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postado em: 15/8/2011
Saudade do Futuro – Parte VI
VI - Conclusão
Pela descrição de João, nada se compara à beleza e santidade da Nova Jerusalém. Ele afirma que os eleitos de Deus, estarão lá com o Senhor Jesus e vendo a Deus frente a frente, em Seu trono de glória e majestade.
É a saudade do futuro. O desejo de deixar este mundo, pela transformação do corpo corruptível, revestido de incorruptibilidade (I Cor. 15:53, 54) e proteger-se dentro dos muros de pedras preciosas da cidade de ouro que João viu descer. É essa saudade, da cidade que ainda não veio e só a conhecemos pelo relato de João, que nos leva à certeza da esperança de uma Nova Cidade, que aguardamos com resignação e fé.
A ficção do cinema dá-nos uma pálida idéia do que seja a ânsia desesperada de querer volta para o futuro, como na trilogia de Robert Zimeckis (diretor) e Steve Spielberg (produtor), de 1985, com duas seqüências, filmadas simultaneamente: 1989 e 1990.
O filme conta a história do rebelde e desobediente, Marty Mc Fly, que só pensa no seu namoro com Jennifer Parker. Mc Fly é o jovem assistente do ambicioso cientista, Dr. Emmet Brown, que cria uma “máquina do tempo” movida à energia cinética do movimento do próprio carro, um modelo esportivo De Lorean DMC-12, transformado para ser usado no filme. Acelerando até chegar a 140 km/h, ativava o capacitor de fluxos, que usa plutônio, e produzia energia elétrica de 1,21 GW para transportar o veículo para a data do tempo que quisesse: para o passado e para o futuro sucessivamente. Quando Mc Fly ia para o passado, depois voltava para o futuro. Primeiro, ele e o cientista foram para o futuro e, depois de ver como seria a vida deles lá, voltaram para o ponto de partido e, depois, para o futuro novamente. Daí o nome do filme.
Como é possível sentir saudade do futuro, quando estamos no presente e o passado é, apenas, a evocação e espiritualização da saudade?
A saudade do futuro é como se fosse uma dor contínua que incomoda o coração e a alma. A saudade leva-nos a querer o futuro mais depressa, para aliviar a dor da espera e o sofrimento da vida presente, pelas lembranças do tempo que passou.
É por isso que, em se tratando de temas espirituais, tenho saudade do futuro. Saudade sofredora até, pois inquieta-nos ante a leitura atenciosa do livro de João. E espero que o futuro que João viu, na visão da Nova Jerusalém, e que Deus prometeu abreviar (S. Mateus 24:22), por causa da aflição dos últimos dias, não demore tanto a chegar.
A saudade, em todas as suas dimensões transcendentais, se estende à nossa esperança de fé, em direção ao passado, para nos fazer recordar o tempo que passou. A saudade deixa dores, pela aflição que provoca, ao nos lembrarmos das coisas que feriram os sentimentos mais puros do coração. Mas, em dimensão essencialmente espiritual, transcendendo às nossas mais genuínas esperanças de fé, saudade é a dor que fica e machuca o coração e a alma, que choram em cada momento da vida, e têm, na resignação, sua força maior, pela esperança.
Saudade é o tempo da vida em que a gente olhava para o futuro e pensava que o futuro nunca ia chegar. E, finalmente quando o futuro chega, olhamos para o passado e ficamos recordando o tempo que passou, querendo voltar ao tempo de outrora.
A saudade vem com o tempo que passou; a saudade do futuro, com o tempo presente. Vem de maneira inesperada. Pode surgir de repente ou demorar muito a chegar. A saudade provoca desejos, sonhos e previsões... Quando demora a se manifestar, o motivo que nos faz senti-la, se transforma em ansiedade, pressa e angústia. Esse sentimento de desconforto da alma provoca anseios no coração, e podemos chamá-lo de SAUDADE... DO FUTURO. A saudade que chega e se acomoda no coração, faz-nos reviver tudo da vida outra vez, com os mesmos sonhos, os mesmos desejos, a mesma vontade de viver e a mesma vida que um dia sonhamos para o futuro.
Como podemos sentir saudade do futuro, se ainda não passamos por ele, não o vimos, não sabemos como será? E, como é possível, sofrer por algo que ainda nem vivemos e, muito menos, conhecemos? Em parte, a ficção do cinema, através da trilogia do filme “De Volta para o Futuro”, pode nos ajudar a compreender essa vontade de sair do tempo presente e ir para o tempo futuro.
O desejo de ver o futuro chegar para acalentar o coração (ansioso), é o conforto para a alma de quem acredita na visão de João e na certeza da vinda de uma Nova Cidade, toda de ouro, que desce do Céu, para nos abrigar.
A Nova Jerusalém ainda está no futuro. Mas, pela descrição de João e para quem o Apocalipse diz que ela é destinada, faz a pressa de sua chegada acelerar a vontade do coração, de vê-la o mais depressa possível.
Sabe-se que a saudade advém do tempo que passa. E, como o futuro ainda não chegou (e nem passou), seria inadmissível permitir ao coração abrir os segredos da alma, para desvendar os segredos do futuro, tal qual João em Patmos desvendou. E, como dizer, então, que esperamos com ansiedade pelo futuro e, devido à sua demora, sentimos saudade? Como isso é possível? Há explicações metafísicas para a compreensão desse pressuposto espiritual? O que dizem os astrônomos, poetas, teólogos, físicos e matemáticos, sobre este pressuposto psicológico, que mexe até com a ciência e deixa-nos à mercê da espera? Seria possível determinar o momento exato em que, pela ânsia de ver o futuro chegar e passar, realizar o sonho da vida, sem a magia do cinema, de ver a Nova Jerusalém?
Sentir saudade do futuro é sofrer por sua chegada mais depressa, mesmo sabendo que o tempo do futuro chega à medida que os dias passam, aumentando a distância do tempo e nos aproximando do futuro que sonhamos. Por que, como disse o Apóstolo Paulo, “... as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Cor. 5:17).
A saudade advém do fato de sabermos, desde o nosso despertar para a salvação em Cristo e da espera de uma Nova Jerusalém, como será o futuro. E isso foi há muito tempo! Assim, a cidade que João viu e está no futuro, já a conhecemos a muito em nosso coração, desde o momento em que aceitamos a Cristo como nosso Salvador. E, embora ainda não tenha chegado, nem ela e nem o futuro, sentimos sua falta e dela temos saudade.
Imagino como será viver diante de Deus em uma nova cidade, toda de ouro puro, com 12 portas de pérolas (três de cada lado), e nelas, 12 anjos, e sobre elas os nomes das 12 tribos de Israel (Apoc. 21:12); e muros cravejados de pedras preciosas, 12 fundamentos, com o nome dos 12 apóstolos, em um novo mundo, conforme João descreve no Apocalipse 21. Uma visão verdadeiramente inesquecível. Por causa disso, vejo-me contando os dias e fiscalizando o tempo, com saudade daquele momento glorioso no futuro, que há de vir sobre este velho mundo, conforme a revelação e as palavras de João, de que Deus virá sentado em seu trono de ouro, na Nova Jerusalém, a última morada dos justos. “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Apoc. 21:4.)
Enquanto esse dia não chega, a saudade aumenta em meu coração. E fico vigiando, orando e aguardando com fé e esperança, o soar da última trombeta, para a vida dos despertos em Cristo, renascer “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará...” (I Cor. 15:52) e, após o milênio, as portas da eternidade se abrirão, na Nova Jerusalém, a Santa Cidade de Deus que João viu descer do Céu e que tanto me faz sentir Saudade do futuro.