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postado em: 10/12/2010
Saudade do Futuro – Parte 4
IV Parte - Adorando o Imperador
De Éfeso, por recusar-se a adorar o imperador Domiciano, prática romana que começou no reinado de Júlio César (102? a.C. – 44 a.C.), no ano 29 a.C., João foi banido para a ilha de Patmos, para o trabalho forçado nas minas, no ano décimo quarto do reinado do imperador romano Titus Flavius Domitianus (51-96), que não levou em conta sua avançada idade e o respeito que o povo tinha pelo Apóstolo de Cristo. Ao fim do governo de Domiciano (81-96), João tinha 95 anos de idade. Mesmo isolado na “solidão do mundo”, fez conversos à sua fé.
Trench diz que era comum, os romanos desterrarem criminosos “ou tidos como tais, para ilhas rochosas desoladas”.
Domiciano assumiu o poder no ano 81 d.C.. Governou a princípio com bondade, mas depois iniciou um reinado de terror que se estendeu aos seus próprios parentes. Ordenou a caçada dos filósofos, dos judeus e dos cristãos, incluindo João, exilando-o em Patmos, por questões religiosas (adoração). Morreu em 18 de setembro do ano 96, apunhalado por Estevão (Stephanus), um ex-escravo.
Edwin R. Mc Gregor, em Pátmos, A História do Reino da Celeste Verdadeira Igreja de Cristo, p. 263, diz: “... Ela, Pátmos, esteve sempre praticamente isolada do mundo... Uma prisão mais cruel não poderia ter sido achada no Império romano, para um homem de noventa e cinco anos... A sua vida, na opinião do tirano Domiciano, seria de curta, mas penosa duração, exposta às severas privações e agruras do tal exílio”.
A prática de adoração ao imperador surgiu após a construção do templo de Éfeso, para adoração de Roma e de Júlio César, dando continuidade à adoração do tempo do templo de Esmirna, na costa ocidental da Ásia Menor, na atual Turquia, construído no ano 135 a.C., prática que vinha desde os tempos de Carlos Magno, no século IX a.C. A pessoa que não adorasse o imperador, era simplesmente desterrada. Domiciano desterrou os cristãos, inclusive uma sobrinha sua, Flávia Domitila, uma nobre do Império Romano e esposa do cônsul e Governador Flávio Clemente, seu sobrinho. Além do mais, Flávia, era parente próximo de Vespasiano, Domiciano e Tito. Domitila, ao declarar-se cristã, foi exilada em uma ilha, onde sofreu martírio (acredita-se no dia 7 de maio), por recusar-se a adorar o imperador e a renegar sua fé cristã. No bairro de Pirituba, na cidade de São Paulo, há uma igreja em sua homenagem. Virou Santa da Igreja Católica.
Carlos Magno (c. 2 de abril de 747 – 28 de janeiro de 814), o filho mais velho de Pepino, o Breve e irmão de Lady Berta, nasceu e morreu em Aachen, uma cidade independente na atual Alemanha, no estado da Renânia do Norte-Vestifália, na fronteira com a Bélgica e os Países Baixos. Aachen foi fundada pelos romanos com o nome de Aquis-granum, em homenagem a Apolo Grano, que os romanos acreditavam ser protetor dos banhos.
Aliás, por falar em “acreditar”, os romanos acreditavam em tudo que fosse mitologia, principalmente criada por eles. Por ter sido anexada pela França em 1801, foi chamada de Aix-la-Chapelle (em francês). Foi sede de coroação de 32 imperadores que sucederam a Carlos Magno, além de ter sido sede de concílios, sínodos e dietas e, também, do Sacro Império Romano-Germânico. Carlos Magno a escolheu para sede de seu império. As únicas concorrentes de Aachen eram Roma e Ravena, na Itália.
Patmos é uma pequena ilha do Mar Egeu, na Grécia, distante 50 quilômetros das ruínas de Éfeso, com 68 quilômetros quadrados (13 de comprimento por seis de largura) de área, uma população de cerca de três mil habitantes e um pequeno porto, Skala. Dividida em duas partes iguais e ligadas por um estreito istmo, é montanhosa e estéril, solitária e isolada do mundo. Mas tem mais de 300 capelas. A vegetação é limitada. O ponto mais alto é o monte Profítis Ilias, com 263 metros de altura. Foi escolhida pelo governo romano para banimento de criminosos e inimigos políticos, por ser o lugar mais hostil e inóspito do império. Atualmente pertence à Grécia.
Em Patmos há uma caverna onde, diz a tradição, João escreveu o Apocalipse. Afirmam os monges que a cama de João se achava suspensa. Uma pedra saliente serviu de escrivaninha e um buraco na parede servia para apoiar a cabeça quando orava ajoelhado. Na entrada há uma inscrição que diz:
“Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus” – Citação de Gên. 28:17, dita por Jacó (JFA-ERC, 14ª impressão, 1962).
Há afirmações e contradições quanto à presença de João em Patmos.
Vitório, no ano 300 d.C., diz que João esteve em Patmos “condenado ao trabalho nas minas por César Domiciano”.
O arqueólogo William Mitchell Ramsay, autor de The Letters to the Seven Churches, of Ásia (1905), nega que tivesse minas em Patmos.
Clemente de Alexandria ou Tito Flávio Clemente (Atenas (?) c. 150 – 215), teólogo, apologista e mitógrafo cristão grego, disse certa vez:
“Escutai uma história, que não é uma história, mas sim, uma narrativa, transmitida e confiada à guarda da memória a cerca do Apóstolo João. Pois quando, após a morte do tirano (Domiciano), ele retornou da ilha de Patmos a Éfeso, ele partiu, sendo convidado para os territórios contíguos das nações, aqui nomeando bispos, ali organizando igrejas, acolá ordenando os que eram assinalados pelo Espírito”.
Clemente de Alexandria era filho de pais pagãos, mas converteu-se ao cristianismo, deixando de lado a filosofia platônica. Ao conhecer o filósofo patrístico (adepto da Patrística, que alguns têm como “Ciência que se ocupa da doutrina dos Santos Padres e da história literária dessa doutrina”) Pantero (século II), disse que “nos seus ensinamentos encontrou a paz”. Por volta do ano 189, foi o sucessor de Pantero, como líder espiritual da comunidade cristã de Alexandria. Eusébio o considerava “um incomparável mestre da filosofia”.
Para Jerônimo, “Clemente foi o mais erudito dos Padres da Igreja”.
Quando o imperador romano Sétimo Severo (146-211) perseguiu os cristãos (201-202), Clemente fugiu e refugiou-se na Palestina, junto com um antigo discípulo, Alexandre, bispo de Jerusalém, onde morreu.
João esteve na cidade de Éfeso, nos dias de Trajano (98-117).
Polícrates (130-200 D.C.), bispo de Éfeso, testemunhou que João, “o que reclinou no ombro de Jesus... descansa em Éfeso” – Epístola a Victor e à Igreja de Roma, Sobre o Dia de Observar a Páscoa, como está escrito em Apoc. 14:11.
Quando Nerva se tornou imperador, libertou os cristãos e permitiu ao Apóstolo viver em Éfeso, já no fim da vida, onde aí morreu, com a idade de 100 anos aproximadamente. Morreu mártir, entre os anos 98 e 100. Viveu nos reinados de nove imperadores: Augusto (29 a.C. – 14 D.C.), Tibério (14 – 37), Calígula (37 – 41), Cláudio (41-54), Nero (54-68), Vespasiano (69-79), Domiciano (81-96), Nerva (96-98), e Trajano (98-117). Foi o último sobrevivente dos doze apóstolos, conforme o último capítulo do Evangelho de João e, então, morreu.
A documentação do Novo Testamento nada diz sobre João depois do Concílio de Jerusalém, em 49 d.C.
Na Idade Média encontraram-se manuscritos cujo título do livro era Apocalipse de João o Teólogo e Evangelista e Apocalipse de João o Teólogo.