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postado em: 19/9/2008
Só o Sábado é Cerimonial... Objeção: O quarto mandamento do Decálogo é cerimonial, mas os outros nove são morais. “Isso está claramente provado pelo fato de que Jesus, segundo os mais estritos sabatistas de Seus dias, violou o quarto mandamento e foi criticado por eles por agir assim. Além disso, Jesus afirma claramente: ‘Os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? (Mat. 12:5). Teria Ele ousado dizer isso se o quarto mandamento fosse um estatuto moral? Poderia o sétimo mandamento, ou qualquer outro dos dez, exceto o quarto, ser violado pelos sacerdotes, e o fato de sua violação ocorrer no templo deixá-los sem culpa?” GOSTARÍAMOS DE FAZER DUAS PERGUNTAS: 1. SE CRISTO VIOLOU O QUARTO MANDAMENTO, ENTÃO POR QUE ELE disse: “Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai”? ( João 15:10). 2. O objetor do sábado diz que “o estatuto” ou “a lei” (e ele insiste que todos os estatutos morais e cerimoniais estão compreendidos neste termo) vigorou até a cruz. Então, se Cristo violou o mandamento, não era Ele um pecador? Há apenas uma resposta. Mas sabemos que Cristo não pecou; portanto, deve haver algo errado com o raciocínio da objeção. Que prova é apresentada de que Jesus “violou o quarto mandamento”? Uma declaração inspirada das Escrituras Sagradas? Não, somente a acusação dos “mais estritos sabatistas de Seus dias”. Em um certo dia de sábado, enquanto nosso Senhor estava em uma sinagoga, surgiu diante dEle um homem com a mão ressequida. Adivinhando que Cristo poderia planejar a cura do aleijado, alguns “estritos sabatistas”, “com o intuito de acusá-Lo”, perguntaram ao Mestre: “E lícito curar no sábado? Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mat. 12:10-12). E então Ele curou imediatamente o aleijado. “Retirando-se, porém, os fariseus, conspiravam contra Ele, sobre como lhe tirariam a vida.” Verso 14. Outro exemplo de cura de Cristo no sábado está relatado em João 5:2-18, No verso 18, lemos que o raciocínio dos judeus era que Cristo “violava o sábado”. Aqui vemos a acusação dos “mais estritos sabatistas” em seu contexto escriturístico. Todavia, o objetor do sábado considera esta acusação como tendo base suficiente para afirmar que Cristo “violou o quarto mandamento”. Incrível! O incidente da cura do homem prova exatamente o contrário do que alguns alegam, como revelarão as seguintes perguntas: 1. Se Cristo considerava o quarto mandamento como simplesmente cerimonial, não era esta uma excelente oportunidade para que discursasse sobre a distinção entre preceitos morais e cerimoniais? Os opositores do sábado dos dias atuais certamente teriam feito isso, pois aqui eles discutem este mesmo ponto, insistindo que era apropriado violar o quarto mandamento, porque ele era cerimonial, mas que teria sido pecado violar qualquer outro dos dez, porque eram morais. Mas Cristo não usou esse raciocínio. 2. Note a pergunta feita a Cristo: “E lícito curar no sábado?” Quando a mulher samaritana junto ao poço perguntou a Cristo onde os homens deviam adorar, pergunta que através de longos anos tinha tido genuína importância, Ele a descartou sumariamente informando-lhe que se aproximava a hora em que a pergunta não teria mais significado. Se Cristo logo deveria abolir a lei do sábado na cruz, não esperaríamos que Ele desprezasse, de modo semelhante, a pergunta que os “mais estritos sabatistas” tinham feito? Ao contrário, Ele não deu nenhuma sugestão de iminente abolição, mas respondeu: “E lícito, nos sábados, fazer o bem.” Não há nenhuma sugestão de que Ele Se considerava um violador do sábado. Em vez disso, Ele estava interpretando o seu verdadeiro significado, Nem existe alguma coisa em Sua interpretação, ou em Sua ação miraculosa em seguida, que justifique a conclusão de que o sábado repousa sobre uma lei cerimonial. E sempre lícito “fazer o bem” em relação aos estatutos morais. Mas alega-se que o sábado é cerimonial porque Cristo declarou que os sacerdotes “violam o sábado e ficam sem culpa”. Sua referência aos sacerdotes foi simplesmente apresentada para ilustrar Sua declaração de que “é lícito, nos sábados, fazer o bem”. Os adversários de Cristo estavam afirmando que Ele e Seus discípulos profanavam o sábado engajando-se em alguma forma de trabalho nesse dia. Ele lembrou-lhes que os sacerdotes também trabalhavam no sábado, e ficavam sem culpa. Até mesmo os “mais estritos sabatistas” concordariam que o que os sacerdotes faziam no sábado, em harmonia com “a lei”, era “lícito”, embora os sacerdotes cada sábado se ocupassem no trabalho de imolar e oferecer sacrifícios. O uso por Cristo da palavra “profanar” deve ser compreendido no contexto da controvérsia. Seu argumento parece ser este: se as ações dEle e de Seus discípulos eram profanação do sábado, então os atos dos sacerdotes também eram profanação. Afirmar que Cristo realmente quis dizer que os sacerdotes, cujas ações de sacrificar no sábado eram praticadas em harmonia com a lei, na verdade profanavam o sábado, levaria a uma conclusão impossível. Nesse caso, Cristo estaria dizendo que Deus havia dado uma lei santa para preservar a santidade do sábado e então dera a Moisés outra lei que resultava semanalmente na profanação do sábado! Quem quiser chegar a essa conclusão, tudo bem. Nós não queremos. O mandamento do sábado, como todos os outros mandamentos do Decálogo, é relativamente breve. Apresenta o princípio de que o ser humano deve abster-se de todos os seus próprios labores no sétimo dia. Mas o Deus que deu a lei também revelou — por exemplo, através de outras leis dadas a Moisés e através das palavras de Cristo — como o mandamento do sábado deve ser compreendido e como ele está relacionado com outros aspectos da vida. Mas isso não justifica a conclusão de que o mandamento sabático era cerimonial, Os mandamentos que o objetor do sábado admite que são morais às vezes precisam de interpretação para que a pessoa consiga saber como pôr em prática seu verdadeiro propósito sob diferentes circunstâncias. Por exemplo, o quinto mandamento faz uma declaração não qualificada de que os filhos devem honrar seus pais. Nos países orientais, isso seria compreendido em um sentido do mais vasto alcance. Mas e se os pais fossem pagãos, uma situação comum quando o cristianismo foi pregado ao mundo romano? Paulo, que cita as palavras iniciais do mandamento, prefacia-o com esta óbvia interpretação: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo” (Efés. 6:1). Isso permitia-lhes desobedecer ao mandamento de um pai pagão se o mandamento fosse contrário às normas de Cristo. O oitavo mandamento diz: “Não furtarás.” Trata-se de um mandamento inquestionavelmente moral. Mas é possível que aquilo que o homem pudesse considerar uma violação desse mandamento Deus não poderia [considerar como tal]? Evidentemente, pois Moisés foi instruído a dizer ao povo que, se uma pessoa passasse pela seara de alguém, podia satisfazer sua fome comendo até se fartar, embora não pudesse carregar nada (veja Deut. 23:24 e 25). Se uma pessoa faminta comesse as uvas do seu próximo, violaria a lei contra o furto? Não. Por quê? Porque o Deus que deu a lei declarou que tal atitude estava em harmonia com a lei, não obstante defendendo a “mais estrita” honestidade. O mesmo é verdade quanto ao mandamento do sábado. Nem Cristo nem os sacerdotes violaram ou anularam o mandamento sabático, porque o mesmo Deus que deu o mandamento também declarou que o trabalho dos sacerdotes e a obra de Cristo eram “lícitos” nesse dia. O objetor do sábado pode fazer sua escolha: afirmar que o quarto mandamento é cerimonial, o que logicamente requer que o oitavo mandamento também seja cerimonial; ou admitir que o oitavo é moral, o que logicamente requer que o quarto também o seja. Mas ele já se expressou afirmando que todos os mandamentos do Decálogo são morais, exceto o quarto. A coerência requer que ele inclua também este. Fonte: Francis D. Nichol, Respostas a Objeções, págs. 136-139.