diariamente, com as feridas da vida cotidiana. Provoca distúrbios, medos, inquietação, desestrutura o indivíduo, o grupo social, e até mesmo toda uma nação.
A dimensão divina da esperança é o alvo supremo de todos nós, visto ser ela um atributo da divindade suprema do Pai, do coração de Deus. É a glória excelsa do Criador, em favor do homem sofrido, que encontra conforto em Seus braços.
Tanto a dimensão humana da esperança, quanto à divina, é genuinamente imaterial, mas acessível a todos, pois podemos sentir seus efeitos em nossa vida, pelos meandros da fé.
A Imaterialidade da Esperança
A esperança assemelha-se ao sonho. Ambos são imateriais. Ninguém pode apalpar o sonho (nem a esperança). Ninguém o vê. Apenas vive-se sua euforia (se foi bom), ou a preocupação de tê-lo (se foi ruim), durante os intervalos de tempo da vida, em que passamos dormindo, fora da realidade material.
E em que a vida, em transe, é projetada para outra dimensão da existência, que passou ou que virá. Mesmo em sono profundo, com o corpo em decúbito dorsal (deitado de costas), os músculos do pescoço permanecem contraídos, o que prova que não há relaxamento total do corpo durante o sono.
Isto significa que o descanso físico durante o sono, não é completo, mas o descanso espiritual, aquele que é possível pela presença de Cristo em nossa vida, aquele que vem de Deus, é total.
Vive-se o sonho em estado de letargia profunda. Ele independe da vontade, e surge provocando uma seqüência de tormentos psíquicos que fazem brotar idéias, atos e imagens, em delírio (enquanto dormimos), e em expectativa (quando acordados), que nos fazem florir a vida, de alegria, ou remoê-la com tristeza e dor.
Muitos sonhos se tornam realidade, tanto na vida material quanto na espiritual, se sonharmos “com os pés no chão” e com a alma ligada a Deus. Sonhar com os pés no chão para o progresso humano da vida, é capacitar-se plenamente para ela, no tempo e no espaço, segundo a lei do bioprospectivismo hominal (Biós = Vida, Prospectivismo = Prospectação/Desenvolvimento e Hominal = Relativo ao ser vivo – biontio – ao homo sapiens), conhecida como Doutrina Paracélsica, cunhada na Idade Média por Felipe Teofrasto Aureolus Bombast de Hoheheim, o Parecelso, médico e alquimista suíço da Basiléia (1493-1541), tido como o pai da medicina hermética.
Apesar da origem da alquimia na obscuridade da antiguidade remota, o bioprospectivismo de Paracelso foi a glória máxima no auge febril da alquimia medieval renascentista, que legou ao mundo a descoberta do manganês, do ácido clorídrico, a destilação do álcool, etc. Foi ele quem disse que “a natureza é que cura”. Para certos doentes, dizia: “Eu te dei o remédio, que Deus te cure”.
O Bioprospectivismo pretende possibilitar o homem equilibrar toda sua vida, no tempo e no espaço, no que chamo “o tripé histórico do bioprospectivismo hominal”: capacidade, necessidade e possibilidade, o contraponto material da doutrina (espiritual) Paulina (Fé, Esperança e Caridade).
O bioprospectivismo tem como objetivo principal encontrar o sentido da vida, o DEVENIR, a felicidade (pela esperança), mas sabemos que o verdadeiro sentido da vida é Cristo
A imaterialidade da esperança é devido ao fato de ser ela transcendental, e o homem comum não consegue explicá-la pela ótica dos postulados científicos, nem vê-la. A “...esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará?” - Rom. 8:24, 2ª parte (RAB).
O Homem Espiritual
Sonhar com a alma ligada a Deus é colocar-se em humildade de espírito perante Ele. O homem precisa desenvolver essa Hominicultura Espiritual, essa prática silenciosa do coração, para sua paz interior, que o transformará, de homem sem anseios, em homem espiritual e feliz, cheio da graça divina.
O homem tem capacidade de amar, comer, trabalhar, viver, sonhar, ser feliz e ter esperança. Mas se se esquecer de que tem necessidade e possibilidade desses influxos (que nos tornam felizes) para viver, fracassará lentamente, porque perdeu sua base de sustentação espiritual diante de Deus.
De igual modo, se sentir que é possível tudo isso, mas não perceber que é capaz, e necessita dessas qualidades para existir, fracassará também, porque o que importa ao homem, não é viver de acordo com suas capacidades somente, ou necessidades, ou possibilidades. O que importa é o equilíbrio e a soma de todas essas carências ou características em sua vida diária. Uma não pode existir em detrimento da outra.
O homem espiritual precisa de fé, fazer caridade e manter a esperança. A esperança é para todos. Seu equilíbrio é inevitável. Vivê-la é imprescindível.
Cristo, a Beleza da Esperança
O apóstolo Paulo disse que a maior virtude do cristão é a caridade (1 Cor. 13:13). Então, sua maior esperança é Jesus Cristo, a caridade maior. Em outras palavras, o lema de vida do cristão deve ser: “Cristo em nós, ‘a esperança da glória’”.
Cristo é a porta e, também, o mistério da esperança. Só O conhecemos em Sua real plenitude, quando assimilamos Seus atributos de amor, caridade, fé, paz e segurança, pela graça divina da esperança que há em nós. É através de Cristo que somos eleitos para o reino de Deus e sem Ele não conheceríamos a esperança do Pai:
Se Deus deu esse desejo de esperança e vida eterna ao homem, então é preciso que ele o viva intensamente. Se Jesus Cristo é sua esperança maior, então é possível tê-la no coração. É um mistério. Mas é o mistério da esperança.
A possibilidade desse mistério é real, porque o homem espiritual é susceptível a visões de vida que se projetam para o futuro, pelos meandros da fé, pela esperança que tem em Deus, que mostra o caminho para vivê-la, ternamente, na pessoa de Cristo, nossa esperança maior.
Se o homem tiver que viver sem esperança, perderá o sentido da vida ou optará pela morte prematura, pela desilusão. E, se morrer, sem ter sentido esse mistério, não soube o que é viver, não descobriu a felicidade, nem o DEVENIR da filosofia do bioprospectivismo hominal.
Então, viver é procurar a felicidade. E só será feliz aquele que, no tempo e no espaço, satisfazer todas as suas necessidades, e viver segundo as suas capacidades e possibilidades, diante de Deus.
Nisto consiste toda saciedade humana: viver, sendo capaz; viver, sendo necessário; viver, sendo possível; viver, sendo parte do grupo social, inserido no mundo de desafios e lutas de seu tempo; e, viver, guiado por um Deus que o ama e o livra do mal, fortalecendo-o dia-a-dia, com a esperança da salvação.
E, ter esperança, é viver. E viver, é ter paixão pela vida, pela esperança, como Cristo tem “paixão pelas almas”. Somente através de Cristo e de Deus é que podemos entender o verdadeiro significado do sentido da vida e da Beleza da Esperança.