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postado em: 1/1/2010
ALÉM DAS LÁGRIMAS – 2ª Parte
(O Último Suspiro na Câmara de Gás)
Publicações judaicas sobre o holocausto falam que de janeiro a maio de 1945, com o fim da guerra, os aliados libertaram mais de 200 campos de concentração e extermínio.
Majdanek foi construído em 1941, como campo de concentração e, a partir de 1942, passou a ser um campo de extermínio. Estima-se que em Majdanek morreram entre 360 mil a 500 mil homens, mulheres e crianças, em suas sete câmaras de gás, além das vítimas de inanição, maus-tratos e péssimas condições de higiene.
Há alguns anos a polícia alemã prendeu em Stuttgart, Alemanha, o ex-Oficial das SS (Schutzstaffel) e membro da Gestapo (Geheime Staatspolizei), a polícia secreta do Estado, as “milícias negras”, comandadas com mãos de ferro por Heinrich Himmler (1900-1945). O preso era Alfons Goetzfried, de 78 anos. Ele confessou ter fuzilado pessoalmente 500 pessoas no campo de extermínio de Majdanek, na Polônia.
O massacre aconteceu durante a “Operação Festa da Colheita”, entre os dias 03 e 04 de novembro de 1943. Goetzfried foi preso no final da guerra pelas tropas soviéticas e levado para Moscou, onde foi julgado e confinado num campo de prisioneiros da Sibéria. Libertado em 1958, foi para o Cazaquistão, onde ficou até 1991, quando, então, decidiu retornar à Alemanha, beneficiado por um programa de repatriamento. Depois foi preso em seu apartamento nos arredores de Stuttgart, onde vivia tranqüilamente. Desde o fim da Segunda Guerra, a Alemanha prendeu cerca de 100 mil suspeitos de crimes de guerra e condenou mais de seis mil.
Heirich Himmler, um ex-engenheiro agrônomo (era granjeiro) e excessivamente brutal, foi quem criou o primeiro campo de concentração da Alemanha nazista, DACHAU, na década de 1930, dando início à chamada “rede de terror”, com que Hitler eliminava seus inimigos políticos. Como Ministro do Interior durante a guerra, criou o braço armado das SS, a Waffen-SS (que atuava em campanhas externas e incorporava até estrangeiros). As forças SS eram as tropas de elite, com 35 divisões (alguns falam em 38), para consolidar o Partido Nazista e o poderio do Heer (Exército regular) alemão.
Quase no fim da guerra, vendo a derrota dos exércitos alemães nos campos de batalha, Himmler tentou uma aproximação com os aliados, em 1945, o que fez explodir a ira de Hitler, que o destituiu do comando das SS e o prendeu. Com o fim da guerra, tentou fugir, disfarçado de soldado raso, mas foi capturado e identificado pelos ingleses. Desesperado com o que poderia lhe acontecer depois da guerra, suicidou-se na prisão de Luneburg, Alemanha, em 23 de maio de 1945, após tomar veneno.
Em janeiro de 1945, com a aproximação do Exército Vermelho, na Alemanha, muitos prisioneiros judeus de Auschwitz foram assassinados pelos guardas, com medo de testemunharem contra eles, mostrando para os Aliados como era a vida ali e como eram assassinados nas câmaras de gás e incinerados nos formos crematórios.
Os 58 mil restantes foram forçados a longas marchas para o interior da Alemanha. A maioria morreu de fome, sede e cansaço pelo caminho... Ou, então, fuzilada sumariamente. E quando os Aliados chegaram e libertaram os campos de concentração e extermínio, encontraram prisioneiros adultos que pesavam apenas 28 quilos.
Quando a Alemanha se rendeu na Itália, em 02 de maio de 1945, e o Japão assinou a rendição na baía de Tóquio, no dia 02 de setembro do mesmo ano, o mundo tomou conhecimento dos horrores e das atrocidades da guerra: 20 milhões de crianças sem pais, sem falar naquelas que as estatísticas oficiais não contaram e que foram exterminadas sem piedade (nos dias 29 e 30 de setembro de 1941, na região de Babi Yar, nas proximidades de Kiev, Ucrânia, soldados alemães executaram, com tiros, 33.771 judeus – homens, mulheres e crianças; e na Lituânia e na Bielorrússia, de julho a dezembro do mesmo ano, 133.346).
Eu morava na cidade de São Paulo, quando o antigo sargento da SS, Gustav Franz Wagner, subcomandante (comandante adjunto ou supervisor) do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia, foi descoberto e preso no Brasil, onde vivia tranqüilamente num pequeno sítio nos arredores de Atibaia, a 69km da cidade de São Paulo. Estima-se que em Sobibor morreram mais de 250 mil judeus nas câmaras de gás, na chamada Operação Reinhard (Aktion Reinhard).
A Operação Reinhard, à qual Franz Wagner foi incorporado, foi criada pelo SS Reinhard Heydrich (1904-1942), o cruel chefe da Polícia Secreta de Segurança, Gestapo, e da SD (Sicherheitsdienst), a Polícia de Segurança do Serviço de Inteligência da SS, em 20 de janeiro de 1942, durante a Conferência na Vila de Wannsee, um palacete no sudoeste de Berlim, de onde se avistava o lago do mesmo nome, para por em prática “a solução final ao problema judeu” ou “solução final da questão judia” (Endlösung der Judenfrage).
Foram selecionados 450 soldados para servir na Operação, sob o comando de Christian Wirth e algumas unidades de apoio, com soldados ucranianos, treinados pela SS. Hitler considerava os judeus “inimigos da raça ariana”. Após a morte de Reinhard, Himmler nomeou o chefe de polícia de Lublin, Polônia, Odilo Globocnik, como o novo encarregado da Operação. Num relatório encaminhado a Eichmann em 11 de janeiro de 1942, constava que naquele ano 1.700.000 pessoas morreram na Operação Reinhard, sendo que, desse total, 1.274.166 foram mortos nas câmaras de gás.
Reinhard Heydrich foi nomeado “Protetor do Reich” na Boêmia e na Moravia, mas foi assassinado pela resistência tcheca em 1942, o que motivou terrível represália de Hitler contra os tchecos, com a morte de muitos deles.
Continua...