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postado em: 25/6/2008
A Caótica Teologia Antinomista As interpretações bíblicas da teologia antinomista, ou semi-antinomista, representam um desafio ao bom-senso e à lógica. É uma teologia mais do que contraditória—verdadeiramente caótica. Senão, vejamos: Primeiramente, pelo confuso raciocínio desses “teólogos”, temos um Deus um tanto quanto desorganizado, que mistura um preceito cerimonial dentro de um código de normas morais. Pois não é que esse Deus profere solenemente aos ouvidos do povo escolhido 10 mandamentos como base de um concerto muito especial com tal povo, depois ainda escreve tais mandamentos com o Seu próprio dedo em duas tábuas de pedra, e isso por duas vezes (pois as primeiras pedras foram quebradas por Moisés), sendo 9 preceitos morais e um cerimonial?! Em vez de deixar o tal mandamento cerimonial para ditá-lo mais tarde a Moisés juntamente com as inúmeras outras regras rituais que Moisés escreveu num livro, esse “desorganizado” Legislador coloca o mandamento cerimonial bem no meio do código de leis morais—o preceito do sábado! Mas, pior ainda, esse Deus dos antinomistas estabelece o princípio do sábado na Criação do mundo, separando o sétimo dia para o descanso, abençoando-o e santificando-o, mas deixa o homem sem esse repouso. Como não está escrito especificamente que Adão guardava o sábado, fica “provado” que ele devia trabalhar como jardineiro (Gên. 2:15) todos os sete dias, sem descanso. Ah, sim, ele tinha as noites para isso. . . Valendo-se ainda do ineficaz “argumento do silêncio”, também não ficou escrito nada que Abraão e outros patriarcas bíblicos respeitassem não só esse preceito do sábado, mas outros preceitos, como o de não adorar imagens de esculturas ou furtar. Assim, é bem possível que Abraão, Isaque, Jacó fossem batedores de carteira nas horas vagas, pois não havia nenhuma regra escrita, “não furtarás”! E quem sabe Abraão mantivesse em sua tenda imagens de Santo Abel, Santo Enoque e São Noé para sua veneração? Afinal, onde estava escrito “não farás para ti imagens de esculturas. . . não te encurvarás diante delas nem as servirás?” Não disse Paulo que “onde não há lei, não há transgressão” (Rom. 4:15)? E é esquisito como esse Deus do antinomismo, que fez do sábado “sinal” entre Ele e Seu povo (Êxo. 31:13, 17), depois mudou radicalmente de idéia e disse que desprezava o tal sábado em Isaías 1:13 e até profetizou que ia acabar com essa instituição em Oséias 2:11, para mais tarde inspirar o restaurador da religião israelita a reinstituí-lo (Neem. 13:15ss). O mais estranho é que foi por causa da violação do sábado—que tinha dito ao povo que desprezava—que Ele os castigou com o cativeiro (ver Jeremias 17:27). . . Ou seja, o povo foi castigado por não respeitar um preceito que Deus disse que aborrecia! E Deus ainda convida “os filhos dos estrangeiros” a unirem-se ao concerto divino com Israel observando exatamente, o quê? O sábado! Mas, espera aí, esse não era preceito só para judeu e ninguém mais? Pois é, só que o tal sábado, estabelecido só para o judeu, mais tarde Cristo disse que foi “feito por causa do homem-anthropós”. Bem, quem sabe o “homem” aí é só o judeu (e as judias) . . . . Contudo assim se dá também com a instituição do matrimônio, onde o mesmo homem-anthropós deixa o pai e a mãe e une-se a sua mulher (Mat. 19:5). E casamento é coisa só para judeu? Por falar em Cristo, a teologia antinomista coloca o Filho de Deus em situação bem complicada. Primeiro, transforma-o num tremendo hipócrita que diz que não veio abolir a lei, e sim cumpri-la, recomenda a mais perfeita obediência a essa lei (Mat. 5:17-19), para depois violar consciente e propositadamente um dos seus mandamentos (adivinhem qual. . .—João 5:18)! Ou, se entendem que não o desrespeitou (porque estava ainda sujeito a essa lei, ainda não abolida) colocam-nO dedicando-se a uma campanha contra a validade desse mandamento, criticando os que o observavam! Como Ele dissera especificamente, porém, que quem ensinasse algo contrário a qualquer mandamento “ainda que dos menores” seria considerado mínimo no Reino dos céus (Mat. 5:19), o Cristo restaria Se desqualificando Si mesmo, dentro da inescapável lógica antinomista. E há até alguns que sustentam que os que não obedecem plenamente os mandamentos divinos, nem por isso deixarão de ir para o céu, só que lá ficarão numa condição de “mínimos”. Ou seja, vão se salvar, mas não terão lá grande prestígio nos parâmetros da glória! Destarte, o próprio Cristo seria um Ser sem grande “patente” celestial, pois que ensinou direta ou indiretamente os Seus contemporâneos a não darem valor a um dos mandamentos, fazendo campanha contra o 4o. do Decálogo! Nessas circunstâncias, seria Sua situação melhor do que a daqueles aos quais chamou de “sepulcros caiados” que adotavam a filosofia do “façam o que eu digo, mas não o que faço”? E hipócritas sequer podem almejar um dia habitar as mansões eternas? Todavia, embora querendo “acabar” com o sábado, na interpretação antinomista, Cristo “Se esquece” de dizer abertamente que não é para cumprir o mandamento. Diz, porém, que é para atentar ao que os chefes religiosos diziam, e praticar, mas não do modo hipócrita em que pretendiam obedecer à lei. Entretanto, uma das coisas que eles diziam para o povo cumprir era o descanso aos sábados (ver Mateus 23:1, 2 cf. Lucas 13:14)! Temos aí, pois, mais uma incrível contradição, pela ótica antinomista—Ele quer acabar com o sábado, mas não diz nada objetivamente nesse sentido, apenas fica com “indiretas”. Ao recomendar, porém, àquela gente que atentem ao que dizem seus líderes religiosos e cumpram (“fazei e guardai . . . TUDO quanto eles vos disserem”), a indireta termina sendo de recomendação ao sábado! O Cristo dos antinomistas é certamente bem pouco atento a esses importantes detalhes e termina caindo em evidente contradição! Seja como for, Ele lança-Se em sua “campanha anti-sabática” apenas dando “pistas” quanto à futura atitude de desprezo pelo mandamento. Contudo, nesse empreendimento Ele decerto fracassou, pois não conseguiu convencer a Sua própria santa mãe e outras mulheres que O serviam com a máxima dedicação a desprezarem o sábado. Nem convenceu ao autor bíblico inspirado, Dr. Lucas. Este relata, escrevendo 30 anos após Sua morte, que as santas mulheres que preparavam ungüentos para embalsamar o corpo do Senhor pararam todas as atividades ao final da sexta-feira, e no sábado “repousaram conforme o mandamento” (Lucas 23:56). As “indiretas” de Cristo contra a guarda do sábado certamente não surtiram o efeito desejado ( . . . pelos antinomistas). Cristo ainda atribui ao Pai a incoerência das incoerências, agora colocando o próprio Deus em situação também complicadíssima, sempre segundo a visão antinomista. Além de, como já vimos, Ele ter misturado preceitos morais com um cerimonial, ainda cria uma lei que, na prática, não funciona um dia por semana. Eis que “os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa” (Mat. 12:5), o que, nessa incrível teologia, significa simplesmente que eles não cumpriam o preceito divino porque atuavam no Templo, sacrificando até em dobro aos sétimos dias. Ou seja, a lei religiosa criada para elevar espiritualmente o povo era violada cada sábado pelos próprios líderes espirituais que tinham o dever de dar o melhor exemplo àquela boa gente, mas o Legislador se esqueceu do detalhe que aos sábados a lei não era respeitada justamente por aqueles que a deviam promover entre o povo! Um Legislador assaz incompetente. . . Essa louca teologia, porém, prossegue ensinando que todos os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz, contudo os princípios morais básicos foram sendo restaurados, menos a questão do dia de guarda. Tanto assim que todos os mandamentos estariam repetidos no Novo Testamento, menos o do sábado. Isso significa que, como dizemos em nossa matéria “10 Dilemas dos Que Negam a Validade dos 10 Mandamentos Como Norma Cristã”, se todos os mandamentos foram abolidos na cruz, mas sendo depois restaurados no Novo Testamento (menos o 4º.), imaginemos uma situação incrível que se estabeleceria: O 5º mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, “Está consumado”. Daí, no minuto seguinte, qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi “restaurado” quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efé. 6: 1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento “não matarás” só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como “não adulterarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás”. . .). Ou seja, por quase 30 anos os filhos dos cristãos não tinham que respeitar os pais, pois o 5º. mandamento só é restaurado após umas três décadas, e mesmo assim só para os efésios. Muitas décadas mais se passaram até atingir toda a comunidade cristã para cientificar-se da necessidade de os filhos respeitarem seus pais! Além de os cristãos poderem matar uns aos outros, etc., nesse mesmo período “sem a lei restaurada”. . . Faz sentido isso tudo? Por aí se vê a enrascada em que essa gente se mete ao contrariarem o “assim diz o Senhor” das Escrituras. Contudo, a desvairada teologia semi-antinomista continua fazendo seus estragos. Segundo ela, Paulo diz quatro coisas diferente a respeito do princípio do dia repouso em quatro de suas epístolas: a) Aos Romanos, segundo ainda essa teologia semi-antinomista, tanto faz guardar um dia como outro, ou dia nenhum, que Deus aceita tudo sem problema. Pode ser, conseqüentemente até o sábado! Os crentes que decidam livremente como será a sua liturgia de observância ou não de um dia dedicado a Deus, cada um segundo a sua conveniência (ou de seu patrão). Agora, como o “Deus de ordem e não de confusão” encararia isso, não é dito, sobretudo porque seria meio complicado pensar em que dia esses cristãos se reuniriam para o culto, já que Mateus dedica o domingo ao Senhor, Tiago a 2a. feira, André a 3a. feira, Filipe a 4a. feira, Pedro a 5a. feira, João a 6a. feira, Judas Tadeu o sábado e Bartolomeu, dia nenhum. . . A base disso? A interpretação que dão a Romanos 14:5 e 6. b) Aos Gálatas a instrução é que guardar dias, e meses, e tempos e anos é voltar aos “rudimentos fracos e pobres”. Logo, não há nenhum dia mais para guardar, nem sábado, nem domingo, nem qualquer dia que seja. É até um pecado pensar em dedicar um dia ao Senhor, coisa “fraca”, e “pobre”. A base disso? — Gálatas 4:9 e 10. c) Aos Colossenses, o sábado não é mais para ser observado porque foi abolido com a “cédula de ordenanças”. A base?—Colossenses 2:14-16. O que fica no lugar? Paulo simplesmente nada diz, e como se contradiz com o que dissera aos romanos, fica o mistério pairando no ar. . . d) Aos Coríntios, ele sugere que os cristãos observem o primeiro dia da semana indo à Igreja regularmente para arrecadar ofertas (1 Cor. 16:2), não necessariamente para comemorar a Ressurreição que em parte alguma das Escrituras conta com qualquer recomendação de observância ou é prática sugerida. Bem, mas se o sábado é um mandamento “cerimonial”, todas as cerimônias eram o antitipo que apontavam para o tipo—a sombra que encontrava a realidade. Qual era o sentido simbólico do sábado “cerimonial”? Oh, isso é fácil, segundo os antinomistas—o sentido se acha na epístola aos Hebreus que traz exatamente a exposição do cerimonial israelita detalhando o seu significado na expiação de Cristo. É verdade, os capítulos 7 a 10 de Hebreus detalham muita coisa sobre o sentido do sangue de bodes e carneiros, e atividades dos sacerdotes e levitas, o sentido do santuário terrestre e das ofertas e suas peças do ritual todo de Israel, enfim, uma exposição bem completa expondo o fim do Velho Concerto [Velho Testamento] e o cumprimento do simbolismo de suas inúmeras cerimônias. Mas, onde é que o “sábado cerimonial” entra nessa explicação toda do sentido do cerimonial judaico nos capítulos específicos onde o autor discorre a respeito? Não entra! A questão do sábado merece dois capítulos especiais, o 3 e o 4, para expor, não que foi abolido por ter cumprido o seu papel prefigurativo, mas que “resta um repouso sabático [sabbatismós, em grego] para o povo de Deus” (Heb. 4:9). Então, em lugar de o sábado ser discutido nos capítulos 7 a 10 de Hebreus que tratam do sentido do cerimonial, nem aparece em tal local. Ou melhor, aparece sim, no capítulo 8:6-10 onde é dito que sob o Novo Concerto [Novo Testamento], Deus escreve a Sua lei nos corações e mentes dos que aceitam os seus termos. E em parte alguma é dito que quando Ele escreve, mediante a operação de Seu Espírito, as Suas leis nos corações e mentes de Seus Filhos, o mandamento do sábado fica de fora, ou tenha havido mudança do sábado para o domingo. O pessoal da teologia antinomista gosta de dizer que agora não mais vivemos sob a “lei mosaica” (no que estão certos), e sim sob a “lei de Cristo”, ou “lei da fé”, ou “lei da graça”, ou “lei do Espírito” contudo nenhuma dessas expressões aparece neste texto (que é reprodução de Jeremias 31:31-33), que apenas faz referência às “minhas leis” (de Deus). Destarte, fica o ônus da prova com quem negue que as tais “minhas leis” é algo diverso das leis de Deus já conhecidas por Israel quando a promessa desse Novo Concerto havia sido primeiro estendida ao povo escolhido. E os leitores cristãos-hebreus da epístola que leva o seu nome compreenderiam muito bem a que “minhas leis” o autor se referia. Mas, se essas “minhas leis” são as mesmas de Jeremias 31:31-33, então as cerimônias que vigoravam ao tempo do profeta também deveriam entrar, alegam alguns. Ocorre que é exatamente nos capítulos 7-10 que o autor de Hebreus explica o sentido das cerimônias e o porquê de terem findado. Como os leitores originais da epístola, os judeus-cristãos, já sabiam que o véu do Templo estava rasgado de alto a baixo, e como liam no capítulo 4:9 que “resta um repouso sabático para o povo de Deus”, eles não teriam dúvidas de que o mandamento do sábado não tinha por que estar excluído das “minhas leis” que Deus promete escrever nas mentes e corações dos filhos de Deus, segundo “superiores promessas”. E essas promessas representam a atuação do Espírito Santo, cuja posse leva o justo que vive pela fé a vivenciar a “a justiça da lei” (Romanos 8:3, 4). Afinal, Paulo pergunta: “Anulamos, pois, a lei pela fé?” E ele mesmo responde: “Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei” (Rom. 3:31). Esta passagem final coloca as coisas dentro da devida perspectiva e representa um golpe mortal sobre as loucuras das interpretações antinomistas. Autor: Prof. Azenilto G. Brito