Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 5/9/2008
O melhor Argumento do Cristianismo
Aconteceu comigo faz pouco tempo. Entrei numa igreja adventista, na qual ninguém me conhecia. A Escola Sabatina já havia começado. Procurei uma classe e assisti ao estudo da lição até o final. No momento de recepção aos visitantes, me identifiquei. Apenas um casal próximo demonstrou algum interesse em minha pessoa. Durante todo o culto e à saída da igreja, nenhuma palavra mais.
Não fiquei melindrado por isso, até porque minha relação com a comunidade adventista jamais correu o risco de ser abalada por uma descortesia, mas o fato voltou à minha mente quando me deparei com a seguinte frase de um pregador judeu moderno, chamado Asher Intrater: “Se uma igreja local não estimula relacionamentos pessoais, na verdade nem é uma igreja; é simplesmente um local de reunião”.
A lógica do bar
A alienação pode ser considerada o problema mais amplo e grave de nossos dias. As pessoas estão cada vez mais encolhidas dentro de sua própria bolha de isolamento, como se tivessem desaprendido a se comunicar com os vizinhos, os estranhos e até mesmo os próprios familiares. Não adianta buscar justificativas para esse comportamento. O fato é que o ser humano, feito para viver em relacionamento com os demais, está morrendo por falta de amizade.
Charles Swindoll explicou essa situação através da curiosa lógica do bar: “O bar da vizinhança é possivelmente a melhor falsificação da comunhão que Cristo quer dar à Sua igreja. É uma imitação, receitando bebidas alcoólicas em vez da graça, fuga em lugar da realidade, mas é uma comunhão permissiva, acolhedora e abrangente. É impossível escandalizá-la. Ela é democrática. Você pode contar segredos às pessoas e elas geralmente não passam adiante e nem querem passar. O bar prospera não porque as pessoas sejam alcoólatras, mas porque Deus colocou no coração humano o desejo de conhecer e ser conhecido, de amar e ser amado”.
Depois dessa citação, o Pastor Russell Burrill aplica: “A humanidade precisa desesperadamente de comunidade hoje. As pessoas precisam de um lugar onde possam ser amadas e cuidadas, onde possam ser abertas e vulneráveis, sem serem julgadas. Esse é o tipo de comunidade que as Escrituras oferecem desde o início. É hora de a igreja de Jesus Cristo voltar a edificar comunidades, ao invés de refletir as comunidades rompidas que estão ao nosso redor”.
Em resumo: por natureza, as pessoas necessitam e desejam desenvolver relacionamentos, pois Deus as criou sociais. O pecado, como rebelião, separação e rompimento, acentua ainda mais essa carência. Por outro lado, o evangelho é basicamente o anúncio de que todas as providências foram tomadas para que o relacionamento, tanto vertical (com a Divindade) quanto horizontal (com as pessoas), seja real, construtivo e proveitoso. A salvação, mais que uma doutrina, é um relacionamento vivo com Cristo, que produz conseqüências imediatas e eternas.
O grande paradoxo é que a igreja, criada para ser a comunidade modelo, o organismo capaz de oferecer a verdadeira amizade que as pessoas estão procurando (às vezes, até inconscientemente), possa estar com dificuldade para realizar essa missão. O Pastor Intrater dá dois exemplos: “O fato de alguém dizer na televisão: Jesus te ama e eu também é o mesmo que oferecer um relacionamento sem estar presente. Entregamos um folheto com uma bela ilustração e, em seguida, nos viramos e vamos embora porque nos sentimos embaraçados e desconfortáveis com o contato pessoal que não conseguimos nem olhar nos olhos da pessoa”.
Não é o caso de diminuir a importância ou a utilização dos meios de comunicação de massa (alguns deles ainda evitados ou usados com extrema parcimônia!), mas sublinhar e reforçar a verdadeira amizade, o evangelismo relacional, a presença visível como o método por excelência da propagação missionária.
Como disse Jesus: “Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas” (Mat. 23:23, NVI). O que não pode acontecer é substituir o fundamental evangelismo da amizade pelo complementar evangelismo de mídia. “Não há impacto sem contato” — essa foi a frase mais clara e definitiva que já vi sobre o caráter insubstituível do evangelismo pessoal.
A chave da evangelização — Os dois métodos mais utilizados na evangelização têm sido:
1. O do “grande pescador” — praticado geralmente nos cultos evangelísticos nas igrejas. Uma pessoa que tem habilidade (dom) “joga a isca” esperando que alguns “peixes” a mordam. A função dos “leigos” se resume a conduzir os peixes ao alcance do “grande pescador”.
2. O “método da emboscada” — o não-cristão é convidado (sem que se lhe diga claramente) para uma reunião onde alguém bem preparado apresenta todos os seus argumentos. Algumas vezes o “convidado” se sente numa armadilha, mas muitos aceitam o evangelho dessa forma (eu mesmo dou graças por ele, há mais de 40 anos!).
Há, entretanto, um terceiro método, que não pode ser esquecido, pois é o mais natural, autêntico e inclusivo: “O evangelismo da amizade consiste em maneiras práticas e simples de partilhar a linguagem da solicitude com as pessoas ao nosso redor, fazendo com que saibam que Deus as ama e que ainda há esperança”, escreveu Monte Sahlin. Ou seja, a evangelização se baseia no modo bonito de viver e na abertura do círculo de relacionamentos para incluir o não-cristão.
Talvez, o maior entrave esteja no fato de olharmos os não-cristãos como inimigos e não como vítimas do Inimigo. Por causa disso, confundimos santidade com afastamento, nos isolamos das pessoas a quem deveríamos influenciar, privando-as de observar e desejar as bênçãos que Deus tão bondosamente nos tem concedido.
É verdade que nem todos na igreja estão suficientemente maduros para se relacionar com os não-cristãos. Quem é inflamável não deve se aproximar do fogo. Mas, quanto mais maturidade tivermos em Cristo, tanto melhor preparados estaremos para penetrar profunda e eficazmente nas comunidades não-cristãs. Portanto, a verdadeira marca da maturidade não é o isolacionismo, mas a penetração. Joseph Aldrich propõe o que deveria ser o nosso lema: “Evite o mal, não a evangelização”.
Claro que há perigos envolvidos no evangelismo relacional. O próprio Senhor Jesus foi chamado de “amigo dos pecadores”, como se isso fosse um pecado, quando na realidade essa era a chave da Sua influência e sucesso. O exemplo de Cristo nos mostra que não há como amar o próximo sem nos aproximarmos dele.
E os resultados demonstram a eficácia do evangelismo da amizade: cerca de dois terços dos conversos adultos ingressam na Igreja Adventista principalmente por influência de um amigo ou parente. Por outro lado, o que se observa é que, num prazo pouco superior a dois anos, a pessoa que se torna cristã perde a maioria dos seus contatos com os não-cristãos.
Logo: o método é eficaz, o neo-converso pode se valer dele com mais naturalidade, mas os cristãos mais experientes têm de romper os obstáculos, sob pena de se tornarem quase inúteis como força evangelizadora. E Aldrich acrescenta mais uma razão para o envolvimento na evangelização pessoal: “Quanto mais longe um cristão estiver de uma evangelização pessoal eficaz, tanto mais ele estará envolvido em censuras. Muitos na igreja são como cães de caça enjaulados. Sem pássaros para caçar, eles passam o tempo se mordendo e brigando”.
Todos podem e devem praticar o evangelismo da amizade, pois:
1. Não exige grande conhecimento bíblico. “O que você é, é mais importante do que o que você sabe”.
2. É a verdadeira evangelização pessoal, pois trata com pessoas não estranhas.
3. Envolve todos os dons espirituais e não só o de evangelizar.
4. Não enfatiza só a colheita, mas também não a ignora, embora dê igual importância à semeadura, ao cultivo, à posterior conservação e ao discipulado.
5. É o método que dá contexto à pregação, que faz com que a prática reforce e exemplifique a teoria, o único que, em função da presença positiva, leva o não-cristão a indagar a razão da esperança que nos move. E isso pode ser mais comum do que se imagina.
Sheldon Vanauken resume: “O melhor argumento para o cristianismo são os cristãos; sua alegria, certeza, plenitude. Mas o argumento mais forte contra o cristianismo são também os cristãos – quando são melancólicos e sem alegria, quando são farisaicos e presunçosos em complacente consagração, rigorosos e repressivos, fazendo que o cristianismo desfaleça”.
Numa antiga lição da Escola Sabatina, Maurice Bascom sintetizou:
“Os membros de uma igreja cordial concentram a atenção na maneira de alcançar outras pessoas na comunidade; eles não são isolados e retraídos, nem insensíveis às necessidades das pessoas. Procuram ser amigos de outras pessoas na comunidade ao seu redor. Motivados pelo amor de Jesus, oferecem serviços com o objetivo de melhorar a qualidade da vida de seus vizinhos e amigos. A igreja cordial é uma igreja repleta do Espírito Santo, obedece a todas as instruções de Jesus e coopera altruistamente com Ele, aliviando o sofrimento humano”.
A inspiração do Espírito de Profecia diz tudo (no Serviço cristão, pág. 67): “O mundo ficará convencido, não pelo que o púlpito ensina, mas pelo que a igreja vive. O ministério anuncia do púlpito a teoria do evangelho; a piedade prática da igreja demonstra seu poder”.
Autor: Márcio Dias Guarda, editor na CPB
Fonte: Revista Adventista, março 2006 – texto reformatado
A Igreja Relacional
A Biblia é um livro sobre relacionamentos, a começar pelo fato de ser formada por dois “testamentos”(a palavra testamento quer dizer”aliança”) e apresentar o amor como o maior mandamento. Calcula-se que 44% das cartas do Novo Testamento focalizem o como tratar uns aos outros, enquanto apenas cerca de 4% são dedicados aos dons espirituais.
A ênfase no relacionamento torna-se evidente quando consideramos o número de vezes em que aparece a palavra grega alielon (“uns aos outros”), especialmente nos escritos de Paulo. São 59 ocorrências de allelon em comandos diretos do tipo amem, ajudem, honrem, perdoem e edifiquem uns aos outros.
O relacionamento é essencial para o sucesso da igreja, porque as pessoas não querem apenas ouvir discursos sobre o amor, e sim experimentar o amor no dia-a-dia.
Uma pesquisa feita pelo Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja, do alemão Christian Schwarz, envolvendo mil igrejas de 32 países, nos cinco continentes, revelou que os relacionamentos amoráveis estão entre as oito qualidades “mágicas” das igrejas que crescem.
A pesquisa de Schwarz sugere que há uma relação direta entre risos na igreja e seu crescimento qualitativo e numérico. Quanto maior a capacidade de amar da igreja, maior seu potencial de crescimento.
Em seu livro Becoming a Healthy Church (Baker, 1999), Stephen Macchia também inclui os relacionamentos amoráveis entre as dez características da igreja saudável. “A igreja saudável é intencional em seus esforços para construir relacionamentos amoráveis entre as famílias, os membros e a comunidade’ diz Macchia. Pessoas superficiais e narcisistas, com egos enormes e empatia zero, não atraem outras pessoas. É o amor que une os membros. Relacionamentos marcados pelo amor promovem a cura física, emocional e espiritual.
Como valorizar relacionamentos amoráveis em sua igreja? Para ter bons relacionamentos, você deve tomar a iniciativa. Aqui estão algumas sugestões:
• Crie uma comunidade aberta aos convidados e visitantes.
• Use linguagem inteligível ao público não-cristão.
• Expresse amor, aceitação e perdão incondicionais.
• Aceite a diversidade e elimine o preconceito.
• Incentive a transparência e a autenticidade.
• Ofereça ajuda a pessoas angustiadas e estressadas.
• Planeje momentos de companheirismo, como almoços, retiros e jogos.
• Promova o bom humor e aumente os risos e sorrisos.
• Incentive o espírito de otimismo e felicidade.
• Reconheça e valorize o potencial das pessoas.
• Comente, elogie, cumprimente, peça sugestões.
• Telefone, envie e-mails, ofereça presentes.
• Escute, visite, ajude, ministre.
• Faça sermões e seminários sobre o fruto do Espírito.
• Analise as necessidades relacionais da igreja e crie meios de satisfazê-las.
Autor: Marcos De Benedicto, editor na CPB