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postado em: 5/9/2008
“Comporte-se!”
Essa frase me traz à mente um dilúvio de lembranças. Às vezes, era dita como última advertência antes de eu sair de casa ou de ir a um acampamento. Parecia que a reputação da família era, de alguma forma, posta precariamente sobre os ombros dos filhos durante esse curto período de independência. Em outras ocasiões, “comporte-se!” representava uma severa advertência no momento de um mau comportamento.
Conduta Cristã?
Devem os cristãos ter um padrão de comportamento? Cumpre-lhes guardar a lei? Ênfase em comportamento e padrões não quer dizer legalismo? Esse assunto sempre foi polêmico entre os crentes.
As pesadas críticas que os fariseus faziam a Jesus parecem complicar o cenário. A obsessão deles por comportamento era formal. Tinham regras para tudo: as condições aceitáveis para terminar um casamento; os requisitos necessários para a lavagem das mãos antes das refeições; a necessidade de dizimar as ervas da horta, e atividades não permitidas no sábado.
Em Mateus 23, Jesus expressa sete “preocupações” com relação à hipocrisia dos fariseus. Ele os acusa, entre outras coisas, de impedir o Céu para as pessoas (verso 11), considerando-as filhos do “inferno” (verso 15); trapaceavam para se esquivar de compromissos (verso 18) e eram demasiadamente escrupulosos ao dizimar, enquanto ignoravam a justiça, a misericórdia e a fidelidade (verso 23).
Esse ataque frontal deve ter surpreendido os fariseus e seus admiradores, mas Jesus não estava equivocado em Sua opinião de que “se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos Céus” (Mt 5:20).
A atitude de Jesus com os fariseus (junto com a advertência “Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” — registrada em Mateus 5) contrastava com os rumores de que Ele havia abolido a lei. Tais rumores, entretanto, foram desmenti- dos por Sua declaração: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17).
Além disso, pelo menos numa visão superficial, Paulo também parece se opor às “obras”. Ele afirma que “o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3:28; ver também 3:20, 21; 8:3; e Gl 2:16).
Se não somos salvos pelas obras (o que foi claramente ensinado por Jesus e Paulo), por que os adventistas do sétimo dia se preocupam tanto com conduta?
Bases do Comportamento Cristão
Primeiro, devemos observar que a salvação é baseada no dom divino, não no comportamento humano. Paulo, escrevendo aos cristãos de Éfeso, enfatiza o seguinte: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8 e 9).
Esse é, provavelmente, o ponto em que os cristãos diferem das outras religiões do mundo. A salvação é oferecida de graça, e ponto final! Nada que eu faça, deixe de fazer ou venha a ser acumula pontos com Deus. Ao contrário, por meio de Jesus Cristo, Deus nos garante que seremos tratados com favor (graça) e receberemos, de graça, a vida eterna. Tudo o que preciso “fazer” é aceitar ou crer (Jo 3:16).
Segundo, deveríamos reconhecer que o fato de ganharmos um presente merece uma resposta. Logo depois de sua afirmação no capítulo 2 da carta aos efésios, concernente à salvação pela graça, Paulo diz: “Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10).
Jesus, certamente, usou a metáfora dos ramos da videira para dizer a mesma coisa. “Quem permanece em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Que tipo de fruto Jesus espera encontrar na vida dos cristãos? Em João 15, vemos que tais frutos devem ser expressos em termos de amor e cuidado pelos outros (versos 9-17; comparar Gl 5:22, 23). Parece óbvio que o presente da vida oferecido por Jesus produz impacto sobre cada aspecto de nossa vida. Por exemplo, em sua discussão sobre imoralidade sexual, Paulo argumenta que fomos “comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (I Co 6:19, 20; cf. lTs 5:23).
Não é Muito Restritivo?
Você pode dizer: “Mas isso é muito restritivo. Por que o cristianismo deve influenciar tudo em minha vida?” Mas tudo funciona dessa maneira. Não é assim que funcionam os relacionamentos? Meu casamento com Carmel afetou todas as áreas da minha vida. Eis uma pequena lista: a maneira como mantenho em ordem a minha roupa, meu lazer, hora em que tomo as refeições, alimentos que como, a freqüência com que uso o telefone, tipo de amigos e como dirijo o carro.
Esses são alguns exemplos; alguns deles são itens importantes. Não percebo, entretanto, que estou sendo restringido, a não ser quando tento “dependurar” minhas calças no chão, durante a noite. É natural querer fazer tudo do meu jeito, porque estou num relacionamento.
Como os cristãos devem agir? As seguintes sugestões não são muito comuns, uma vez que, nas Escrituras, esse assunto não é freqüente. Ao contrário, a Bíblia oferece princípios de comportamento aplicáveis a qualquer situação e cultura.
Não é de admirar que os cristãos sejam bons cidadãos. Pagam seus impostos e seguem a lei de seu país (Mt 22:21). A única exceção é quando a lei os obriga a transgredir princípios divinos (At 5:29). Os cristãos também são cordiais com outras pessoas. Perdoam-se e até cuidam de seus inimigos (Mt 5:44- 48). Paulo afirma que barreiras comuns como “status”, raça e sexo não deveriam ter dividido os primeiros cristãos (Gl 3:28), e talvez os cristãos contemporâneos precisem ser lembrados disso.
Os cristãos devem ser obedientes à lei de Deus. Na realidade, a obediência será o resultado natural do crescimento da relação com Ele. O fator relacionamento muda toda a perspectiva em relação à lei. Ao contrário de “não farás’ agora é uma questão de “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito [ou de qualquer outro lugar], da casa da servidão [ou de qualquer outro lugar]”; por essa razão, “não terás outros deuses diante de Mim” (Ex. 20:2, 3).
Muito mais poderia ser dito, mas a realidade é que os cristãos devem ser tão cuidadosos em cada aspecto da vida que representem, dignamente, seu Salvador (I Co 10:31). Isso significa cuidado com o que eu como, com o que digo, a roupa que uso, os filmes a que assisto, o que bebo; ou seja, em tudo!
Esse cuidado, entretanto, não é algo obsessivo, que exija o mesmo tipo de comportamento para todos os cristãos. Deus nos chama para viver individualmente para Ele e no contexto da família da igreja.
A força de uma família é demonstrada pelo comportamento ao lidar com as diferenças entre seus membros — diferenças de maturidade, temperamento, sexo, etc. E o que acontece quando um de seus membros não se comporta como a família espera?
Autor: Ray Roennfeldt, diretor e professor de Teologia Sistemática no Avondale College, Austrália
Fonte: Adventist World, novembro de 2007
Crenças Fundamentais dos Adventistas
Crença Número 22: Conduta Cristã
Somos chamados para ser um povo devoto que pensa, sente e age em harmonia com os princípios do Céu. Para que o Espírito recrie em nós o caráter de nosso Senhor, precisamos nos envolver somente em coisas que propiciem pureza, saúde e alegria em nossa vida, à semelhança de Cristo.
Isso significa que nosso lazer e nosso entretenimento devem ajustar-se aos altos padrões cristãos de gosto e beleza. Levando em conta as diferenças culturais, nosso vestir deve ser simples, modesto e asseado, apropriado àqueles cuja real beleza não consiste em adornos externos, mas no ornamento imperecível de um espírito calmo e gentil; e porque nosso corpo é o templo do Espírito Santo, devemos cuidar dele com sabedoria.
Além de exercícios e descanso adequados, devemos adotar uma dieta o mais saudável possível, abstendo-nos dos alimentos imundos, identificados nas Escrituras como bebida alcoólica, fumo e o uso irresponsável de drogas e narcóticos que são prejudiciais ao corpo. Devemos nos abster de seu uso e, por outro lado, participar de tudo que proporcione ao nosso pensamento e corpo a disciplina de Cristo, pois Ele deseja nosso bem-estar, alegria e bondade (Rm 12:1,2; I J0 2:6; Ef 5:1-21; Fp 4:8; II Co 10:5; 6:14-7:1; I Pe 3:1-4; I Co 6:19, 20; 10:31; Lv 11:1-47; III Jo 2).
- Texto reformatado.